𝐎𝟏, 𝐟𝐢𝐫𝐬𝐭 𝐥𝐞𝐭𝐭𝐞𝐫.
- "letter from a stranger."
"Nenhuma palavra é suficiente
para você" - Rock Whit You,
Seventeen.
A luz do sol era um incômodo, era uma quarta-feira às 06:00Hs. Os fortes feixes de luz atravessam sua janela com brutalidade, fazendo com que você abrisse os olhos com cuidado, e se acostumasse com a claridade repentina.
O maldito primeiro dia de aula, acabou mal fechando os olhos com todo o nervosismo que crescia cada vez mais dentro de si. Claramente, não era novidade para ninguém o quão sozinha você era, ter problemas de se socializar estava obviamente nítido, qualquer um ao seu redor conseguiria perceber. Tendo pais separados e ainda morando com os avós se tornava um completo inferno na terra, que, com certeza, apenas te destruía cada vez mais.
Tendo apenas como opção seguir em frente, se levantou da cama em passos preguiçosos, os olhos cansados com as olheiras bem expostas e fundas, olhou-se no espelho de seu guarda-roupa, observando seus traços com delicadeza, analisando cada mísero pedaço de pele.
Detonada, como um zumbi.
Olhou para os braços marcados com linhas finas e avermelhadas, algumas em tons mais escuros, e outros mais claros, que apenas demonstravam a dor que você sentia diariamente. Precisava tomar um banho antes que pensasse em algo que poderia prejudicar o restante do seu dia, assim, não fazendo com que sua cabeça ficasse cheia de pensamentos inoportunos.
Dava passos arrastados até o banheiro, onde escovou os dentes com calma, e logo sentiu o frio da água da manhã sobre suas costas desnudas. As pequenas gotículas gélidas batiam suavemente contra sua pele, fazendo com que você despertasse por completo, mesmo que não quisesse isso. Quando terminou de se lavar, enrolou uma toalha felpuda pela sua cintura, e saiu do pequeno cômodo, buscando suas vestes para esse dia tão desgastante.
Vasculhando o guarda roupa, pegou pelo seu novo costumeiro uniforme. Uma blusa social branca, uma saia preta de pregas não tão longas, uma gravata e um blazer escuro para colocar por cima. Nos pés, somente um sapato preto, já que a escola exigia usá-los, mesmo que fossem pequenos e machucassem seus dedos.
Em questão dos seus cabelos, optou por deixá-los presos em um rabo de cavalo simples e, por fim, decidiu não usar nada no rosto, não costumava passar maquiagem pela manhã. Colocou os materiais necessários na mochila, verificando algumas vezes que havia posto tudo no lugar. Pôs a bolsa nas costas e saiu do quarto, trilhando seu caminho para a cozinha.
Mesmo sendo costumeiro, você jamais conseguiria se acostumar com as gritarias logo cedo. Querendo ou não, era sua realidade, e você odiava isso. Os berros de sua mãe ecoavam por todo o cômodo, e o som ressoava como uma sirene extremamente irritante e torturante.
Sua presença não pareceu importar, afinal, as outras duas mulheres continuavam articulando insistentemente, gritando e cuspindo palavras dolorosas e desnecessárias.
- A senhora é extremamente desnecessária - bufou entre as palavras, cruzando os braços e olhando para a outra mais velha com puro desdém.
- Claro, tendo uma filha burra que tem um diploma em mãos, mas mesmo assim preferiu depender de um homem que te jurou amar, e cadê ele? Te trocou por uma inteligente - falou completamente irritada, dando de ombros.
- Porque não é sincera pelo menos uma vez na vida, e diz que era melhor que eu não tivesse nascido?
- Escolhi te ter por amor, toda a minha carreira foi esquecida, para nos auge dos meus setenta anos ver você depender do meu dinheiro.
- CHEGA! ASSUMAM QUE SE ODEIAM, MAS PAREM DE BRIGAR! - você explodiu, gritando com ambas, já exausta de ouvir aquelas ladainhas cotidianas. As outras mulheres te olharam desacreditadas, virando o tronco em sua direção.
- Você também [Nome], ficar trancada não vai fazer seus problemas sumirem, por isso é sozinha e sem amigos. Poderia nos dar orgulho, não?
- Tudo bem, vó. Vai falar mais o que? Falta de Deus? Demônios na minha vida? Porra, são sete da manhã e já está assim, bebe essa porra de whisky aí e se acalma - respondeu irritadiça, prestes à explodir outra vez.
- Come um pouco - a mãe disse em um tom cuidadoso, colocando para perto de você um prato com um sanduíche, uma vasilha com o lanche e um suco sem conservante.
- Perdi o apetite, só volto de tarde - disse por fim, saindo do cômodo rapidamente guardando os alimentos na bolsa.
Abriu a porta e a fechou com força, era cedo demais para perder o controle com sua família. Tapou os ouvidos tentando não escutar nada, porém, foi totalmente em vão, as vozes das duas mulheres velhas ecoavam pela dolorosa mente alheia, nem sequer sabia o que sentir, só sabia que doía, talvez sentir algumas agulhas perfurando cada pedaço do seu corpo doesse menos do que passar por isso todos os dias, como um ritual penoso.
O barulho só cessou quando estava no térreo, o elevador era mais rápido.
O caminho todo foi escutando músicas aleatórias, a imensidão do instituto era surreal, diversas pessoas por todo lado, alguns olhares se direcionaram a você. As mãos que já tremiam com mais intensidade, a garganta seca, uma imensa falta de ar, o coração quase que saindo pela boca, além das risadas aleatórias que pareciam ter se direcionado para ti, queria somente sair correndo dali e não voltar mais. O sentimento de "inutilidade" se aprofundou fazendo que você corresse para dentro do colégio procurando por um banheiro, alguns olhares se direcionaram para a forma desesperada que era nítida em seu rosto inquieto.
Tropeçava entre os passos apressados, e quando finalmente achou o que procurava, soltou um suspiro aliviado, mesmo que esse sentimento sumisse em pouco tempo.
Se trancou em um toalete ofegante, coração acelerado, as mãos inquietas, e os dentes cerrados. Alguns risos foram escutados quando a porta principal foi aberta, estava insana com tudo aquilo. Jogou a mochila no chão, e pôde encostar na mármore clara, tombando e batendo a cabeça de forma fraca contra o mesmo.
Precisava estudar, só esperava não estar em uma sala grande, não aguentava mais a tortura de salas imensas sendo a sem grupo de amigos, a que sempre ficava no canto. Talvez se você se esforçasse um pouco, conseguiria achar alguém que pudesse não te achar estranha, assim, tendo uma brecha para ser mais sociável. Todavia, nem sempre as coisas funcionam da forma que imaginamos.
Longos minutos até se controlar outra vez, não derramou uma única lágrima, a realidade é que não conseguia, possível que guardasse muitos problemas. Não seria de tanta importância no momento, pegou a mochila saindo do local, agradecendo as divindades por não ter ninguém pelo perímetro.
O lugar estava se esvaziando, tinha um papel que indicava todas as aulas e sala que você teria por todo o ano, no papel dizia: Segundo ano B. Olhou ao redor e percebeu que teria que subir os lances de escadas para o outro andar, achando uma porta escrito: 2° B.
Alí estava a maldita turma, que por azar quando abriu a porta era imensa, poderia contar mais de cinquenta alunos, que olharam para a sua direção quando abriu a porta. Alguns pareciam não ligar, algumas risadas fracas, alunos do fundo que pareciam ser insuportáveis jogando bolinhas de papel por diversão.
Disto, havia apenas três lugares, no meio da sala, e um no canto cheio de meninos davam medo.
Andou com calma indo se sentar em uma das cadeiras sendo interrompida por um grupo de meninas que já estavam gritando.
- Ei, doida! Esse lugar já tem dona, vaza - berrou uma delas, olhando para você de cima a senta no colo do menino baixo.
- Sai daqui. Menina estranha, não é? Acha que pode pegar qualquer lugar.
- Desculpa, eu não sabia - disse entre a voz quebradiça, sentindo suas mãos começarem a tremer novamente.
- Meninas, parem de palhaçada, é só um lugar! - um belo menino de cabelos pretos disse jogando uma bolinha na cabeça da menina de cabelos cacheados - É só um lugar a mina nem vai ligar.
Mesmo sem entender a situação anterior, optou por sentar na outra carteira livre. Se sentou e abaixou a cabeça, verificou o celular, fones, materiais, a cadeira que estava ficou no meio da sala, exatamente no centro, quem diria, tudo poderia piorar.
Depois de um tempo uma menina se sentou atrás de você, e pôde ouvir alguns cochichos, algo que te deixou constrangida. O menino em sua frente desenhava algo que o entretém enquanto a mestra não chegava. Trajando o uniforme o alto tinha cabelo médio, se assustou quando o menino se virou as orbes escuras se encontraram com as suas, ele tinha mechas descoloridas, usava uma gravata simples, tinha diversos brincos e piercings em ambas orelhas, no fim, dando um sorriso simples.
- Escolhe três cores.
- Assim, do nada?
- Só escolhe.
- Azul claro, branco, e vermelho!
- Mais duas.
- Vermelho e dourado - respondeu ainda confusa.
- Certeza? - o menino olhou sério com uma sobrancelha arqueada.
- Sim!
- Mais três, rápido! - a pressão era estranha mas não estava desconfortável.
- Verde musgo, dourado e branco.
- Valeu, qual o teu nome?
- [Nome] e o seu?
- Gabbie.
A professora adentrou a turma dando um sorriso para todos, que por respeito, se sentaram nas devidas carteiras esperando a fala da mestra. Um silêncio indescritível, poderia se dizer que surpreso para você que era acostumada com escolas muito barulhentas e sem respeito, abaixou a cabeça para não ser vista, falhando como sempre. A mulher de cabelos escuros olhou para sua direção apontando o indicador para que fosse na direção dela. Se levantou indo até a frente de todos, ficando ao lado dela.
- Qual o seu nome?
- [Nome] [Sobrenome].
- Você é japonesa?
- Sim, mas meus pais são brasileiros - a voz trêmula era ecoada pela turma que fazia um silêncio extremo, era incrivelmente notório o quão fraca a voz estava.
Os olhares pareciam devorar a menina.
- Que incrível, seus traços são realmente bonitos, imagino que veio dos pais - a mulher velha sorriu gentil tentando não assustar - Turma, como ela é a única que entrou sendo novata nessa turma esse ano, espero que cuidem bem dela.
- Virei mãe dela agora? - a menina que sentava atrás de você riu divertida com as outras em sua volta.
- Cassandra, menos, no primeiro dia de aula, me poupe dor de cabeça.
A porta da sala foi aberta revelando uma menina de cabelo cinza sendo bem baixa, usava o cabelo solto e o blazer apoiado no braço e mochila de um lado só.
- Perdão o atraso da professora Amaya, tive problemas em casa e demorei. Aluna nova? - a professora concordou balançando a cabeça - Prazer sou Senju Akashi, líder da turma!
A menina estendeu a mão e você correspondeu apertando. Por um momento ela pareceu ter ficado nas fitas que protegiam seus braços, acreditou ter se enganado.
- Mais um ano com ela na liderança? - um menino loiro de óculos reclamou, sentado no fundo.
- Kisaki, cale-se! - uma menina de cabelo curto e rosado batucava uma caneta colorida na cabeça.
- Como se mais alguém dessa turma tivesse capacidade de liderar, me poupe Kisaki. Além disso, aquela é Tachibana Hinata e a outra é Emma Sano, vice-líder da turma.
Você se afastou voltando até sua carteira abaixando a cabeça, enquanto a aula foi iniciada.
A professora realmente explicava muito bem, durante os dois horários de biologia pode entender bem a matéria e todo o sistema do corpo humano. Por mais que se sentisse incomodada com todas as risadas e cochichos, notou um grupo de amigos sentados no fundo, todos pareciam bem próximos.
Uma dupla do menino Kisaki e seu amigo que parecia ser muito mais velho eram bastante barulhentos, pareciam ser do tipo que irritavam por querer.
Mais e mais tempo.
A hora do recreio passou na sala, não gostaria de ter que passar no meio de todos aqueles olhares monstruosos. O silêncio reinava enquanto degustava do lanche que havia trago, comeu tudo e guardou as vasilhas. Tinha sua total atenção voltada para um livro qualquer que havia pego, até dar o horário da turma para a volta da sala. O tempo parecia não passar e ainda mais se sentindo sufocada, conseguindo ver todos, mesmo eles não estando ali. Correndo para fora da sala sem rumo algum, apenas procurando ar e entrando numa sala qualquer, acabando por se separar com um homem com um jaleco branco olhando atentamente ao seu desespero.
- Posso te ajudar em algo?
Aí estava o problema, não conseguia falar, apenas tremia, sentia que iria ter uma síncope a qualquer momento.
- Venha comigo - a mão grossa do menino foi estendida no momento estava próximo de ti, com ajuda dele se sentou em uma cadeira - Não irei te fazer nada, tome isto.
Um pirulito foi entregue e de imediato retirou o plástico em volta colocando o doce na boca, fora longos minutos até conseguir finalmente apresentar melhora. Um enorme peso e vontade de chorar, não sabia se deveria correr daquele homem também.
- Sou Wakasa, psicólogo, psiquiatra e professor de filosofia da escola, não se assuste, eu apenas estou aqui para o bem dos alunos.
- E-eu... sou, [Nome].
- Você já foi em um psicológico ou psiquiatra antes?
- Sim, eu juntei um dinheiro para ir em um hoje, não sabia que a escola tinha um.
- Temos sim, foi um pedido meu, tenho muitos alunos que precisam disso.
- Eu... tenho um laudo. Está na sala!
Saiu correndo outra vez indo até a sala de aula, já havia alguns sentados lá, guardou os materiais na bolsa pegando os papéis antes de fechar a mochila e sair outra vez se sentido devorada com os olhares. Entrou na porta do psicólogo sem avisar, fechou entregando as folhas se sentando outra vez.
O médico folheava tudo com a devida atenção, dando algumas anotações numa folha, parou de prestar atenção entrelaçando os dedos e apoiando o queixo nas mesmas.
- Você toma algum remédio?
- Nenhum.
- Você iria com algum responsável?
- Não, peguei o dinheiro da pensão do meu pai e iria sozinha.
- Sua mãe é ocupada?
- Na verdade, desde que o meu pai morreu de acidente ela não me dá atenção, então eu pego o dinheiro e tento me virar sozinha.
- Certo, tem mais algo que acontece?
- Minha avó costuma beber muito whisky, eu não consigo ficar em meio social, me sinto devorada como se estivesse morrendo e tenho certeza que minha mãe me odeia. - Olhou para um canto aleatório se sentindo observada. - Tem alguém nos observando?
- Não, não tem! Como tem tanta certeza que sua mãe te odeia?
- Ela só se importa se vai ter algum namorado ou ter alguma roupa nova, recentemente ela se separou do namorado que a traiu com a secretária.
- Talvez ela possa não saber demonstrar.
- Ela não gosta mesmo, vive dizendo que eu arruinei a carreira dela mas que me teve por "amor de mãe" - deu uma leve risada tentando não chorar - Parece até piada.
Ele continuava anotando cada detalhe num bloco.
- Irei te passar esse remédio e te dar mais alguns doces, toda vez que se sentir perto de um crise foque em apenas mastigar até que se sinta mais leve, o remédio é um por dia, iremos fazer um teste se tomar um inteiro e tiver efeito muito forte podemos usar apenas metade da dosagem. De acordo?
- Quanto é o remédio?
- Irei te dar duas cartelas, depois você compra mas vai durar bons meses com isso.
- Obrigada.
- Te vejo na aula de filosofia, já peguei muito tempo seu, volte para a aula.
O belo homem deixou alguns doces do lado das caixas de medicamentos, você pegou junto aos papéis agradecida direcionando seus passos até fora da sala, onde havia um Senju encostada na parede olhando fixamente para os seus olhos, abaixou a cabeça saindo sem falar nada com a garota. Ao chegar em sua sala de aula, já estava tecnicamente cheia, mesmo faltando alguns alunos.
Guardou os remédios e doces tentando prestar atenção na aula, pegou um papel que tinha impresso com o nome de todos os professores.
Izana - Matemática
Takeomi - Português, Letras
Wakasa - Filosofia
Benkei - Educação Física
Amaya - Biologia e física
Kokonoi - Empreendedorismo
Inui - Artes e literatura
Minatozawa - Sociologia
Shiganokiwo - História
Ran e Rindou - diretor e vice diretor
Prestou bem atenção nos nomes antes de guardar o papel outra vez, de restante, as aulas foram simples já que era o primeiro dia de aula.
No final da aula foi a última a ficar na sala, pegou certa quantidade de dinheiro contando para ver se era o suficiente, se levantou colocando a mochila nas costas se deparando com Gabbie na porta, com um sorriso animado nos lábios.
- JÁ VIU O JARDIM NO FUNDO DA ESCOLA?
- Não... - Mal deu tempo que você tivesse a chance de responder, já que teve seu braço bruscamente puxado pelo outro garoto.
Ele te arrastou até os fundos da escola, apertando a própria mão livre com força para que as notas de dinheiro não voassem. Quando finalmente pode respirar, se deparou com a linda imagem de um jardim cheio de flores das mais variadas cores, o verde vivo das folhas, o vento frio e refrescante a fez esboçar um pequeno sorriso. Por um momento se esqueceu que o menino segurava seu pulso e uma risada divertida foi ouvida.
Voltou para a realidade olhando para o menino, que te olhava estranho.
- Chiclete.
- Eu não tenho chiclete.
- No seu cabelo, tá grudado. - Apontou para alguns de seus fios, sujos com a goma esbranquiçada.
O menino tentou tirar o doce grudento que não saia de forma alguma, estava quase petrificado, estava prestes a cair no choro novamente, provavelmente poderia ter sido a tal Cassandra. Um barulho de tesoura rápida foi escutada e, assim, mostrada uma pequena mecha de seu cabelo entre os dedos do menino.
- Tive que cortar, está melhor agora. - Disse orgulhoso, mexendo a mecha de um lado para o outro.
Você apenas o olhou incrédula, questionando-se a razão de ainda estar ali, com um garoto desconhecido, que acabara de cortar um pedaço de seu cabelo.
- Eu tenho que ir. - Tropeçou entre as próprias palavras, seguindo seu rumo para dentro da escola outra vez.
Saiu o mais rápido que pôde, sem dar satisfação alguma, não se atreveu a olhar para trás, nem por um mísero momento. Precisava sair dali o quanto antes, as músicas que tanto gostava não iriam ajudar em nada, podia ouvir as risadas das outras ecoarem na sua mente.
Era tão difícil não ser normal. Pelo menos você pensava que seria anormal.
Quando chegou na biblioteca foi recebida pela atendente que já te conhecia por ter ido lá outras vezes. Pegou uma ficha indo para o canto mais fundo da biblioteca, ninguém ia para aquele local, era uma espécie de cantinho seguro para você. Ainda tinha um lanche que não comeu no intervalo da escola, porém não lhe era suficiente, precisava de um expresso para tentar se aliviar.
Deixou os pertences escondidos enquanto iria sair da biblioteca, a cafeteria era ao lado, o pouco dinheiro na mão seria o suficiente, por mais que os olhos estivessem vermelhos ninguém se importaria. A fila curta foi de impressionar, o local sempre estava muito cheio. Ao chegar sua vez, escolheu um espresso grande para levar e mais uma torta. Voltou para a biblioteca, se acolhendo no mesmo cantinho, ficou em silêncio buscando por algum livro interessante que estivesse nas prateleiras. Comia enquanto lia cada página, que até então era um romance policial.
Aproveitou para tomar o remédio, a única cápsula desceu rasgando pela sua garganta, porém não se importou tanto, voltando a ler. A reação da pílula não aparecia por nada, pensou que poderia ter sido uma dosagem fraca ou até que seu organismo havia agido forte com o remédio. Todavia, esse pensamento havia sido em vão. Seu corpo e suas pálpebras pesadas, sentiu uma fraqueza agonizante. Seus pensamentos ficavam cada vez mais turvos e lentos, ao ponto de mal se formularem. Focou sua visão em um ponto específico, mas sentia seu corpo cada vez mais pesado. Piscava lentamente até chegar o momento que não se recordava quando adormeceu.
Acordou com sua mãe te chamando, os cabelos bagunçados, olhos minimamente abertos, o uniforme da escola, a luz acesa do quarto e a mais velha te olhando impressionada.
- Ainda está viva, tome um banho e vá jantar. - A mais velha emitiu ao passar a mão na sua testa, saindo do recinto em seguida, deixando-a sozinha, novamente.
Não se lembra de ter voltado pra casa, muito menos do que aconteceu depois de ter ido para a biblioteca. Soltou um bocejo preguiçoso, se espreguiçando em seguida, e trilhando seus passos cansados para fora da cama. Quando chegou dentro do banheiro, apenas retirou o uniforme amarrotado o deixando sobre o chão, poderia se preocupar com isso depois. Assim que sentiu a água quente sobre sua pele, e a sensação de seus músculos menos tensos, pôde soltar um suspiro de alívio. Aproveitando a situação, lavou o cabelo, fazendo com que se sentisse mais leve, até a dor de cabeça desapareceu após se banhar.
Se sentou no canto da cama, notando um papel sobre a mesma. Levemente confusa, pegou a folha branca, sentindo a textura na ponta de seus dedos. Agora, estritamente curiosa, desdobrou a folha com cuidado, podendo ver as letras perfeitamente imprimidas.
"Oi!
Hoje eu te vi na biblioteca e na escola, percebi que você não fala muito e queria ser seu amigo, podemos ser amigos?
Se não quiser responder é somente não entregar para o porteiro uma possível carta de resposta, irei entender seu lado!
Seu vizinho!"
Ficou observando a carta impressa, piscou em confusão algumas vezes. Aquilo era novo e, de uma forma interessante, muito intrigante. Porém, o que mais te deixava curiosa era o seguinte questionamento:
Quem havia mandado?
🍒
plot by maria e louise
getoswifex! halloweeniie
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