23.O primeiro pulsar
Fear is only in our minds
Taking over all the time
Fear is only in our minds
But it's taking over all the time
Seu corpo estava acabado sobre aquela cama. Douma não pegou leve, e agora que havia amanhecido, você sentia cada traço do demônio em si. Mesmo com dores, se sentou resmungando e notou que ele não estava ali.
— Deus, que dor. — Murmurou, sentindo o baixo ventre reclamar.
Você foi até o banheiro e, após um memorável tempo para si, voltou ao quarto vestindo as peças da noite anterior. Notou que as peças íntimas eram lindas e novas. Arrumou o cabelo, dando seis nós de enfeite, um abaixo do outro, como se fosse uma trança. Por fim, ajeitou os sapatos, arrumou os lençóis da cama e saiu do quarto.
Seguiu pelo corredor escuro até desaguar no salão, onde ouviu risadas de criança.
— Tsuki-chan, se eu fizer mais um, Kokushibo-dono me matará!
— Por favor, Douma-chun. — A criança ainda se acostumava com a pronúncia das palavras.
— Você é tão fofa, Tsuki-chan!
Você praticamente correu, ignorando as dores por preocupação, apenas para ver parte do salão repleto de gelo. Havia uma pequena pista de patinação, onde cópias de gelo de Douma e Tsuki patinavam. Do teto, descia uma fina e graciosa geada, com flocos de neve tão delicados que você duvidou que o mesmo frio, tantas vezes usado para te punir e subjugar, pudesse ser tão belo.
— Tia Sn, olha! — A criança veio até você e puxou sua mão em direção ao centro, onde Douma fazia uma miniatura sua para patinar com ele.
A menina ficou perto de você, que não resistiu em fazer um carinho nos fios longos dela. Ao se sentar, ela veio para perto, encostando a cabeça em seu ombro. Tsuki era a criança mais doce que você conhecia, com traços singelos que alegravam seu coração. A felicidade dela parecia contagiar e ser compartilhada por todos ao redor.
— Tsuki! — A voz veio de Kokushibo, que estava ao pé da escada encarando a cena. Como em raras ocasiões onde mais de uma Lua Superior estava presente, Nefira apareceu, desta vez sem o famigerado véu.
— Mamãe, olha que bonito! Papai, não briga comigo. — Ela apontou para os bonequinhos e voltou a brincar.
Kokushibo se aproximou e pegou a garotinha no colo.
— Vou levá-la para se trocar. Cuide dos convidados.
Você não entendeu, mas talvez, se soubesse como Tsuki foi gerada, compreenderia a preocupação de Kokushibo. Para ele, ter ou não um filho fazia pouca diferença, mas para Nefira, a criança representava tudo. Sua pele gelada e extremamente pálida, marcada pela proximidade da morte, deixava claro que ela não deveria estar fora da cama. Aos poucos, Kokushibo parecia se apegar à criança.
— Vamos? Vou preparar o café da manhã. — Nefira disse, encarando o casal enquanto você tocava as estátuas.
— Não precisa, Nefira-chan, estamos de saída.
— Vou ajudá-la. — Você se levantou e seguiu a anjo até a cozinha, ignorando seu marido.
Ela começou a preparar o arroz, visto que Kokushibo gostava de um café tradicional, e Tsuki ia pelo mesmo caminho. Você resolveu preparar o chá.
— Posso te perguntar algo pessoal? — Suas bochechas estavam quentes.
— Fale, Sn. — Afirmou, e você se aproximou.
— A senhorita nunca se deitou com ele, não é?
Nefira quase errou a medida da comida pela vergonha.
— É tão visível assim? — A anjo perguntou.
— Não, mas eu deduzi pelas suas palavras quando passei alguns meses aqui e pela forma como o trata, enquanto ele aparenta ser extremamente apaixonado por você.
Aqui, a anjo riu. Tinha um passado ruim o suficiente para duvidar disso, mesmo que, no íntimo, soubesse que era verdade.
— Podemos mudar de assunto?
— Hum... claro. Eu queria algo para dores. — Você sussurrou, pois tinha certeza de que Douma estava ouvindo.
— Eu posso fazer um chá. Termine o arroz para mim. Ele vai amenizar as dores da relação. Peça para o Superior Dois ir com calma e não ser um bruto ignorante! Se não, ela vai quebrar, Douma! — Nefira falou alto, e logo você ouviu um risinho leve e o seu demônio bem próximo de ti.
— É só a minha dama não me provocar. Prometo que serei mais piedoso essa noite.
— Essa o quê?
— Ora, meu bem, temos que praticar muito. Ficamos muito tempo sem consumar esse casamento. — Ele ironizou, e você revirou os olhos, certificando-se de que ainda precisava conversar com Nefira sobre o que havia sonhado.
— Nefira-chan, poderia ter me avisado que a Tsuki era uma recém-criada! Eu teria tomado mais cuidado com os brinquedos. Ela vai ser uma aquisição e tanto. — Douma riu de lado, tirando a anjo do sério.
— Filhos não são aquisições, Douma! E você saberia disso se não fosse um completo cretino.
— Dama do Kokushibo, essa é a primeira vez que me xinga! Continue assim, e ficarei honrado.
Nefira revirou os olhos enquanto voltava a cozinhar. Vocês terminaram tudo, e a anjo pediu desculpas antes de seguir para o andar superior com o café da manhã na bandeja. Após comer e guardar tudo, você se despediu dela e seguiu Douma até a carruagem, assustando-se, pois imaginava que teria apenas um cavalo.
Adentrou a carruagem tranquilamente, observando ao redor e sorrindo ao achar as terras de Kokushibo e Nefira tão belas.
— O que uma noite fora não faz com você. Definitivamente vou agradecer a Nefira-chan. — O demônio sorriu ao apertar sua coxa direita. — Mas saiba que, quando chegarmos em casa, teremos uma conversinha.
Seu corpo tremeu por um momento enquanto ele sorria de leve. Esse medo que ele te infligia era a certeza de que te tinha nas mãos.
— Eu preciso de um descanso. Por que não visita a sua concubina hoje à noite? — Você mudou de assunto de maneira arrastada, fazendo com que o demônio ficasse confuso.
— Minha dama é uma péssima mentirosa. Não foi você mesma que deixou claro que eu não deveria ter amante, e agora me vem com essa sugestão? Não adianta, Sn. Você não escapará da nossa conversa ou das minhas mãos.
Seus olhos reviraram conforme sentia a carruagem ir cada vez mais rápido. Douma, que até então estava à sua frente, agora estava ao seu lado.
— Sabe, meu bem, eu gostei muito do que vi naquele quarto. Sua atitude me deixou extasiado.
A destra dele subia pelo tecido do seu vestido, prendendo sua cintura com vontade e te causando um leve calafrio. Douma te puxou para ele, conseguindo ter seu corpo sobre si, o que fez suas mãos apertarem os ombros dele antes de olhar para os lábios que continham um leve sorrisinho satisfatório.
— Me diga, minha Washi no miko, você prefere eles gelados ou quentes? — Douma se aproximou de você, roçando a boca na sua, tão fria que as recordações vívidas da noite anterior explodiram em sua mente. Seus dedos adentraram os fios loiros antes de você mesma quebrar aquele contato, pressionando os lábios dele com vontade. O demônio não tardou em invadir sua boca, dominando cada momento ao seu redor e incitando você a querer mais.
Os lábios antes frios como a morte agora pareciam os braseiros do inferno, assim como as mãos extremamente quentes que adentravam por baixo de sua saia, apertando sua bunda. Você gemeu levemente ao sentir as unhas marcarem o local, para então encolher. A boca do demônio desceu até seu pescoço, ditando o ritmo antes de se afastar lentamente.
— Abra.
O contato foi cortado apenas para que você obedecesse. Suas pernas se separaram minimamente, e ele segurou seu pescoço com a mão esquerda enquanto a direita tocava sua intimidade. Seu ombro repousava no dele, e seus olhares estavam conectados. Douma começou a te masturbar com gosto, indo cada vez mais rápido, acertando suas terminações nervosas e te fazendo revirar os olhos enquanto ele te enforcava.
Suas pernas tremiam levemente pelos espasmos que aqueciam seu corpo. Quando a mão dele esfriou, um gemido escapou de seus lábios, preenchendo a carruagem. Douma riu levemente, te levando ao limite. Você se derramou, arranhando aquele braço definido e fechando os olhos, tentando juntar as pernas quando sentiu uma unha fina deslizar por sua coxa e ouviu o barulho de algo sendo rasgado.
— Nós deveríamos...
— Shh... Amor, eu ainda não terminei.
Ele soltou seu pescoço e te virou na carruagem, forçando-a a apoiar os braços no outro banco. Subiu seu vestido levemente, agradecendo a Nefira pela falta de inúmeras camadas. Enfiou a mão por baixo do único tecido adjacente, sentindo o líquido escorrer. Nem você mesma compreendia o motivo de não negar esse demônio.
Logo, ouviu o barulho da roupa dele sendo aberta e sentiu aquele pedaço de carne quente e pulsante pressionar sua entrada. Por fim, metade de seu vestido foi destruído pelas mãos firmes do demônio, e um gemido alto escapou de sua garganta ao ser invadida daquela forma. Estava praticamente de quatro, e o loiro ria levemente enquanto ia intensamente.
— Isso, minha dama, me aperte mais. Eu não fiquei saciado aquela noite, quero mais... muito mais.
Cada tranco em seu corpo era tão violento que só te restou apertar as bordas do encosto. Sua perna direita se apoiava no acolchoado, e você gemia cada vez mais alto. Sua opinião se dividia entre querer que terminasse logo ou que durasse mais; esse era o efeito Douma sobre seu corpo.
O loiro foi firme até gemer rouco e bater em sua bunda. Suas pernas tremeram tanto que ele riu levemente.
— Venha, minha dama, eu quero te sentir.
E assim ele acelerou, te fazendo desmanchar. Pouco tempo depois, chegou ao ápice dentro de você.
Seu corpo agora estava sentado sobre o dele, a respiração extremamente cansada, mesmo que você não tivesse feito esforço. O sorriso vitorioso no olhar alheio te deixou revoltada. Havia afirmado que não se deitaria mais com ele, mas simplesmente abriu as pernas na carruagem.
— Douma, o que você fez comigo?
— Eu te dei prazer. Na verdade, é só isso que venho fazendo nesses dias, querida. — Ele mordeu o lábio inferior, se fingindo de santo. O demônio sabia que estava brincando contigo e adorava tal sensação. Ludibriar a sua mente era sempre uma delícia.
— Não se faça de idiota! Eu não sou tão receptiva com você! — Desviou o olhar, um pouco constrangida, ainda sentindo os fluidos escorrendo e melando o meio de suas pernas.
— Minha dama... — Ele te apertou com vontade, agarrando suas ancas e roçando o nariz em seu pescoço. — A tendência é que fique cada vez mais receptiva, ao ponto de se tocar pensando em mim. Eu vou fazer do seu corpo o meu templo, e você vai desejar por cada minuto que passar em meus braços, seja para te amar ou para te punir.
Douma mordeu a ponta da sua orelha antes de soprar frio, arrepiando sua pele.
— A escolha é toda sua e... olha só, chegamos.
Douma olhou para você com um sorriso encantador, mas que não fazia a menor diferença. Afinal, você o conhecia bem o suficiente para saber que ele permanecia desprovido de qualquer resquício de bondade. Ao sair da carruagem, sentiu as pernas falharem e o quadril reclamar.
— Deixe-me ajudá-la, minha dama. — O demônio, a passos curtos, te tomou nos braços, adentrando o castelo e levando-a para o quarto.
Ele a colocou sobre a cama e seguiu para o outro aposento. Você pôde ouvir o barulho da água, mas não se moveu. Com o tempo, ele retornou até você, com uma toalha enrolada no quadril e os cabelos presos. Aproximando-se, Douma a tomou novamente nos braços.
— Juro que, se encostar em mim de novo, arranco seus cabelos! — Sua voz, apesar de altiva, o deixou tentado. Entretanto, Douma continuou caminhando com você até o quarto de banho.
Ele a colocou de pé e começou a abrir seu vestido, mas você o segurou rapidamente.
— O que pensa que está fazendo? — Impediu que seus seios ficassem expostos, enquanto ele ria de leve.
— Você precisa de um banho, e eu também. Então, por que não aproveitamos essa parte juntos?
Sua respiração pesou enquanto ele a olhava intensamente. Ao fechar os olhos, as palavras de Nefira vieram à sua mente...
Se convença da sua própria mentira, ao ponto de precisar encontrar um ponto de fuga que lembre da realidade.
— Não me toque. — Você se afastou, deixando o vestido cair ao chão. Prendeu os cabelos rapidamente e adentrou a água, resmungando de dor enquanto ele se aproximava, tirando a toalha. Obviamente, desviou o olhar, sentindo a vergonha crescer ao percebê-lo atrás de si.
— Seu cabelo vai molhar desse jeito. — Ele enrolou os fios em seu pulso, enfiando a mão em seu couro cabeludo e puxando, forçando seu rosto para cima.
O sorriso inconfundível dele te deixou descrente. Não é possível que esse demônio só pense em prazer...
A língua quente deslizou por seu pescoço, seguida por uma mordida que te fez gemer de dor quando as presas perfuraram sua carne sensível. O olhar dele refletia uma entrega total ao que fazia, cada vez mais inerte no prazer de te provocar.
— Agora assim você está perfeita, minha washi no miko. — Ele prendeu seu cabelo em um coque acima da cabeça e distribuiu carícias pelo local mordido, observando como sua recuperação era rápida.
Depois disso, ele a acomodou em seu colo, com o corpo repousado no dele, enquanto "cuidava" de você.
— O que temos para hoje? — Você resolveu não se importar com seus próprios sentimentos, decidindo que deixaria para chorar e se reerguer depois.
— Quero que me acompanhe no culto hoje. Nossa noite será grandiosa, mas, antes, precisa descansar.
— Ah, claro, você me destruiu, não é mesmo? — Ironizou, enquanto ele fazia carícias em suas costas.
— E pretendo ter mais de você à noite. — Seu rosto tentou não expressar os pensamentos de fuga.
Depois de um período de silêncio, ambos apenas aproveitaram o banho. Quando saíram, retornaram ao quarto.
— Minha linda dama, estarei no inferno. Se precisar, chame. — Ele afirmou, e você suspirou.
— Pode pedir para que Suki venha ao quarto?
— Ah, claro. — Ele se aproximou, beijando sua mão. — Trarei um belo presente para você.
Douma saiu, e você sentiu todo o seu corpo amolecer, como se a pressão esmagadora que continha enquanto estava com ele finalmente tivesse se dissipado, libertando-a. Apesar de todo o ocorrido, não derramou uma lágrima. Limitou-se a encarar as poucas coisas que trouxera da casa de Nefira.
As batidas na porta tiraram sua atenção.
— Entre.
Suki passou pela porta, fechando-a atrás de si e caminhando até você com um sorriso no rosto.
— A senhora pediu para me ver? — Você assentiu, movendo-se minimamente, sentindo o peso da dor que consumia seu corpo.
— Eu tenho um pedido a te fazer. — Você falou, e Suki te olhou um pouco curiosa. — Vou lhe ensinar a preparar um chá que devo tomar uma vez ao mês por conta das dores que sinto durante as regras. Não quero que ninguém saiba.
A garota sorriu, parecendo feliz por receber sua confiança, mesmo que você não tenha sido completamente honesta.
— Fico feliz que conte comigo. — O sorriso dela era genuíno.
— E eu por ter com quem contar. — Retribuiu o carinho, mas logo se lembrou de algo que te fez corar levemente. — Suki...
— Diga, senhora.
— Por acaso o senhor Gyutaro está te cortejando?
Ela desviou o olhar, envergonhada, e corou um pouco.
— Na verdade, fui eu quem pediu por ele. Gosto do Gyutaro e não vejo problema algum em ser somente dele.
Sua resposta veio à mente rapidamente: Suki era uma jovem apaixonada, e, de certa forma, você torcia para que desse tudo certo. Mas seu coração apertou ao pensar em como o amor pode ser algo perigoso — principalmente quando se demora a lidar com a falta de escolhas, como ocorreu com você.
— A senhora está bem?
— Hum...? — Você piscou, confusa, ao perceber Suki se aproximando com um lenço na mão.
— Está chorando.
Você fungou.
— Estou bem, muito obrigada por perguntar.
— Deseja me ensinar a fazer o chá agora?
Você tentou se levantar, mas a dor ainda dominava seu corpo. Acabou negando.
— Pode ir, Suki. Avise que não quero ser incomodada até a hora do chá da tarde.
Se ajeitou nas cobertas confortáveis e pegou um dos livros que trouxera da biblioteca. Ainda não havia terminado de ler e sequer os devolvera. Assim que Suki fechou a porta, deixou o livro de lado. Seus olhos estavam estranhamente pesados, e, sem resistir, cedeu ao cansaço que imperava sobre seu corpo.
Enquanto isso, pelo corredor do andar, Nala andava aflita. Douma não desgrudava de você, e ela se perguntava o que seria dela se não conseguisse um bom lugar ao lado do demônio.
No inferno, Douma caminhava pelos corredores. O som dos gritos de desespero ecoava como uma verdadeira sinfonia para ele. As paredes sangravam com gosto, e o superior dois não hesitou em provar o líquido carmesim. Um sorriso largo manchou seus lábios com o vermelho vivo.
— Como é bom estar em casa. — Ele respirou fundo, saboreando o cheiro doce que tanto amava — o aroma do corpo humano.
— O mestre não aguenta mais sua demora. Ele exige relatos. — A voz cortante veio de Daki, cada dia mais bela, seus fios brancos com terminações verdes destacando a ligação que possuía com Gyutaro, seu irmão mais velho.
— É por isso que vim, Daki-chan. — Douma riu de leve, passando por ela e se aproximando do portal que lhes permitia contato com o mestre através das grades. — A propósito, no caminho encontrei um belo espadachim. Mandei para seus domínios. Mate devagar, sim? Ele foi um péssimo humano. — Sua risada ecoou enquanto ele abria o leque e seguia pelo portal.
Ao entrar, não se surpreendeu ao ver Muzan com Ayla em seu colo, afagando os fios do cabelo dela com a expressão tranquila e inabalável de sempre.
— Mestre Muzan. — Douma se curvou profundamente, sentindo o peso opressor da presença do rei demônio.
— Diga que pelo menos fodeu com a garota, Kizuki Dois. — Direto e com o olhar repleto de ódio, a voz de Muzan soou como uma lâmina. A pressão emanada por ele tornou impossível para Douma sequer se mover, suas pernas tremendo enquanto permanecia preso ao chão.
— Ah, sim, por três dias seguidos. — Respondeu, quase com orgulho, um sorriso pretensioso brincando em seus lábios.
— E os resultados? — A pergunta veio com um tom ácido, carregada de expectativas.
— Ela ainda não está grávida. — Douma tentou manter o tom casual, embora soubesse que aquela resposta não agradaria.
— Então volte para lá e faça o seu trabalho. — A ordem de Muzan foi tão severa que os ouvidos de Douma começaram a sangrar. Ele resistiu ao impulso de gritar, mantendo-se curvado. — E Nefira ou Hanâmi?
— Seguem irremediáveis, mestre. Kokushibo dono até se ofereceu para quebrar a maldição da Rengoku, mas ela negou. — Sua voz saiu firme, mas carregada de um leve receio.
— Malditas! Engravide logo essa humana e não me decepcione. — A fúria no tom de Muzan era palpável, cada palavra como um golpe direto à sua dignidade.
— Como quiser, mestre. — Douma respondeu, ainda curvado, engolindo a humilhação. Quando a pressão foi retirada, ele se endireitou, limpando o sangue dos ouvidos antes de sair.
Ao retornar ao próprio palácio, não teve tempo sequer de ir até você. A frustração e a raiva faziam o superior dois apertar o leque com força, quase quebrando o objeto delicado. Ele sabia que desobedecer Muzan não era uma opção — mas uma pequena parte de sua mente começava a se irritar com os comandos incessantes e o controle sufocante.
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"Seu corpo parecia sem vida, sua respiração pouco cortada conforme andava pelo que parecia ser o nada. Seus pés tocavam docemente a superfície escura da água e, conforme avançava, a sensação que lhe invadia era a de estar levitando.
Você queria falar, perguntar quem estava ali, mas só sentia paz. Uma calmaria tão imensa que afogava todas as suas preocupações e, ao olhar para os lados, tudo estava tão escuro que desejou pela luz.
— A claridade lhe trará conforto. — Uma voz ecoou, sem forma à qual se agregar. Em um voo raso, você viu um par de asas brancas rasgarem o céu, trazendo um belo amanhecer que desejou alcançar. Você deu um passo em direção a ele, como se tentasse tocá-lo, mas, então, a mesma superfície por onde parecia levitar ficou densa. Sentiu o ressoar das águas escuras abaixo de si e, em um curto ofego, foi consumida por elas, sendo puxada cada vez mais para o fundo.
Tentou gritar e, ao abrir a boca, apenas seu ar se perdeu, permitindo que a água adentrasse. Sentiu a falta de oxigênio e o desespero em precisar respirar. Por fim, seus olhos ficaram pesados.
— E a escuridão será o seu lar. — A voz, agora mais densa, ecoava. Ainda assim, podia ser ouvida claramente. Você sentiu-se abraçada e, então, um levitar. Seu corpo foi puxado para fora daquelas profundezas, e o rasgo no céu foi fechado por asas negras que pairavam ao seu redor.
Risos, gargalhadas e choros ecoaram por todo o local, fazendo com que você se encolhesse e tapasse os ouvidos.
— Por que isso está acontecendo comigo? — Seu pensamento ressoou, e tudo o que sentiu foi o pulsar dolorido de suas veias, que pareciam queimar. O ambiente ao seu redor começou a se distorcer, assustando-a ainda mais."
Você acordou desesperada. Sentou-se na cama, respirando curto e rápido, com o coração batendo como um tambor e as mãos trêmulas. Seu rosto estava suado, e os cabelos levemente úmidos. Era o segundo pesadelo extremamente confuso que tinha tido, e mais uma vez, o desespero a dominava.
— O que está acontecendo comigo? — perguntou em um sussurro, alcançando a moringa na cômoda lateral e bebendo diretamente dela.
— Eu preciso de respostas, e tem que ser agora, antes que eu mesma enlouqueça. — Sua voz saiu um pouco mais alta. Foi então que olhou para os lençóis onde estava deitada e notou uma pena tão branca quanto a de um pássaro. Segurou-a com os dedos, distraída, sem perceber o olhar fixo que era dirigido a ela. Talvez fosse aquele olhar a chave para resolver seu pequeno conflito interno.
You poor sweet innocent thing
Dry your eyes and testify
You know you live to break me
Don't deny, sweet sacrifice
Você, pobre doce e inocente criatura
Seque seus olhos e testemunhe
Você sabe que vive para me quebrar
Não negue, doce sacrifício
One day I'm gonna forget your name
And one sweet day
You're gonna drown in my lost pain
Um dia eu vou esquecer seu nome
E um doce dia
Você vai se afogar na minha dor perdida
────────────────
Lembrando que o Douma é o demônio da luxúria e que esse pecado se move conforme a vontade dele e Nala é a concubina.
O imagine maravilhoso do Zenitsu está finalizado. Para quem quiser ler passa no meu perfil o nome é Tensai.
Música: Sweet Sacrifice - Evanescence
https://youtu.be/OZbCx4J3JMI
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