07. Completa e irrevogavelmente.

Aurora sabia como deveria ser uma família. Uma mãe deveria ser paciente, amável, compreensiva, um porto seguro. Um pai deveria fazer os filhos se sentirem seguros, protegidos, fortes e respeitados. Eles deviam ser as pessoas a quem os filhos recorreriam em qualquer situação. Como Esme e Carlisle. Irmãos te ensinam as coisas que eles já aprenderam, como Edward, que sabia de muita coisa. Deviam ser seus confidentes, nem sempre bons conselheiros, mas ótimos ouvintes, como Alice. Eles deviam ser seus cúmplices, seus parceiros de crime, os primeiros a se juntarem a você quando tem uma ideia maluca, e os últimos a te deixarem quando as consequências chegam, como Emmett. Eles deviam ser firmes, rígidos quando necessário, mas sempre ali para ser seu ombro amigo, e lhe estender a mão, como Rosalie.

Aurora tinha um conceito de família: os Cullen. Ironicamente, essa havia se tornado sua família. Complexa, incomum, e maravilhosa. Eles a aceitaram de uma forma que ela nunca achou que fosse ser. E ela o fez da mesma forma.

E onde Jasper se encaixava nisso? Em toda parte. Jasper era seu maior confidente, a pessoa em quem ela mais confiava, e que mais admirava no mundo. Mesmo que a história dele não fosse a mais bonita, ela ainda não o julgava por isso, não tinha como. Não quando ele foi a primeira pessoa a abrir os braços e confortá-la em um lar.

Aurora sentia que nada no mundo poderia machucá-la, não mais.

E ela tinha plena e total consciência do que sentia por Jasper.

A ruiva quase saltou de susto quando sentiu, repentinamente, os braços frios em sua cintura, e um beijo em sua bochecha.

—Um doce por seus pensamentos. — A voz rouca de sotaque acentuado murmurou ao seu ouvido. Aurora se arrepiou, e sorriu. Ela adorava quando Jasper não escondia o sotaque sulista.

— Achei que era o Edward quem queria comprar meus pensamentos. — Ela brincou, ouvindo Jasper rir e apertar sua cintura. Aurora se arrepiou novamente. Desgraçado, ela pensou.

— Minha oferta é melhor, senhora. — Ele falou. Aurora riu e se virou nos braços dele, ficando perigosamente perto do rosto de Jasper. Ele não tinha nenhum defeito. Aurora podia dizer com tranquilidade que ele era o homem, vampiro ou não, mais bonito que ela já havia visto. Ele sorria de canto agora, e ela percebeu que estava sendo estranha o encarando daquela forma.

— Bom, eu acho que pode aumentar essa proposta, Whitlock. — Jasper engoliu o rosnado que subiu por sua garganta quando ela acentuou o sotaque britânico ao pronunciar seu verdadeiro sobrenome. Seus olhos escureceram.

— Alguma sugestão?— Aurora sorriu, ainda sentindo as mãos se Jasper em sua cintura, ficou na ponta dos pés, apoiando sua mão no peito dele, e a outra em seu ombro. Ela tocou seus narizes levemente, sentindo Jasper apertar sua cintura, meio hesitante em sua força, e colar seus corpos.

— Talvez eu tenha algumas. — A voz de Aurora não passou de um sussurro. Mas ela sabia que Jasper ouviu. Principalmente depois de ver os olhos dele tomarem um brilho de satisfação.

Aurora fechou os olhos e, finalmente, tocou os lábios frios de Jasper com os seus quentes. E não havia nada de frio naquele beijo. A forma como eles se encaixavam, como se apreciavam lentamente. Aurora sentia que Jasper estava mantendo o controle sobre si mesmo. Mas a forma como ele a segurava, ou como tocava sua pele e retribuía seu beijo... ela entendia que ele queria aquilo tanto quanto ela.

Mas ela ainda era humana. E humanos precisam respirar. Então, seus lábios se afastaram, formigando pela falta um do outro. Aurora, ainda de olhos fechados, sentiu Jasper beijar sua testa, as maçãs da suas bochechas, a ponta de seu nariz, e selar seus lábios de novo. Ele segurava seu rosto, acariciando sua pele.

Aurora abriu os olhos, e quase ofegou com a visão. Os olhos de Jasper escureceram, e ela sabia não ser de sede, e ele lhe olhava com tamanha adoração, que Aurora sentiu seu coração errar algumas batidas. Ela estava completa e irrevogavelmente apaixonada por Jasper Hale.

Aurora abriu a boca, mas nada saiu. A coragem? Ela não sabia onde estava. Talvez tivesse esgotado sua cota para beijá-lo. Por que era tão difícil dizer as palavras? Ela eram tão fáceis, não pesavam nada na língua... mas em compensação apertavam o peito com a força de um vampiro recém-criado.

Aurora queria dizer. Só não sabia como.

Para sua sorte, aquele em sua frente era seu melhor amigo, e um vampiro habilidoso. Ele sempre saberia.

— Eu também, Aurora. — Foi o que ele disse, deslizando os dedos pelo rosto dela, e colando suas testas. — Eu também. — Ela sorriu, fechando os olhos para impedir que as lágrimas caíssem. A sensação era indescritível. Ser amada apenas por ser você mesma, sem máscaras, sem mentiras.

Aurora poderia passar a eternidade naqueles braços, naquele lar, naquele amor.


— Você vai ter um teste de matemática surpresa hoje. — Aurora franziu o rosto ouvindo as palavras de Alice. — Mas você vai se sair bem.

— Seu poder me assusta um pouco às vezes. — A ruiva admitiu antes de tomar o suco de Jasper, que abraçava sua cintura.

— Pode ser bem pior. — Emmett disse, e Alice lhe socou o ombro. — Ai! — Ele reclamou. Rosalie riu fraco e beijou o companheiro.

— Tadinho dele. — A loira brincou. — Tão indefeso. — Os outros riram da carranca de Emmett.

— Rose, pode me dar suas uvas? — Aurora perguntou, recebendo um dar de ombros em resposta.

Bon appétit. — Ela empurrou as uvas na direção da ruiva, que sorriu satisfeita.

Aurora comeu suas frutas sem pressa, observando a interação de seus amigos, e sentindo os carinhos de Jasper em sua cintura. Ela gostava de estar ali. Não na escola, mas com eles. Era como estar em casa, como ter alguém para quem voltar.

— Está tão pensativa, madame. — Jasper murmurou ao pé de seu ouvido. — Está tudo bem? — Aurora virou a cabeça, olhando Jasper sobre o ombro.

— Melhor impossível, querido. — Ela selou os lábios de Jasper, que sorriu em seguida, e aconchegou suas costas no peito dele, que lhe abraçou firmemente contra si.

E Aurora sentia seu coração aquecido em amor. Ela deixou Jasper sentir todo o amor que ela tinha por ele. O amor que a fazia estremecer, que lhe fazia perder o ar, fazia suas pernas fraquejarem, e seu coração se encher de felicidade. Aurora sentiu Jasper afundar o rosto em seu pescoço e respirar fundo ali.

— Adoro quando faz isso. —Ele sussurrou. Naquele momento eles estavam imersos em um mundinho só deles. E os Cullen tinham a decência de fingir que não viam, ou ouviam. — Você é maravilhosa. — Aurora sorriu, segurando as mãos se Jasper que estavam em volta de seu corpo.

— Não mais que você. — Ela sussurrou de volta, sentindo Jasper projetar os sentimento dele em si. Jasper a amava, como ninguém jamais amaria outra pessoa no mundo.

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