11.Enquanto você me pune outro demônio me toca

She walks the dark streets in heels
And every man around caves in
Over and over again
No one cares bout how she feels
But surely they leave the stain of sins
On her skin

"Ele te fez sentir especial como nenhum outro afinal de contas há pessoas que podem despertar tais sentimentos em apenas um olhar, mas a que preço?" -- Queen The Vampire


Sua respiração estava acelerada, o frio parecia lhe corroer e tudo o que fez foi respirar fundo, desejando que o tempo esquentasse, mesmo sabendo que dependeria de seu demônio.

-- Pretende me deixar morrer congelada, seu carrasco!? -- Sua voz ecoou em meio ao quarto fechado.

-- Ah, meu bem, sua desolação está apenas começando, você ainda vai fugir? -- A pergunta ressoava como se seu quarto estivesse lotado, mas no fim das contas estava só.

-- Todos os dias da minha vida, não vou deixar que faça o que bem entender. -- A sentença fez com que ele simplesmente deixasse o ambiente inóspito, você já sentia a ponta de seus dedos congelando e até sua respiração entrecortada doía.

-- Vai continuar fugindo, Sn-chan? -- O sadismo do demônio chegava a escorrer pelas paredes em formato de finos grãos de gelo conforme ele ria, a certeza de esmigalhar sua vontade, no fundo, desejava lhe transformar em um ser submisso para que fizesse tudo o que ele quer.

-- Vou! Quer me matar? Vai em frente, seu demônio, eu não me importo mais! Não vou me submeter ao que você quer, vou continuar tentando e quando finalmente fugir, trarei uma guerra à sua casa! -- Bateu com os punhos na porta congelada, escorrendo por ela, sentindo seu coração praticamente lutar para bater e de repente um vento gélido lhe jogou para cima da cama, suas costas bateram na parede e com um ofego caiu sobre o colchão, se apoiando com as mãos no lençol. A porta foi aberta e a fumaça adentrava o local devido à crescente quentura do ambiente que aos poucos derretia. Seus longos cabelos estavam úmidos em pouquíssimos minutos, seu coração acelerado conforme percebeu quem se aproximou, consequentemente sentiu uma calmaria.

-- Sn. -- De imediato, o moreno tirou a camisa e passou por cima dos seus ombros, depois te pegou no colo, andando em direção à porta. -- Sua cabeça repousou no peito dele, que lhe olhou com afinco, ainda não entendia muito bem o que estava acontecendo, porém, não questionaria o superior. Ao virar no primeiro corredor, viu um homem de longos cabelos castanhos de braços cruzados olhando para o loiro.

-- Kokushibou-dono, me deixa fazer o meu trabalho. -- Douma sussurrou.

-- Está trabalhando de forma mediana e medíocre. -- O primeiro no comando comentou.

-- Só estava me divertindo e Sn desobedeceu o contrato e tenho que puní-la, não posso fazer da forma que quero, afinal ainda não me deitei com ela. -- Abriu o leque, você estava tão consciente que sentiu suas bochechas frias aquecerem.

-- Douma! -- Sua voz de repreensão ecoou.

-- Minha dama ainda não acabou, onde pensam que vão com ela?

-- Isso não te interessa. Kaigaku cuidará desta mulher até você estar apto. -- Uma rajada de vento foi direcionada a vocês.

-- Não concordo, Kokushibou-dono, seu subordinado tem o péssimo hábito de passar essa mão, ao melhor essa boca na mulher dos outros!

-- Ousa me desfiar superior dois? -- A presença aterradora deixou a todos desconfortáveis até que o loiro recolheu os leques.

-- Que fique claro que se ele tocar na minha Sn-chan, eu o matarei. -- Virou de costas, indo em direção à entrada do corredor.

-- Estou de acordo, mas se o matar terá que arrumar outro espadachim minimamente competente. Agora- - Kokushibo se virou na direção de vocês: - Leve-a para o meu palácio, ficarão lá até que Sn melhore, voltarei para o inferno e, se houver mais alguma confusão por essa semana, eu terei que pedir perdão ao mestre por matar suas luas.

O Castanho sumiu, deixando ambos confusos e Kaigaku suspirou saindo do palácio. Você olhou ao redor percebendo que havia uma carruagem para ambos do lado de fora. Seu olhar amenizou.

-- Espera por favor, eu estou somente com a roupa do corpo.

Ele caminhou até a carruagem, abrindo a porta e pondo o seu corpo lá.

-- Não se preocupe com isso, há uma costureira excelente na casa do superior, apenas espere para ver. -- Sem dizer uma sequer palavra, concordou, por mais perigoso que pareça se aliar a outro demônio, sentia-se segura em ir com ele ao desconhecido.

[...]

O castelo vermelho à sua frente era extasiante, seus olhos captaram cada pedra enquanto a carruagem te levava até ele. Havia uma dama de rosto e corpo coberto no portão, dando para ver apenas os fios em tom azul como o céu diurno.

-- Sn, essa é Nefira, a única servente de todo esse castelo. -- As palavras de Kaigaku te deixaram em choque dado o tamanho do local, entretanto entendeu que devia se tratar de uma punição.

Seus quartos estão prontos, a comida será servida dentro de uma hora e estarei em seu aposento senhorita para tecer seu vestido e sapatos do tamanho correto.

E assim foi feito, a dama que lhe visitou fabricou um lindo vestido roxo. Como o local não é dos mais quentes, suas vestes possuíam mangas e um casaco bordado com o sobrenome do demônio ao qual amarrou sua vida. Essas não foram as únicas peças feitas, também recebeu vestidos em tons mais claros a pedido próprio e sobreposições escuras. Nos pés, além de meias quentes, a bota com finalização em couro escuro deixava tudo mais harmônico.

Por longo três meses, você teve apenas Nefira e Kaigaku ao seu lado. A dama do castelo vermelho se comunicava o mínimo possível simplesmente atenta às suas funções como governanta, já o moreno sempre estava com você conversando a respeito dos afazeres e até mesmo em relação à casa. A cada momento que estava com ele, sentia-se mais segura, encantada e até mesmo... Apaixonada, esquecendo-se do básico:

O castelo vermelho ainda era a morada de um demônio.

Ao lado de Kaigaku, seus dias passaram a ser agridoces, doces na maior parte do tempo em que estavam juntos, onde você tinha total liberdade para passear não só pelo castelo como ao redor sem que adentrasse a floresta e, por incrível que pareça, toda vez que chegava no limite sentia os orbes arco-íris lhe observando, tal ato impedia que fosse em frente. A parte agridoce se dava por tudo o que ainda devia aprender a respeito do mundo demoníaco ao qual passou a pertencer contra vontade, agora sabia a respeito dos *pesadelos cavalgantes, aprendeu um pouco de herbarismo e tentou acoplar todo conhecimento obtido com suas funções imperiais dentro de sua antiga casa, afinal a família Amarantis Nethuns não chegava a ser sequer uma nação, mas assim se designavam.

Você estava cansada, após uma refeição e um bom banho, combinou de encontrar Kaigaku na biblioteca. Passava tanto tempo lá e no jardim que fazia parte dos seus locais favoritos nessa nova morada.

Seu vestido branco de três camadas arrastava com certa graciosidade pelo chão conforme segurava alguns livros. Depois de tanto tempo no local, conhecia cada seção, cor, textura, cheiro e forma. Em suas mãos, um livro de poemas meio envelhecido, mal o colocou sobre a mesa de mogno polida quando a porta foi aberta e por ela o moreno passou, trazia consigo um buquê misto de camélias,cravo e rosa em tons tão belos e contrastantes que você não conseguiu parar de olhar, principalmente quando o perfume invadiu suas vias nasais.

-- Espero que goste. -- Se aproximou alisando suas costas antes de lhe entregar, você abraçou o caule do buquê e levou até o rosto, cheirando lentamente e absorvendo o perfume tão diferente.

-- Obrigada, são lindas. -- Desviou o olhar, a coloração de seu rosto o encantou. Veja bem, Kaigaku não costuma ser assim com ninguém ou sequer gosta de estar na biblioteca, mas se atrai tanto por você que simplesmente quer desvendar cada um de seus mistérios.

-- Tanto quanto quem as recebe. -- Sentou na cadeira observando a delicadeza com a qual colocava as flores no vaso sobre a mesa de canto. As que estavam ali haviam morrido. Kaigaku não pode deixar de observar como o tecido de seu vestido caia perfeitamente por seu corpo, te deixando ainda mais atraente ou como os longos cabelos trançados com alguns fios fora do lugar lhe conferiam um ar selvagem.

Tão bela que deveria ser devorada. -- O pensamento, apesar de errado, não deixava de ser tentador.

-- O que leremos hoje? -- Tal observação lhe tirou dos devaneios.

-- Tem certeza de que quer isso? -- Você o questionou e ele simplesmente se levantou e foi de encontro a ti, parando atrás, fazendo com que a respiração tocasse seu pescoço, acelerando seus batimentos para depois deslizar a mão pela sua esquerda, puxando-a em direção à mesa onde se sentaram novamente.

-- Eu gosto de quando lê para mim, é relaxante. -- Ele encostou na cadeira acolchoada que mais parecia uma poltrona de tão larga, tanto que você se sentou ao lado e fechou os olhos. Sn procurou deixar a vergonha que corroía responder:

Então, espero que goste do que escolhi para hoje. -- Sentiu um leve alisar em sua cintura, um carinho que ele sempre fazia quando esperava que continuasse com sua falácia e você prosseguiu:

"Eu sou mas o que sou ninguém se importa ou conhece,
Meus amigos desistiram de mim, como uma memória perdida.
Sou o consumidor das minhas próprias mágoas.
Elas ascendem e desaparecem em chão estéril,
como sombras em dores delirantes de um amor sufocado.
E ainda assim eu sou, eu vivo – como vapores tremulantes.

Em meio a uma nada ruidoso e escarnescente,
Em meio a um vivo mar de sonhos vigilantes,
Onde não há sentido de vida ou alegrias,
Só o vasto naufrágio das minhas aporias,
E a mais desejada, a que eu amei mais,
É-me estranha – ou pior, mais estranha que as mais.

Anseio por cenas onde o homem nunca trilhou.
Um lugar onde as mulheres nunca sorriram ou choraram.
Há a cumprir com o meu Criador, Deus.
E dormir como eu dormia docemente na infância.
Tranquilo e despreocupado, onde repouso.
A grama abaixo – por cima o céu abobadado."

-- Não existe esse tal Deus, essa criação se autominou e eu também sonho com esse lugar. -- Você sussurrou, após encerrar a leitura, e ele abriu os olhos.

-- Existe um céu e um inferno Sn, acredite. Eu já estive lá embaixo. -- Suspirou, se ajeitando, mas você o impediu de se afastar, mantendo a mão alheia em sua cintura.

-- Imagino que não queria falar sobre isso. -- Ele assentiu.

-- E o que quer fazer agora, ainda temos muito tempo antes de Lady Nefira intervir. -- Você se sentia confortável demais com ele, mesmo que te olhasse com deleite, os pensamentos do mais velho nem de longe possuíam resquício de pureza, principalmente com um corpo tão quente encostado em si, com um cheiro tão bom. Ele deixou um beijo em seu ombro antes de olhar em seus olhos.

-- Eu quero tanto tocá-la. -- O demônio confessou e você piscou diversas vezes, sentia-se confusa como se algo dentro de ti lhe alertasse que não deveria cruzar tal linha e quem disse que daria ouvido?

-- E o que te impede?

Ele se aproximou sorrindo e ambos deixaram os livros na mesa, Kaigaku pegou você pela cintura invadindo seus lábios ali mesmo e tendo a melhor das sensações em ser correspondido com seus dedos gentilmente entrando nos fios escuros, o moreno segurou em sua cintura e te sentou na mesa retomando o ósculo, seus dedos correram pelo peitoral adentrando a farda sentindo seus músculos depois ouviu o barulho do zíper localizado na parte detrás de seu vestido sendo aberto, as mãos do moreno que puxaram com delicadeza para baixo expondo sua segunda veste ao qual fez questão de o ajudar a tirar ficando apenas com o tecido fino que se assemelhava a uma camisola ele abriu a farda expondo o peitoral e você tocou cada Gominho de seu abdômen trabalhado enquanto ele levantava o tecido de sua pernas revelando sua pele e as meias presas nas coxas o que o fez morder os lábios, a destra tocando sua feminilidade com calma enquanto seu corpo foi deitado na superfície fria, selares se espalhando por seu pescoço e uma nova sensação se apossando de seu corpo o deixando quente, seus dedos se prenderam ao braços dele enquanto um gemido escapou o fazendo continuar com os toques cada vez mais severos, tomando para si seus gemidos os sufocando com um beijo até que sentiu suas pernas tremerem e seus olhos se apertarem além de morder o lábio inferior.

-- Eu adoraria tomá-la para mim, por que tem que ser proibida, Sn? -- Sussurrou, descendo os lábios pelo seu pescoço, respirando frio e arrepiando sua pele, as alças da sua última peça foram descidas e a boca alcançou seu torso, beijando o topo de suas mamas, esfregando o rosto ali, te deixando completamente quente até que teve acesso completo aos seus seios, encarando e respirando fundo, arrancando mais um gemido de sua boca.

-- Kai... -- Como se sua voz o trouxesse de volta à luz, ele retomou ao usual, olhando em seus olhos.

-- Sn, eu não posso. -- Tentou se afastar, contrariado, mas você o puxou novamente, ele seria morto por Douma? Com toda certeza e estava quase disposto a pagar para ver, sentindo seus montes e no fim o próprio incomodo o fez deixar tal receio de lado tomando seus lábios ferozmente antes de descer por seu corpo, você jazia ofegante sentindo o boca dele descer por sua cintura, ele olhou a meia em suas coxas e mordeu o lábio inferior e não pode deixar de pensar em como o cretino do Douma é um sortudo, ele sabia que não deveria tocá-la, que se descobrissem provavelmente seria chicoteado ou retalhado com punição fora a ameaça de morte, porém, o desejo por ti falava mais alto e lhe dar um orgasmo sem que lhe penetrasse não afetaria em nada o seu contrato e assim enrolou o tecido mais acima, arrastando para longe de seu corpo e você não sentiu a famigerada vergonha pela exposição, Kaigaku sorriu olhando sua menina antes de tocá-la primeiro os beijos que desciam da sua vulva para a virilha, desaguando nas coxas e retornando ao topo, deixando sua pele arrepiada quando te sorveu sua respiração pesou e Kaigaku só queria descobrir seus pontos mais doces e precisos, um gemido escapou de seus lábios conforme ele pressionou seu clitóris a língua serpenteando como se desse leve batidas em seu ponto mais drástico, um calor súbito começou a tomar conta de seu corpo e sua voz cada vez mais intensa até que um gemido praticamente agudo ecoou, seu corpo todo tenso seu baixo ventre formigou e quando viu já estava segurando os próprios seios enquanto obtinha seu primeiro orgasmo, uma sensação de prazer única ao qual Douma surtará se descobrir que não foi ele a lhe dar isso.
O lado narcisista do seu demônio os mataria facilmente, entretanto, só havia vocês e um desejo imenso de continuar.

-- Nossa. -- Arfou intensamente, sentindo a boca dele subir novamente de encontro à sua.

-- Você é uma delícia. -- Beijou seu pescoço.

-- Me deixa retribuir. -- Ele sorriu, ah, como gostou da sua atitude. -- Sua mão meio trêmula encostou acima do umbigo dele, sabia o que fazer? Obviamente não, porém estava disposta a aprender.

-- Talvez outro dia, agora eu quero que me sinta, abra minha calça. -- Sussurrou, te fazendo tremer, seus dedos logo alcançaram o fecho e em pouco tempo sentiu a carne pulsante em sua mão tão quente e destoante do corpo morno, na ponta uma leve humildade que molhava seus dedos. O moreno estava excitado demais e começou a mexer o quadril, fazendo com que o pau em sua mão se movesse, masturbando, ele te olhou com esmero, parecia que aos poucos apresentava uma leve pontada de sofrimento pelo simples fato de que não aguentava mais, estava louco para lhe ter.
Kaigaku tirou sua mão com delicadeza e você sorriu com o olhar ao notar a expressão deleitosa de prazer que proporcionou. Ele segurou o membro e posicionou-o acima de sua intimidade, se esfregando em ti com força, estimulando a ambos. Sua cabeça só conseguia pensar o quanto isso era bom. Sua boca foi tomada para suprimir os gemidos altos e ele sorriu.

-- Relaxa, princesa, isso ainda é pouco para o que eu quero te dar -- o atrito entre intimidades fez com que enfiasse a mão na roupa dele, sentindo as costas definidas e a pele agora quente o arranhando e ouvindo o arfar. Kaigaku acelerou os movimentos, te deixando cada vez mais próxima de se derramar novamente e ele não estava diferente. O ritmo de Kaigaku se manteve firme e em pouco tempo ambos alcançaram o ápice, com ele te beijando, a língua se enroscando na sua, os dedos presos em seu cabelo. Estavam em tanta sintonia que não ouviram quando a porta foi aberta. O pigarrear entretanto chamou a atenção:

-- Senhor Kuwajima!

Kaigaku largou seus lábios em um gemido longo, ficando de pé à sua frente, assim seu corpo continuava protegido. Como ele não chegou a sequer abaixar as calças, foi fácil de se arrumar e você apenas ajeitou a camisola e, após vestido, virou de frente para a 'governanta' te protegendo com as costas.

-- Sim, Nefira?

-- Me diga que essa não é a Lady Fubuki?

-- Então não direi. -- Os olhos dela demonstraram todo o espanto enquanto ele continha a vontade de sorrir.

-- Quando o mestre souber, será castigado.

-- Eu não a toquei, Nefira, sabe que infelizmente não posso mentir.

-- Pro seu bem, futura lua, espero que não se repita. Agora, você, senhorita, vista-se e me acompanhe.

-- Onde vamos? -- sua saliva desceu amarga.

-- Seu banho de rosas está pronto, Lady Daki está aqui para conversar com a senhora e Lorde Gyutaro lhe aguarda Kaigaku.

O moreno suspirou e assim se despediram. Pelo andar das situações, seus dias estavam prestes a ficar agitados.

O banho foi um motivo de vergonha, havia muito dele em você e seu sorriso chegava a ser bonito, nada a ver com o ato e sim com o fato de estar se apaixonando.

-- Contenha esse sorriso, não deixe que percebam que está apaixonada, principalmente o senhor Fubuki, ele costuma ser impassível quando desafiado. -- Foi a dica que recebeu de Nefira e aproveitou para saber mais da governanta:

Nefira, assim como sua família, veio de outro lugar do mundo. A mulher se revelou diante de ti pela primeira vez, cabelos tão longos quanto os seus, seguindo a tradição hierárquica em um tom de preto azulado belíssimo, olhos magentas como se houvessem sido tingidos pelos pigmentos das rosas, lábios carnudos em um tom de coral escuro e a pele escura como o tronco de um Carvalho. Nefira não era apenas a governanta do lugar, é sim a esposa do demônio primário, ao qual perdeu seu lugar no céu, tendo a alma retirada e obrigada a casar-se com aquele que traria sua vida acorrentada em mãos. Um belo anjo que nunca poderia descansar ou sequer morrer.

-- Se é a dona disso tudo, por que se porta como uma simples governanta? -- Ela sorriu lentamente, não foi uma cláusula que obrigou a agir dessa maneira, foi escolha própria para poder ficar de olho em tudo e todos sem que soubessem de sua verdadeira identidade.

-- Tenho mais a ganhar como governanta do que com a esposa, assumindo o meu verdadeiro posto. Há obrigações com as quais não posso deixar de cumprir, se é que me entende. Já em posse da governanta, meu único trabalho é cuidar desse lugar e essa foi a punição por ter rejeitado. Kokushibo nunca descansará até que eu sucumba diante de seus pés, me neguei em sua cama, sua ajuda e qualquer tipo de benevolência que aquele demônio venha a me oferecer. Por um momento, você raciocinou e sorriu, tentaria sugerir o mesmo a seu demônio.

Após o banho, vestiu roupas novas, vestido em tom verde claro com detalhes em ouro e foi levada até a sala principal, onde a mulher de longos fios escuros estava sentada sobre o colo de um moreno com as pontas verdes.

-- Nossa convidada chegou, né? -- Ele sorriu, apesar da aparência diferente, não é um homem feio, os cabelos presos enquanto a destra estava sobre a mesa.

-- Já pode ir irmão, eu terei um dia de meninas com ela. -- Daki sorriu, se levantando.

-- Tá né, quando quiser ir embora me chame e você, bonitinha, bem-vinda à família. -- Riu mais uma vez antes de se afastar e sumir.

-- Não ligue para o meu irmão. Douma pediu para que lhe instruísse.

-- Me instruir em quê? Se tratando daquele demônio pervertido, só posso esperar devassidão.

-- Não fique assim, querida, essa parte ele cuida sozinho. -- Piscou. -- Vim lhe mostrar a respeito de como deve se portar perante uma lua para não morrer ou ser castigada, mas antes deixe-me apresentar formalmente: Sou Daki Kamakiri, a lua superior seis responsável por um terço da luxúria, já que seu maridinho não quis compartilhar mais.

-- Ele não é meu marido. -- Você sibilou.

E ela gargalhou de leve.

-- É sim, meu bem, todos os contratos que Douma assina transformam as mulheres em suas esposas, aquele safado galanteador. -- Ironizou.

-- Então quer dizer que ele já teve inúmeras mulheres? -- Se espantou sem entender de onde vinha a vontade de saber a respeito ou a leve pontinha de raiva que se fixou em seu coração.

-- Ah, meu bem, não precisa ficar assim. Ele é praticamente um meretriz em experiência se formos levar em conta os bons séculos que tem, mas na biblioteca da corte só foram registrados dois casamentos até hoje, o com a Hashibira e agora o seu. Em pensar que, quando me transformou, eu jurava que se tratava de um príncipe encantado.

-- Douma está mais para o príncipe do inferno, isso sim.

A lua riu de leve.

-- Nisso você tem razão, ele é um príncipe infernal viciado em mulheres, mas não se deixe enganar, ele pode ser doce se você der a ele o que tanto quer. -- Informou rodeando o seu corpo e conferindo o belo vestido.

-- E o que ele quer?

-- O que todos os demônios querem e nunca obtém. Uma alma, no caso a sua alma, se tratando de Douma ele quer a sua subserviência, que se renda a ele e entregue de bom grado.

Dessa vez, você riu, não é porque sua criação a transformava num exemplo que se renderia facilmente a um demônio, por mais belo que fosse, exceto quando falávamos de Kaigaku, aqui suas palavras caiam por terra.

-- Então ele nunca terá.

Por mais que eu adore uma mulher forte, te darei um conselho - apoiou ambas as mãos em seus ombros: - Sirva a ele, não se arrependerá e aprenda a mentir, pois sou capaz de detectar essa sua paixonite pelo recém-criado há metros de distância.

Seu sangue gelou.

-- Vamos à primeira regra, nunca bata de frente com as luas superiores, são vingativos, né? Fortes o suficiente para derrubar uma humana sem qualquer ligação com os caçadores. São trinta e cinco regras ao todo e ficarei dois dias com você, depois aquele loiro infernal deve relevar para conhecer o nosso reino.

-- Seu reino? E quem são esses caçadores? - Questionou sem medo.

-- Sim, queridinha, iremos até o inferno! E os caçadores não são relevantes, agora vamos à biblioteca estudar! Adorarei ser sua professora e depois compras, quero muito uns novos tecidos e seu marido está pagando tudinho!

Você suspirou, pelo visto não conseguiria arrancar nada Daki e por dois dias você estudou, tendo apenas pausas para as refeições, idas ao banheiro e sono regular de oito horas. Nesse meio tempo, não viu Kaigaku, mesmo que sentisse falta dele, e aproveitou para praticar tudo o que foi explicado.
No fim do segundo dia, Daki se despediu e, sorrindo, te parabenizou por ser tão inteligente. Gyutaro também gostou de você e pediu para que marcassem algo a três, um chá da tarde ou até mesmo um passeio no lago. Na concepção do lua, era difícil ter mulheres bonitas e de coração decente ao ponto de não olhá-lo com repulsa e você não entendia porquê, já que o demônio sequer era feio.

No terceiro dia, logo ao entardecer, batidas soaram em sua porta e, com expectativa, a abriu, tendo a surpresa que tanto queria. A dia frente, o moreno, trajando uma bela veste azul com um casaco de pelos em mãos, sorriu para você.

-- Kai... -- Conteve a vontade de abraçá-lo.

-- Princesa, como foi a visita de Daki? -- Afagou seu rosto, causando arrepios.

-- Cansativa, são muitas regras, mas me adaptarei. -- Colocou a mão sobre a dele, que afagou tranquilamente. -- Em seu íntimo, estava seguindo as regras de Daki, onde a lua lhe instruiu a não confiar em demônio algum e isso servia a si mesma, mas ainda assim gostava de conversar com ele.

-- Que bom, sua adaptação será um passo e tanto, vamos? -- Sussurrou, abrindo o casaco para que vestisse.

-- Bom... Sei que sente saudade de seus familiares e foi-lhe concedido a graça de visitá-los.

Seu sorriso se alargou, pensando que finalmente veria sua mãe e, por um momento, se arrependeu de não ter firmado contrato com ele, se aproximou vestindo a peça ao qual ele quis fechar e você deixou, depois o abraçou rapidamente e andaram pelos corredores em direção à entrada do castelo.

-- Kaigaku, você é mesmo um demônio? -- Estava de braços dados com ele enquanto passavam pelo jardim.

-- Sou um recém-criado.

-- Eu não entendo o que isso quer dizer, foi há pouco que aprendi a respeito do que são nefelins e as regras de seu mundo.

Ele sorriu, nos domínios de Kokushibo, tinha total responsabilidade de lhe informar qualquer coisa que perguntasse, mas não diria isso a você.

-- Recém-criados estão em transição para o reino demoníaco. Eu perdi uma luta para o lorde Kokushibo e desde então sou seu servo e em breve serei um lua completo. -- Informou e você gostou do fato de conversarem. Ele estava mais falante do que de costume, então aproveitou:

-- E o que são os luas?

-- Luas são posições hierárquicas na corte demoníaca, existem ao todo doze representações divididas entre superiores e inferiores e, dessas doze, sete estão no topo. Cada uma detentora de um pecado capital.

-- E qual é o seu? -- Ele riu com a pergunta ingênua. Kaigaku esqueceu de informar que, com a perda de algumas luas, os pecados foram reajustados assim, uma única lua atualmente portava mais de um pecado.

-- Eu não tenho, preciso de um marco para assumir. -- Ele te encarou.

-- E eu sou esse marco, não é mesmo?

-- Só se você quiser ser. -- Seus lábios foram encarados e percebeu os orbes brilhantes do maior que se aproximava de ti. -- Há alguma restrição se eu te beijar agora? - Sussurrou, te causando mais arrepios.

Você balançou a cabeça negativamente e teve os lábios tocados com calma, os dedos deslizavam por suas costas, logo puxando sua cintura para perto, colando seus corpos, sua mão deslizou pelos fios escuros, sentindo a língua do maior até que um pigarro os separou. Você olhou para a frente, se deparando com a lua superior dois apertando o leque de ouro com força, ao ponto de amassá-lo.

-- O que faz aqui, superior dois? -- Kaigaku questionou e o loiro se aproximou, sorrindo falsamente quando, na verdade, estava louco para matar o moreno e puni-lo mais uma vez.

-- Fui agraciado. -- Ironizou. -- Levarei minha dama até a casa da minha sogra e depois retornaremos para meu palácio. -- Sua saliva secou, sentindo Douma te puxar firmemente. Ele transbordava raiva, então é óbvio que lhe puniria.

A vontade escorria pelos lábios praticamente sem cor, imaginando as mais diversas formas de te torturar enquanto apertava sua cintura. No entanto, fechou os belos olhos arco-íris antes de respirar lentamente e afagar seus fios.

-- A minha bela Sn, sua vida está em minhas mãos.

────────────────

Pré-revisado. As flores escolhidas pelo Kai representam a tristeza, a liberdade e a paixão. A mistura perfeita de sentimentos que adorna a mente de Sn.

*Pesadelos são cavalos infernais, geralmente em tom preto podendo ou não ter fogo em sua  cara, crina e patas.

Poema no meio do capítulo: Eu sou - John Clare

Música: Angel in the Dark - Black Tide

https://youtu.be/Vz3e5KtNCww

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top