CHAPTER ELEVEN - Halloween





CAPÍTULO ONZE -
Dia das Bruxas




"Não admira que ninguém suporte ela."







POV NARRADORA





CLARISSA NÃO CONSEGUIA acreditar que tinham se passado dois meses, um turbilhão de dias em que ela esteve constantemente ocupada. Seja tentando desvendar os mistérios envolvendo Amélia ou buscar informações sobre a enigmática família Bennett, as respostas pareciam fugir de suas mãos, como sombras descontroladas.

Era a manhã do Dia das Bruxas, e Clarissa, normalmente animada, encontrava-se enjoada. Seu estômago dançava em uma coreografia descompassada, uma sensação de mal-estar a tomando.

O aroma dominante em Hogwarts era o cheiro de abóbora assada, mas Clary, para seu desgosto, detestava abóbora. A atmosfera festiva não parecia colaborar com o humor já comprometido da jovem Granger.

Na aula de Feitiços, ministrada pelo Professor Flitwick, Clarissa e Hermione encontraram uma pitada de ânimo. O professor anunciou que chegara o momento dos alunos finalmente aprenderem o feitiço da levitação. Embora Clary já dominasse o feitiço, a ideia de aprender com o professor trouxe um entusiasmo renovado. Afinal, seria uma experiência única em sala de aula.

Emocionada com a perspectiva de se destacar, Clarissa formou uma dupla com Harry Potter, enquanto Hermione uniu forças (obrigada por ter sido o único que havia sobrado) com Ronald Weasley. A expectativa pairava no ar, e Clary vislumbrava a oportunidade de impressionar seus colegas com suas habilidades mágicas.

Naquela atmosfera de aula, Hermione parecia estar à beira de um colapso por ser designada como dupla de Rony Weasley. O simples pensamento parecia uma sentença de morte para a Granger, que já imaginava os desafios que teria pela frente com o ruivo teimoso.

— Agora, não se esqueçam daquele movimento com o pulso que praticamos. – Falou o Prof.Flitwick, instruindo os alunos. — Gira e sacode, é muito importante falar corretamente, repitam comigo, Wingardium Leviosa!

Simas, visivelmente impaciente, tentou realizar o movimento, mas sua frustração resultou em uma pena que, em vez de levitar, começou a pegar fogo. Hermione, com uma expressão de desaprovação, revirou os olhos diante do incidente, não passando despercebido aos olhos atentos de Rony.

O ruivo também estava longe de ter sucesso. Suas mãos giravam freneticamente, e sua pronúncia do feitiço se tornava cada vez mais distorcida, atingindo o ápice com um "leviosÁ".  A situação era o limite para a paciência de Hermione.

— Para, para, para. Assim vai acabar arrancando o olho de alguém, e você está falando errado! É 'leviÔsa' e não 'leviosÁ'. — Repreendeu Hermione, manifestando sua impaciência. Clarissa, ao lado de Harry, sorriu com satisfação e cutucou o amigo.

— Olha só como a minha irmã é inteligente. — Gabou-se Clary.

Harry, admirando a dinâmica entre as duas irmãs, mesmo não sendo o maior fã de Hermione, deu uma risadinha.

— Ela é bem... inteligente. — Comentou Harry, buscando um elogio para a Granger.

Os dois observaram a expressão desafiadora de Rony e ouviram o tom provocador em suas palavras:

— Faz você, então, já que é tão esperta. Vai lá! — Desafiou Rony, lançando um olhar de deboche.

Hermione, sem hesitar, revirou os olhos e pronunciou com confiança:

— Wingardium Leviosa!

A pena respondeu imediatamente, elevando-se da mesa e flutuando de um lado para o outro, um pouco acima da cabeça deles. Um feito que arrancou um suspiro de surpresa de todos na sala.

— Ah, muito bem! — Exclamou o professor Flitwick, radiante por alguém ter finalmente conseguido realizar o feitiço com sucesso. — Pessoal, olhem aqui, a Hermione Granger conseguiu! Sigam o exemplo dela.

Nesse momento, foi a vez de Ronald revirar os olhos, enquanto Clarissa exibia um olhar triunfante em direção ao ruivo, uma vitória sutil que não passou despercebida. O clima na sala de aula estava carregado de tensão e rivalidade, com cada movimento e palavra sendo avaliados por olhares atentos.

Hermione, com um sorriso discreto, dirigiu um olhar vitorioso para Rony, que parecia um misto de frustração e desafio.

— Tá vendo, Rony? Não é tão difícil assim. — Comentou Clarissa, provocando-o.

Rony bufou, um tanto contrariado, mas antes que pudesse responder, o professor Flitwick instruiu o restante da classe a tentar o feitiço.

Durante a prática, Clarissa percebeu que Harry estava se esforçando para realizar o feitiço corretamente. Ela se aproximou dele, sussurrando encorajamentos.

— Você consegue, Harry. Só concentre-se e sinta a magia fluir. — Disse ela, incentivando-o.

Hermione, por sua vez, continuou ajudando os colegas ao redor, mostrando paciência e habilidade. Enquanto a classe progredia na lição, a tensão entre Rony e Hermione persistia, criando um clima pesado na sala de aula de Feitiços.

Ao final da aula, o professor Flitwick elogiou alguns alunos, incluindo Hermione, pela execução bem-sucedida do feitiço.

— Ela é incrível, não é? — Murmurou Clarissa sobre sua irmã para Harry.


( . . . )


Clary aguardou pacientemente enquanto Hermione recolhia seus materiais, e juntas saíram da sala de aula. Enquanto caminhavam pelos corredores movimentados de Hogwarts, a conversa de Rony chegou aos ouvidos das irmãs Granger.

— Não admira que ninguém suporte a Granger — Rony resmungou, sem perceber que Clary e Hermione estavam passando por trás de Harry. — Francamente, ela é um pesadelo, aliás não só ela, aquela outra também é, duas malucas que se acham.

Hermione, decidida a não deixar esse comentário passar, fez questão de se manifestar. Com um movimento sutil, ela esbarrou em Harry e Ronald ao passar, pegando-os de surpresa, logo saindo correndo.

Harry ficou momentaneamente perplexo, não esperava encontrar Hermione tão perto, muito menos Clarissa, que observava a situação com uma reprovação enorme.

As palavras de Rony ecoavam na mente das irmãs e Clarissa mal podia acreditar que Harry não tinha se manifestado em sua defesa.

Ela lançou um olhar penetrante a Harry, sentindo a traição de uma forma que não esperava. Seus olhos refletiam uma mistura de tristeza e raiva, uma chama que queimava dentro dela.

— Não acredito que você compactua com isso. — Murmura Clarissa fazendo menção de ir embora, mas Harry agarra no braço dela suavemente.

Harry olhou para ela com uma expressão de arrependimento, tentando encontrar as palavras certas para explicar sua inação.

— Pensei que fosse meu amigo. — Murmurou Clarissa, puxando seu braço do leve aperto de Harry, como se aquele toque de amizade agora significasse pouco.

— Eu não falei nada, foi o Rony. — Harry diz apontando com o outro braço para Ronald que revira os olhos.

— Essa é sua melhor justificativa? — Questiona a Granger com sarcasmo.

— Clary, eu não concordo com o que o Rony disse, mas... eu não sabia o que dizer naquele momento. Não queria piorar as coisas. — Explicou Harry, seus olhos verdes refletindo a sinceridade

Clarissa suspirou profundamente, tentando processar a situação. Ela queria acreditar em Harry, queria acreditar que ele era um verdadeiro amigo, mas sentia seu coração doer.

— Às vezes, Harry, ficar em silêncio é tão ruim quanto concordar. — Disse ela, sentindo o peso das palavras.

Clarissa, sentindo a raiva pulsar dentro dela, não conseguiu deixar a situação passar sem uma resposta à altura.

— Francamente, esperava mais de você. Se o Rony acha que somos malucas, pelo menos deveria ter a decência de discordar. — Disse Clarissa com um olhar decepcionado.

Ela lançou um olhar cortante para Rony antes de se dirigir a ele com firmeza:

— Se você tem algo a dizer, Rony, por que não fala na nossa frente em vez de fofocar pelas costas?

Rony ficou sem palavras por um momento.

— Eu só acho que vocês duas são um pouco... intensas. Às vezes, é cansativo. — Tentou justificar, mas notou que suas palavras não foram bem recebidas.

Clarissa cruzou os braços, uma expressão desafiadora em seu rosto.

— Intensas? Bom, talvez seja porque nos importamos, Rony. Talvez seja porque temos ambições, algo que você deveria entender. — Disse, mostrando que não aceitaria menos do que respeito.

Harry, sentindo a tensão, tentou intervir:

— Vamos lá, pessoal, não precisa criar mais confusão.

Clarissa afastou-se, criando uma distância simbólica entre ela e Harry. Seu olhar ainda carregava tristeza.

— Não, Harry. Você não entende. Eu e ela temos que fazer o nosso nome aqui, e isso é muito difícil. — Clarissa disse, sua voz carregada de uma mistura de frustração e desapontamento

Harry olhou para ela, tentando encontrar as palavras certas para reparar a brecha que se formava entre eles.

— Clary, eu... eu sei que não entendo completamente, mas isso não significa que não me importo. Eu sou seu amigo, e quero ajudar no que for preciso. — Harry respondeu, sua expressão mostrando sinceridade.

Clarissa o encarou por um momento, ponderando suas palavras. Ela queria acreditar em Harry, mas a ferida ainda estava fresca.

— Será que você entende mesmo? — Questionou ela, com um leve tom de ceticismo.

Harry suspirou, sentindo a gravidade da situação. A amizade entre eles estava sendo testada de uma maneira que ele não antecipara.

— Vamos conversar, Clary. Eu quero entender. — Propôs ele, esperando que suas palavras fossem suficientes para começar a reparar o que estava quebrado.

— Olha, eu preciso de um... eu preciso de um tempo. — Murmura ela dando passos para trás. — Vou procurar Hermione. — Disse ela, saindo com a cabeça lotada de pensamentos.

— Rony? Eu era amigo da Clary, não da Hermione, mas elas são irmãs. — Harry tentou expressar a complexidade de seus sentimentos, mas a frustração estava evidente em sua voz

A expressão de Harry denunciava sua mágoa diante da situação, e suas palavras deixaram clara sua irritação. Rony, por outro lado, parecia mais relaxado, talvez até satisfeito com a discussão.

Harry, incapaz de lidar totalmente com a situação, decidiu se afastar, caminhando com passos pesados em direção ao corredor. O dia, antes repleto de expectativas para as festividades do Dia das Bruxas, agora se tornava sombria para ele. Rony, ao contrário, acompanhava Harry, exibindo uma satisfação disfarçada.


( . . . )


Clarissa, ainda abalada pela conversa com Harry, decidiu ter um momento para refletir. Já havia anoitecido, ela passou pelos corredores movimentados de Hogwarts, ignorando as conversas alegres dos colegas que se preparavam para as festividades do Dia das Bruxas.

Ao alcançar um dos pátios laterais do castelo, Clarissa encontrou um banco isolado sob a luz fraca da lua. Ela se sentou, envolta por pensamentos tumultuados. A brisa noturna tocava suavemente seu rosto enquanto ela tentava organizar suas emoções.

A imagem de Harry, o amigo em quem confiava, permanecia vívida em sua mente. A decepção e a sensação de ser incompreendida mexiam com seus sentimentos.

O banco de pedra sob ela estava frio, mas Clary não se importava. Seus olhos fixavam a lua, como se buscasse respostas no brilho celestial. Nesse momento de solidão, ela se permitiu sentir a vulnerabilidade que a situação trouxera.

A melodia distante de uma coruja ecoava na noite, proporcionando uma trilha sonora suave para Clarissa.

A brisa noturna sussurrava segredos que apenas a solidão do pátio poderia revelar. Em meio à penumbra, a Granger começou a perceber a complexidade das relações em Hogwarts e a dificuldade de encontrar seu lugar em meio a intrigas, amizades e desafios.

As estrelas pontilhavam o céu escuro, como se tentassem transmitir uma mensagem de tranquilidade para a jovem bruxa. Clary fechou os olhos, absorvendo a serenidade da noite, enquanto suas emoções se aquietavam lentamente.

Ao longe, a Torre de Astronomia se destacava contra o firmamento estrelado. Era como se as constelações testemunhassem silenciosamente as jornadas individuais de cada estudante em Hogwarts, especialmente a de Clarissa Granger.


( . , . )


Clarissa, determinada a conversar com sua irmã, percorreu os corredores do castelo, procurando por Hermione em cada sala e passagem. Seus passos ressoavam nos corredores vazios, e a luz das tochas criava sombras dançantes que refletiam sua inquietação.

A busca por Hermione se estendeu por diferentes andares e alas de Hogwarts. Clary parava ocasionalmente para perguntar a outros estudantes se tinham visto sua irmã, mas a resposta era frequentemente negativa. A preocupação começou a se misturar à frustração, tornando a busca ainda mais intensa.

A jovem bruxa revirava cada canto do castelo, explorando salas de aula, a biblioteca e até mesmo os lugares mais escondidos e menos frequentados. Contudo, Hermione parecia ter desaparecido, deixando Clarissa com uma sensação de vazio e incerteza.

O eco dos passos de Clary preenchia os corredores, enquanto ela continuava sua busca persistente por sua irmã, esperando encontrar Hermione em algum ponto do vasto e misterioso castelo de Hogwarts.

Cada pensamento reverberando na mente de Clarissa era como uma tempestade. A decepção em relação a Harry e a frustração com Rony misturavam-se, formando um turbilhão de emoções em seu peito.

Quando ouviu uma conversa casual entre Parvati e Lilá que uma faísca de alívio surgiu. As palavras delas revelaram a localização de Hermione, mas trouxeram consigo uma dualidade de sentimentos para Clarissa. A alegria de encontrar a irmã contrastava com a tristeza ao descobrir que Hermione estava chorando.

O corredor ecoava com os passos apressados de Clarissa, determinada a encontrar sua irmã e amenizar a dor que atormentava Hermione. Cada passo era carregado com a determinação de aliviar a tristeza de sua irmã.

Ao chegar ao banheiro feminino, o som de soluços alcançou os ouvidos de Clary, uma melodia triste que despertou sua empatia.

— Mione? Sou eu, Clary. — Sua voz suave cortou o silêncio do banheiro, enquanto a preocupação coloria seus olhos. A irmã mais velha saiu de uma cabine, revelando o impacto visível da tristeza, estava com os olhos inchados que denunciavam o rastro das lágrimas.

Clarissa sentiu o aperto no coração ao ver Hermione naquela condição. Determinada a compreender e consolar, ela se aproximou com empatia.

— Qual o motivo? Eu me esforço tanto para aprender e mostrar meu valor, e as pessoas são assim. — Hermione murmurou com a voz fraca, um eco da mágoa que a havia assombrado durante o dia.

— Mione, eles são garotos, e lembra? Garotos são babacas. — Tentou trazer um tom de humor, mas mesmo isso não arrancou um sorriso de Hermione.

— O Harry não era seu amigo? — Hermione questionou, secando as lágrimas que teimavam em cair.

— Ele era meu amigo, mas deixou de ser no momento em que deixou você triste. — Clarissa murmurou, a indignação pulsando em suas palavras. Sua lealdade com Hermione era inabalável.

— Agora estou me sentindo tão sozinha, você vive na biblioteca, eu entendo que você tem que descobrir coisas, mas... — Desabafou Hermione, revelando a solidão que a cercava.

Clarissa se aproximou, olhos firmes e determinação estampada no rosto.

— Enquanto eu existir, você nunca estará só, Mione. — Sua voz era firme, um compromisso de irmandade. Um sorriso se formou no rosto de Hermione, um sinal de que as palavras de Clary tocaram seu coração.

— Sempre e para sempre. — As duas irmãs falaram em uníssono, selando com essas palavras a força inquebrável de sua ligação.

O banheiro feminino parecia um refúgio temporário para Clarissa e Hermione, mas a atmosfera de tensão persistia. Clarissa tomou a iniciativa, decidida a afastar a irmã daquele lugar desconfortável.

— Venha, vamos sair daqui. — Falou Clary, segurando com firmeza o braço de Hermione enquanto se dirigiam à saída.

Entretanto, antes de alcançarem a porta, esta se abriu abruptamente, revelando a figura assustadora de um Trasgo. A visão era aterrorizante, quase quatro metros de altura, um corpo repleto de calombos, a pele cinzenta e esverdeada. Suas pernas eram curtas e grossas, lembrando troncos de árvores retorcidos.

— Você está vendo a mesma coisa que eu, certo? — Perguntou Hermione, seus olhos se arregalando e a boca permanecendo aberta diante da aparição assustadora.

Clarissa, embora apavorada, assentiu silenciosamente. O Trasgo se aproximava, e as duas irmãs soltaram gritos altos e apavorados.

— VEM, HERMIONE! — Gritou Clarissa, puxando sua irmã para trás da última cabine disponível.

— Clary, eu acho que vamos morrer, então fique sabendo que eu te amo muito, do fundo do meu coração. — Hermione falou, abraçando sua irmã enquanto ambas se encolhiam.

O Trasgo emitia sons assustadores à medida que se aproximava, preenchendo o banheiro com uma sensação de terror iminente.

— Mione, eu também te amo muito. — Clarissa respondeu, ainda em estado de choque, enquanto enfrentavam a presença ameaçadora do Trasgo.

O Trasgo continuava avançando, sua presença imponente enchendo o banheiro com uma atmosfera sufocante de medo. Clarissa, apesar do choque inicial, começou a avaliar rapidamente suas opções.

— Precisamos sair daqui, rápido! — Disse Clarissa, puxando Hermione pelo braço com urgência.

Elas contornaram as cabines, mantendo-se escondidas o máximo possível. O Trasgo, por sua vez, parecia mais interessado em causar estragos do que em persegui-las diretamente.

— Se encontrarmos uma saída silenciosa, talvez possamos escapar sem chamar mais atenção. — Sussurrou Clarissa, tentando manter a calma.

Hermione assentiu, mas a tensão estava estampada em seu rosto. O plano era simples: evitar confronto direto com a criatura e encontrar uma saída segura.

Conforme se moviam com cautela, Clarissa tentava controlar seu nervosismo, pois sabia que qualquer movimento em falso poderia desencadear a fúria do Trasgo. O som do banheiro ecoava com seus passos silenciosos, aumentando a ansiedade.

Quando estavam quase chegando perto da porta, o trasgo virou-se bruscamente e foi em direção as meninas, que correram de volta, escondendo-se debaixo da pia do banheiro.

A porta do banheiro foi abruptamente aberta, e Clarissa captou vozes invadindo o ambiente.

— O distrai. — A voz de Harry Potter ecoou, e as irmãs sentiram um alívio momentâneo.

Ronald lançou algo que Clarissa mal pôde identificar na direção do Trasgo. Surpreendentemente, funcionou, fazendo a criatura se virar e perseguir furiosamente o novo alvo.

— Ei, cabeça de ervilha, eu estou aqui! — Zombou Ronald do outro lado do banheiro, arremessando um objeto metálico que distraiu o Trasgo, proporcionando a Harry uma abertura para chegar até Clarissa e Hermione.

— Vamos, corram, corram! — Exclamou Harry, incentivando-as à fuga.

— A gente estava muito bem antes de vocês chegarem. — Retrucou Clarissa com um misto de sarcasmo e frustração.

— Tão bem que já estavam debaixo da pia do banheiro dizendo adeus. — Harry não conseguiu evitar o sarcasmo.

— Ele tem um ponto. — Hermione murmura.

— Oi para vocês também! — Ronald respondeu ironicamente, enquanto Hermione permanecia paralisada, olhos arregalados e boca entreaberta.

— Desculpe, está bem? Depois conversamos sobre isso. — Murmurou Harry na direção de Clarissa, buscando uma reconciliação apressada.

— Se você acha que vai se safar dessa, está completamente errado. — Clary respondeu com firmeza, indicando que o assunto não seria esquecido tão facilmente.

O Trasgo, irritado pelos gritos ensurdecedores das crianças, avançou rapidamente em direção a Rony, que estava mais próximo. Percebendo que sua única opção era se abaixar, Rony preparou-se para o impacto, colocando as mãos sobre a cabeça.

Harry, vendo a situação crítica do amigo, agiu com bravura. Num gesto ousado, tomou impulso e abraçou o pescoço do Trasgo. A criatura, surpreendida, começou a se balançar freneticamente na tentativa de desalojar Harry, mas o rapaz se manteve firme. Em um movimento inesperado, Harry enfiou uma varinha no nariz do Trasgo.

Essa cena levou Clarissa a franzir a testa, e uma sensação de desconforto cresceu dentro dela. Diante da peculiar visão, Clarissa decidiu virar de costas para os meninos e sua irmã. Contudo, antes que pudesse afastar-se completamente, um repentino enjoo a acometeu, fazendo-a inclinar a cabeça para o lado e despejar todo o mal-estar no chão.

— PELO MERLIN! — Exclamou Hermione, que imediatamente se aproximou, segurando o cabelo de Clarissa.

A jovem Granger começou a se sentir um pouco melhor, mas ainda estava com uma sensação de repulsa, não apenas por seu próprio enjoo, mas também pela cena surpreendente que se desenrolava diante dela.

Urrando de dor, o Trasgo se contorceu e alcançou seu bastão, enquanto Harry, ainda agarrado a ele, mantinha os olhos cerrados, esperando o inevitável.

Rony, desesperado, sacou sua varinha sem ter certeza do que faria, praguejando internamente por não prestar mais atenção nas aulas. Num impulso, lembrou-se do feitiço de levitação e berrou:

— Wingardium Leviosa!

No mesmo instante, o bastão ergueu-se no ar, subindo e virando antes de cair pesadamente na cabeça do Trasgo. A criatura cambaleou, emitindo um som estrondoso que fez todo o banheiro tremer, antes de desabar de cara no chão.

Com a ajuda de Hermione, Clary levantou-se, ainda chocada com o que acabara de testemunhar. Seria possível que um Trasgo realmente estivesse ali? E, pior ainda, ela havia vomitado justamente quando Harry e Rony estavam por perto?

A vergonha consumia Clarissa, deixando-a mais envergonhada do que nunca diante da situação.

Rony permanecia estático, com a varinha levantada, incrédulo por ter conseguido realizar tal feito. A surpresa estampada em seu rosto era palpável, enquanto ele processava a dimensão do que acabara de acontecer.

— Ele está... Morto? — Hermione foi a primeira a quebrar o silêncio.

— Provavelmente não, li em um livro que... — Clary mal começou a explicar antes de ser interrompida por Rony.

— CARAMBA, VOCÊS VIRAM ISSO? EU CONSEGUI. — Ele berrou, mas logo corou intensamente ao perceber que sua empolgação tinha se manifestado em um grito estridente. Clarissa mal podia acreditar no que estava presenciando. Ronald Weasley, o ruivo destemido, estava envergonhado. Isso era algo totalmente inédito.

Enquanto isso, Harry abaixou-se para recolher sua varinha, que até então estava alojada no nariz do Trasgo. Uma expressão de nojo tomou conta de seu rosto ao notar que ao redor da varinha havia uma substância pegajosa, algo semelhante a cola.

— Acho que eu vou vomitar... — Clarissa apressou-se a entrar em uma das cabines do banheiro.

— Que nojo! Meleca de Trasgo. — Rony comentou, sacudindo a varinha para se livrar da substância.

— Ela está bem? — Harry aproximou-se da cabine em que Clary se encontrava.

— Parece que ela está ótima. — Rony ironizou.

— Claro que ela não está bem... A Clary detesta abóbora, o castelo inteiro está com esse cheiro, e, para piorar, aquela meleca de... — Hermione começou a falar sem parar, expressando suas frustrações.

— Tem como vocês pararem de falar de mim como se eu não estivesse aqui? — Clarissa murmurou cansada, interrompendo o fluxo de palavras de Hermione.

— Claro. — Os três responderam simultaneamente, finalmente se calando, enquanto Clary tentava se recuperar da experiência surreal que acabara de viver.

De repente, o estrondo das portas batendo e passos pesados fez os três alunos erguerem as cabeças, seus olhares se encontraram em uma mistura de surpresa e apreensão. A professora McGonagall adentrou o banheiro com uma expressão de preocupação. A docente estava acompanhada por Filch, cujos olhos faiscavam com a ameaça iminente de punição, e Quirrell, que ao se deparar com o Trasgo, soltou um gemido de medo, suas mãos trêmulas tentando esconder o rosto

A Professora Minerva, com sua habitual postura firme, permaneceu observando os três estudantes por um minuto que pareceu uma eternidade. O silêncio era enorme até que alguém finalmente quebrou-o com uma voz aliviada:

— Sabe qual foi a nossa sorte? Que nenhum professor tenha visto isso. Se tivessem, estaríamos em sérios apuros. Imagina se o Professor Snape encontrasse... — Clarissa, em uma tentativa de normalidade, deu descarga na cabine em que estava e saiu do banheiro, mas ao perceber quem estava presente, ela se assustou e soltou um leve gritinho.

A expressão séria de McGonagall se desfez por um momento ao testemunhar a reação inesperada de Clarissa. A professora permitiu-se dar um pequeno suspiro. Clarissa, agora rindo desesperadamente, corou intensamente, suas bochechas adquirindo um tom vermelho brilhante.

Harry mantinha um sorriso de triunfo, acreditando que poderia ganhar cinquenta pontos para Grifinória por ter derrotado o Trasgo, mas sua esperança desmoronou quando a Professora McGonagall começou a falar:

— O que é que vocês estavam pensando? — A raiva mesclada com preocupação era evidente em sua voz firme.

Clarissa abriu a boca para falar, mas um olhar de McGonagall a fez reconsiderar, compreendendo que era hora de ouvir o merecido sermão.

— Vocês tiveram sorte de não serem mortos. Qual o motivo de ainda não estarem nos dormitórios?

Filch, o zelador, ostentava um sorriso satisfeito, encontrando a situação engraçada e já imaginando como poderia fazer as crianças pagarem por seu ato inconsequente. Ele não perdeu a oportunidade de alimentar sua afeição por punições, e a ideia de colocá-los para limpar a sala de troféus o deixava particularmente contente.

Hermione, que até então estava em silêncio, superando o choque inicial, tomou a palavra:

— Por favor, Professora McGonagall, eles vieram nos procurar.

— Srta. Granger! — A repreensão veio rápida e afiada.

A atmosfera na sala do banheiro estava tensa quando Hermione tomou a frente para explicar o inexplicável.

— Saímos procurando o trasgo achando que podíamos enfrentá-lo sozinhas. A senhora nos contou tudo sobre os tragos. — Hermione, normalmente a voz da razão, lançou um olhar significativo para Clarissa, indicando que era hora de sustentar a história.

Rony, por sua vez, sentiu uma enorme vontade de rir. Hermione Granger contando uma mentira para um professor? Parecia um enredo completamente fora de seu script.

— Professora, não os culpe. Se eles não tivessem chegado a tempo, estaríamos mortas. Harry enfiou a varinha no nariz do trasgo, e Rony o derrubou com o próprio bastão. Não tiveram tempo de chamar ninguém. O trasgo ia acabar conosco quando eles chegaram. — Hermione disparou a explicação, revelando uma habilidade inesperada para contar histórias convincentes.

Harry e Rony, embora surpresos, tentaram manter expressões neutras, como se a história de Hermione fosse uma revelação genuína. Harry se questionava sobre o motivo de Hermione assumir uma atitude protetora, considerando os comentários negativos recentes. Por outro lado, Rony estava à beira de explodir em risos, maravilhado com a transformação da "sabichona" em uma mestre da dissimulação.

— Bem... Nesse caso... — Professora Minerva McGonagall, encarando os quatro com uma expressão severa, pareceu ponderar sobre a situação. — Senhoritas! Que bobagem, como pensaram em enfrentar um trasgo montanhês sozinhas?

— Nos sentimos muito, apenas queríamos ajudar em algo. — Hermione murmurou, abaixando a cabeça em sinal de arrependimento, seguida por Clarissa.

A Professora Minerva McGonagall, com um olhar firme e desapontado, pronunciou a sentença.

— Senhoritas, Grifinória vai perder cinco pontos por isso. Estou muito desapontada. Se não estiverem machucadas, é melhor irem embora para a torre da Grifinória. Os alunos estão acabando de festejar o Dia das Bruxas em suas casas.

Clarissa, ainda cabisbaixa, assentiu e puxou Hermione para fora do banheiro. Contudo, antes de deixar a sala, ela lançou um último olhar para trás e encontrou os olhos de Quirrell. Um frio percorreu sua espinha ao perceber um olhar macabro, mas Quirrell rapidamente desviou o olhar, tentando esconder sua estranha expressão.

A Professora Minerva McGonagall voltou sua atenção para Harry e Rony.

— Bem, eu continuo achando que vocês tiveram sorte, mas não há muitos alunos do primeiro ano que pudessem enfrentar um trasgo montanhês adulto. Cada um de vocês ganha cinco pontos para Grifinória. O Professor Dumbledore será informado. Podem ir. — Concluiu Minerva, concedendo uma recompensa aos dois.

Eles deixaram rapidamente o banheiro e subiram dois andares em silêncio. Rony, rompendo o silêncio após os professores terem ido embora, refletiu sobre a situação.

— Foi legal elas terem nos tirado do aperto. — Ele admitiu, ponderando sobre a contribuição de Clarissa e Hermione. — Mas não se esqueça, salvamos a vida delas.

— Não fizemos mais do que nossa obrigação, mas pelo menos conseguimos, aquele cheiro estava me enjoando. — Harry comentou, referindo-se à desagradável meleca de trasgo

Rony, percebendo sua própria atitude, sentiu um toque de tristeza. Talvez ele estivesse sendo ríspido demais em relação às duas garotas.

"Elas com certeza eram legais", pensou Rony consigo mesmo, reconsiderando suas impressões.

— Será que a Clary está bem? — Escapou do garoto de cicatriz, revelando uma preocupação genuína com o estado de Clarissa.

O corredor estava silencioso enquanto Harry e Rony subiam os degraus. A tensão do confronto com o trasgo ainda pairava no ar.

— Espero que ela esteja bem. — Rony murmurou, ainda refletindo sobre suas palavras anteriores. — Eu fui meio grosso, não fui?

Harry lançou um olhar compreensivo ao amigo.

— Bastante. Mas, sinceramente, acho que estamos todos meio abalados com o que aconteceu. — Disse Harry, tentando aliviar o clima.

Ao chegarem à torre da Grifinória, foram recebidos pela comemoração do Dia das Bruxas que ainda ecoava pelo castelo. O salão estava decorado com abóboras iluminadas e doces coloridos. A alegria dos colegas contrastava com o peso que ainda carregavam.

Quando entraram na sala comunal, encontraram Clarissa sentada em uma poltrona, aparentemente perdida em pensamentos. Hermione estava ao seu lado, tentando confortá-la.

— Clary, Hermione, está tudo bem? — Rony perguntou, aproximando-se com uma expressão preocupada.

Clarissa olhou para cima, seus olhos demonstravam uma mistura de emoções.

— Eu só... não esperava isso, sabe? — Ela confessou. — Foi um susto, e eu nem deveria ter vomitado daquele jeito. Desculpe por isso... Ainda estou um pouco enjoada.

Hermione, demonstrando solidariedade, segurou a mão de Clarissa.

— Está tudo bem, Clary. Ficamos assustados também.

— E ainda conseguiram nos salvar. — Acrescentou Harry, tentando dissipar o desconforto.

Rony, sentindo o peso de sua própria consciência, se desculpou.

— Sinto muito por ter sido rude antes. Eu estava errado.

Clarissa e Hermione suspiraram, aceitando as desculpas.

— Vamos esquecer isso, okay? Afinal, acabamos de enfrentar um trasgo. Isso é algo para contar aos nossos netos. — Clary murmura com um sorrisinho.

À medida que a atmosfera na sala comunal começava a se acalmar, eles decidiram se juntar aos outros colegas que ainda celebravam o Dia das Bruxas. Entre risadas, brincadeiras e doces, a tensão do encontro com o trasgo se dissipava.

Rony, sentindo que ainda precisava se redimir, aproximou-se de Clarissa.

— Clary, eu realmente sinto muito pela forma como agi. Não devia ter sido tão grosseiro.

Clarissa sorriu, aceitando a desculpa.

— Está tudo bem, Rony. Vamos deixar isso para trás.

Hermione, sempre preocupada com a situação, acrescentou:

— Acho que todos aprendemos algo com essa experiência. Talvez devêssemos nos apoiar mais.

Harry concordou, refletindo sobre a revelação da força da amizade diante do perigo.

— É, acho que temos que valorizar quem está ao nosso lado.

Juntos, o quarteto se uniu à celebração, participando das brincadeiras e compartilhando momentos de descontração. A noite, que começou tão tumultuada, transformou-se em lembranças de risadas e amizade.

E assim, no Dia das Bruxas de Hogwarts, a magia não se limitou apenas aos feitiços aprendidos em sala de aula, mas também à capacidade dos estudantes de enfrentarem desafios juntos e fortalecerem os laços que os uniam como verdadeiros amigos.







• Trechos tirados de Harry Potter e a pedra filosofal, créditos a autora (JK Rowling).

• O que estão achando dessa mudança na Hermione?

• E essa mudança repentina no Rony, o que acham?

• Fiquem de olho também na minha conta lá no Tiktok, posto vídeos lá sobre a Fanfic.

• Espero que gostem!







Graphics Do Capítulo:


Feito pela talentosa swchors.



Ela tem algo de especial que um dia todos irão descobrir...




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