18. Preciosidade.

Dois dias antes.

Volterra.

Aro tocou a mão de Edward, e foi a primeira vez que, indiretamente, colocou os olhos naquela inigualável criatura, e viu a forma como a mente dela ficava quando Edward tentava lê-la. Nublada, protegida. E era como se Aro pudesse sentir a influência que ela tinha sobre todos ao seu redor, encatados, eram como se sentiam. Raro, era o que ela era.

Não, isso não era sobre Isabella.

Por mais fascinante que fosse a imunidade dela para todos os seus dons, havia algo mais intrigante.

E essa era a garota ruiva, companheira do Deus da Guerra. Aurora, era o seu nome. E ela teria um dom extraordinário, que Aro havia apenas ouvido falar, e nunca teve a chance de presenciar em todos os seus séculos. E ela nem parecia se dar conta do quão especial era.

Una preziosità. — Aro sussurrou, ainda na mente de Edward. E o telepata nem desconfiou que Aro não estava falando sobre Bella.

E Alice lhe mostrou sua visão, de que as duas humanas seriam vampiras. Sim, é claro que seriam. Não seria ele a interromper a transformação daquela que seria a peça mais preciosa de seu jogo. Sim, Aurora seria como eles, e ainda melhor.

— Eu quero a garota. — Ele disse, quando todos os Cullen estavam longe demais para saber. — Aurora será uma Volturi. — Ele sorriu sadicamente, como se a batalha e a guerra já estivessem ganhas. Como se o prêmio fosse Aurora, e já pertencesse à ele.

Agora.

Montanhas de Fernie - Canadá.

A única coisa que Jackson sentiu quando o carro bateu no que lhe pareceu uma rocha maciça e gigantesca, foi um solavanco forte. Depois disso, o carro capotou, caindo pelo desfiladeiro, por quase cinquenta metros antes de parar, de cabeça para baixo.

Sangue. O cheiro era forte, e inconfundível. Jackson chutou a porta do carro e saiu rápido, sem nenhum arranhão, e apenas poeira e neve em suas roupas. Ele rapidamente arrancou a porta do lado do motorista.

Aurora estava inconsciente, ferida, e sangrando. O que mais preocupou Jackson foi ver o nariz e os ouvidos dela sangrando. O batimento cardíaco estava diminuindo.

— Não faz isso comigo, Aurora. — Ele a tirou com do carro, com o máximo de cuidado que pôde, e a deitou na neve. Não houve nenhuma reação. Era uma hemorragia interna. Aurora morreria, Jackson sabia. Nem se eles chegassem a um hospital em um minuto, os humanos não poderiam salvá-la.

Jackson nem sabia que poderia sentir alguma dor depois de morto. Mas ali, ele sentiu. Ele teve medo de perder sua amiga. Ele teve medo que Jasper, seu irmão, perdesse a mulher que amava.

Jackson mordeu Aurora.

Por longos segundos, nada aconteceu. Ela continuou inconsciente, como se não sentisse a dor da transformação. Ela não sentiria mesmo, porque seu corpo havia desligado de tanta dor.

Não havia volta.

Jackson a pegou novamente, e correu de volta para a casa. Ele a colocou no sofá, concentrado nos batimentos fracos de seu coração. A pele de Aurora estava ferida, manchada pelo sangue, e sua roupa estava molhada. Ela parecia tão frágil agora, que fez Jackson se sentir impotente.

— Você estava certa. — Ele murmurou. — Eu não posso mais ficar sozinho. E não posso perder uma amiga. — Ele caiu sentado, com as costas contra a parede. — Por favor, não morra.

E assim, ele ligou para Jasper do celular de Aurora. No terceiro toque, o amigo atendeu, e achou que fosse a noiva.

— Querida...? — Se fosse capaz, Jackson estaria chorando agora.

— Volta pra cá... — Sua voz mal existia agora.

— Jack? Cadê a Aurora.

— Eu sinto muito... ela não está bem. — A ligação ficou muda, foi desligada. E Jackson ficou encarando o celular em sua mão. Até que viu a mensagem não ouvida. Ele a reproduziu.

— Aurora, você não pode sair de casa. Vai acontecer um acidente, algo vai atravessar na frente do seu carro. É um vampiro. Não saia de casa. Você não pode morrer, Aurora. — Jackson sentiu algo que não sentia em muitos séculos, um aperto em seu coração parado.

Ele ligou para o número que havia deixado a mensagem. Ele sabia ser a irmã vidente de Jasper. Ela atendeu logo no primeiro toque.

— Eu nem te conheço, nunca falei com você, mas eu tô implorando pra você me dizer que viu que Aurora vai ficar bem. — Ele estava no limite, implorando para uma desconhecida.

Você foi o homem que a mordeu. — A voz suave falou do outro lado.

— Me diz que deu tempo. — Ele pediu.

Deu. — Ela respondeu.

— Não está me tranquilizando, certo? Está dizendo a verdade?

Qual seu nome? — Ela perguntou.

— Jackson. — Respondeu aos sussurros.

Jackson, eu garanto que ela vai ficar bem. — Ele não soube ao certo o porquê, mas se tranquilizou com a palavra dela. — Ela teve sorte por você estar lá.

Ele realmente queria acreditar que fosse verdade.

— Obrigado... — Ele lembrou que não se recordava do nome dela.

Alice. Me chame de Alice. — Ela disse. — Nos vemos em breve, Jack. — E ela desligou, antes que ele tivesse a reação de responder. A estranha vidente o havia deixado com a singela esperança de que tudo fosse ficar bem.

Mas quando Jasper apareceu, quando ele viu Aurora daquele jeito, parecendo estar morta, quando ele caiu de joelhos diante dela, seus olhos se perdendo no vazio, Jackson achou que nunca fosse realmente saber qual era a sensação de morrer de novo. Aquela era a sensação. A que Jasper sentia agora.

Ele abraçou o corpo inerte de sua noiva, deslizando os dedos pelos fios ruivos, molhados pelo sangue dela. Fria. Era como ela estava. Seu coração mal podia ser ouvido.

— O que foi que aconteceu? — A pergunta saiu depois de longos minutos em silêncio. Jasper mal reconheceu a própria voz. Por dentro, ele estava gritando, quebrado.

— Eu não sei. — Jackson disse, colocando a mensagem novamente para Jasper ouvir. O Major rangeu os dentes, segurando as mãos frias e feridas de Aurora contra as suas. — Não vimos nada. Eu só senti o cheiro... e ela já estava... — Ele nem conseguiu completar. — Eu a mordi. — Jasper nem precisava ouvir aquilo. Ele havia visto a marca no pulso dela. — Sua irmã disse que deu tempo. — Foi a única coisa que fez Jasper desviar o olhar.

— Alice a viu se transformar? — Jackson assentiu. Jasper fechou os olhos enterrando o nariz nos cabelos de Aurora. Seus olhos ardiam pelas lágrimas que nunca seriam derramadas. — Não era para ser assim. — Ele murmurou. — Devia ter sido calmo. Tinham tantas coisas que ela queria fazer antes.

Jackson esfregou o rosto com as mãos.

— Eu sinto muito. — Ele murmurou. Jasper o olhou.

— Não é sua culpa. — O loiro disse. — Não se desculpe, se não fosse por você ela teria morrido, eu teria morrido. Você fez o que qualquer um teria feito para salvá-la. — As palavras de Jasper eram as únicas capazes de tranquilizar Jackson naquele momento, porque ele, no fundo, tinha medo que o amigo o condenasse por sua atitude. Ficou aliviado por Jasper entender que sua intenção era boa. — Vamos esperar. Ela vai precisar do máximo de ajuda que puder. — Jackson assentiu. Nem estava em seus planos ir embora mais.

— Talvez devesse chamar o restante da família. — Jackson sugeriu, recebendo um olhar um tanto surpreso em resposta. Ele não havia usado a palavra "bando". — Eles não hesitariam em vir, certo? É o que Aurora costuma dizer. — Jasper concordou com um sorriso mínimo.

— Certo. — Ele disse, pegando seu celular para ligar para os outros. Aurora precisava deles, e ele também.

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