𝐎𝟐, 𝐦𝐨𝐫𝐞 𝐥𝐞𝐭𝐭𝐞𝐫𝐬

meeting new people.

Pare de brincar, eu sei que você está aí
Eu sinto que você irá aparecer, então eu espero sem rumo — Don't wanna cry
seventeen


Olhou para as letras perfeitamente impressas no papel esbranquiçado, sem ao menos entender o que estava acontecendo. Era seguro enviar uma resposta? Facilmente poderia ser alguma brincadeira de mal gosto de algum colega de sua sala, o que, claramente, conseguia te deixar ainda mais pensativa.

Pensar demais te impedia de fazer algo simples.

Leu novamente pensando um pouco sobre tudo, analisando cada pequeno detalhe, desde a fonte usada, até os locais com erros embaçados da tinta. Deixou o papel sobre a cama seguindo seus passos até o guarda roupa, onde pegou uma blusa de mangas longas num tom marrom claro e um short num tom mais claro. Se arrumou por completo olhando no espelho, percebendo que faltava algo. Vasculhou o móvel atrás de alguns itens de maquiagem, achando-os em seguida. Então, não demorou muito para começar a aplicar a base no seu tom, corretivo, pó e entre outros.

Era tão difícil aceitar sua imagem ao ponto de se mascarar com produtos caros?

Mrs. Potato Head, Melanie Martinez, tocava em seu celular enquanto terminava de se maquiar, olhou-se com a fraca maquiagem, e parecia estar mais bonita, pelo menos sua mente visualizava dessa forma. Sem que pudesse dar conta, algumas lágrimas escorriam pelos seus olhos, ainda observando o próprio reflexo.

A imagem refletida não te agradava tanto, mesmo com o esforço de fazer algo sobre a pele e talvez se sentir melhor, não conseguia ser suficiente. Era difícil se aceitar, difícil não te acharem estranha, não julgarem o estilo de suas roupas, não te julgarem como um encosto nos lugares.

Talvez um abraço de seu pai poderia te ajudar naquele momento, nem que fosse mínimo.

Aquela carta parecia uma piada, olhava para o papel sobre a cama, revirando os olhos ainda com as lágrimas atingindo suas bochechas.

— Eu serei motivo de chacota. – Murmurou derrotada, limpando uma pequena lágrima que escorria timidamente.

Em seguida, pegou os pincéis de maquiagem e os colocou em mãos, abrindo uma gaveta qualquer e os guardando lá, mas antes de fechá-la, se deparou com o colar que pertencia ao seu pai. A fina corrente de ouro com um pingente de saturno, delicado e único. Sentiu seu coração aquecer e por um momento parecia que deveria responder a carta ou bilhete. Por mais que a insegurança gritasse infinitamente em seu peito.

— Eu sinto medo… – Balbuciou baixo, segurando o pingente com um pouco mais de força.

Colocou o colar em seu pescoço, soltando um suspiro fundo enquanto pegava sua mochila, deixando-a sobre seu colo, podendo abrir para pegar um caderno e caneta. Piscou os olhos várias vezes pensando no que escrever, até que enfim, as palavras saíram naturalmente.

“Oi!

Isso é algum tipo de brincadeira de mal gosto? Por favor, não faça nenhum tipo de piada, eu nem sei se te responder foi uma boa ideia, mas… eu quero saber o motivo de estar me mandando esses bilhetes, qual é a sua intenção? Me tornar a piada da escola inteira?”

Terminou de escrever respirando fundo, além de sentir seu coração quase sair pela boca. Arrancou a folha do caderno, e então a dobrou como uma carta. Saiu do quarto rapidamente, atravessando pelo estreito corredor, conseguindo escutar sua mãe falar no telefone com um sorriso maior que o próprio rosto, provavelmente estava conversando com algum dos homens que ela se diverte e esquece da vida, e de todos os seu redor.

Talvez se ela parasse de se embriagar com homens fúteis e insignificantes, teria a capacidade de te amar?

Apenas deixou a casa com pressa, e a mulher parecia não notar sua ausência, o que poderia ser bom naquela situação. Após aguardar pelo elevador, se deparou com o mesmo lotado de outras pessoas. Tremeu levemente com a visão de tantas pessoas reunidas num cubículo só. Rapidamente, apressou seus passos para as escadas, e ao descer por completo, chegou ao térreo, onde estava o porteiro limpando a bancada.

Se aproximou lentamente e ele a olhou curioso com o papel em suas mãos.

— Boa noite, senhorita! – Ele a cumprimentou gentil, ainda olhando curiosamente para o que tinha entre seus dedos.

— Boa noite! Eu recebi esse bilhete e ele dizia que era para responder entregando para você. – Explicou simplista, o homem abriu um meio sorriso.

— Oh, sim, sei do que está falando! Eu irei entregar, qualquer coisa o interfone será tocado. – O homem pegou delicadamente a folha de papel, dando um sorriso singelo em sequência.

— Obrigada!

— Tenha uma boa noite!

— Faço das suas palavras as minhas.

Voltou para o apartamento totalmente insegura de sua decisão. Não sabia se tinha tomado o caminho certo ao responder, porém, optou por deixar de lado e não pensar tanto sobre. Decidiu não comer naquele momento, afinal, de contas, a fome era praticamente  inexistente. Talvez, mais tarde, pensasse em ingerir algo.

Jogada na cama olhando para o teto vendo as lindas estrelas que brilhavam no escuro se esquecendo completamente do mundo a sua volta, por um momento você sentiu levemente o ar gélido que entrava pela janela, o que não te incomodava tanto. Quando se deu conta, o interfone tocou, se levantou com pressa e correu até o mesmo o tirando e colocando outra vez.

Seu coração acelerou.

Foi até o térreo outra vez vendo o porteiro com uma carta na mão, pelo visto seria assim mais e mais vezes.

Hey!

Isso não é uma brincadeira, eu estou tentando me aproximar de você sem ser de forma bruta, acho que você já me viu alguma vez… Enfim, eu te achei interessante e eu queria ser seu amigo. Mas se não quiser tudo bem, eu irei entender!

Aliás, pode me chamar de Kei!

Hm, isso é estranho.

Nunca tive muitos amigos, mas pode me chamar de Hera. Acho que podemos ser amigos, talvez…"

Então eu sou o seu primeiro amigo?
Que massa véi, Hera é um nome bonito!
Você gosta de gatinhos? Eu tenho um!

Nunca tive nenhum animal, minha mãe não gosta e nem deixa eu ter. Qual é o nome do seu gato?
Mas para suprir a falta de um bichinho eu posso pintar, e eu tenho várias telas aqui no meu quarto.

Meu gato se chama Kimi! Eu nunca pintei antes, quem sabe um dia você me ensine a pintar? Não seria uma má ideia, não é?

Antes de ir dormir, você tem preferência por algum pronome?"

O que é pronome?

"Misericórdia Kei!

Palavra que representa um nome, um termo com a função de um nome, um adjetivo ou toda uma oração que a segue ou antecede.

Ele/dele Ela/dela ou a linguagem neutra.

Ata, eu sou homem, acho que ele/dele?!

Guardou o bilhete em uma pequena caixa contendo somente os papéis que recebeu de Kei. Com medo daquilo ser alguma piada, encolheu-se entre as próprias pernas, apoiando a cabeça no joelho, os cabelos caindo aos lados.

Soltou um suspiro frustrado ao lembrar que não havia jantado, porém, isso poderia esperar. O céu já estava completamente escuro, as estrelas brilhavam levemente naquela imensidão negra. Revirou os olhos apenas virando para o outro lado da cama, sentindo suas pálpebras cada vez mais pesadas e, assim, não se lembrando de quando adormeceu.

No dia seguinte era um pouco esquisito estar na escola, duvidando de todos que chegavam perto de voce, afinal de contas, o medo de acontecer tudo de novo era constante. Batucava a ponta da caneta na mesa com as mãos trêmulas. O barulho intenso que ecoava em sua mente aumentava a cada pensamento, tanto que a aula nem havia começado e já parecia ser horas de pura tortura observar todos aqueles grupos conversando e interagindo.

— [Nome]! – Ainda dentro de um transe quase interminável, pode ouvir alguém chamar pelo seu nome, assim, virando a cabeça para os lados, em busca do dono da voz.

— Gabbie? – Indagou surpresa, vendo o garoto ao seu lado, estalando os dedos em frente ao seu rosto.

— Estou te chamando há um tempo e você nem escutou, ficou olhando para os lados. – Ele respondeu num tom divertido, sentando-se na carteira vaga ao lado da sua. 

Você realmente não havia prestado atenção na hora que o menino havia chegado. A turbulência de seu coração estava cada vez pior e agitada, talvez fosse o medo de ser humilhada mais uma vez. Cruzou os dedos olhando para a porta, se levantou com uma certa pressa, sempre com a cabeça baixa. Quando estava prestes a sair, se deparou com um colega que estava ali.

Analisou a curvatura magra e franzina, subiu os olhos vendo um garoto de olhos bem definidos, tatuagens nas mãos, uma parte do cabelo descolorida. O garoto mais alto sorriu de uma forma estranha te olhando por completo. As íris amarelas examinavam seu rosto com cautela, observando cada mínimo centímetro. Assim que iria sair de uma vez, sentiu sua mão ser segurada pelo moreno de antes, fazendo você se virar na direção dele novamente.

— Vai pular a aula? – Questionou olhando em seus olhos, a voz dele era rouca e áspera, fazendo seu coração errar algumas batidas. Em resposta, você balançou a cabeça em negação e viu o garoto soltar sua mão em seguida, vendo que a mesma tremia. — Ah, foi mal. 

Com esse pedido de desculpas carregado de sarcasmo, você correu até o banheiro, entrando em uma das cabines e a trancando em sequência, nem se recordava de ter tomado o medicamento pela manhã. O tempo que passou presa dentro do banheiro te permitiu respirar um pouco mais, assim, fazendo com que você saísse do recinto. Quando voltou para a sua sala, pegou uma cartela de comprimidos da sua mochila e tomou uma cápsula, vendo suas mãos que ainda tremiam um pouco.

— No fim da aula eu te vejo! – Gabbie te olhou de canto sorrindo de forma petulante.

Balançou a cabeça mesmo sabendo que iria embora antes que ele pudesse te parar. O restante das aulas conseguiram ser tranquilas, os professores passaram enormes lições para que fizessem no período da tarde, outras para serem entregues em outro dia da semana.

No horário de intervalo, saiu apenas esperando a oportunidade de se retirar do meio da multidão o mais rápido possível. De volta para a sala observou o garoto alto de mechas loiras parado olhando para um ponto qualquer, sentou-se na sua mesa abaixando a cabeça em seguida, além de observar o suco que tinha dentro de sua garrafa. Era perceptível o cheiro que o cigarro aceso emanava, manteve-se encolhida e quieta, numa tentativa de não ter contato visual outra vez.

— Era você que estava passando mal hoje? – Ele quebrou o silêncio logo depois, ainda mantendo o olhar para um canto aleatório.

— Sim. – Olhou para o garoto sentindo sua mão suar.

— Não foi embora? – Você negou com a cabeça. – Eu daria de tudo pra sair mais cedo desse lugar! – O de mechas loiras deu uma risada rouca.

— Não foi preciso – Balbuciou nervosa – Eu estou bem!

Com sua resposta, o moreno levou os olhos dourados até você e, então, você pode sentir a intensidade deles sobre seu rosto, além do sorriso divertido que tinha em lábios.

— Qual o seu nome? – Questionou curioso, dando mais uma tragada no cigarro que estava entre seus dedos.

— [Nome] e o seu?

— Hanma, Shuji Hanma. Depois vem me ver no fim da aula, vou dropar algumas balinhas, acho que você pode gostar. – Articulou convidativo, enquanto seus olhos estavam levemente arregalados com a proposta. 

Balançou a cabeça em negação, se virando para a carteira do outro lado e se lembrou de não ter ido conversar com Wakasa. Se levantou novamente saindo o mais rápido possível da sala de aula, já sentindo-se sortuda por saber o caminho correto. Dava passos largos até o seu destino, que rapidamente cessaram e a fizeram parar com a mão na maçaneta, batendo na porta em seguida, e recebendo a permissão para entrar.

— [Nome]! Que bom que veio! — Imaushi disse animadamente, logo indicando com a mão para se sentar em algum lugar.

— Olá professor Wakasa. – Forçou um sorriso pequeno, logo se sentando na cadeira mais próxima.

— Eu precisava conversar com você, sobre ir na minha clínica mais tarde, depois da aula para ser mais exato. – O grisalho parou de digitar no notebook voltando o olhar para você. — Seria bom termos uma consulta para que você me falasse sobre tudo, seus remédios só são calmantes leves pois eu realmente preciso saber se posso te dar algo mais apropriado.

— Tipo antidepressivo? – Olhou para o homem que arqueou uma sobrancelha assim que disse o medicamento.

— Antidepressivos viciam e eu realmente espero não ter que te receitar um desses, porém, eu também não posso te dar qualquer outro remédio com a maior quantidade que pode te fazer mal! – Ele gesticulava as mãos enquanto explicava, fazendo parecer o mais óbvio possível.

— Eu entendo, eu tomei um hoje quando comecei a tremer. Mas ontem eu consegui dormir um pouco, além de que recebi bilhetes anônimos, foi bem estranho.

— Iremos falar sobre isso mais tarde, depois da aula eu tenho horário sobrando, você pode ir na minha clínica – O mais velho entregou o papel com o endereço, o caminho parecia ser bem perigoso para ir sozinha. – Te espero lá, tenho aula na sua turma agora.

Agradeceu o professor mais uma vez indo até a sua sala na companhia dele, adentrou na turma caminhando até a sua carteira, onde sentou-se de imediato.

O horário parecia não passar, por mais que a matéria fosse bem explicada, era algo cansativo de se ler, as questões eram tão grandes que sua cabeça parecia zonza e extremamente confusa. Pouco tempo depois, agradeceu por ter acabado e ser o último horário, sendo ele de empreendedorismo. Não demorou muito para um homem alto adentrar a sala, ele tinha cabelo preto, lateral raspada em partes, delineado vermelho, e um traje completamente branco.

— Bom dia alunos, hoje vamos investir no futuro. E acordem um pouco, quem trabalha na cama é puta. – O moreno se sentou na cadeira deixando os pés apoiados na mesa – Sou Kokonoi, professor que vocês devem seguir o exemplo. Primeiro aprendizado: se alguém te oferecer droga, aceite, pois está caro. Qualquer forma de ganharem dinheiro, invistam, não quero aluno pobre.

— Então se eu me casar com um velho, é um bom investimento? – Cassandra se manteve com um sorriso convencido.

— Se estiver disposta, o futuro é seu.

— Kazutora fique rico para ser o meu velho rico! – A garota sorriu para o menino que a fuzilou com os olhos estreitos.

— Prefiro me matar. – Kazutora disse e Hinata começou a rir junto a um garoto loiro de olhos azuis.

— Decepção amorosa, supere e fique milionária. – Hajime aconselhou.

— Não imaginei que o professor era assim! – Senju disse ainda desacreditada.

— Terceiro ano, ninguém aqui é criança! Abram os livros no capítulo um, vamos aprender como funciona a base das enormes empresas.

Você deu uma risada fraca e se manteve calada até o fim da aula. Foi uma aula completamente engraçada, a forma como o professor explicava conseguia ser tão fora do normal que mal viu o tempo passar.

Viu Gabbie amarrar o cabelo mostrando as mechas descoloridas, também conseguiu notar  uma tatuagem em sua nuca escrito "Rose''. Achou belíssima mas ficou com medo de perguntar o significado, ou que talvez ele se sentisse desconfortável com sua curiosidade. 

Gabbie sempre foi alguém que se metia em brigas, por mais que fosse um dos mais ricos da turma ele não tinha conduta nenhuma e sempre procurava um meio de fazer da vida de Kisaki um inferno, desde as brigas bobas de infância. Por sua vez, você nunca havia se metido em brigas, o silêncio fazia as pessoas duvidarem se até conseguia falar.

Ao fim das aulas, acompanhou o menino até fora da escola, o vendo retirar uma caixa com alguns ovos na beirada da frente do colégio.

— Gabbie, o que está fazendo? – Você questionou um pouco nervosa, sem saber o que passava na cabeça de seu amigo.

— Você nunca se divertiu? – O menino deu risada pegando um ovo e acertando na cabeça do Tetta.

— Você ficou louco? Não precisa maltratá-lo dessa forma! – Você alertou rapidamente, e pode ver o outro revirar os olhos.

— Eu tenho meus motivos, enquanto ainda estiver aqui eu farei da vida dele um inferno. – O olhar medonho do menino sobre você conseguia ser bem assustador.

O com as mechas descoloridas acertou mais três daqueles malditos ovos podres na cabeça do outro garoto que saia correndo, com certeza poderia fazê-lo perder vários dias de aula.

— Olha, eu não sei quais são os seus motivos, mas não se justifica erro com erro. – Você advertiu outra vez.

— Um dia você vai entender. – O garoto revirou os olhos novamente, jogando o restante dos ovos podres na lixeira mais próxima, e não demorou muito para o cheiro ruim chegar em suas narinas.

— Amanhã ele vai voltar para entregar o dever da professora Amaya.

— Não mesmo, com todos os cadernos colados não tem como entregar um dever que preste. – O garoto de mechas loiras piscou um olho andando sem não esperar muito por você. – Vamos, você tem consulta com o Wakasa.

— Gabbie… – O outro te olhou de canto, esperando que continuasse a fala. – Deixe, não tem importância.

— Diga, se você queria falar alguma importância deveria ter. – Ele deu de ombros.

— É que você está me acompanhando até o consultório, por qual motivo? – Indagou apreensiva, olhando com cautela para o amigo.

— Eu passei perto do banheiro e acabei ouvindo um pouco da conversa, então resolvi te acompanhar. Ah, logo as meninas estão aí.

— Meninas? – Sentiu um impulso para frente com um braço em volta de seu ombro, vendo a grisalha e mais algumas meninas ao lado.

— Chegamos a tempo, e foi mal a demora, Emma ficou se maquiando no banheiro! – A Akashi riu se afastando um pouco para que as meninas pudessem te cumprimentar.

— Ah… certo. – Você ficou sem jeito, não imaginava que teriam tantas pessoas à sua volta, porém, sabia que aquela região tinha certos perigos e ir sozinha poderia ser pior.

Passou muito tempo convivendo somente com a família e uma amiga íntima, até ela se afastar pelo namoro, desde então seu ciclo social se tornou cada vez pior. Nunca havia namorado ou qualquer coisa parecida, ter pessoas à sua volta era algo realmente muito novo, e que também conseguia ser apavorante. Porém, você conseguiu perceber que o remédio que o Imaushi pediu para que tomasse realmente ajudou depois do episódio na sala.

O caminho foi divertido, os outros conversavam muito e sempre faziam perguntas deixando claro que se não quisesse responder não iriam obrigar a nada. Hinata parecia ser a mais inteligente, Emma sempre falava sorrindo e com calma, Gabbie não sabia formular nenhuma frase que não tivesse humor duvidoso, mesmo que você desse algumas risadas.

— [Nome] – Você olhou para a loira — Você tem namorado, namorada, ficante ou sei lá?

— Não, eu nunca namorei. – Respondeu em seguida, levemente surpresa com o questionamento.

— Eu tenho uma namorada, se quiser eu depois te apresento ela! – Senju disse parando em frente a clínica.

— Eu namoro o Takemichi! – Hinata sorriu e Emma suspirou fundo.

— Eu sou do mundo, o importante é beijar todo mundo – Gabbie deu de ombros te fazendo rir — Espero vocês aqui fora, tenho que me encontrar com uma pessoa.

Adentrou na clínica com as meninas, deixou a mochila na cadeira indo até a atendente falando sobre o próprio Wakasa ter lhe mandado ir lá. O homem de cabelos brancos apareceu trajado no jaleco dando um sorriso quando te viu, olhou para a mochila vendo a grisalha estar com ela, resolveu dar uma chance de confiança à menina.

Seguiu o homem mais velho até uma sala vendo uma mesa e um largo sofá azul com detalhes pratas, se sentou sentindo o estofado fofo ser extremamente confortável tendo uma imensa vontade de deitar e dormir ali mesmo.

— Pode se deitar. – O homem se sentou na cadeira preta entrelaçando os dedos. – Como foi a sua semana?

— Rotina, minha avó bebendo muito, minha mãe brigando comigo. Nada fora do normal.

Foram longos minutos fazendo diversos testes, e respondendo algumas perguntas enquanto falava sobre sua mente.

— Tem algum amigo? Observei que chegou na companhia de suas colegas.

— Eu não sei se elas são minhas amigas, Gabbie disse que ouviu nossa conversa então resolveu me acompanhar, sinceramente? Acho que foi por pena.

— O que te faz pensar isso? – Os olhos violetas te observaram com uma atenção extrema.

— Se ele ouviu o que conversamos, ele sentiu pena de eu precisar de terapia então me acompanhou. – Você respondeu como se fosse óbvio.

— Terapia é algo normal, todos precisam, mas na época passada via isso como frescura. Se ele te acompanhou até aqui pode ser por ter se preocupado também, infelizmente o caminho mais rápido é perigoso.

— Ninguém nunca se preocupou comigo, agora não batia diferença.

— Te machucaram mentalmente pra isso, com o tempo isso irá evoluindo de si mesma, não estou aqui para te forçar, meu trabalho é te ajudar a superar seus problemas – O homem viu algumas lágrimas saírem de seus olhos, já era comum aquela cena em consultas que ele fazia.

— Eu não te falei que recebi cartas? Enfim, foi estranho, mas eu recebi bilhetes, impressos, e por alguns momentos eu me senti bem. – Olhou para o teto se lembrando da noite passada, as lembranças passavam diante de seus olhos num rápido flashback. – Tenho medo de ser alguma piada comigo, devo continuar respondendo?

— Claro que sim, se for alguma piada será resolvido da melhor forma!

Imaushi tinha um sorriso lindo, confortante, a forma como ele lidava com adolescente era bem diferente, gostava de como não se sentia mal perto dele.

— Ele disse que o nome dele é Kei, eu disse que o meu era Hera. – Você complementou.

— Preferiu usar um pseudônimo? – Wakasa perguntou curioso.

— Eu gosto do nome Hera, é só uma forma mais confortável, sabe? Caso dê merda fica com o outro nome, não o meu nome real.

— Um apelido então?

— Sim. – Você concluiu.

— Bom, minha agenda é um pouco corrida, preciso de mais consultas, podemos ver isso mais vezes?

— Sim, claro.

O restante do tempo foi mais calmo, saiu completamente exausta do local, encontrando Emma saindo da sala do psicológico acompanhada da menina de cabeça baixa até a recepção, vendo Senju digitar algo no celular.

Pegou a mochila sem falar nada, retirou o dinheiro indo pagar a consulta quando foi impedida pela Akashi mais jovem.

— Não é preciso, poucos alunos fazem terapia com o professor, isso quem paga é a escola. – A grisalha informou. 

— Eu não sabia.

— Eu também não. – Deu de ombros. – Vamos almoçar, minha pressão está quase caindo. – A rosada apareceu meio fraca andando na frente de todo mundo.

Ao saírem da clínica não acharam o menino, se preocuparam indo até trás do local o encontrando logo em seguida. Não era a melhor cena ver o menino beijando Hanma, parecia uma competição de quem iria dominar quem. Ficaram inexpressivas até que eles notassem a presença das quatro ali.

— Corno, a gente estava preocupado e você aí. Não tem casa não?

— Vamos lá, boca de chaminé. – Senju e Emma te puxaram indo embora com Hina.

Gabbie demorou para acompanhar ambos, o caminho todo pode escutar Tachibana reclamar de fome, a personalidade de cada um ali parecia tão contagiante que em momentos você esquecia que estava conseguindo estar em meio social. Em outros pensava que poderiam estar ali apenas por sentirem dó.

Se manteve calada até chegar no restante, todos se juntaram e pediram uma barca e outros pratos dividindo a conta. Só você e Gabbie que ainda não haviam completado 18 anos, comeu tudo confessando ser apaixonada pelos onigiris tão bem feitos, as tigelas tinham um arroz bem temperado.

Se sentiu satisfeita ao ponto de não aguentar mais nada e recusar uma sobremesa. 

— Ainda tem o dever do Kokonoi. – Acabou pensando alto sem perceber que todos ouviram.

— Vamos na sua casa resolver juntos.

Tinha vergonha de dizer não, expressar era algo complexo ainda mais com pessoas, respirou fundo pensando se corresse o mais rápido possível e conseguisse se afastar dos outros para que não fossem em sua casa. A realidade é que não conseguiria fugir, todos ali demonstraram estar dispostos a passar a fazer o dever com você.

O caminho aparentou ter sido mais rápido que o normal, quando finalmente chegaram a comida estava pronta a avó não estava em casa, muito menos sua mãe. Agradeceu por felizmente não passar por momentos constrangedores caso as mais velhas estivessem em casa. Em educação ofereceu alimento para os colegas que te fizeram uma companhia agradável.

Por certos momentos longos o silêncio reinava, julgou ser por respeito a sua privacidade.

O que, literalmente, não durou muito.

Após descobrirem o seu quarto, os quatro colegas pareciam encantados e queriam mexer em tudo.

— Suas roupas são tão simples. – Gabbie disso revendo as roupas que tinha.

— Você tem tantos quadros!

— Muitas maquiagens! – Emma teve seus olhos brilhando enquanto olhava para os cosméticos.

Senju olhava para o trio de forma estranha, acreditou que ela estava tentando achar alguma forma de acalmar os amigos que invadiam suas coisas. Na tentativa falha de acalmarem eles se sentiu na obrigação de gritar se sentindo mal por ser tão estranho ter pessoas vasculhando suas coisas de forma tão diferente.

PAREM COM ISSO!

Os olhos arregalados tiveram a atenção virada para você.

— Chega! Eu sei que minhas roupas são simples, eu sei que tenho muitos produtos, sei que tenho muitas telas. MAS PODEM POR FAVOR ME DAR PRIVACIDADE?

Ambos deixaram seus pertences, se assustando ainda mais com o olhar estranho de Senju.

— Saiam.

A grisalha disse tão simples fechando a porta assim que os amigos saíram, a menina foi até perto de ti te abraçando sem que você retribuísse de início. As mãos trêmulas não permitiram que abraçasse a mulher, estava tão assustada que apenas fechou os olhos deixando que algumas lágrimas caíssem. Fraquejou das pernas caindo de joelhos na frente da menina que se assustou.

Os batimentos acelerados não contribuem para que acalmassem, o vento galerno invadiu o espaço aos poucos com as carícias da mais velha conseguiu respirar, se recompor mesmo com ajuda do calmante. Já era um avanço você querer vê os outros.

Caminhar até fora do quarto outra vez e ver o trio em pé com olhar piedoso junto com a culpa, abaixaram a cabeça enquanto Gabbie a manteve erguida ainda se sentindo culpado.

— Me desculpa, eu agi bem errado…

As palavras do menino eram sinceras com a expressão mais simples procurando por algum modo de demonstrar arrependimento.

— Me desculpa! – Hinata e Emma balbuciam um pouco alto.

— Tudo bem.

— Ainda podemos fazer o dever juntos?

Concordou sendo abraçada pelos quatro, era tão caloroso que sentiu que os em sua volta estavam realmente culpados.

Passou a tarde fazendo o dever com os amigos, adiantando e tentando ajudar no entendimento da matéria quando sua mãe chegou com sua avó o clima até mudou pelo fato de estranharem as pessoas novas.

Hinata e Emma foram embora já que disseram ter que ajudar alguns amigos. Se despediu das meninas dando algumas balas com recheio vendo os olhos delas brilharem.

Após arrumar o quarto parou no corredor observou Gabbie com uma taça com vinho, sua mãe estava com outra ainda desacreditada que o menino tentava de alguma forma paquerar ela. A diferença era grande, o menino tinha quase dezoito anos e sua mãe tinha quarenta.

— A senhora é uma bela mulher, confesso que estou encantado!

— Garoto eu sou mais velha, eu prefiro homens mais velhos. – o olhar da mulher era de surpresa.

— Os mais novos também têm experiência, se você me entende.

O menino piscou um olho sorrindo ladino para a mulher que tinha a taça em sua mão parada no ar. A expressão desacreditada da mulher te questionava se o momento era engraçado ou preocupante.

Senju segurou firmemente os fios do menino o puxando para cima o erguendo, seus olhos arregalaram com a força da mulher vendo Gabbie gemer de dor.

— Perdão senhora, isso não vai mais se repetir!

Deu uma risada baixa vendo o menino colocar as mãos na cabeça olhando para Senju com um olhar de dor enquanto os olhos claros pareciam fuzilar de ódio. Genuína você estava feliz por ter encontrado pessoas que conseguem te fazer sorrir de uma forma que só teu pai fazia.

Sentiu uma serotonina invadir após os amigos irem embora ao ponto de se jogar na cama e sorri boba para o teto, talvez dar uma chance realmente poderia ser uma boa.

🍒

plot by robin e louise
getoswifex ! halloweeniie
on wattpad 2022

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