04. welcome to your temporary house.

QUATRO.
Bem-vinda a sua casa temporária!

TERRA

Quando Will era mais novo e seus pais saiam em uma missão, o garoto ficava por horas olhando para a janela, imaginando onde estavam e animado para que voltassem logo e pudessem lhe contar tudo, sempre ficava ansioso demais. Mas nunca ansioso como naquele momento, na verdade, Will acreditava estar passando pelo auge da ansiedade de todos os seus dezessete anos.

O garoto olhou novamente para a janela, nenhum sinal de seus pais. Já tinha perdido a conta de quantas mensagens tinha mandado para eles ou para sua irmã mais velha, até Cassie tinha sumido do mapa... O que era um milagre, levando em conta que Cassie sempre estava lá para irritar seu irmão mais novo. Will queria resolver aquela situação sozinho mas já tinha feito tudo o que podia, sozinho nunca iria conseguir ajudar Meredith.

— Está tudo bem? – Will perguntou.

Meredith que estava em silêncio, sentada no chão da sala, parecendo muito abalada com a situação.. Não, ela não estava chorando copiosamente, se tinha derrubado duas lágrimas era muito, mas sua expressão entregava o quanto ela estava péssima.

A Quill ainda torcia para que tudo aquilo fosse um pesadelo.

Já tinha feito a Will várias perguntas, já tinha olhado os destroços várias vezes, já tinha pensado em milhões de coisas e agora lhe restava esperar, não tinha outra opção se não confiar em William e na convicção do garoto de que seus pais saberiam o que fazer.

— Você acha que está tudo bem? – Ela retrucou e Will se sentiu tapado por fazer uma pergunta dessas, mas realmente não sabia puxar assunto e o silêncio era até pior que os cortes que recebia de Meredith. – Você tem certeza que os seus pais podem ajudar?

— Absoluta, meus pais são incríveis e vão conseguir resolver essa situação. Provavelmente vão entende-la melhor do que eu. – Ele disse tentando tranquiliza-la.

— Preciso voltar para casa, seus pais tem uma nave? Eu posso devolver depois. – Ela sugeriu, tinha noção que as pessoas na Terra não tinham naves mas pela maneira que Will insistia que seus pais poderiam ajudar, ela até cogitou a possibilidade.

— Não, digamos que naves não são comuns aqui. – Deu de ombros. – Você disse que seu pai é meio humano, ele não tem família por aqui? Alguém que possa entrar em contato com ele?

Meredith negou com a cabeça. Peter não era muito de falar sobre a Terra ou sobre sua família. A única parente que conhecida era a avó da garota que também se chamava Meredith, mas a mulher estava morta.

— Não que eu saiba. – Admitiu. – Meus pais devem estar surtando, minha mãe vai me matar.

— A minha também me mataria se eu tivesse feito isso, ela é intimidadora para caralho... Não que eu esteja falando que você fez algo errado. – Se apressou para se corrigir. – Por que você não fez, talvez tenha feito, mas o importante é a intenção e os conceitos de certo e errado podem ser diferentes aqui e lá e.. Eu vou parar de falar.

Meredith revirou os olhos, Will não lhe passava confiança nenhuma, ele parecia incrivelmente perdido e como se fosse surtar a qualquer momento, além de não parar de encarar a janela.

— O que te leva a pensar que seus pais possam me ajudar? – Ela questionou –  Sem ofensas, mas humanos não são lá muito espertos.

— Você é meio humana! – Ele exclamou.

— Menos do que meio. Não sou cem por cento burra como vocês, só vinte e cinco por cento.

— Olha, todo mundo concorda que os humanos podem ser muito burros em algumas situações mas isso não se aplica a tudo. – Will argumentou.

— Viu, até você assumiu que humanos são burros. – Meredith disse, agora sorria, parecia muito feliz em estar certa.

— Você é irritante. – Ele disse e ela mostrou a língua. – Muito madura também.

— Obrigada, faz parte do meu charme.

Will estava pronto para retrucar quando do nada, uma figura apareceu no centro da sala, era Scott voltando ao seu tamanho normal, com o traje de Homem-Formiga, Hope vinha voando atrás mas se manteve no tamanho de uma vespa, aparentemente ela tinha notado a presença de uma estranha na sala, diferente do marido.

Meredith gritou alto ao ver Scott crescendo do nada, chegou a dar um pulinho para trás e olhou para Will, esperando uma explicação.

— Você não disse que teríamos visitas. – Scott resmungou para Will. –Avisar sobre as visitas, ajuda a manter a identidade secreta, sabe?

— Olhar antes de entrar também ajuda a manter a identidade secreta, pai... E não é como se a sua identidade fosse secreta! – Will disse. – Mas não se preocupe com ela, ela não é daqui e precisa de ajuda, é urgente. Ela literalmente caiu do céu no nosso quintal.

Todos olharam para Meredith, ela estava encostada na parede, ainda se recuperando do susto.

Hope voltou ao tamanho normal e Meredith gritou novamente, já tinha visto muita coisa na Galáxia, mas nunca aquilo, nem sabia que humanos podiam fazer aquilo. Seus pais comentaram sobre heróis na Terra, mas nunca entraram em detalhes, ela sabia que seu pai não era fã de falar sobre a Terra.

— Quem é essa garota? – Hope perguntou irritada. – Meu Deus Scott, você não tem cuidado nenhum!

— Relaxa Hope, Will acabou de dizer que a garota é inofensiva, eu já sabia disso, notei de longe. – Scott disse tentando soar convincente. – Espera, o que você quis dizer com caiu no nosso quintal?

— Literalmente caiu no nosso quintal... É uma história longa. – Will suspirou. – E é melhor vocês sentarem.

— Como eles fizeram isso? Como cresceram do nada? – Meredith perguntou.

— Outra história longa. – Will disse. – É melhor você sentar também.

Então Will explicou da melhor maneira que pode aquela confusão, Meredith o interrompia de vez em quando, explicava uma coisa ou outra, Will acabou puxando ela para o centro da sala, para que explicasse o que tinha a levado até aquele momento. Quando terminaram de falar, Scott e Hope os encararam, processando as informações.

— Eu sei, isso não faz muito sentido mas é a verdade. – Will disse.

— Na verdade faz. – Começou Hope. – Eu me lembro deles, dos Guardiões da Galáxia, eles lutaram contra o Thanos também, não cheguei a interagir com eles mas me lembro deles.

— Uma delas era até filha do Thanos. – Scott relembrou.

— Filha adotiva. – Meredith se apressou em corrigir. – Minha mãe não é filha de verdade daquele monstro, ele sequestrou ela!

— Então ela é sua mãe.. Espera, por que você não é verde? – Scott perguntou.

— Meu pai é meio humano, é o Peter Quill, o Senhor Das Estrelas. – Ela explicou. — Então vocês dois também são super heróis? – Meredith perguntou.

— É uma situação estranha, na verdade é até irônico, filha de super heróis, caindo no quintal de outros super heróis. – Hope disse analisando a situação.

Pelo pouco que Meredith havia visto, Hope Van Dyne Lang era uma mulher firme e desconfiada, isso a fez se lembrar de sua mãe. Céus como sentia falta de sua mãe.

— Vocês deixaram os destroços da nave onde? – Hope perguntou.

— Depois que Meredith revirou tudo umas dez vezes, eu coloquei na garagem. – Will explicou.

— Meredith, tem algo lá que possa nos dar alguma maneira de nós comunicar com os seus pais? – Hope perguntou.

— Bom, tinha o comunicador mas ele está em pedaços. – Respondeu a meio humana.

— Eu posso dar uma olhada, quem sabe eu consiga consertar, Hope pode ajudar e o Hank também. – Scott disse. – Se bem que o Hank está velho demais para isso, vamos matá-lo do coração.

— Eu duvido muito, ele sempre diz que se sobreviveu depois de ver você se casando comigo, ele sobrevive a tudo. – Disse Hope que agora sorria.

— No fundo nós sabemos que ele me ama. – Scott disse.

— No fundo, beeeeeeeem no fundo pai. – Will zombou e deu um tapinha nas costas do pai.

— Seria ótimo se conseguissem consertar o comunicador, principalmente se fizerem ainda hoje. – Meredith disse.

— Eu não sei em que condições está mas você mesma disse que está destruido, acho que vai levar algum tempo. – Hope disse e Meredith arregalou os olhos.

— Não tem nada mais rápido? Eu não posso ficar aqui! – Exclamou a garota, parecendo desesperada. – Eu nem conheço nada na Terra, não tenho onde ficar.

— Você vai ficar aqui. – Hope disse como se fosse algo óbvio. – Pode ficar com o quarto da Cassie.

— Quem é Cassie? Ela vai dormir onde se eu ficar com o quarto dela? – Perguntou Meredith.

— Cassie é minha meia irmã, filha do meu pai. – Explicou Will.

— Falando na Cassie, cadê ela? Ela ia cuidar de você.

— Ela saiu cedo, disse que ia resolver alguma coisa, acho que é relacionado a Estatura.

Meredith pensou em perguntar o que ou quem era Estatura mas deixou para lá, já tinha recebido informações o suficiente por um dia.

— E além do mais. – Disse Will. – Não preciso que a Cassie fique de babá, eu sei me cuidar.

Scott e Hope se olharam segurando o riso, Will suspirou.

— Eu vou mostrar o quarto para a Meredith. – Ele disse.

— Seja bem-vinda a sua casa temporária. – Scott disse.

Aquilo gelou o estomago de Meredith, ela só queria ir para casa.

— O que é aquilo? – Ela perguntou apontando para a televisão.

— É uma televisão. – Ele disse e ela o olhou sem entender. – Ok, temos uma barreira culturar enorme. Te levo para um tour pela casa depois.

Os dois sairam da sala, Meredith observava algumas coisas que não conhecia, a nave era muito diferente.

Subiram as escadas e entraram a primeira porta a direita. Era um quarto bonito, desorganizado, mas bonito.

— Cassie é uma bagunça, às vezes acho que ela ainda é adolescente. – Will comentou enquanto Meredith observava o quarto. – Você tem irmãos?

— Tenho. – Ela disse, seu estômago gelou novamente. – Dois, são gêmeos, Yondu e Kevin.

— Eu sempre quis ter um gêmeo.

— Eu também. – Ela sorriu de canto.

Um silêncio se instaurou pelo quarto nos segundos seguintes.

— Meu quarto fica no final do corredor, caso você precise de mim. – Ele disse e ela assentiu com a cabeça. – Alguma pergunta.

Ela tinha várias perguntas, tantas que se sentia incapaz de colocar em palavras, mas não queria falar sobre isso naquele momento. Queria colocar suas ideias no lugar, gritar, chorar, descobrir que aquilo tudo não era real.

— Não tenho nenhuma pergunta. – Ele disse.

Will iria falar de novo, queria conversar, entender tudo aquilo, mas notou que aquela não era a hora.

— Meus pais vão dar um jeito Meredith, você vai para casa em breve, não se preocupe. – Ele tentou tranquiliza-la – E eu estarei no fim do corredor.

Will saiu e fechou a porta, deixando Meredith sozinha com seus pensamentos. Ela olhou pela janela, fitou o céu por alguns minutos.

"Você vai para casa em breve, não se preocupe" A voz de Will ecoou nos pensamentos de Meredith enquanto ela se permitiu chorar, chorou baixo, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

Respirou fundo tentando se acalmar, precisava ser forte. Seria forte.

e aí, meus amores! o que acharam do capítulo de hoje? não esqueçam de deixar pelo menos um comentário pois isso me motiva muito ♡

obrigada por lerem!

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