CHAPTER NINE - The Scary Dog





CAPÍTULO NOVE -
O Cão Assustador



"Não temos tempo para isso, vamos Harry."







POV NARRADORA


O CORREDOR estava mergulhado na escuridão, com  a luz fraca da lanterna de Clarissa, Hermione e a teimosa luz da varinha de Rony e Harry. Cada passo ecoava nos corredores vazios enquanto os quatro se afastavam do retrato da Mulher Gorda.

— Sério, vocês não veem o perigo nisso? — Hermione falou, tentando mais uma vez convencer os garotos.

Clarissa suspirou, pensando na conversa anterior no salão comunal. Parecia que tentar dissuadi-los era uma batalha perdida. Enquanto caminhavam, ela observava os traços de preocupação no rosto de Hermione, a frustração de Rony e a determinação de Harry.

— Não acho que seja a melhor ideia, ou a ideia certa, mas Harry está certo em uma coisa, alguém precisa parar Malfoy antes que isso saia do controle. — Clarissa ponderou, mas Hermione balançou a cabeça, irritada.

— Podíamos ter lidado com isso sem desrespeitar as regras. — Hermione cruzou os braços, exibindo sua postura de desaprovação em relação a quase aceitação de Clarissa a quebra de ordens dos garotos.

O grupo avançou pelos corredores silenciosos, cada som aumentando a tensão no ar. A escuridão parecia abraçá-los, e as sombras dançavam nas paredes como espectros inquietantes.

— Se algo der errado, não me culpem. — Rony murmurou, e Clarissa podia sentir a insegurança por trás de sua bravura.

— Não te culpar? Você vai ser o primeiro que eu irei culpar. — Hermione diz de forma feroz.

Ela lançou um olhar de advertência para Harry, mas ele parecia focado, ignorando as objeções. O corredor estava repleto de incertezas, e eles avançaram em direção ao desconhecido, sem perceber que estavam sendo observados por olhos ocultos nas sombras. O suspense no ar era palpável enquanto se aproximavam do destino que os aguardava.

— Não seria melhor esperarmos pela Mulher Gorda? — sugeriu Hermione, sua voz um sussurro preocupado.

Clarissa soltou uma risada breve.

— Esperar? Hermione, nós sabemos muito bem que esperar não é o forte deles. Estamos aqui para garantir que essa "missão" deles não acabe em desastre.

Clarissa podia sentir a tensão no ar. Os ecos dos próprios passos pareciam sussurros inquietantes, e o quarteto se viu envolvido por uma atmosfera de expectativa.

— Vocês duas não podiam simplesmente ter ficado na comunal? — Rony resmungou, mas não houve resposta.

Clarissa lançou um olhar para Hermione, que parecia debater internamente sobre interromper ou não. O silêncio tenso era quebrado apenas pelo som do próprio nervosismo.

— Não acredito que vamos fazer isso. — Hermione murmurou, mais para si mesma do que para a irmã.

Clarissa andava pelos corredores de Hogwarts, ao lado de sua irmã, as passagens silenciosas quase absorviam o som dos seus passos, uma expressão determinada estampada no rosto da menina. A pouca luz das tochas criava sombras dançantes, conferindo ao ambiente uma atmosfera carregada de suspense.

Hermione tentava expressar suas preocupações, as palavras escapando em murmúrios cautelosos. A distância entre as irmãs e Harry com Rony parecia um abismo, tanto físico quanto emocional.

— Por que você deixou elas virem com a gente, Harry? — Rony questionou, sua voz um eco abafado no corredor.

— Seu besta, eu estou ouvindo. — Murmura Clarissa revirando os olhos.

— Elas podem nos ajudar. Clary me disse que elas leram quase todos os livros do nosso ano! A gente nem abriu um até agora. — Harry tentava justificar, seus passos ecoando como sussurros apressados.

— Ronald Weasley, você acha mesmo que iríamos ficar paradas aqui, esperando o Filch nos pegar? Se ele nos encontrar, vou contar a verdade, que estávamos tentando impedir vocês de saírem, e a Clarissa pode confirmar, né Clary? — Hermione afirmou, desafiadora.

Clarissa lançou um olhar significativo para Harry, enquanto a escuridão conspirava em torno deles.

— Certíssima Mione! — respondeu a Granger mais nova, enquanto um sorriso se desenhava no rosto de ambas, como se compartilhassem um segredo especial. O high five que fizeram, quebrou o silêncio do corredor, ecoando como um pacto entre elas.

Rony, confuso, observava a cena, franzindo a testa como quem tenta decifrar um enigma. As peculiaridades das irmãs Granger continuavam a surpreendê-lo, deixando-o em um misto de perplexidade e descrença

— Harry, acho melhor você rever suas amizades. — A voz de Rony sussurrou no ambiente escuro, enquanto sombras dançavam ao redor deles. A tensão pairava no ar, alimentada pelas incertezas da missão.

— Também acho, Harry. — Clarissa diz direcionando seu olhar a Rony.

— Fiquem quietos, vocês três! — repreendeu Harry, interrompendo qualquer possível argumento de Rony. Uma olhar afiado de Clarissa foi lançado ao garoto da cicatriz. — Desculpa, Clary. Acho que ouvi um barulho.

— Madame Nor-r-ra? — sussurrou Rony, esforçando-se para enxergar na escuridão que os cercava.

Clarissa, em um sussurro cauteloso, repreendia Rony:

— Ronald, você nunca assistiu os filmes? Quando estamos em um corredor escuro e silencioso, a gente nunca deve perguntar se tem alguém aqui! Quase sempre é morte na certa. — Clarissa cochichava.

Ao colocar a mão no ombro de Rony e fazer um gesto de silêncio com a outra mão, Clarissa provocou um leve pulo no ruivo, que fixou os olhos na escuridão ao redor.

A expectativa de encontrar Madame Nor-r-ra desvaneceu quando uma figura encolhida no chão emergiu das sombras. Era Neville, mergulhado em um sono profundo que o isolara do tumulto noturno. O garoto, ao ser despertado subitamente pela aproximação do quarteto, exibiu um sobressalto assustado.

Com compaixão, Clarissa percebeu a situação de Neville, que parecia ter perdido a noção do tempo e, talvez, a senha para o salão comunal. Com delicadeza, ela se aproximou do garoto tremendo de frio.

— Tadinho. Ele deve ter esquecido a senha do salão comunal, vamos ajudá-lo. — Disse Clarissa, seu coração sensível aos percalços do amigo. A empatia a guiou na decisão de auxiliar Neville na busca pelo caminho de volta.

Enquanto Hermione, impaciente, tentava chamar a atenção de Neville, este permanecia parado, capturado pelo despertar abrupto e ainda processando o retorno à realidade.

Clarissa, com firmeza, empurrou Hermione para o lado, o que resultou em um encontro inesperado dela com Rony. Um grunhido de protesto escapou dos lábios da irmã de Clary enquanto ela se recuperava do impacto

— Tão delicada quanto um coice de cavalo. — Murmurou para si mesma, e dessa vez, até o ruivo concordou.

Clarissa fingiu que não ouviu as coisas ditas pela própria irmã e estendeu a mão para Neville.

— Não temos tempo para isso, vamos, Harry. — Exclamou Rony, determinado a não se demorar.

— Ronald Weasley! Volte aqui, onde estão seus modos? Devem ter saído para passear, pois não estou os vendo. — Disse Clarissa, usando um tom de desaprovação, como se estivesse lidando com uma criança travessa.

— Tenho certeza que se fosse você ali, deitado no frio, iria querer ajuda! — Interviu Hermione, defendendo a causa de Neville com uma ponta de indignação.

— É... elas tem razão. — Harry diz com um sorrisinho sem graça. — E tentem falar baixo. Neville, a senha é "focinho de porca", mas não vai adiantar nada agora, a Mulher Gorda saiu. Como está o braço? — Indagou Harry, recordando-se do incidente durante a aula de voo.

Neville, com um entusiasmo evidente, exibiu o braço recuperado.

— Ótimo! — disse ele. — Madame Pomfrey consertou-o na hora. Só que doeu tanto!

— Que bom! — Expressou Harry, aliviado pela rápida recuperação do amigo. — Olhe, Neville, se quiser ir conosco, precisamos nos apressar. — Acrescentou, lembrando da urgência da missão.

Rony, impaciente e consultando o relógio, dirigiu um olhar furioso para Clarissa.

— Se formos pegos por causa de vocês, não vou sossegar até aprender aquele Feitiço do Morto-Vivo que Snape falou e vou usá-lo contra vocês. — Ameaçou Rony, deixando claro seu descontentamento com a situação.

— Eu vou adorar ver você tentar. — Respondeu Clarissa, encarando Rony com determinação.

— Rony, todos sabem que a Clary pode te transformar em um sapo antes de você terminar de dizer a palavra TRANSFIGURAÇÃO. — Neville diz.

Hermione abriu a boca para rir, mas Harry a tampou para que não saísse muito barulho.

Os estudantes se moviam rapidamente pelos corredores escuros e sombrios de Hogwarts, suas passadas ecoando pelos corredores vazios. A adrenalina corria forte enquanto se aproximavam do terceiro andar, subindo escadas apressadamente e, nas pontas dos pés, direcionando-se à sala dos troféus.

Enquanto seguia o grupo, Clarissa ponderava sobre a possibilidade de aquilo ser uma armadilha meticulosamente planejada por Malfoy.

Mas... e se ele estivesse realmente disposto a enfrentar Harry em um duelo? Sabia que Harry não era conhecido por sua excelência em feitiços, o que a fazia questionar a prudência daquela empreitada.

Determinada a intervir caso as coisas tomassem um rumo perigoso, Clarissa pensava sobre a complexidade de Draco. Apesar de sua fachada arrogante e muitas vezes cruel, ela pressentia que, lá no fundo — bem no fundo mesmo —, talvez Draco Malfoy guardasse algum resquício de bondade em seu coração.

Ao entrarem na sala de troféus, não havia sinal dos sonserinos até o momento. O silêncio pairava, e a atmosfera tensa preenchia o ambiente à medida que aguardavam a chegada de seus rivais.

Harry retirou a varinha do bolso, pronto para qualquer eventualidade caso Draco Malfoy surgisse de repente, iniciando um duelo imprevisto.

— Já pensaram que isso pode ser uma armadilha? — indagou Clarissa, levantando uma preocupação que pairava sobre a situação.

— Por que seria? Você é paranóica, garota. — retrucou Rony, desdenhando da ideia.

— E você é inconsequente. Só faz besteira e não pensa nas consequências de suas ações. — Clary rebate.

— Ela está certa... Draco é estúpido, mas não parece ser o tipo de pessoa que se atrasa. — Harry parecia ponderar a possibilidade, colocando a mão no queixo em um gesto reflexivo.

— Já disse que tenho um nome, e você insiste em me chamar de "garota". — Clarissa respondeu, irritada com a insistência de Rony.

— Por acaso você é um menino, então? — Rony retrucou, rindo levemente.

— Pare de ser chato e me chame pelo nome. — Clarissa falou seriamente.

Rony, por sua vez, manteve-se em silêncio, nutrindo o pensamento de que "pode até ter vencido a batalha, mas não a guerra".

Harry, exasperado com as discussões incessantes entre seus amigos, revirou os olhos, desejando um momento de calma.

O tempo se estirou lentamente, criando uma atmosfera de expectativa. Foi quando Rony quebrou o silêncio:

— Ele está atrasado, talvez tenha se acovardado. — Rony sussurrou no ouvido de Harry, tirando-o de seus pensamentos.

— Ou talvez ele nem apareça. Isso pode ser uma armadilha! — acrescentou Hermione, obtendo um aceno de concordância de Clarissa.

Clarissa preparava-se para expressar sua opinião quando um ruído na sala interrompeu o momento. Harry, prontamente, sacou a varinha do bolso — que ele havia guardado após esperar demais —, inicialmente acreditando que Draco não apareceria.

No entanto, ao ouvirem uma voz que não pertencia a Malfoy, Clarissa e Hermione, posicionadas de costas uma para a outra, esforçaram-se para distinguir quem se aproximava na escuridão.

Elas permaneciam alertas, prontas para agir diante de qualquer eventualidade. Neville ficava atrás de Rony, cujo peito se inchava, aguardando a chegada de Malfoy.

— Vá farejando, minha querida, eles podem estar escondidos em algum canto. — uma voz, que Hermione identificou como sendo de Filch, ressoou, enquanto ele se comunicava com Madame Nor-r-ra.

Clarissa engoliu em seco, tentando se dissolver na escuridão ao seu redor.

Com horror estampado em seus rostos, Harry fez sinais frenéticos para os outros quatro o seguirem o mais rápido possível.

Enquanto Clarissa transmitia gestos de "cortar a cabeça" para Rony, eles começaram a se afastar, tentando avançar silenciosamente em direção à porta mais distante da voz de Filch.

No entanto, manter o silêncio era um desafio quando não tinham certeza de para onde estavam indo.

As vestes de Neville mal haviam desaparecido ao contornar a curva quando ouviram os passos de Filch ecoarem na sala dos troféus, indicando que ele havia entrado no recinto.

— Eles estão por aqui — ouviram Filch sussurrar para sua gata. — Provavelmente escondidos.

O coração de Neville batia descompassado, enquanto Hermione, em sua mente, lançava maldições fervorosas aos garotos.

Clarissa estava à beira de pular no pescoço de Rony e Harry. Ela os avisara, mas como sempre, suas palavras pareciam desaparecer no ar.

— Por aqui. — Harry sussurrou, movendo apenas os lábios para os outros.

Começaram a descer uma longa galeria repleta de armaduras, o som metálico de suas passagens ecoando pelo corredor.

O som dos passos de Filch se aproximava, como um sinal iminente de problemas.

Neville, de repente, soltou um grito alto e assustado, iniciando uma corrida desenfreada. No meio da agitação, ele tropeçou, agarrando-se à cintura de Rony, ambos colidindo com uma armadura e provocando um estrondo alto o suficiente para fazer Clarissa jurar que tinham acordado o castelo inteiro naquele momento.

— CORRAM! — Harry gritou, e os quatro partiram velozmente pela escuridão.

— O plano não era ficarmos calados? — Clarissa questionou com as bochechas avermelhadas pela corrida.

— Era, mas o Neville se atrapalhou e caiu no chão. — Harry explicou.

Fizeram uma curva sem se preocupar para onde estavam indo; o foco era evitar serem pegos por Filch.

Os rumores sobre Filch estar tentando reintroduzir antigos métodos de punição estavam sempre presentes, pairando como uma ameaça.

Harry liderava o grupo, mostrando o caminho, mas o dilema era que nem mesmo ele tinha a menor ideia de onde estavam ou para onde estavam indo. A escuridão do castelo, aliada à pressa e ao medo, transformavam os corredores familiares em um labirinto imprevisível.

Eles sabiam que precisavam correr o mais rápido possível para evitarem serem pegos por Filch. Atravessaram uma tapeçaria, rasgando-a no processo, e encontraram uma passagem secreta. Hermione e Clarissa estavam ficando para trás, mas Clarissa, ao pensar nas histórias sobre Filch torturando crianças, algo que ela normalmente não acreditava, sentiu uma apreensão genuína.

Filch não escondia seu desprezo pelos alunos, e isso fazia com que a ideia de ser pego por ele fosse ainda mais assustadora.

— Acho que o despistamos. — Ofegou Harry, apoiando-se na parede fria e enxugando a testa.

— Caramba! Não entendo por que vocês nunca me escutam, EU AVISEI! — Clarissa disse, sua voz carregada de nervosismo e raiva, enquanto seu rosto estava vermelho pelo esforço da corrida e pela intensidade da situação.

— Olha só garota... Clarissa, venha dar sermão depois, agora precisamos voltar à torre da Grifinória... o mais rápido possível. — Enfatizou Rony.

— Eu nem gosto de falar "Eu te avisei", mas EU TE AVISEI, NÓS AVISAMOS! — Falou Hermione levantando a voz, incapaz de conter sua frustração, ela tentou reforçar a advertência que, segundo ela, tinha sido ignorada.

— Dra-Draco enganou vocês. — Neville, ainda se recuperando do susto, tentou expor sua versão da história, mas suas palavras saíam entrecortadas e ofegantes.

— Vocês não, Neville! Eles que foram enganados, nós avisamos eles. — Hermione, impaciente, fez questão de esclarecer que a culpa não recaía sobre elas, mas sim sobre Harry e Rony, que, segundo ela, deveriam ter dado ouvidos ao aviso prévio delas.

A condição de Neville era evidente, o peito dele sobia e descia de maneira descompassada, como se estivesse com muito calor e falta de ar. Clarissa, observando a situação, ponderava sobre como as coisas poderiam ter sido diferentes se suas palavras tivessem sido consideradas.

— Ele não ia enfrentar você. Filch sabia que alguém ia estar na sala dos troféus. Draco deve ter contado a ele. — Disse Hermione, adotando seu tom de sermão.

O corredor estava tenso à medida que eles avançavam, e o repentinamente audível ruído da maçaneta e algo sendo disparado da sala à frente os fez parar abruptamente.

Era Pirraça... Estava diante dos alunos, sua expressão maliciosa indicando que havia captado algo interessante.

— Nem pense nisso Pirraça! — Ameaçou Hermione.

Ele simplesmente riu com desdém.

— Passeando por aí à meia-noite, aluninhos? Tsc, tsc. Que feinhos, vão ser apanhadinhos. — zombou Pirraça, seu tom de deboche ecoando pelos corredores vazios.

Clarissa, sem tolerância para joguinhos, interveio com firmeza:

— Se você não contar nada, ninguém vai ser "apanhadinho", então trate de ficar com o bico fechadinho.

Pirraça, entretido com a situação, revelou seu conhecimento sobre Clarissa:

— Então você é a tal Clarissa, a garota que os professores andam falando! — Ele riu entre suas palavras, como se possuísse um segredo divertido.

— Calma aí, do que está falando? — questionou Clarissa, prestes a alcançar sua varinha no bolso do robe, mas Pirraça a interrompeu com uma risada zombeteira.

— Oh, a pequena Clarissa não sabe? É ótimo ver quando os grandões do castelo estão preocupados com uma aluninha... eles têm planos para você. — Pirraça piscou de forma insolente.

Clarissa franziu a testa, tentando desvendar as palavras do poltergeist.

— Planos? Do que está falando?

— Ah, sabe como é, queridinha. — Pirraça provocou, deslizando ao redor de Clarissa. — E tem alguém querendo falar contigo. Alguém que não deveria.

— Snape. — Murmurou Hermione.

Nesse momento, a luz dos tocheiros parecia piscar de forma irregular, criando sombras inquietantes nos corredores de Hogwarts. Clarissa sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

— Alguém? Quem? — ela perguntou, sua expressão oscilando entre confusão e apreensão.

Pirraça riu, uma risada que parecia ecoar de todos os lados.

— Oh, não posso dizer, queridinha. Mas é melhor ficar esperta. Nem todos neste castelo desejam o seu bem.

— Seja claro, pirraça. — Disse a Granger dos olhos verdes de forma raivosa.

— Verdade. Minha vó sempre diz que se começou a contar uma fofoca, tem que terminar. — Neville murmura.

— Não é que é verdade? HAHAHA, você até que tem o jeitinho dela. — Disse Pirraça, flutuando em círculos ao redor de Clarissa. — Sabe, realmente admiro sua coragem, mas... ALUNOS FORA DA CAMA! — Berrou Pirraça. — ALUNOS FORA DA CAMA NO CORREDOR DO FEITIÇO

— Que poltergeist ruim! — Clarissa falou, enquanto corriam para escapar do alcance de Pirraça.

Eles saíram correndo aos tropeços até o final do corredor, onde se depararam com uma porta fechada

— Acabou-se! Vou morrer com duas garotas malucas. — Gemeu Rony, empurrando inutilmente a porta.

— Não se esqueçam de mim aqui! — Neville falou nervosamente.

— Está mesmo preocupado com isso, Ronald? E não com o fato de que vamos morrer? — Hermione parecia querer gritar com o garoto.

— Nós não somos malucas! — Clarissa diz.

— Clary, vamos tentar o feitiço de abrir portas? — Sugeriu Hermione, sua voz buscando acalmar sua irmã em meio à tensão crescente.

Ao ouvirem passos se aproximando, a ansiedade dos alunos aumentou.

— Vamos lá, espero que dê certo. — Disse Clarissa, decidindo enfrentar o desafio.

— Ué, pensei que fosse a sabe-tudo, deveria pelo menos saber fazer isso né? — Ronald tentava provocar ela, mas o olhar cortante de Harry o fez silenciar imediatamente.

— Vai rápido, eles estão chegando. — Avisou Harry, elevando um pouco o tom e recebendo um tapa leve de Neville para se manter discreto.

— Alohomora! — Clarissa recitou o feitiço, sua varinha tremendo levemente.

A sala permaneceu escura por alguns instantes, causando apreensão nos alunos. Quando, finalmente, a porta começou a ranger, revelando um lugar desconhecido e pouco iluminado.

— Ta vendo, ela é muito inteligente. — Falou Hermione, orgulhosa de sua irmã. — Não é à toa que é minha irmã.

— Ela é esquisita. — Murmurou Rony, provocativo.

— E você é chato. — Hermione rebateu com uma expressão desafiadora.

Harry observou a dinâmica entre eles e, revirando os olhos, tentou focar na situação urgente.

— Para que lado eles foram, Pirraça? — Perguntou Filch ao poltergeist, com impaciência evidente. — Depressa, me diga.

— Peça com jeitinho e eu te falo! — Disse Pirraça, provocando ainda mais o zelador.

— Não me enrole, Pirraça! Vamos, para que lado eles foram? — Perguntou Filch, agitado.

— Digo nada se você não pedir por favor. — Falou Pirraça com sua voz irritante.

— Está bem, por favor. — Disse Senhor Filch, cedendo à exasperante demanda de Pirraça, ansioso para obter informações.

— NADA! Ha haaa! Eu disse a você que não dizia nada se você não pedisse, por favor! Ha Hal Haaaaaa! — Eles não ouviram mais a voz de Pirraça, então acharam que ele devia ter ido embora.

— Ele acha que a porta está trancada! — Harry disse, tentando decifrar a situação.

— Claro que ele acha, né, Harry? Se ele soubesse que está aberta, já teria entrado. — Disse Hermione, como se fosse óbvio.

— Acho que escapamos. Sai para lá, Neville! — Disse Harry, notando que Neville estava puxando a manga do robe de Harry há algum tempo.

— Coitado dele! Deve estar com medo. — Comentou Clarissa, surpreendendo Harry com a compaixão inesperada em relação a Neville.

Harry franziu a testa, surpreso com essa atitude bondosa de Clarissa em relação a Neville.

— Harry? — Chamou Rony.

— Fala, Rony. — Disse Harry, emburrado.

— Olha onde estamos! — Alertou Rony, apontando para trás de Harry.

Todos se viraram e perceberam que estavam em apuros; haviam entrado no corredor proibido do terceiro andar.

E para piorar, finalmente descobriram o motivo pelo qual o corredor era proibido.

À sua frente, um cachorro monstruoso ocupava todo o espaço entre o teto e o piso, com três cabeças, três pares de olhos, três narizes e três bocas. Era uma criatura assustadora, diferente de qualquer coisa que já tinham visto.

— Pelos biscoitos de mel da mamãe... — Clarissa murmurou para si mesma, totalmente apavorada.

Aquele cachorro era verdadeiramente extraordinário, uma criatura mágica que ultrapassava qualquer entendimento convencional. Clarissa, normalmente destemida, sentiu um calafrio percorrer sua espinha enquanto observava as três cabeças oscilantes da besta.

Em meio ao pânico, Clarissa congelou, enfrentando uma onda de medo que a paralisou por um momento. Hermione, sempre protetora em relação à irmã, instintivamente a puxou para trás, colocando-se à sua frente como um escudo.

— Está bem, pessoal, o que vocês preferem... Morrer por uma mordida desse cachorro ou pelas mãos do Filch? — perguntou Clarissa, sua voz carregada de nervosismo.

— Com certeza mordida de cachorro. — Murmurou Harry, ecoando o consenso geral.

O quinteto de amigos tentou manter a calma, mas a realidade sombria da situação começou a pesar sobre eles. A respiração do cão monstruoso reverberava pelo corredor proibido, enchendo o ambiente com uma tensão palpável.

— E agora? O que fazemos? — Rony sussurrou, seus olhos fixos nas mandíbulas formidáveis da criatura diante deles.

Hermione, mesmo temerosa, estendeu as mãos tateando, buscando desesperadamente pela maçaneta da porta. A tensão no corredor proibido ainda reverberava em seus nervos, tornando a necessidade de escapar ainda mais urgente. Com um suspiro aliviado, conseguiu agarrar a maçaneta e girá-la habilmente, abrindo a porta com uma pressa descontrolada.

Assim que a porta se escancarou, eles correram freneticamente pelo corredor, os passos ecoando na escuridão. A respiração entrecortada e o medo pulsante impulsionavam cada passo enquanto tentavam deixar para trás a ameaça tríplice do cão monstruoso.

A corrida só cessou quando chegaram ao retrato da mulher gorda, que os olhou atentamente, notando o estado caótico das crianças – cabelos desgrenhados, robes meio soltos.

— Onde foi que vocês andaram? — Perguntou a mulher gorda, expressando desconfiança.

— A gente? Sabe que eu nem sei... Na verdade, eu sou sonâmbula! Isso, todos somos sonâmbulos. — Falou Clarissa, rapidamente inventando uma desculpa.

A mulher gorda obviamente não acreditou, mas decidiu não aprofundar a investigação, dando-lhes passagem para evitar problemas desnecessários.

A respiração ofegante, eles adentraram o salão comunal, mantendo a fachada de sonâmbulos para evitar qualquer suspeita. O alívio se misturava com a adrenalina, enquanto refletiam sobre a estreita escapada do corredor proibido.

Após certificarem-se de que estavam fora do alcance da mulher gorda, eles se acomodaram nas poltronas e sofás, ainda com os olhos arregalados, enquanto a adrenalina pulsava em suas veias.

O silêncio pairou por cinco minutos inteiros, que pareceram uma eternidade. Neville tremia, sem conseguir conter os calafrios que percorriam sua espinha. Clarissa, por sua vez, estava envolta em uma mistura de sensações, sem conseguir distinguir se era o frio — que só havia resolvido dar sinal aparentemente naquele exato momento — que a fazia tremer ou o resquício do medo que ainda se alojava em sua mente.

— O que vocês acham que eles estão querendo, com uma coisa daquelas trancada numa escola? — Perguntou Rony, quebrando o silêncio com uma expressão de perplexidade.

— Vocês não usam os olhos, usam? — Retrucou Hermione após recuperar o fôlego, lançando um olhar repreensivo a Harry e Rony.

Os dois garotos a encararam como se ela tivesse falado em uma língua desconhecida ou proferido algo completamente insano.

— Vocês não viram em cima do que ele estava? — Questionou Hermione, enfatizando cada palavra como se fosse uma revelação crucial.

— No chão? — Perguntou Harry, erguendo uma sobrancelha com ar de confusão, como se aquilo fosse algo óbvio.

Naquele momento, Clarissa e Hermione trocaram olhares, mas nem mesmo Clarissa havia entendido o que a irmã estava querendo dizer.

Harry e Rony mantinham olhares de perplexidade, como se estivessem lidando com um enigma incompreensível.

— Ué? Eu não fiquei olhando para as patas, estava ocupado demais com as cabeças. — Harry se defendeu, com uma expressão de quem estava sendo injustiçado

— Oh, pelo Merlin! Como pude ser tão besta? Era um alçapão, não era? — Clary diz olhando para a irmã.

— Bingo. — Hermione diz com um sorriso. — Ele estava em cima de um alçapão. É claro que está guardando alguma coisa. — Explicou Hermione, tentando esclarecer a situação.

Ela se levantou, lançando um olhar de reprovação para os dois garotos, e proferiu suas palavras com certa indignação:

— Espero que estejam satisfeitos com o que fizeram. Podíamos ter sido mortos, ou pior, expulsos. Agora, se vocês não se importam, eu vou me deitar, digo, vamos nos deitar. — Disse Hermione, puxando a mão de Clarissa, que mal teve tempo de processar a situação antes de ser arrastada.

Rony lançou um olhar de desaprovação para Hermione, enquanto Clarissa soltou um "Boa Noite" murmurado antes de ser arrastada pelo corredor em direção ao dormitório feminino por sua decidida irmã.

No entanto, mesmo com a carranca de Rony, Hermione não conseguia esconder completamente o brilho de satisfação nos olhos. Apesar da aventura perigosa, era inegável que o acontecido proporcionara uma dose de emoção e adrenalina. Era uma mistura de nervosismo e animação que se refletia no rosto da garota enquanto ela seguia, ainda pensativa, pelo corredor.

À medida que caminhavam pelo corredor, Clarissa notou a expressão de sua irmã e decidiu quebrar o silêncio tenso.

— Você parece brava, mas também feliz. — Comentou Clarissa, enquanto era praticamente guiada por Hermione.

Hermione suspirou, soltando uma risada breve.

— Talvez eu esteja um pouco dos dois. Não é todo dia que vemos um cão de três cabeças, não é? — Hermione respondeu, admitindo a dualidade de seus sentimentos.

Clarissa concordou com um sorriso. Era verdade, aquele episódio estava longe de ser esquecido, e a emoção da noite ainda reverberava nas mentes das duas quando finalmente alcançaram o dormitório feminino.


( . . . )


Clarissa, incapaz de encontrar o sono após a inquietante aventura, decidiu escapar do dormitório feminino e dirigir-se a acolhedora sala principal do salão comunal da Grifinória. A sala principal estava iluminada pela luz difusa das chamas na lareira, proporcionando um ambiente aconchegante, mas os pensamentos sombrios ainda assombravam sua mente.

Ao se acomodar em um dos sofás, Clarissa olhou para as chamas dançantes, perdida em seus próprios pensamentos. Contudo, uma sensação de inquietação a envolveu, como se sombras sombrias se movessem ao seu redor. Seu coração acelerou, e ela se encolheu no sofá, tentando afastar o medo crescente.

Foi quando algo extraordinário aconteceu. Seu colar, aquele presente de Amélia, começou a brilhar suavemente. Intrigada e um tanto assustada, Clarissa observou o delicado resplendor que parecia afastar as sombras ao seu redor.

Antes que pudesse entender completamente o que estava acontecendo, Harry entrou no salão comunal, e as sombras desapareceram instantaneamente. Ele franziu o cenho ao vê-la ali.

— Clary, o que você faz acordada a essa hora? — perguntou Harry, caminhando em sua direção.

Ela piscou, ainda surpresa pelo que acabara de testemunhar.

— Eu... Eu não consegui dormir. Acho que a noite ainda está me assombrando — confessou ela, olhando para o colar que agora voltava ao seu brilho usual. — E... está tudo bem, Harry? Parece meio abatido.

Ele esfregou levemente a testa, como se sentisse um incômodo.

— Acordei com a cicatriz doendo. Isso não acontecia há um tempo. — Ele comentou, dando um olhar pensativo para o fogo na lareira, logo se sentando ao lado da amiga.

Clarissa arqueou as sobrancelhas, preocupada.

— Isso é... incomum, não é? — questionou ela.

Harry assentiu, enquanto a sensação de inquietação no ar parecia diminuir.

— Meu colar estava brilhando... — Clarissa murmurou confusa.

Harry examinou o colar e, mesmo parecendo intrigado, manteve sua atenção em Clarissa.

— Talvez seja um efeito residual daquela confusão com o cão de três cabeças. Vai ficar bem, Clary. — Ele tentou acalmá-la.

Harry olhou para Clarissa com interesse, lembrando-se das palavras de Hermione sobre se encontrar com Snape.

— O que era aquilo que a Hermione disse sobre você ter que se encontrar com o Snape? — Perguntou ele.

Clarissa suspirou, tentando encontrar as palavras certas.

— Snape me encontrou e disse que precisava conversar comigo. Parece que, apesar de não gostar de mim, ele não quer que eu me envolva em problemas maiores. Acontece que eu vi o professor Quirrell falando com alguém, ou algo, que parecia uma sombra. Eu não confio muito nele, mas achei melhor ficar de olho. — Explicou Clarissa.

Harry arqueou as sobrancelhas, absorvendo as informações.

— Falando com sombras? Isso está ficando cada vez mais estranho. E você está bem? Parece um pouco nervosa.

Clarissa deu um sorriso forçado, tentando dissipar o desconforto.

— Estou bem, só não consegui dormir com tudo o que aconteceu. O cachorro de três cabeças não ajudou também.

— Droga, não... isso de novo. — Murmurou ele, pressionando a mão contra a cicatriz.

Clarissa franziu a testa, preocupada.

— O que está acontecendo?

— Minha cicatriz...

As sombras, de repente, se intensificaram, criando uma atmosfera sombria na sala comunal.

— Isso não é normal, nem mesmo para Hogwarts. — Comentou Clarissa, seu olhar fixo nas sombras.

Ela sente algo e olha para seu colar... ele estava brilhando novamente. Nesse momento, Harry notou a luminosidade do colar de Clarissa.

— Seu colar está brilhando. — Apontou ele.

Clarissa segurou o colar em suas mãos. Ele emitia uma luz suave e reconfortante, contrastando com as sombras ao redor.

— Eu não sei. Isso não costuma acontecer. Hoje é a primeira vez. — Disse ela, perplexa.

Assim que Clarissa segurou o colar, a luz que emitia parecia afastar as sombras, dissolvendo a escuridão ao seu redor. Harry observava surpreso, enquanto a atmosfera pesada dava lugar a um ambiente mais tranquilo.

— Uau, isso foi... inesperado. O que há de especial nesse colar? — Indagou Harry, ainda intrigado.

Clarissa encolheu os ombros, examinando o colar com cautela.

— Não faço ideia. Ganhei de uma estranha.

Contudo, o alívio era visível em seu rosto, e ela suspirou profundamente.

— Acho que preciso dormir. Toda essa história mexeu comigo.

Sem pensar muito, Clarissa abraçou Harry, buscando conforto. Ele a envolveu em um abraço reconfortante, tentando transmitir segurança.

— Você vai ficar bem. — Sussurrou Harry.

Clarissa, ainda se sentindo insegura, depositou um beijo rápido na bochecha de Harry e se afastou rapidamente.

— Obrigada por estar aqui. Vou tentar dormir agora.

Ela correu para o dormitório feminino, deixando Harry perplexo. A sala comunal agora estava silenciosa, as chamas na lareira dançavam suavemente, e o colar de Clarissa ainda brilhava misteriosamente enquanto ela dormia.







• Trechos tirados de Harry Potter e a pedra filosofal, créditos a autora (JK Rowling).

• Colar estranho esse, hein.

• O que acharam?

• Eu queria guardar o Neville em um potinho e proteger de todo o mundo.

Espero que gostem!



Ela tem algo de especial que um dia todos irão descobrir...




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