𝐱𝐯𝐢. 𝘴𝘩𝘦 𝘸𝘢𝘴𝘯'𝘵 𝘴𝘢𝘭𝘷𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯
CAPÍTULO DEZESSEIS
❛ ELA NÃO ERA A SALVAÇÃO ❜
━━━━ i was waiting
for you.
QUATRO MESES DEPOIS.
O AMOR ERA UM SENTIMENTO TÃO AVASSALADOR. Era como se ele destruísse tudo que encontrava em seu caminho ─ as barreiras que demoraram anos para serem fortificadas, as proteções criadas para se proteger e os medos causados por antigas decepções.
Mas, apesar de ser um sentimento tão aniquilador, ele parecia ter sido uma base para construí-la. Ela havia sido quebrada repetidamente e, em todas as vezes, quando parecia que sua força própria não a traria de volta, ela encontrou refúgio nos braços da pessoa que amava. Era como se ela estivesse presa em um labirinto por anos, gritando por ajuda, buscando exaustivamente uma saída, até que que uma singela luz a guiou até a segurança ─ a luz que ela enxergava todos os dias nos olhos escuros de Kirigan.
E, agora, enquanto observava os primeiros raios de Sol tocarem delicadamente a pele do General que dormia ao seu lado, ela conseguia sentir a paz que aquela cena irradiava. Parecia não haver Guerra, não haver a preocupação com a demora para a intensificação de seu poder, não haver a sensação que uma parte de sua luz parecia estar a chamando ─ como um sussurro no meio de uma multidão.
Desde que descobriu ser a Conjuradora do Sol, os dias estavam passando rápido. Seu treinamento com Luka estava a deixando mais forte, seu poder, apesar de não tão rápido como esperado, estava florescendo com Baghra e sua importância forçou com que o Rei a aceitasse nas reuniões do Conselho.
Seus pesadelos pareciam estar dormentes. Após confidenciar em Kirigan que a luz a atormentava durante as noites, ela parecia ter se acalmado ─ mas isso não impediu Anastasia de continuar buscando respostas para a origem de seu poder, mesmo sempre se deparando com becos sem saída.
Sua existência, que antes era apenas uma lenda para os ravkanos, havia se espalhado rapidamente por toda a extensão de sua terra, fazendo com que cultos surgissem em seu nome e altares fossem construídos para reverenciar a Sankta. Entretanto, Anastasia sabia que ela não era um milagre. Ela não era a salvação. Ela era Grisha.
Mas, assim como as sombras os assustavam, eles não eram capazes de compreendê-la, então era mais fácil transformá-la em uma Deusa. Uma Deusa enviada para salvá-los da noite. E, por mais que ela quisesse desesperadamente destruir a Dobra das Sombras, seria o suficiente para Ravka ser salva?
─ Até quando vai ficar me observando, Srta. Anastasia? ─ A voz do General soou em seus ouvidos. Ele ainda mantinha seus olhos fechados e um sorriso havia se formado em sua face.
Anastasia soltou uma leve risada. ─ Desde quando está acordado? ─ Ela questionou, vendo os olhos de Kirigan, finalmente, se abrindo.
Ele se virou de lado, seus braços a puxaram para perto enquanto a mão da Princesa repousou no peito do General. ─ Faz um bom tempo. ─ Ele confessou. ─ Mas estava aproveitando você me encarando. ─ Kirigan afirmou, encostando seus lábios na boca de Anastasia.
─ Eu preciso ir antes que os guardas cheguem em seus postos. ─ A Princesa disse, sentindo os dedos do Conjurador acariciarem sua bochecha.
Ela se levantou, ajeitando suas vestes e vestindo o kefta branco com o símbolo de seu país estampado. Ela soltou um suspiro, claramente frustrada por precisar se esconder pelos corredores quase todas as manhãs.
Kirigan caminhou até ela, a abraçando por trás. ─ Não precisamos fazer isso, Ana. ─ Ele disse, encostando seu queixo no topo da cabeça da Princesa. ─ Eu não quero esconder você.
Anastasia se virou para ele. ─ Ele tem medo de mim. ─ A Conjuradora confessou, se referindo ao Rei de Ravka. ─ Homens covardes e com medo tomam decisões burras e egoístas. ─ A Lantsov afirmou. ─ A história do Herege Negro... ─ Ela começou e o General abaixou seu olhar. ─ ... O Rei Anastas estava com medo dele, medo do seu poder, medo de perder sua coroa. Ele já não está feliz com a minha demora em destruir a Dobra, se tiver a confirmação que estamos juntos... Vai me tornar a nova Herege só de cogitar que eu posso estar tramando para derrubá-lo.
─ Eu nunca vou permitir que isso aconteça. ─ Kirigan respondeu. ─ Se acredita em algo, acredite que eu sempre vou proteger você.
Anastasia assentiu. ─ Eu acredito em você. ─ Ela contou. ─ Mas, por enquanto, é melhor assim. Ele não seria o único a ficar com medo, isso poderia piorar a situação com Ravka Oeste e com os outros países. ─ Anastasia disse, um olhar tristonho em sua face. ─ Vou sentir a sua falta.
─ Eu também. ─ Ele contou, apreciando a forma como a luz que adentrava pela janela parecia fazer com que a Princesa ficasse mais radiante.
─ Então me deixe ir com você. ─ Ela pediu e o General negou com a cabeça, algo que ela já esperava. ─ Já está na hora de eu defender o meu povo, eu posso guiar eles pela Dobra... eu posso lutar. ─ Anastasia argumentou.
─ É mais seguro no Pequeno Palácio. ─ O Conjurador declarou. ─ Você se torna o alvo mais valioso quando coloca os pés fora de Os Alta. ─ Kirigan contou. ─ E é só a demonstração do novo esquife, preciso estar lá apenas para ver se tudo vai correr como o planejado. ─ Ele vestiu seu kefta preto, o ajeitando perfeitamente em seu corpo. ─ Vou estar de volta em alguns dias.
Anastasia sorriu, se despedindo e caminhando em direção ao seu quarto. Mas ela não podia evitar a sensação estranha que crescia em seu peito. Como se estivesse a alertando. Como se estivesse a avisando que algo estava chegando.
ELA ANALISAVA SEU ALVO ATENTAMENTE. Sua respiração estava controlada, seus dedos rodeavam a corda do arco, enquanto ela podia sentir o gélido da lâmina da flecha tocar sua outra mão. Os sons à sua volta pareciam estar mais alto que o normal e o olhar que prestava atenção em todos seus movimentos parecia tirar todo seu foco.
Quando ela soltou a corda, atirando a flecha na direção de seu alvo, o resultado não foi o esperado. A flecha passou longe de seu destino e, pela terceira vez naquele dia, Anastasia havia errado. Ela soltou seu arco no chão, se sentando e suspirando desapontada com seu desempenho.
─ Você não costuma errar. ─ Luka afirmou, recolhendo as flechas à sua volta. ─ Qual o problema? Esqueceu como usa o arco? ─ Ele pediu, tentando arrancar um sorriso da Princesa.
Anastasia sorriu de lado, analisando o arco de madeira à sua frente. Nele estava gravado o símbolo de Ravka ─ as duas águias ─ e um Sol. Luka havia dito que ela precisava escolher uma arma, algo que a complementasse.
Na época, ela pensou nas facas que apareciam em seus sonhos, mas ela rejeitou rapidamente essa ideia, não querendo aumentar o vínculo com seus pesadelos. Então, um dia, ela entrou em seu quarto e em cima de sua cama estava uma grande caixa com bordados dourados e uma pequena carta. Não havia remetente, apenas o nome da Princesa e que aquele arco pertencia à ela por direito.
─ Esses muros altos estão começando a parecer uma prisão. ─ Anastasia confessou. ─ Eu devia estar lá fora, fazendo alguma coisa. ─ Ela declarou. ─ Você não está cansado de ficar aqui?
─ Sua companhia não é das piores. ─ Luka respondeu, fazendo com que a Princesa revirasse os olhos amistosamente. ─ Mas eu entendo, eu sinto falta de estar lá fora, de viajar pelo mundo, de lutar... ─ Ele contou. ─ ... só que tenho um trabalho 'pra fazer aqui e isso é mais importante.
─ Você também não acha que eu estou pronta? ─ Anastasia o questionou.
─ Acho que você 'tá mais que pronta. ─ Luka afirmou. ─ E também acho que ninguém precisa tomar suas decisões por você. ─ Ele disse, oferecendo sua mão para a Princesa, ajudando ela a se levantar. ─ Tenta de novo.
Enquanto assistia mais uma das tentativas de Anastasia, ele pensava na forma como ela estava se sentindo. Era a maneira que ele se sentia sempre que voltava ao Os Alta. Como se os muros do Pequeno Palácio fossem sua prisão particular. Mas, mesmo sem ele querer, mesmo sem ele pedir por aquilo, Anastasia fazia aquele lugar melhor. Ele apenas a olhava e se sentia livre.
E Luka sabia que ela estava pronta. Pronta para lutar pelo seu povo e pelo seu país. Pronta para colocar um fim naquela Guerra. Mas, no fundo, ele não queria que ela tivesse que passar por isso. Que ela tivesse que enfrentar os horrores que a esperavam. Que ela fosse a salvação de Ravka.
E, nenhum dos dois percebeu a figura que, de longe, escondido pela mata densa, observava tudo que estava acontecendo.
A LUZ SE ESPALHAVA POR TODO O CÔMODO, iluminando a cabana antiga mesmo em seus pontos mais escuros. Ela podia sentir o poder que parecia percorrer todas as suas veias, a alimentando. A fortalecendo. Entretanto, algo estava diferente. Era como se a luz não quisesse estar ali, como se ela estivesse buscando por algo mais. Algo que Anastasia não tinha.
─ Eu ainda não estou forte o suficiente. ─ Anastasia declarou, trazendo sua luz de volta e se sentando na cadeira de madeira. ─ Não vou conseguir destruir a Dobra desse jeito... Preciso de um amplificador.
Ela sentiu a bengala bater em seu braço fazendo com que um gemido de dor escapasse dos seus lábios. ─ Já se passaram quatro meses, eu agradeceria se parasse com isso. ─ Anastasia contou, passando a mão pelo seu braço dolorido.
─ Amplificadores sempre têm um preço, criança. ─ Baghra confessou. ─ Um preço que você não vai querer pagar.
─ Você já disse isso, mas nunca me fala o preço. ─ Anastasia a respondeu. ─ Talvez eu esteja disposta a lidar com as consequências se isso significar que a Dobra vai acabar.
Baghra a encarou por alguns instantes, a analisando como sempre fazia. ─ Você está procurando bengalas para se apoiar. Primeiro o braço do General, agora um amplificador... Você precisa fazer isso sozinha. ─ Baghra insistiu, servindo um líquido na xícara da Princesa. ─ Não se esqueça de tomar seu chá.
─ E se eu não conseguir sozinha? ─ Anastasia questionou, levando a xícara até seus lábios.
─ Qual o real problema, criança? ─ A professora perguntou.
─ No começo, todos me olhavam como se eu fosse a salvação deles. ─ A Lantsov começou, sentindo a bebida percorrer sua garganta. ─ Alguns ainda olham assim, outros me olham como se não entendessem porque estou demorando tanto. ─ Ela contou. ─ E eles não estão errados. A cada dia que passa, a situação dos ravkanos piora. A cada dia que eu não estou lá fora tentando acabar com essa Guerra, é mais um dia que estou falhando com eles.
─ Você está pronta para a Guerra. ─ Baghra contou. ─ Mas a Guerra, a Dobra, esses não são os únicos perigos que te esperam. É para esses que você precisa ficar preparada. É para esses que estou te treinando.
Antes que Anastasia pudesse questioná-la, a porta foi aberta bruscamente, fazendo com que as duas se virassem para a figura responsável por isso. Luka estava parado, rodeado de guardas da família real.
─ Notícias chegaram sobre o novo esquife, algo aconteceu, o Conselho te chamou. ─ Luka afirmou. ─ Agora.
HÁ DOIS DIAS, O NOVO ESQUIFE PROJETADO PELOS MELHORES FABRICADORES DO PEQUENO PALÁCIO havia sido mandado para fazer sua primeira passagem pela Dobra das Sombras. Todo o Conselho e os ravkanos esperavam notícias esperançosas, depositando suas altas expectativas, acreditando terem conseguido um meio mais eficiente de passar pela escuridão cheia de Volcras.
Mas, quando Luka a chamou, diversas possibilidades passaram por sua cabeça. O esquife poderia ter sido um fracasso, seus inimigos poderiam ter o destruído e, no fundo de seus pensamentos, a possibilidade de algo ter acontecido com Kirigan fazia com que todos os seus músculos tremessem.
Agora, sentada em uma mesa rodeada de Generais importantes do Primeiro Exército, de frente para o Rei e seu irmão Vasily, ela escutava enquanto um dos oficiais de Ravka lia a mensagem que havia sido enviada ─ o mensageiro, aparentemente, quase morreu de exaustão ao chegar no Palácio.
─ Ontem, pela manhã, o novo esquife foi lançado para atravessar a Dobra. ─ O oficial começou. ─ Mas ele nunca chegou ao seu destino. ─ Os Generais começaram a sussurrar entre si. ─ Os tripulantes foram atacados pelos Volcras e, acreditávamos que não teriam sobreviventes, mas alguém os salvou. ─ Todos voltaram sua atenção ao oficial. ─ Uma Conjuradora do Sol. ─ E, assim, todos os olhares pareciam estar na Princesa. ─ Alina Starkov.
Os olhos de Anastasia estavam arregalados. Seus batimentos estavam acelerados, sua mente tentando formular respostas para as incontáveis perguntas que surgiram em seu consciente. Outra Conjuradora do Sol. Outra salvação.
Ela se levantou rapidamente, sendo seguida por Luka, mas, antes que pudesse chegar até a porta, alguém agarrou seu braço com força. ─ Acho que você não é tão especial como pensava. ─ O Rei disse, um olhar soberbo em seu rosto. A Princesa puxou seu braço, caminhando para fora do cômodo.
Seus movimentos cessaram quando uma voz que não se dirigia à ela há muito tempo, soou em seus ouvidos. ─ Ana, espere. ─ Ele pediu. ─ Você está bem? ─ Vasily perguntou, tentando colocar a mão em seu ombro.
Anastasia recusou seu gesto, soltando uma risada irônica. ─ Está pedindo se eu estou bem? ─ Ela questionou. ─ Onde estava quando eu realmente precisava de você? ─ Ela o empurrou e Luka se colocou à sua frente, tentando acalmá-la. ─ Estava sendo um covarde, como você sempre foi. Eu que fui tola de esperar mais de você, Vasily.
O Príncipe não conseguia olhá-la, apenas deu às costas e caminhou de volta para a sala. ─ Ele não vale a pena. ─ Luka sussurrou em seu ouvido, a acompanhando para fora do Grande Palácio.
─ Não mais. ─ Anastasia confessou, olhando a figura de seu irmão desaparecer de seu campo de visão.
A NOITE JÁ HAVIA CHEGADO, TODOS SE ENCONTRAVAM OCUPADOS DEMAIS DISCUTINDO SOBRE a nova Conjuradora do Sol para perceber que Anastasia não estava presente no Pequeno Palácio. A Lantsov entrou escondida no estábulo, cobrindo seu kefta branco e seu rosto com sua capa.
Ela passava carinhosamente a mão pelo cavalo branco, como se pedisse silenciosamente para que ele não fizesse barulho e o animal parecia entender seu desejo.
─ Achou mesmo que eu não ia perceber, Princesa? ─ A voz de Luka a assustou e, quando ela se virou, se deparou com o Hidro encostado na parede.
─ Não pode me impedir. ─ Anastasia argumentou, ajeitando a sela. ─ Preciso ir até ela, Luka. Não sei o porquê, mas eu preciso.
O Hidro deu de ombros. ─ E quem disse que eu 'tô aqui 'pra te impedir? ─ Ele tirou o arco de suas costas, entregando à ela e pegando outra sela.
Anastasia sorriu de lado. ─ Não precisa ir junto, é perigoso lá fora e... ─ O Conjurador a interrompeu.
─ Não preciso. ─ Ele afirmou. ─ Mas eu quero ir. ─ Luka confessou. ─ E é perigoso, por isso você tem que ter o melhor Grisha de Ravka do seu lado. ─ Ele disse, arrancando uma risada da Princesa.
─ Sim, sua honestidade sobre si mesmo pode acabar sendo útil. ─ Anastasia respondeu ironicamente. ─ Obrigada, Luka.
O Hidro assentiu, a ajudando a subir em seu cavalo e, logo em seguida, subindo no outro. E, olhando uma última vez para o Pequeno Palácio, ela se lembrou das palavras que o Conjurador havia dito. "Ninguém precisa tomar suas decisões por você."
ANASTASIA JÁ NÃO SABIA MAIS QUANTOS QUILÔMETROS ELES HAVIAM PERCORRIDO. Eles não pararam nem por um minuto, sabendo que precisavam chegar o mais rápido possível em seu destino. E, cada vez que ficava mais perto, ela podia seu poder implorando para sair. Ela podia sentir ele desejando o que lhe faltava.
Ela sabia onde conseguiria achá-la. Na estrada que um dia ela percorreu também, após descobrir quem era de verdade. O caminho mais rápido para Os Alta, mas não o mais seguro. Conforme foram se aproximando da estrada, os sons vindos do local fizeram com quem a Princesa e o Hidro trocassem olhares de preocupação.
Tiros, gritos, pedidos de ajuda. A fumaça envolvia a área, fogo estava se espalhando pelas árvores e ela sabia que eles haviam chegado antes dela. Drüskelle. Os caçadores de Grisha de Fjerda. Luka sinalizou que iria ajudar os soldados Grisha e Anastasia assentiu, acelerando os passos de seu cavalo quando um grito feminino distante chamou sua atenção.
Ela encontrou uma jovem caída no chão, seu rosto estava machucados, sua trança desfeita e se agarrava a seu kefta vermelho buscando proteção. Um Drüskelle estava em cima dela, a prendendo com suas pernas, preparando para atingi-la com seu machado.
Anastasia saiu rapidamente do cavalo, retirando o arco de suas costas e preparando uma de suas flechas. Ela não hesitou em disparar a flecha no coração de seu alvo, assistindo o sangue que escorreu pela boca do homem quando ele caiu, largando sua arma.
A visão da jovem estava embaçada em razão do sangue que havia caído em seu rosto. Ela tentava se arrastar pelo chão, fugindo da figura encapuzada que se aproximava dela. Até que ela viu a flecha ser arrancada do corpo do Fjerdano e, em seguida, uma mão foi estendida à ela.
Olhando para cima, tentando enxergar quem tentava ajudá-la, ela viu o capuz ser removido, os cabelos negros sendo soltos, o kefta branco com bordados dourados. As cores de Ravka.
─ Eu estava esperando por você, Alina Starkov.
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