11.Fugindo
Os olhares de Endeavor estavam cada vez piores, eu mantive meu semblante inabalável, mesmo que por dentro sentisse que estava completamente sem saída.
-- Vamos heroína, por aqui. -- Desviei meu olhar para o ruivo uma última vez antes de seguir o que Minutes decretou. Eu não posso ser vista aqui na área onde as lutas ocorreram, uma vez que todos os meus colegas acham que estou em repouso e deveria mesmo, então segui o herói até o posto e, quando avistei de longe o cabelo bicolor, dei um perdido e me escondi, mandando uma mensagem para Enji avisando que estaria na evacuação de civis. Eu não estou afim de ouvir reclamação por que fiz o certo.
Quando cheguei ao local, pedi desculpas pela demora e me pus a ajudar aos primeiros socorros daqueles que ainda não haviam recebido, depois fui para a parte da distribuição de água e foi ali que encontrei Uravity, fazendo galões flutuarem e um dos big three segurando a peça para não ir ao chão com muito impacto. Apesar de toda a confusão, grande parte da cidade ficou intacta, mas o centro comercial já era e isso só me deixa mais curiosa a respeito do que os vilões levaram.
Eu comecei a imaginar diversos itens que poderiam ser fundamentais, mas nada ficou conclusivo na minha mente, quer dizer, a Liga não é do tipo que se empenha em roubos ou itens valiosos. Eles querem mais é causar o caos como um bando de arruaceiros.
Continuei ajudando da melhor forma possível e notei que os heróis principais estavam distantes conversando com um senhor e só por esse motivo sei que estão falando sobre o roubo. Cadê a Hagakure quando precisamos dela? Era só ela ficar pelada e em silêncio que saberíamos do assunto.
Respirei pesado, eu preciso dar um jeito de descobrir o que foi levado, talvez eu possa ajudar e... Há quem eu quero enganar, é a minha curiosidade que está me matando.
O tempo passa rápido enquanto estamos fazendo o bem, quando menos dei por mim já tínhamos acabado e óbvio que saí de fininho. Veja bem, eu estou aqui contra vontade daqueles que me conhecem, porque deveria estar de repouso devido ao envenenamento e já utilizei minha individualidade diversas vezes e posso afirmar que estou bem, pelo menos é assim que me sinto, porém, tem um herói grandão que não vai concordar e prefiro evitar problemas, pelo menos por enquanto. Com isso em mente, sumi o mais rápido possível, voltando ao ponto de apoio anterior, mas precisamente perto de onde ele me deixou.
É Yuka, você provavelmente se fodeu... Pensei antes de encarar o Herói número um, que vinha em minha direção claramente com raiva.
-- Nós vamos ter uma conversinha -- a voz de Endeavor estava baixa como se falasse por entredentes e apenas respirei calmamente antes de sorrir para ele como se nada tivesse acontecido.
-- Claro, Enji. -- Sussurrei e ele cruzou os braços, porém antes que pudesse continuar a praticamente me comer no esporro e não do jeito que eu gostaria, ele foi chamado e obviamente eu aproveitei para verificar se ainda precisavam da minha ajuda e, após isso, eu fui para a minha casa.
Aproveitei que estava sozinha para pôr minha beleza em dia, coisas como depilação, skin care e cuidados com o cabelo que já estava com pontas duplas.
Depois disso, liguei a TV pois o noticiário iria começar e sei que Endeavor estará no ar, afinal de contas, diferente do All Might que permaneceu um mistério por décadas, Endeavor não tem essa opção.
[...]
Já passava das nove horas quando a campainha da minha casa tocou sem parar, relutante fui abrir a porta no meio da minha programação favorita, apenas para dar de cara com Shoto com as mãos nos bolsos e uma cara nada agradável.
-- Você não deveria estar lá. -- O bicolor adentrou meu apartamento e esperou que eu fechasse a porta.
-- Boa noite pra você também, Shoto.
-- Yuka, você é muito irresponsável! -- Revirei os olhos.
-- Amor, eu sei que ficou preocupado, mas eu estou bem e sei que não consigo ficar longe da ação por muito tempo. Agora me conta o que aconteceu. -- Arrastei Shoto até o sofá e o fiz sentar. -- Me diz que você conseguiu descobrir o que foi roubado.
Ele revirou os olhos antes de se apoiar melhor no sofá.
-- As plantas de todas as prisões de Musutafu. -- Fiquei em silêncio ao ouvi-lo.
-- Até as do tártaro?
-- Não, elas não estavam lá. Na verdade, ninguém soube responder a respeito, parece que o único que sabe a localização do que realmente há por baixo da prisão é a própria construtora, mas algo me diz que essa planta está na proteção de algum herói.
Shoto estava tão concentrado e eu parei para refletir sobre, com todas as plantas, é fácil de libertar os vilões que querem e precisam, como se não houvesse mais lugar seguro nesse país, se bem que...
-- Eu já sei onde elas estão! -- Afirmei, batendo as mãos e atraindo a atenção do Todoroki. -- Pensa comigo, qual é o local mais seguro desse país? A escola!
-- Nem mesmo nós, os alunos, sabemos de suas dimensões e se... Estiver lá?
-- Aí, seria uma loucura, mas faz sentido, afinal Ereaser, present Mike, o próprio All Might, entre tantos outros, são nossos professores.
-- E sabemos que a escola tem um bom sistema de defesa, do contrário estaríamos fodidos. -- Recostei no sofá e dobrei minhas pernas pensando no ocorrido dessa semana e isso me despertou ainda mais curiosidade.
-- Shoto, você já sabe para onde nós vamos? Quer dizer, a agência do seu pai foi de base e seremos redistribuídos, não?
-- Ele deve concentrar os melhores por perto e Hawks e Mirko devem pegar o restante. Agora eu preciso ser sincero com você, eu não vim até aqui apenas para saber como você estava. -- Ele me encarou seriamente. -- A sua matéria está toda atrasada e eu trouxe para você, então vamos logo adiantar.
Choraminguei só de pensar, com a nossa vida corrida de super-herói, eu esqueci completamente do estudo prático.
[...]
O despertador tocava sem parar e estava difícil de alcançar.
-- Shoto, pelo amor de deus, desliga essa porcaria! -- Reclamei e ele nem se moveu. Deve estar bem cansado, já que passamos parte da noite estudando. Levantei e fui até o banheiro escovando os dentes e depois me arrastei para a cozinha, ainda esfregando meus olhos.
Merda, merda eu nunca mais deixo o Shoto me convencer a estudar até tão tarde!
Se bem que sou muito cara de pau, se fosse para estar na cama do pai dele, eu não estaria reclamando, então realmente eu não tenho jeito. Segui até a geladeira já que resolvi preparar umas panquequinhas doces e, ao me virar com as coisas, tive a melhor das visões:
Ali bem na minha frente, sem jeito algum, Fuyumi, utilizando um pijama azul claro, me olhava envergonhada. Mal sabe ela que estou ficando com o pai...
-- Bom dia, Fuyumi!
-- Bom dia, Yuka. Posso ajudar? -- Respondeu já prendendo o cabelo.
-- Claro, vou fazer panquequinhas. -- Eu amo as comidas dela.
-- Ah, então eu asso uma massa para o café.
-- Vai ser ótimo! -- Começamos a cozinhar e eu sinto que ela quer falar alguma coisa. Fuyumi, hora ou outra, desvia o olhar discretamente para mim e com isso respirei fundo, prefiro dar o passo inicial do quê ficar esperando, principalmente por ela sempre aparentar ser cheia de vergonha.
-- Fico feliz que esteja com a minha irmã e não se preocupe, não vou contar nada.
-- Ah... Claro. -- Ela ficou da cor de um morango e dei um sorrisinho.
-- Fazem um casal tão bonitinho!
-- Eu e a Rumi estamos nos conhecendo, só isso. -- Ela está cada vez mais envergonhada.
-- Ah claro... -- Eu sei que minha irmã possui uma lábia desgraçada, tadinha dela.
-- E por falar nisso, escuta Yuka, eu queria te dizer algo.
A seriedade dela me deixou ansiosa.
-- Certo dia, você deixou a sua bolsa lá em casa.
-- Há claro, foi um tempo depois da festa e...
-- Uma camisa sua também estava lá. -- Não entendi onde ela quer chegar.
-- Eu fui arrumar as roupas e descumpri uma das regras, então achei uma camisa sua no quarto do meu pai.
Ok, agora fudeu. Eu não consigo nem mentir pela minha expressão, respirei pesado e fechei meus olhos, depois sorri um pouquinho pensando na desculpa perfeita.
-- Eu também descumpri a regra de nunca entrar no quarto dele. Acabei me escondendo por lá naquele dia da festa e a camisa foi a consequência disso. Me desculpe, não farei mais. -- Fiz uma pequena reverência de desculpa e ela sorriu abanando as mãos.
-- Não precisa disso, mas obrigada pela explicação. -- Ela me olhou intensamente, acho que não caiu nessa desculpa, mas foi o que deu para inventar no momento de nervosismo. -- Eu só queria deixar tudo claro e se você e o meu...
-- Fuy? -- Fomos interrompidas pela voz de Shoto que arrumava os cabelos após sair do meu quarto e o clima ficou tenso. Parece que a Todoroki não estava pronta para assumir sua sexualidade, seja ela qual for, e ver logo o mais novo de manhã, na casa da Crush não é um bom começo.
-- Bom dia, Shoto, você dormiu aqui?
-- Foi o que eu menos fiz. Passei boa parte da noite acordado por que Yuka é muito lenta! -- Reclamou.
-- Bom dia para você também, docinho! Eu não sou lenta, mas você queria ficar repetindo e eu cansei! -- Reclamei, voltando à massa.
-- Você cansou? Nem terminamos ainda, então come logo e volta para aquele quarto de uma vez. -- Shoto pode ser um doce no dia-a-dia, mas quando estar irritado esse moleque parece uma versão adolescente do pai!
-- Hã? Mas nem ferrando! Vamos comer, tomar um banho e sair. -- Pisquei para ele, que revirou os olhos.
-- Francamente por que eu ainda me importo?
-- Por que você me ama, Shoto, repete comigo. Eu te amo, sua deusa! -- Desviei meu olhar para Fuyumi, que estava vermelha e não entendi porra nenhuma.
A última a se unir a nós foi minha irmã, que sorriu com malícia para mim e Shoto antes de passar por Fuyumi e alisar o topo de seus fios desejando um bom dia. E puta que pariu, eu nunca vi a Todoroki tão sem jeito. Rumi não vale nada, pois só pelo sorriso sei que ela percebeu.
E assim minha manhã continuou maravilhosa com a presença dos Todorokis, mesmo que eu ainda esteja incerta com o que Fuyumi queria me dizer.
[...]
Shoto encarava a namorada de maneira fulminante e, por incrível que pareça, ele está um pouco chateado, o que me faz crer que o paraíso está com problemas e, assim que acabar a nossa distribuição, irei conversar com ele.
Enji assumiu a reunião enquanto Cementoss parou ao seu lado. Ao que parece, o herói está ajudando com a construção, mas não poderiam fazer mais porque além de dar aulas, ainda tinha que retornar para as ações heroicas pela cidade.
-- Serei prático, não há motivos para uma conversa longa, a agência não está nas melhores condições, então aqueles que desejam continuar com os treinos passem para a agência do Hawks, instrução de combate Miruko, o restante poderá se estabelecer comigo nas antigas dependências de Sir. Nighteye, a Bubble girl junto a Burnin dará as coordenadas para as missões de reestruturação. Alguma pergunta?
Todos continuaram calados, o semblante de Enji não é dos melhores e, sinceramente, é bem capaz de estarem com medo de pisar no calo dele.
-- Ótimo, Burnin assuma. -- Assim que a heroína de pavio curto assumiu, Endeavor desceu do pequeno palco, conversou com Blade e desviou o olhar para mim e puta que pariu, eu estou muito lascada.
Esse não é o olhar de uma possível repreensão, ele está visivelmente irritado pela minha atitude e eu conheço muito bem a linguagem corporal dele para saber que devo encontrá-lo no escritório, uma vez que Cementoss reestruturou os ambientes mais importantes, como a sala de reunião principal onde todos nos estamos agora, o escritório do herói número um e os banheiros, afinal não dá pra sair por aí caçando um local.
-- Você aprontou, não é mesmo? Meu pai está com ar de quem irá te matar. -- Shoto sussurrou sem tirar os olhos da namorada, até que ele não é tão lento quando quer.
-- Você também, vai logo atrás dela, Shoto. -- Respirei pesado e aos poucos me afastei. Quando mais rápido encarar Endeavor, mais fácil será.
Entretanto, esses pensamentos morreram quando cheguei na porta do escritório dele. O olhar do ruivo foi direto para mim e dei meu melhor sorriso antes de entrar após ver o sinal.
-- Tranca a porta, Yuka. -- Senhor, tenha pena de mim, fiz como mandou e ele baixou a única persiana que dava visão para o salão.
-- Você tem a mínima noção do que faz? -- Agora, Endeavor cruzava aqueles braços enormes na frente daquela maravilha de peitoral ao se recostar na mesa de escritório e me encarar de cima.
-- Olha eu só estava tentando trabalhar.
-- Descumprindo uma ordem? É assim que age com uma heroína que deveria ser disciplinada?
E lá vamos nós para uma conversa que com toda certeza vou evitar ao máximo.
-- Eu estou bem. -- Revirei os olhos, notando os braços dele rígidos e o olhar mais sério que o normal, além daquela barba de fogo, tão sério que eu não consigo desviar. Em um movimento único, o ruivo apertou a madeira de mesa e aí parte da minha sanidade foi embora.
Disciplina hum? Essas foram as palavras dele, se bem que, parando para pensar, olha o tamanho dessa mão... Imagina esse homem me dando um tapa, segurando no meu pescoço, senhor... EU PRECISO!
-- YUKA! -- Enji me chamou rispidamente e meu corpo arrepiou, porra, por que eu sou assim?
-- Sim, mestre -- Resolvi tentar algo, se der certo, eu fujo da possível discussão e ainda consigo me divertir com ele.
-- M-mestre, que merda é essa, Yuka? Você ouviu alguma coisa do que eu disse?
-- Claro, claro. Se você for me punir, eu aceito! -- Comentei e o observei desfazer a barba, além de passar a mão pelo rosto .
-- Yuka você não pode ficar brincando com algo assim. A conversa que temos aqui é séria, seu estado de saúde não estava perfeito, você descumpriu minha ordem e ainda por cima acha que está em condição de fazer alguma piadinha?
-- Enji... Eu estou bem, e sou toda sua também -- desconversei e ele arqueou a sobrancelha e vi aqui minha oportunidade. -- Qual é grandão vai dizer que você nunca quis me punir? -- Me aproximei mais. -- Me colocar na linha e fazer com que eu me arrependa por ser tãããão indisciplinada.
Olhei nos olhos dele e notei que Enji ficou extremamente desconcertado e só por esse motivo já sei que escapei da minha punição, pelo menos foi o que eu imaginei. Enji trincou o maxilar e ao soprar pelos lábios saiu um pouco de fumaça, deixando claro que ele está com raiva... muita raiva.
-- Você vai trabalhar comigo hoje e se fugir terá um verdadeiro problema.
O ruivo se levantou, foi até a porta e destrancou e só consegui encarar esse peitoral largo, acho que passei um pouquinho dos limites.
Fiz um painel das minhas fics de BNHA. Todas podem ser encontradas no meu perfil. Exceto minha beta que é um spin-off e está dentro de Sicárias.
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