CHAPTER SIXTEEN - Noberto
CAPÍTULO DEZESSEIS -
NOBERTO
"Não, Ronald Weasley, não é coisa da minha imaginação."
POV NARRADORA
HERMIONE E CLARISSA estavam sentadas, imersas em livros e pergaminhos enquanto tentavam desvendar os mistérios por trás das recentes descobertas de Harry sobre Snape e Quirrell.
Os cabelos desgrenhados de Hermione caíam em cascata sobre seus ombros, enquanto ela franzia a testa em concentração, tentando entender o que não fazia sentido em toda essa história.
— Isso não faz sentido algum. Por que Snape tentaria matar um aluno do primeiro ano se o objetivo é capturar a pedra filosofal? — Murmurou ela, sua voz carregada de frustração e perplexidade.
Clarissa, ao seu lado, também estava mergulhada em pensamentos.
— Tem a questão dele não gostar muito do pai de Harry... — De repente, ela se deu conta do que tinha acabado de dizer e seus olhos se arregalaram em pânico.
"Preciso ser mais cuidadosa com o que falo", pensou ela, lamentando sua indiscrição.
— O Snape odiava o meu pai? — Perguntou Harry, seu tom de voz misturando confusão e incredulidade.
— Eu disse que ele não gostava muito. Não sei se odiava, mas havia uma certa animosidade entre eles. — Clarissa tentou corrigir sua escolha de palavras, mas sabia que a revelação poderia ter repercussões inesperadas.
Hermione olhou para Clarissa com uma mistura de surpresa e curiosidade, seus olhos castanhos brilhando com a perspectiva de mais informações.
Clarissa suspirou, sabendo que não podia mais esconder a verdade.
— Indaguei Snape. Ele e James não eram exatamente amigos. — Explicou ela, tentando parecer casual, embora se sentisse um pouco desconfortável. — Ele me disse que o seu pai fazia bullying com ele.
Harry franziu ainda mais a testa, suas sobrancelhas se ergueram em confusão diante das revelações e suposições que estavam sendo lançadas sobre seu pai.
— E vocês vão simplesmente acreditar nele? — Questionou ele, sua voz carregada de incredulidade.
Clarissa sentiu-se desconcertada pela súbita mudança de rumo da conversa. Ela não esperava que a revelação sobre o relacionamento conturbado entre Snape e o pai de Harry fosse desencadear uma série de especulações sobre suas motivações.
— Eu não sei no que acreditar. Só estou dizendo que não faz sentido! Uma coisa não tem relação com a outra. — Respondeu Clarissa rapidamente, tentando dissipar o mal-entendido e trazer a conversa de volta ao foco original.
Enquanto isso, Hermione e Ronald trocaram olhares silenciosos, reconhecendo que não era o momento adequado para intervir na discussão.
— Meu pai ter feito bullying com ele parece um motivo para ele tentar me matar. — Harry murmurou, parecendo atordoado.
Clarissa sentiu uma onda de frustração diante da insistência de Harry em conectar os pontos de maneira tão simplista.
— Harry, Snape não deve viver apenas para ter sua vingança contra um homem que, infelizmente, já faleceu. — Ela interveio, suas palavras carregadas de determinação e convicção.
Harry Potter parecia triste e um pouco abalado diante das revelações e das emoções à flor da pele naquela conversa.
— Me desculpa, eu não queria falar dessa forma. — Clarissa murmurou, sua voz carregada de remorso pelo mal-entendido que havia surgido.
— Não se preocupe, Clary. Eu entendo que você está tentando me ajudar. — Harry respondeu, tentando dissipar a tensão que pairava no ar.
Clarissa suspirou, sentindo-se aliviada pelo entendimento de Harry, mas ainda determinada a esclarecer seus pontos de vista.
— É que tem um motivo maior para eu acreditar que Snape não fez isso. Sei que pode parecer bobo, ou esquisito, mas eu encostei no braço de Quirrell, duas vezes, e nessas duas, ele se queimou. Não acham estranho? Isso não é normal. Já quando eu encosto no Prof Snape, nada acontece. — Clarissa explicou rapidamente, sua voz carregada de convicção.
Ronald Weasley, sempre inclinado a buscar a lógica mais simples, levantou uma dúvida.
— Não acha que seja coisa da sua imaginação? — Questionou ele, provocando uma reação inesperada em Clarissa.
A expressão de Clarissa mudou instantaneamente, sua face tornou-se rubra de indignação diante da sugestão de que suas observações poderiam ser fruto de sua imaginação.
— Não, Ronald Weasley, não é coisa da minha imaginação. — Ela respondeu, sua voz tremendo levemente com a intensidade de suas emoções.
Hermione, sempre disposta a mediar conflitos, procurou encontrar as palavras certas para acalmar a situação e apoiar sua irmã diante da crescente tensão.
— Vamos nos acalmar, pessoal. Não vamos nos deixar levar pelas emoções. Estamos todos tentando entender o que está acontecendo aqui. — Ela interveio, sua voz calma e tranquilizadora ecoando no ambiente tenso da biblioteca.
Os minutos seguintes foram preenchidos por um silêncio constrangedor, no qual as palavras pareciam se esquivar do ambiente tenso da biblioteca. Rony foi o primeiro a romper o silêncio, ao cumprimentar Hagrid, que havia entrado na biblioteca de forma inesperada.
— Rúbeo! O que você está fazendo na biblioteca? — Rony perguntou, sua voz soando um tanto surpresa.
— Só estou dando uma olhada. — Hagrid respondeu, com uma expressão um tanto preocupada. — O que vocês estão fazendo? — Ele indagou, seus olhos perscrutando o grupo reunido ao redor da mesa. — Ainda procurando sobre Nicolau Flamel?
— Não seja ingênuo, Hagrid! Já descobrimos isso há bastante tempo. — Hermione respondeu, interrompendo seu trabalho de anotações coloridas para encarar Hagrid.
— Aliás, queríamos perguntar sobre as outras medidas de proteção da Pedra além do Fofo... — Hermione começou a dizer, mas foi interrompida por um sinal de silêncio feito por Hagrid.
— Escutem, venham me ver mais tarde, não estou prometendo que vou lhes dizer nada. — Hagrid murmurou, olhando nervosamente para os lados, como se temesse ser ouvido por alguém próximo. Em seguida, ele se retirou da biblioteca às pressas, deixando para trás um grupo de estudantes curiosos e intrigados.
Clarissa estava sentindo uma leve dor de cabeça, "Maldito Ronald Weasley", pensou ela, enquanto massageava as têmporas com delicadeza.
— Hagrid estava na seção de dragões! — Harry exclamou, voltando correndo para junto do grupo, embora ainda exibisse uma carranca em seu rosto.
— Mas criar dragões é proibido, quase todo mundo sabe disso. — Rony argumentou, tentando encontrar alguma lógica na situação.
— Eu não sabia disso. — Murmurou Clarissa, aborrecida com a discussão e com a dor latejante em sua cabeça.
— Não fique triste por você não ser sempre uma sabe-tudo. — Rony provocou, sua voz carregada de sarcasmo. Clarissa sentiu uma vontade repentino de voar no pescoço dele, mas conseguiu controlar-se, mantendo-se calma por fora, embora por dentro estivesse fervendo de raiva.
( . . . )
O quarteto estava parado diante da porta da rústica casa de Hagrid, batendo algumas vezes antes que o guarda-caça os deixasse entrar. Assim que adentraram, foram recebidos pelo calor acolhedor da lareira crepitante e pelo aroma de chá fresco que pairava no ar.
Hagrid, com sua imponente figura, logo se aproximou com uma bandeja de chá fumegante em mãos, oferecendo aos visitantes.
— Sobre o que queriam me perguntar? — Indagou Hagrid, com uma expressão séria e cautelosa, revelando sua preocupação com o motivo da visita.
Harry, sem rodeios, foi direto ao ponto:
— Queremos saber o que está protegendo a pedra filosofal, além de Fofo.
Ao mencionarem a pedra filosofal, Hagrid pareceu ficar ainda mais inquieto, suas sobrancelhas se franziram em uma expressão de preocupação. Ele se acomodou em sua poltrona de couro, suas pernas balançando nervosamente, enquanto seus braços se moviam de forma desajeitada, tentando se servir de uma xícara do chá misterioso que ele havia preparado.
— Até agora não entendo o sentido de dar o nome de Fofo para um cão enorme e assustador de três cabeças. — Murmurou Clarissa, quebrando o silêncio tenso que pairava sobre o ambiente.
— Não fale assim dele, ele é um bebê. — Retrucou Hagrid prontamente, defendendo o leal cão de guarda.
— Hagrid, ele tem três cabeças! — Ronald interveio, tentando explicar a peculiaridade do animal.
— E tem um péssimo hálito. — Completou Hermione, concordando com o que o ruivo havia dito anteriormente, enquanto franzia o nariz levemente.
Hagrid franziu o cenho, visivelmente aborrecido com a insistência do grupo em contestar sua defesa a Fofo.
— Não importa o que vocês digam. Ele é um bebê. — Insistiu Hagrid, firme em sua posição sobre o animal.
Clarissa, no entanto, não estava disposta a deixar o assunto de lado tão facilmente.
— Não desconverse sobre o que Harry perguntou, Hagrid. — Ela falou com um tom cansado, deixando claro que não aceitaria desvios na conversa.
A expressão de Hagrid mudou de defensiva para uma mistura de desconforto e desapontamento. Ele parecia uma criança cujo plano havia sido exposto.
— Claro que não posso dizer o que vocês querem saber. — Hagrid falou rapidamente, visivelmente nervoso. — Aquela Pedra está aqui por uma boa razão. Quase foi roubada de Gringotes. E se ela fosse roubada, estaríamos com sérios problemas.
Clarissa, mostrando sua perspicácia habitual, interveio com uma informação surpreendente.
— Hagrid, eu sei que anos atrás, aconteceu a mesma coisa em Hogwarts. — Ela disse de repente, capturando a atenção do guarda-caça. — Alguém roubou a pedra e botaram a culpa na pessoa errada.
A surpresa pintou o rosto de Hagrid, sua expressão agora denotava preocupação e curiosidade.
— Como sabe disso? — Perguntou ele, claramente intrigado com a informação revelada por Clarissa.
— Amélia Bennett. — Respondeu ela de forma simplista, lançando uma sombra de mistério sobre a conversa.
— Não entendo. — Hagrid murmurou para si mesmo, como se tentasse processar a informação contraditória que acabara de receber.
Hermione, Ronald e Harry confirmaram a verdade sobre Amélia, e Hagrid parecia atordoado com a revelação.
— É impossível, ela se sacrificou para salvar todos nós. Eu mesmo vi. — Hagrid comentou, seu tom carregado de choque e incredulidade.
A expressão de Clarissa refletia sua confusão crescente. Ela estava cansada de procurar respostas apenas para encontrar mais perguntas.
— Hagrid, explique melhor. — Clarissa pediu, sentindo-se aquecida e incomodada pelo clima tenso da conversa.
Hagrid, no entanto, parecia decidido a manter o silêncio sobre o assunto.
— Se vocês não sabem, deve ser porque não devem saber. — Ele respondeu, desviando o olhar para o teto da cabana.
O teto, de repente, tornou-se o ponto focal da sala, enquanto todos tentavam processar a enxurrada de informações desconcertantes.
Diante da recusa de Hagrid em fornecer mais detalhes, Clarissa decidiu não pressioná-lo ainda mais. Ela sabia que explodir em uma torrente de perguntas não levaria a lugar algum, e que era melhor esperar até que alguém estivesse pronto para fornecer respostas mais esclarecedoras.
Com um suspiro resignado, Clarissa se recostou na cadeira, sabendo que a verdade sobre Amélia eventualmente viria à tona, mesmo que fosse em seu próprio tempo.
— Você é o único que sabe como passar pelo Fofo, não é, Rúbeo? — Harry perguntou, tentando aliviar o clima. — E você não diria a ninguém, não é? Nem mesmo a um dos professores?
— Só eu e Dumbledore sabemos. — Hagrid falou, ele parecia estar orgulho de si mesmo.
— Tem certeza? — Hermione questionou o guarda-caça.
— Pelo amor de Merlin, alguém abra a janela. — Clarissa pediu com suas bochechas vermelhas e em sua testa já havia um pingo de suor prestes a cair.
Harry ia abrir quando Hagrid falou que ele não podia, Potter notou que o guarda-Caça olhava para o fogo. Harry olhou também.
No meio do fogo, tinha um ovo enorme e negro.
— Não acredito nisso! — Clarissa falou em um tom de voz alto e surpreso.
— Pelo Merlin, Hagrid! Como arranjou isso? Sabe que é contra a lei? — Hermione falou rapidamente com seus olhos arregalados demonstrando o puro choque que estava.
— Ganhei. A noite passada. Eu estava na vila tomando umas bebidas e entrei num joguinho de cartas com um estranho. Acho que ele ficou bem contente de se livrar do ovo, para ser sincero.
— Hagrid o que vai fazer com isso? Não pode criar um! — Falou o ruivo Weasley.
— Ontem na biblioteca, estava procurando um livro sobre dragões e achei este aqui. — Hagrid ignorou totalmente o que Rony havia dito antes e prosseguiu mostrando um livro que estava escondido em um móvel. — Aqui diz, que esse é um dragão norueguês!
— Se eu não me engano, eles são raros. — Clarissa falou apoiando o seu queixo em sua mão trêmula.
Hermione a olhou de lado, questionando se ela estava bem, a Granger mais nova estava vermelha e suas mãos tremiam por algum motivo que ela não sabia.
Clarissa acenou, insistindo mais uma vez que está bem.
— Posso tocar? — Clarissa questionou com curiosidade em direção a Hagrid, ele assentiu.
A garota de cabelos castanhos escuros e desalinhados, correu em direção da onde o ovo estava.
Ela pegou o ovo com cuidado, ele estava bastante quente e continha algumas pintinhas. A Granger mais nova sentiu sua mão ficar mais quente que o normal.
Eles começaram a ouvir barulhos de rachadura e assim a casca do ovo foi se quebrados aos poucos.
Os olhos verdes da garota ficaram arregalados em questão de segundos, ela tomou um susto pelo que tinha acontecido, por isso, soltou o ovo.
Hermione fechou os olhos temendo a queda do recém-nascido dragão. Porém, Hagrid foi mais rápido e não o deixou cair.
— Pelo Merlin, eu o matei? — Clarissa perguntou desesperada olhando para suas próprias mãos.
— Meu Merlin, eu sou uma assassina de bebês dragões, eu sou uma pessoa... — Antes dela terminar, Hagrid a interrompeu.
— Você o aqueceu e ele parece ter se sentido a vontade para sair. — Murmurou Hagrid fazendo carinho na cabeça do dragão.
A cabana de Hagrid parecia estar ainda menor do que o normal com o calor que invadia o ambiente. A madeira grossa das paredes não permitia que qualquer brisa refrescante entrasse, e o ar estava pesado.
— O que diabos aconteceu? — Ronald perguntou com os olhos arregalados.
— Quer que eu desenhe? — Hermione rebateu sem olhar para ele, concentrada demais em tentar entender o que acabara de presenciar.
Ronald, como de costume, fez uma careta e revirou os olhos, mostrando a língua para Hermione como uma criança irritada. Ele claramente não estava no clima para discussões.
— A Clary chocou o bebê dragão. — Harry explicou, ajustando seus óculos que escorregavam de seu rosto.
Clarissa olhou indignada para Harry, e sua voz se elevou, carregada de frustração:
— Eu não choquei não! — Ela disse, as palavras quase saindo como um grito.
— Levando em conta o que você fez, você meio que chocou ele sim. — Hermione murmurou suavemente, mas com um olhar sério que indicava que ela não estava brincando.
— Como assim? Eu só estava... — Clarissa começou a se defender, mas foi interrompida por Harry, que tentava controlar o riso.
— Você encostou no ovo, Clary. E o Hagrid disse que a temperatura era importante. E bom... você está, tipo, pegando fogo. — Harry deu um leve sorriso ao dizer isso, mas havia uma verdade incômoda por trás de suas palavras.
Clarissa bufou, claramente irritada com a situação e o calor, que não parecia dar trégua. Suas bochechas estavam ainda mais vermelhas, e algumas gotas de suor começavam a escorrer por sua testa. Ela continuou se abanando com uma das mãos.
— Por que será que isso aconteceu? — Harry questionou, agora ajustando novamente os óculos que insistiam em escorregar. Ele olhou para Hermione, esperando que ela tivesse uma resposta mais clara.
Hermione franziu a testa, pensando por um momento antes de responder, suas sobrancelhas arqueadas em concentração.
— Como você disse, deve ser por causa da temperatura do corpo da Clary. — Ela disse devagar, como se estivesse refletindo sobre a teoria. — Está muito quente aqui, e você parece ser a mais afetada pelo calor. Talvez seu corpo tenha emitido calor suficiente para aquecer o ovo mais rápido do que o esperado.
Clarissa olhou para sua irmã com descrença, seu rosto vermelho de calor e incredulidade.
— Então, eu sou oficialmente uma chocadora de bebês dragões agora? — Clarissa perguntou sarcasticamente, sua voz carregada de exasperação. Ela enxugou a testa com a manga de sua roupa, suspirando em seguida.
— Pelo jeito, sim. — Harry riu, tentando aliviar o clima tenso. Ele se abaixou um pouco, observando o pequeno dragão que agora se debatia levemente no meio do fogo, suas pequenas asas batendo desajeitadamente. — Ele parece gostar de você, Clary.
— Que ótimo. Eu atraio dragões. — Clarissa respondeu secamente, cruzando os braços com um olhar impaciente.
— Já vi piores, sinceramente. — Rony comentou, finalmente saindo de seu estado de choque.
Clarissa levantou uma sobrancelha.
— Ah, é? E que tipo de coisa pior eu poderia atrair além de um dragão bebê?
— Bom, você poderia atrair um basilisco... ou uma acromântula... ou um zonzobúlo! — Rony falou, listando as opções com os dedos. Ele parecia estar se divertindo, embora um pouco nervoso.
— Não seja bobo, Rony. Clarissa não atrai essas coisas. Mas... — Ela hesitou por um momento, lançando um olhar preocupado para sua irmã. — Há algo de estranho aí, Clary. Não sei, mas o fato de você ter 'chocado' o ovo... é estranho, para dizer o mínimo.
Clarissa olhou de Hermione para o pequeno dragão novamente, suspirando. Ela não sabia se queria ser "estranha" naquele sentido.
— Pelo Merlin, eu sou oficialmente uma chocadora de bebês dragões. — Repetiu com uma mistura de frustração e resignação, suas palavras ecoando na pequena cabana enquanto o bebê dragão soltava um pequeno jato de fogo em aprovação.
— Mas a mãe dele sou eu! — Hagrid declarou, com a voz estridente.
Clarissa deu uma risadinha baixa e olhou para o guarda-caça, com uma mistura de diversão e incredulidade.
— Fique à vontade, Hagrid. — Disse ela, com um sorriso contido, tentando segurar o riso que ameaçava escapar. — Não quero ser mãe de um dragão.
A risada que se seguiu foi curta e abafada, mas foi suficiente para aliviar o clima tenso. Ronald, que até então estava parado tentando processar o que havia acabado de acontecer, parecia prestes a dizer algo, provavelmente algum comentário sarcástico, quando um som inesperado cortou o ar, fazendo todos pararem de repente.
Era um ruído suave, mas distinto, de passos pesados correndo sobre a grama do lado de fora. Instintivamente, o grupo se calou, o silêncio caiu sobre a cabana como um cobertor pesado, e todos trocaram olhares rápidos de preocupação.
Clarissa, sem perder tempo, foi até a janela e, com cuidado, colocou a cabeça para fora, seus olhos varrendo a escuridão da noite. A brisa fria contrastava com o calor sufocante da cabana, mas ela não teve muito tempo para apreciar isso. Seus olhos logo encontraram o que procuravam.
— Ferrou. — Sussurrou Clarissa, seu rosto empalidecendo.
— O que foi? — Ronald perguntou, com a voz carregada de ansiedade.
Clarissa voltou-se para dentro da cabana e, com um olhar sério, apontou para fora.
— Malfoy. — Disse ela. — Ele e os brutamontes dele. — Clarissa referia-se a Crabbe e Goyle, que corriam ao lado de Draco. — Estavam espiando... e estão correndo de volta para o castelo.
Harry imediatamente ficou em pé, suas mãos se fecharam em punhos, e seu rosto ficou sombrio.
— Isso não é bom. — Ele murmurou, ajustando os óculos de forma nervosa. — Eles vão contar pra alguém, tenho certeza disso.
— Vão contar tudo para Snape. — Rony acrescentou, claramente perturbado. — A gente tá ferrado.
— Mas por que diabos Malfoy estava aqui? — Hermione perguntou, franzindo a testa, enquanto olhava para Clarissa, como se esperasse uma explicação.
Clarissa deu de ombros.
— Provavelmente veio bisbilhotar. — Ela respondeu. — Vocês conhecem o Malfoy... Não ia perder uma oportunidade de nos colocar em encrenca.
Hagrid, que até então estava maravilhado com o pequeno dragão, finalmente pareceu perceber a gravidade da situação. Ele se levantou abruptamente, quase derrubando sua xícara de chá.
— Malfoy viu o dragão? — Perguntou ele, com uma expressão alarmada.
— Deve ter visto. — Harry respondeu, a voz tensa. — E agora deve estar correndo para contar.
Hagrid passou a mão pelos cabelos desgrenhados, o pânico evidente em sua expressão.
— Isso é ruim... muito ruim. — Ele murmurou, andando de um lado para o outro na cabana. — Se souberem que tenho um dragão aqui, vou perder o emprego... e o dragão...
— Não é só o seu emprego, Hagrid. — Hermione interveio, sua voz soando mais séria do que o normal. — Nós também vamos nos meter em sérios problemas. Ter um dragão é ilegal!
— E a gente vai ser expulso. — Rony completou, com uma expressão de desespero. — Minha mãe vai me matar!
Clarissa balançou a cabeça, tentando pensar em uma solução. Sua mente estava fervilhando com possibilidades, mas a única coisa que conseguia sentir era o calor insuportável que a cercava.
— Precisamos dar um jeito nisso. — Disse ela, com a voz firme. — Não podemos deixar Malfoy nos ferrar assim. Temos que agir rápido.
— Mas o que podemos fazer? — Harry perguntou, olhando para Clarissa em busca de uma resposta. — Não podemos simplesmente impedir Malfoy de contar, ele já deve estar quase no castelo.
Hagrid se sentou pesadamente em sua cadeira, com a cabeça entre as mãos.
— Estou acabado... completamente acabado. — Ele murmurou, sua voz cheia de desespero.
O silêncio voltou a tomar conta da cabana, mas dessa vez era pesado, quase sufocante. Todos estavam pensando, mas ninguém parecia ter uma ideia brilhante para escapar da situação.
Foi Hermione quem, como sempre, quebrou o silêncio com uma ideia.
— Temos que nos livrar do dragão. — Ela disse rapidamente, sua mente já a mil por hora. — Antes que alguém venha aqui.
— O que? Como? — Ronald perguntou, parecendo ainda mais desesperado com a ideia. — Não podemos simplesmente soltar um dragão por aí!
— Ela tem razão. — Clarissa disse, respirando fundo e encarando Hagrid. — Se esse dragão ficar aqui, todos nós estamos encrencados.
( . . . )
Nas semanas seguintes, o "Quarteto de Ouro" – Harry, Hermione, Ronald e Clarissa – se viu envolvido em uma missão nada fácil: convencer Hagrid a se livrar do dragão. Cada visita à cabana do guarda-caça se transformava em uma batalha verbal, na qual eles tentavam, de todas as maneiras possíveis, argumentar que manter um dragão em Hogwarts não era apenas perigoso, mas também ilegal.
No entanto, convencer Hagrid de que Noberto, o dragão que ele havia batizado com tanto carinho, precisava ser levado embora, era como tentar mover uma montanha com as mãos. O guarda-caça, apesar de seu bom senso em outras áreas, estava cada vez mais apegado à criatura. Noberto já não era mais aquele filhote frágil e negro que saíra do ovo. Agora, com escamas grossas e afiadas, e asas que começavam a se abrir mais plenamente, o dragão estava crescendo rápido demais para ser controlado.
— Hagrid, ele está crescendo muito rápido. — Hermione tentava, pela milésima vez, explicar com lógica. — Noberto não pode mais ficar aqui. Ele já não cabe direito na sua cabana!
— Isso é bobagem, Hermione. — Hagrid retrucou, acariciando a cabeça do dragão com cuidado. — Ele só está crescendo saudável. Daqui a pouco, já vou poder ensiná-lo a voar. Vai ser um belo espetáculo.
Harry suspirou, olhando para o enorme volume do dragão que ocupava metade da sala. As chamas da lareira brilhavam contra as escamas de Noberto, que emitia um som grave, quase como um ronronar, enquanto dormia pesadamente no chão.
— Hagrid, você sabe que ele não vai parar de crescer, certo? — Clarissa acrescentou, com a voz calma, mas firme. — Noberto já está ficando grande demais para a cabana, e, se ele ficar ainda maior, como você vai conseguir escondê-lo? Não vai demorar até alguém o descobrir.
Hagrid, embora visivelmente desconfortável com as palavras de Clarissa, não parecia disposto a ceder. Seus olhos pequenos e brilhantes ainda refletiam o orgulho de ter criado Noberto desde o ovo.
— Eu sei o que estou fazendo. — Disse ele, um tanto defensivo. — Já lidei com criaturas perigosas antes.
— Mas nunca com um dragão! — Exclamou Ronald, seus olhos arregalados enquanto olhava para o animal. — Hagrid, se descobrirem que você tem Noberto, vão te expulsar de Hogwarts!
O silêncio caiu sobre a cabana enquanto todos aguardavam a reação de Hagrid. Ele continuou acariciando Noberto por mais alguns instantes, com os olhos fixos no dragão, mas uma expressão de dúvida finalmente apareceu em seu rosto. Foi nesse momento que Harry decidiu intervir, sua voz mais calma do que antes.
— Hagrid... talvez seja hora de pensar no que é melhor para Noberto. — Ele sugeriu. — Eu estava pensando... e se Carlinhos, irmão de Rony, que trabalha com dragões na Romênia, pudesse cuidar dele? Noberto estaria em um lugar seguro, com outras criaturas da mesma espécie, e você saberia que ele estaria bem.
Hagrid parou de acariciar Noberto e olhou para Harry com um misto de surpresa e hesitação. O silêncio que se seguiu foi denso, todos aguardando a resposta do guarda-caça.
— Carlinhos... na Romênia...? — Hagrid murmurou, seus olhos se enchendo de lágrimas. Ele estava claramente emocionado com a ideia de perder Noberto, mas ao mesmo tempo, havia algo de sensato na sugestão de Harry. — Ele... ele seria bem cuidado lá, você acha?
— Sim, Hagrid. — Disse Ronald, incentivando. — Carlinhos sabe tudo sobre dragões. Ele cuidaria de Noberto como ninguém mais poderia. Além disso, seria muito mais seguro para todos nós... e para Noberto também.
Hagrid permaneceu em silêncio por mais alguns momentos, sua mão ainda pousada sobre a cabeça do dragão adormecido. Finalmente, ele soltou um longo suspiro e assentiu, derrotado.
— Acho... acho que vocês têm razão. — Disse ele, a voz embargada pela emoção. — Seria o melhor para o meu pequeno Noberto... mas vou sentir falta dele.
( . . . )
Depois de muito discutir e tentar tranquilizar Hagrid, Rony escreveu para Carlinhos, pedindo ajuda com o transporte de Noberto. A resposta não demorou a chegar, e, para alívio de todos, Carlinhos concordou em ajudar. O plano foi traçado: Noberto seria levado na calada da noite, para evitar qualquer atenção indesejada.
No entanto, como se os problemas com o dragão não fossem suficientes, outro imprevisto ocorreu. Uma noite, enquanto Rony ajudava Hagrid a alimentar Noberto – que já estava maior do que jamais deveriam ter permitido – o dragão se mostrou mais irritadiço do que o normal. Durante a alimentação, Noberto, impaciente, lançou sua grande cabeça para frente e bicou o dedo de Ronald. O que era um pequeno machucado no início, no dia seguinte havia se transformado em um inchaço grotesco, o dobro do tamanho de antes.
Na ala hospitalar, Ronald estava deitado com o dedo inchado e envolto em bandagens. Ele olhava para o teto, seu rosto pálido e suado, claramente desconfortável com a dor e com a situação.
— Malfoy está ameaçando contar do que realmente é a mordida. — Rony falou com a voz chorosa. — Eu falei que foi mordida de cachorro, mas Madame Pomfrey pareceu não ter acreditado.
— Esse Malfoy... — Harry murmurou, apertando os punhos. — Ele estava espiando de novo, não estava?
— Claro que estava. — Rony respondeu, ainda abatido. — Ele sempre encontra um jeito de enfiar o nariz onde não deve.
— Ele vai contar tudo. — Disse Hermione, com a voz cheia de preocupação. — E se isso acontecer, Hagrid vai ser despedido. E nós vamos ser expulsos.
Clarissa, que estava ao lado da cama de Rony, cruzou os braços, o olhar fixo no chão. Estava óbvio que eles precisavam agir rápido.
— A gente precisa dar um jeito de despachar Noberto antes que Malfoy faça qualquer coisa. — Ela declarou. — Se Malfoy contar, é o fim.
Todos concordaram em silêncio, suas mentes trabalhando rapidamente para pensar no que fariam a seguir.
Rony pareceu ter se lembrado de algo e deu um pulo na maca, logo se arrependendo, pois parecia ter aumentado sua dor de cabeça.
– Malfoy! O livro que ele pegou quando veio zombar de mim está com a carta do Carlinhos. – Ronald falou embolando, pois sua língua também estava o dobro de seu tamanho.
– Agora não dá tempo. – Murmurou Harry.
— Ah, mas dá sim. — A garota de olhos verdes e cabelos desgrenhados retrucou e saiu da ala hospitalar com uma missão a ser cumprida
( . . . )
Clarissa vagava pelos corredores de Hogwarts, seu olhar determinado, a mente completamente focada em um único objetivo: encontrar Malfoy. O estômago revirava de raiva enquanto sua mente repassava tudo o que havia acontecido nas últimas horas. Ronald estava desesperado, e ela sabia que o responsável pelo sumiço do livro de Rony era o loiro da Sonserina, Draco Malfoy.
Depois de vasculhar quase todos os cantos do castelo, finalmente o encontrou. Ele estava andando casualmente pelos corredores acompanhado de seus dois inseparáveis brutamontes, Crabbe e Goyle, e como sempre, gargalhava alto de algo que apenas ele achava engraçado.
— Malfoy! — Clarissa chamou, a voz firme ecoando pelo corredor de pedras frias.
No momento em que o ouviu, Draco parou imediatamente. A cor de seu rosto mudou de uma expressão confiante e debochada para uma palidez evidente. Ele girou lentamente, seus olhos cinza-claros fixando-se nos de Clarissa com um misto de surpresa e apreensão.
— O que foi, Granger? — Perguntou, sua voz vacilante, mas ainda tentando manter a postura de arrogância.
O modo como ele pronunciou "Granger" soou mais como uma tentativa de ofensa do que qualquer outra coisa. Draco sempre tinha essa necessidade de menosprezar os outros, especialmente aqueles que não faziam parte de sua "nobre" linhagem de sangue puro.
Clarissa parou a alguns passos de distância, cruzou os braços e o encarou de cima a baixo, como se estivesse avaliando um problema que sabia exatamente como resolver.
— Devolva o livro de Ronald. — Ela ordenou, a voz carregada de frustração e rudeza.
O loiro platinado franziu a testa, suas sobrancelhas arqueadas em uma mistura de incredulidade e desprezo. Ele a encarou como se ela fosse ridícula por sequer sugerir que ele estivesse envolvido.
— Por que acha que eu faria isso? — Draco retrucou, tentando parecer superior, uma expressão de desdém se formando em seu rosto.
Clarissa, no entanto, não estava ali para joguinhos. Ela já havia lidado com Draco Malfoy vezes o suficiente para saber que ele adorava se sentir superior e adorava ainda mais fazer os outros sofrerem, mas ela também sabia como lidar com ele.
Ela deu um sorriso sarcástico, o tipo de sorriso que claramente irritava Malfoy.
— Porque eu tenho certeza que você não quer ganhar mais um olho roxo — disse, sua voz firme e desafiadora.
Imediatamente, a menção de um "olho roxo" fez Malfoy recordar-se do incidente no jogo de quadribol, quando Ronald e ele tiveram uma briga e ele perdeu.
Malfoy revirou os olhos, fingindo indiferença, mas o leve rubor que subiu em seu rosto o traiu.
— Ugh, vai embora, Crabbe, Goyle. — Ele ordenou com um movimento displicente de mão, claramente incomodado com a presença dos capangas nesse momento. Ele queria evitar mais humilhação.
Os dois brutamontes olharam para Malfoy por um instante, confusos, mas logo seguiram a ordem e se afastaram, rindo baixinho.
Draco virou-se novamente para Clarissa, ainda tentando manter uma fachada de controle, mas sua voz saiu um pouco mais ríspida e tensa do que ele pretendia.
— Sabia que você é uma chata? — Ele murmurou, o ressentimento evidente.
Clarissa apenas revirou os olhos, exasperada. A tentativa patética de Malfoy de insultá-la já não tinha mais nenhum efeito sobre ela.
— Muitos me dizem isso, Malfoy, mas poucos terminam sem olho roxo ou nariz quebrado. — Ela respondeu, sua voz carregada de sarcasmo e uma pitada de ameaça. Ela não estava para brincadeiras.
Malfoy soltou uma risada breve e, quase no mesmo instante, sua expressão voltou à habitual frieza. O sorriso que brincou em seus lábios por um segundo foi rapidamente reprimido, e ele se apressou em fechar a cara. A última coisa que queria era que Clarissa soubesse que ele, por um breve momento, a achou engraçada.
— Vamos para a comunal da Sonserina. — Disse ele, com uma voz arrastada de tédio, como se a simples ideia de prolongar a conversa já o aborrecesse.
Clarissa franziu as sobrancelhas, sua expressão carregada de desconfiança. Ela conhecia Malfoy o suficiente para saber que ele raramente agia sem uma segunda intenção.
— Qual é a pegadinha? — Ela questionou, estreitando os olhos para ele.
Draco a encarou como se ela tivesse dito a coisa mais estúpida que já ouvira.
— Como é?
Clarissa não se deixou intimidar pelo olhar gélido de Malfoy. Pelo contrário, cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha desafiadora.
— Quer que eu soletre? — Respondeu, sua voz carregada de sarcasmo.
Ele balançou a cabeça, claramente irritado com a persistência da garota.
— Estou sendo gentil por devolver o livro do seu amiguinho, e você ainda reclama? — Draco disparou, o rosto transparecendo incredulidade, como se realmente estivesse ofendido com a ideia de que sua "gentileza" fosse posta em dúvida.
Clarissa apertou os lábios, controlando-se para não devolver mais uma resposta mordaz. Ela sabia que argumentar mais seria inútil. Em vez disso, decidiu seguir Malfoy em silêncio, mas seus olhos não deixaram de observá-lo com cautela.
Os dois caminharam pelos corredores do castelo em silêncio, e, por mais que Clarissa não quisesse admitir, ela sentia um misto de curiosidade e apreensão em seguir Malfoy para a comunal da Sonserina. Não era todo dia que uma aluna da Grifinória era convidada – ou forçada, como no caso – a adentrar o território dos sonserinos.
Malfoy finalmente parou diante de um trecho aparentemente comum de parede de pedra. Ele murmurou algo, e Clarissa quase não conseguiu ouvir as palavras, mas captou o suficiente.
— Salazar Sonserina.
A parede diante deles se moveu com um leve rangido, revelando a entrada para a sala comunal da Sonserina. Malfoy deu um passo à frente e entrou, sem olhar para trás. Clarissa hesitou por um segundo, observando o loiro desaparecer no interior da sala antes de segui-lo.
A primeira coisa que a atingiu foi a mudança no ambiente. A sala comunal da Sonserina era um lugar sombrio, mas de uma beleza peculiar. Era subterrânea, envolta em uma aura de mistério que combinava com a casa que levava o nome do astuto fundador. As paredes de pedra rústica contrastavam com o brilho suave de luzes penduradas por correntes no teto. As luzes tinham um tom esverdeado, projetando sombras longas e dando ao ambiente uma sensação quase sobrenatural.
Clarissa olhou em volta, absorvendo os detalhes. Havia uma grande lareira de pedra em um dos cantos, onde um fogo ardia brandamente, lançando reflexos dançantes nas paredes. Por um momento, ela se esqueceu do motivo de estar ali. A comunal da Sonserina tinha um charme, como se cada pedra e cada móvel guardassem segredos que ninguém jamais descobriria.
Ela ouviu alguns sussurros e olhares curiosos se voltando para ela, e rapidamente lembrou-se de onde estava. Draco caminhava à frente com uma confiança indiferente, como se ignorasse os olhares dos outros sonserinos. Clarissa percebeu que ele provavelmente estava acostumado a ser o centro das atenções ali, e isso não o incomodava nem um pouco.
Ela não estava ali para socializar, então manteve o foco em Malfoy, que finalmente parou perto da lareira. Um grupo de alunos o observava de longe, e entre eles, Clarissa reconheceu Cassandra, a sonserina.
— Eu falei que ela não era qualquer uma. — Cassandra comentou, sua voz divertida enquanto lançava um olhar insinuante para Malfoy.
Draco revirou os olhos, claramente incomodado com o comentário, mas fingiu indiferença.
— Está exagerando, Whitmore. — Pansy retorquiu com o rosto emburrado e a voz áspera.
Clarissa, de pé no meio daquele lugar que poucos grifinórios tinham o privilégio – ou a audácia – de pisar, observava tudo com uma expressão controlada, embora internamente estivesse inquieta. Não era só o fato de estar em território inimigo, mas algo sobre a presença de Draco Malfoy a deixava desconfortável. Ele sempre agia de forma estranha quando ela estava por perto, e isso a intrigava mais do que deveria.
Cassandra, sentada no canto, observava a cena com um sorriso ligeiro no rosto. Seu olhar seguia Clarissa com um interesse indisfarçado. Ela sabia que havia algo de incomum na situação – uma grifinória na sala comunal da Sonserina era algo quase impensável. Mas, em vez de demonstrar desagrado, Cassandra parecia se divertir com a novidade.
— Não estou exagerando. A Granger conseguiu fazer com que Malfoy trouxesse uma Grifana para a comunal da Sonserina. Isso é... — Cassandra começou a falar, sua voz rápida e animada com a situação.
Antes que pudesse terminar a frase, Goyle, com sua habitual falta de sutileza, a interrompeu, seu tom grave e lento como sempre.
— Estranho.
Cassandra revirou os olhos e balançou a cabeça, quase rindo.
— Eu ia dizer incrível.
Clarissa olhou de relance para Cassandra e depois para Draco, sentindo que havia mais naquela situação do que o que estava sendo dito em palavras. Havia algo estranho no comportamento de Malfoy, como se ele estivesse tentando manter uma fachada, escondendo o verdadeiro motivo por trás de suas ações. E embora ela não quisesse dar atenção a isso, a sensação de que algo não estava sendo revelado a deixava inquieta.
— Então... vai me devolver o livro ou só me trouxe aqui para um tour pela Sonserina? — Clarissa perguntou, com um tom de voz que oscilava entre o sarcasmo e a impaciência. Ela já estava farta de joguinhos.
Draco bufou e saiu em alguns segundos. O sonserino havia subido para o dormitório, seus passos rápidos e irritados ecoando pelos corredores estreitos da sala comunal. Ele tinha dito a si mesmo que não levaria mais do que alguns minutos, mas sentia um certo desconforto em deixar Clarissa sozinha lá embaixo. Por que isso o incomodava tanto? Ele não conseguia entender, mas ainda assim, havia se apressado. Assim que pegou o livro de Rony, desceu novamente, tentando manter uma expressão indiferente.
Quando chegou de volta à sala comunal, viu Cassandra lançando-lhe um olhar divertido. Ignorou-a deliberadamente e caminhou até Clarissa, o livro em mãos.
— Aqui, Granger. — Disse ele, estendendo o livro para ela, sua voz tingida de irritação. — Vê se não me incomoda mais. — Ele revirou os olhos, como se estivesse lidando com uma criança teimosa, mas havia algo em sua postura rígida que sugeria o oposto. Ele parecia mais incomodado do que queria admitir.
Clarissa pegou o livro com um sorriso malicioso nos lábios.
— Até mais, loiro oxigenado. — Disse ela em um tom casual, dando-lhe um tchau rápido com a mão antes de se virar para sair.
A resposta de Draco foi imediata e estridente, quase como se não tivesse conseguido se conter.
— Eu sou loiro natural!
Cassandra, que estava observando tudo com olhos atentos, soltou uma risada clara e genuína, incapaz de se segurar.
— Ai, Malfoy, você realmente precisa parar de se importar tanto com o que ela diz.
Clarissa parou por um segundo na porta, ouvindo a risada de Cassandra ecoar pelo salão, mas decidiu ignorar. Não queria prolongar mais aquela visita inusitada, embora tivesse que admitir que a comunal da Sonserina era, de certa forma, fascinante. Subterrânea, com suas paredes de pedra frias e decoração elegante, parecia um lugar onde segredos poderiam se esconder nos cantos. Era um contraste tão forte com a comunal da Grifinória, que parecia calorosa e acolhedora em comparação.
Enquanto ela se afastava, Clarissa não pôde deixar de pensar em como Draco parecia sempre estar no limite quando estava perto dela. Era como se ele tivesse algo a dizer, mas nunca conseguisse encontrar as palavras certas. Ou talvez não quisesse dizer nada. Talvez fosse só sua própria imaginação, tentando atribuir mais significado do que realmente existia. Afinal, era Malfoy. Ele era irritante, prepotente, e o oposto de tudo o que ela considerava admirável.
( . . . )
Dentro da sala comunal, Draco ainda estava parado onde Clarissa o deixara. Ele observava a porta, suas mãos ainda fechadas ao lado do corpo, como se estivesse tentando processar a interação. Cassandra olhou para ele com um sorriso enigmático no rosto.
— Sabia que você se esforça demais com ela? — Ela comentou, suas palavras carregadas de um tom de diversão, como se soubesse de algo que ele mesmo se recusava a aceitar.
Draco bufou e se afastou em direção à lareira, seus pensamentos uma confusão que ele preferia evitar.
— Só estou fazendo o que é melhor para o meu bem-estar. Ela estava enchendo o saco. — Respondeu, mas até para ele mesmo aquilo soou forçado.
Cassandra riu de novo, mas desta vez não disse mais nada. Ela sabia que, por mais que Draco negasse, havia algo mais acontecendo ali. E, no fundo, talvez ele soubesse também.
• Trechos tirados de Harry Potter e a pedra filosofal, créditos a autora (JK Rowling).
• O que acharam?
• Para quem não sabe ainda, eu tenho uma conta no Tiktok onde posto edits dessa Fanfic. Meu user lá é _lunapotterr, caso vocês consigam, deem uma passadinha lá.
• O que acharam dessa interação entre o Draco e a Clarissa?
• Caso contenha algum erro ortográfico, me perdoem, o capítulo vai ser verificado apenas no fim de semana.
• Espero que tenham gostado.
Ela tem algo de especial que um dia todos irão descobrir...
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