32, contra-ataque
JÁ ERA MEIO DA MANHÃ quando Claire desceu as escadas devagar em direção a sala, esfregando seus olhos ainda sonolentos. Foi uma surpresa pra ela encontrar Rose, Louise e Rafe sentados no sofá e o estado deles fez com que ela parasse imediatamente. As garotas estavam com o rosto molhado de lágrimas, soluçando baixinho, enquanto Rafe encarava o chão com uma expressão sombria e inabalável. Wheezie se agarra a cintura do irmão, afundando seu rosto contra a camisa de Rafe.
— Ei, o que aconteceu? — perguntou Claire, a voz preocupada enquanto avançava lentamente para mais perto.
Rose levantou os olhos para ela, o rosto inchado pelo choro. Naquele momento Claire soube o que havia acontecido.
— Ah, Claire... — começou, mas logo o soluço tomou conta dela novamente, fazendo-a cobrir a boca com a mão.
Claire sentiu o estômago afundar. O coração acelerou e ela rapidamente se virou para Rafe, buscando respostas.
— Rafe...?
— É o meu pai — ele diz, acariciando o topo da cabeça de Wheezie.
Ele troca um longo olhar com a garota, que apenas confirma o que ela já sabia. Que descobriram que o Ward havia morrido.
Rose tenta conter seu choro, mas falhou, abaixando a cabeça e soltando um grunhido desesperado. Claire continuava imóvel, sem saber o que fazer enquanto a culpa transbordava por seus poros. Sua mãe chorava... A pequena Louise... Por algo que ela havia feito e nada poderia reverter aquilo.
— Ele está morto — continuou Rafe, a voz quase sem emoção mas os olhos carregados de algo muito mais profundo. Algo que só eles sabiam. — Encontraram sangue dele em um galpão de pesca. Muito sangue. Alguém o matou.
É claro que ele tinha que encenar essa revelação e Claire fez o seu papel, entreabrindo os lábios em completo choque mesmo que ninguém além de Rafe olhasse para ela. As lágrimas em seus olhos se tornam reais, se somando a culpa que a atingia como um golpe no estômago, fria e cruel. Sua mente disparou em todas as direções, relembrando tudo o que havia acontecido. O que ela havia feito.
Claire nunca se arrependia do que fez, só nos momentos em que via o sofrimento que causou naqueles que amava.
— Ah... Eu sinto muito, mãe — disse ela finalmente, com a voz baixa e tremida. Ela se sentou ao lado de Rose e a abraçou com força, tentando ignorar o turbilhão de emoções que a consumia.
Rose chorava em seu ombro, as palavras mal saindo entre os soluços enquanto encharcava a blusa da filha.
— Vão continuar as investigações para descobrir o que aconteceu — Rose diz, fungando. — Vamos pegar quem fez isso.
Claire ergueu o olhar, ainda entrelaçada a sua mãe, e seus olhos encontraram os de Rafe. Ele estava imóvel, com Wheezie agarrada em sua cintura enquanto sua expressão se endurecia.
— Nós vamos, sim — disse ele, com uma convicção assustadora. Ele sustentou o olhar de Claire por um momento, como se quisesse dizer algo que só ela entenderia. — Ele vai pagar caro.
Claire sentiu o coração acelerar, tentando decifrar o significado pos trás daquelas palavras.
O silêncio pairou sobre Tannyhill durante toda a tarde. Ninguém desceu pra almoçar naquele dia, presos demais em seus próprios pensamentos para sentirem fome. O peso dos acontecimentos recentes havia dissipado toda a vida do local, deixando a casa mergulhada em uma quietude um tanto incomum.
Nicholas chegou no meio da tarde e só naquele momento fez com que Claire, Rafe e Sarah comessem alguma coisa: sanduíches. Sem cerimônia eles fizeram sanduíches e comeram em silêncio.
Claire pegou um e subiu as escadas, levando-o até o quarto da mãe. Bateu suavemente na porta antes de entrar, equilibrando o prato nas mãos, ciente de que, mesmo sem fome, sua mãe precisava comer. Ela estava dormindo, então deixou o sanduíche na mesa de cabeceira. Sarah fez o mesmo para Wheezie, mas em seu caso a garota estava acordada.
Sarah volta depois de alguns minutos, se sentando no banco alto do balcão central. Havia um peso em seus ombros, visível em seus movimentos lentos e no suspiro que soltou antes de olhar para os outros presentes.
Claire cruzou os braços e encarou Sarah com uma mistura de preocupação e exaustão. Sua voz saiu baixa, quase temerosa.
— Como ela está? — perguntou, se referindo a Louise que parecia abalada depois da notícia. E com razão.
Sarah desviou o olhar por um momento, organizando os pensamentos antes de responder. Havia tristeza em seus olhos, mas também uma pitada de cansaço.
— Ela parou de chorar — explicou, apoiando-se no balcão. — Ela já suspeitava desde o desaparecimento dele mas agora ficou real demais.
Claire mordeu o lábio inferior, uma expressão de culpa e impotência passando rapidamente por seu rosto.
— Será que ela vai ficar bem? — perguntou, quase como se tentasse convencer a si mesma disso.
Antes que Sarah pudesse responder, Rafe interrompeu, sua voz carregada de convicção e um toque de arrogância.
— Vai. Ela é uma garota com a cabeça forte. E vamos poder ficar juntos, todos nós, como deveria ser.
Sarah franziu a testa, irritada com a simplicidade com que Rafe encarava a situação.
— Sabe que não é assim tão simples como vocês dois fazem parecer, não é? — retrucou, seu tom afiado.
Rafe soltou um riso seco, balançando a cabeça em descrença.
— Eu sei. Mas o que podemos fazer agora? Escorraçar a Claire? Jogá-la atrás das grades?
Sarah se inclinou para frente, sua voz se tornando mais firme.
— Não foi isso que eu falei.
— Então aprenda a ficar quieta — disparou Rafe, seus olhos estreitando enquanto sua paciência diminuía.
Antes que Sarah pudesse reagir, Claire levantou as mãos, exasperada.
— Já chega vocês dois! Que saco! — disse, sua voz cortando o clima tenso como uma lâmina. Ela não queria perder tempo com discussões bobas quando haviam problemas a serem resolvidos. Vários problemas. — Alguém pensou em alguma coisa?
Nicholas, que estava sentado na mesa da cozinha, finalmente se manifestou.
— Não é melhor só pagar ele? — sugeriu, sua voz cautelosa.
— Ele não vai ter o que ele quer — Rafe imediatamente rebateu, sua postura ficando rígida. — Não mesmo.
— Está deixando o pessoal interferir nas suas escolhas — Nicholas prosseguiu, cruzando os braços.
Antes que Rafe possa responder Claire balança a cabeça em negação.
— Ele está certo. Eu não vou ter nenhuma garantia de que ele não vá querer mais depois. Ele ainda pode me chantagear com aquelas fotos.
Todos parecem sentir o peso do dilema en que haviam se metido. Era como entrar num beco sem saída.
— Então o que vamos fazer? — perguntou Nicholas, sua voz revelando tanto frustração quanto urgência.
Claire passou a mão pelos cabelos, nervosa.
— Temos que dar um jeito de apagar aquelas fotos de vez.
Sarah revira os olhos.
— Sabe fazer bruxaria? — ironiza, soando um tanto amarga.
— Sarah! — repreendeu Rafe, impaciente.
Claire ignorou o comentário e focou no problema.
— Ele tirou as fotos pelo celular.
Nicholas se inclinou para frente, a mente já começando a trabalhar em uma solução.
— Então damos um jeito de pegar o celular.
A garota balança a cabeça, pensativa.
— É, mas ele pode ter cópias em outro lugar. E não podemos esquecer que ele diz ter enviado para um amigo.
Rafe bufou, descrente.
— O Barry nem tem amigos.
— Quer arriscar? — retrucou Claire, sua voz afiada.
A expressão no rosto do irmão arranca um risinho de Sarah.
— Nós pegamos o celular dele — Rafe diz, como se fosse a coisa mais simples do mundo. — Conheço uns caras que podem assaltar ele sem nenhum problema.
Nicholas fez uma careta, preocupado com o rumo da conversa.
— Mas ainda falta descobrir para quem as fotos foram enviadas e se existem mais cópias.
— Talvez tenha alguma mensagem no celular — sugeriu Sarah.
Nicholas então se lembrou de suas férias em Paris e olhou para Claire com um brilho de ideia nos olhos.
— Claire, você lembra quando fui te visitar no Natal? — pergunta e a garota assente. — Lá na joalheria conhecemos um cara que mexia com a segurança digital das contas do seu pai. Talvez ele possa dar um jeito nisso.
Claire inclinou a cabeça, intrigada.
— No que está pensando?
— Todo aparelho eletrônico pode ser rastreado. Com o celular do Barry, podemos descobrir para quem ele mandou as fotos. Um cara daqueles com certeza pode enviar um vírus que vai destruir o celular de quem receber.
— E se não puder?
— Só precisamos descobrir para quem ele mandou — Rafe diz, soando definitivo. — Tem uns caras que podem destruir um celular, computador, o que for preciso... Inclusive ele.
Sarah balançou a cabeça, exasperada.
— Vamos tentar manter a animosidade de lado.
— É, sem mais homicídios — acrescentou Nicholas, lançando um olhar sério para Rafe e Claire. — Isso vale para os dois, entenderam?
Claire assentiu.
— Sim.
Rafe soltou um suspiro pesado, mas concordou.
— Certo.
— Eu vou ligar para o Marcus — Claire diz, tirando o telefone do bolso. — Ele pode me ajudar a contactar o tal cara do computador.
— E eu vou ligar para uns conhecidos — disse Rafe, já pensando em seus contatos.
Antes que pudesse se afastar Sarah o segurou pelo antebraço, lançando um olhar de advertência em sua direção.
— Pega leve, Rafe.
— Eu já entendi — ele resmunga, puxando seu braço para junto do corpo.
Marcus garantiu a Claire que até o fim do dia o contato de Victor estaria em suas mãos. Ele não havia feito muitas perguntas mas deixou claro que caso a garota precisasse de ajuda, ele estaria ali. Claire prometeu que ficaria bem e focou em projetar os próximos passos.
Sarah e Nicholas permaneceram com Wheezie. O ambiente ali era mais leve, mas ainda assim carregado por uma preocupação silenciosa. Eles estavam fazendo o possível para distraí-la no meio daquele caos.
O clima entre Rafe e Claire era esquisito, meio tenso mas ao mesmo tempo carregado de algo mais íntimo. Ele a segura pelos quadris no momento em que eles entram no quarto, juntando seu corpo ai dela, os dedos pressionando suavemente enquanto seus olhos se fixavam nos seus numa intensidade quase inquietante.
Claire sorri pra ele, ficando na ponta dos pés e deixando que o garoto beijei a parte exposta de seu pescoço.
— O que você fez com a arma? — perguntou ele despretensiosamente, a voz baixa e firme contrastando com sua tentativa de casualidade.
Claire piscou, confusa, tentando decifrar as intenções por trás da pergunta.
— Arma?
— A que você usou pra...
Ela deu um passo pra trás, desgrudando seu corpo do dele.
— Pra que você quer isso?
— Você se livrou dela? — Rafe perguntou, sem responder os questionamentos de Claire.
— Eu dei pro Nicholas se livrar... — ela responde, franzindo o cenho. — Acho que ele escondeu em algum lugar. Eu não estava com cabeça pra lidar com aquilo naquele momento.
Rafe assentiu lentamente. A expressão em seu rosto parecia esconder o que ele realmente pensava.
— Okay — assentiu. — Pegue de volta.
Claire se desvencilha de vez dele, cruzando seus braços. Esse era um pedido bem estranho...
— O que você quer com ela?
— Você me disse que o Barry tinha uma arma no dia da festa, que o Javert ficou com ela e no dia seguinte te entregou — responde mas percebe que a dúvida ainda pairava sobre os olhos de Claire. — Foi com essa arma que você atirou no meu pai, com a arma do Barry.
Claire ficou imóvel por um momento. Sua mente trabalhava rápido mas o choque de ouvir aquilo tão diretamente parecia deixá-la paralisada.
— Minhas digitais estão nela... — murmurou, quase como se falasse consigo mesma.
Rafe balançou a cabeça em negação.
— Nós vamos limpá-la.
Ela entendia o que ele queria.
— Você sabe que provavelmente aquela arma é ilegal e não está no nome dele, não sabe? — retrucou Claire, tentando manter a racionalidade.
Ele deu de ombros, como se isso fosse apenas um detalhe insignificante.
— Tudo que eu sei é que vai parecer bem convincente quando a encontrarem na casa dele.
— Você...? — ela indaga, sem conseguir terminar a frase. Era sério e poderia dar muito errado caso alguém descobrisse... Quase como um tiro no escuro.
— Ele invadiu nossa festa. Queria dinheiro, e nós não demos, então ele se vingou. É perfeito.
Claire cruzou os braços, tentando absorver as implicações do que ele estava dizendo. Sua voz saiu hesitante, quase temerosa.
— Sabe o que vai acontecer com ele, não sabe? Nós estamos na Carolina do Norte...
Rafe não hesitou.
— Injeção letal.
Isso não a fazia se sentir exatamente mal, talvez um pouco reflexiva no máximo.
— Vamos matar um homem inocente?
Ele se inclinou para frente, encarando-a com uma expressão de aço.
— Essa é a última coisa que ele é. E não vamos matar ninguém... o estado vai. É a única maneira de nos livrarmos dele para sempre.
Quanto mais ela pensava a respeito menos a ideia parecia ruim.
— Sarah e Nick não vão concordar com isso.
— É por isso que eles não precisam saber.
Houve um momento de silêncio tenso entre os dois mas naquele momento, Claire já tinha sua resposta.
— Eu vou falar com o Nick.
Claire conversou com Nicholas por alguns instantes. Ele disse que havia enterrado a arma no campo de futebol e no dia seguinte a pegaria. É claro que ele a questionou sobre isso e sua resposta foi rápida: Rafe queria destruí-la de vez. Não sabia se ele acreditaria mas no momento isso pouco importava. Ela só queria acabar logo com isso.
Ela não voltou pro quarto e sim pra sala de música. O ambiente ali era diferente do resto da casa, mais isolado, quase intocado pelo caos que sua vida havia se transformado. Ela se sentou no banco do piano, seus dedos tocaram as teclas e ela tentou transformar sua angustia em alguma coisa mas a melodia era disforme, errática. Não conseguia se concentrar.
No que ela havia se tornado?
A pergunta ecoou em sua mente, mais forte do que qualquer nota que seus dedos pudessem produzir. Uma assassina.
A palavra pesava como uma sentença. Mas o que significava, afinal? Que ela era uma pessoa ruim? Talvez ela fosse mas não exatamente por esse motivo. Ward estava melhor morto e imaginar sua vida com Rafe longe da influência dele parecia um sonho mas esse era um sonho esquisito para se ter. O que ela seria capaz de fazer por amor? Isso era certo?
Parecia certo estar com Rafe. Parecia certo fazê-lo feliz. Mas ao mesmo tempo o sofrimento daqueles que amava era um preço alto — talvez alto demais. E que ainda assim, ela estava disposta a pagar. Porque ela faria qualquer coisa por Rafe. Qualquer coisa. Ela não apenas o amava, ela precisava dele, como um viciado precisa de sua droga.
Isso era normal?
As mãos de Claire continuam a deslizar pelas teclas sem formar uma melodia definida, apenas tentando ocupar a mente. A porta se abre e Rafe entra devagar, fechando-a atrás de si com cuidado. Seus olhos estavam fixos nela, como se pudesse ler seus pensamentos à distância.
— O que está fazendo, amor? — perguntou ele, com a voz baixa, quebrando o silêncio.
Claire ergueu o olhar por um momento e depois voltou a focar nas teclas. Ela não queria falar sobre isso no momento.
— Nada, só... pensando.
Rafe cruzou os braços, inclinando-se ligeiramente contra o batente da porta.
— Pensando sobre o quê?
Ela deu um pequeno sorriso, carregado de sarcasmo e cansaço e então se virou pra ele.
— Deve ser de família ser assim enxerido.
Ele arqueou uma sobrancelha, mas ignorou o comentário.
— Eu sei quando você não está legal.
Claire solta um suspiro pesado, tentando enxergar uma solução através dos olhos preocupados de Rafe. Tudo que ela via era ele e ele era tudo que ela mais queria, era aquele por quem seu coração batia mais forte. Nada mais importava mas talvez devesse...
— É só que... Olha só o que nossa vida virou. O que a minha vida virou. Eu só vim passar as férias com a minha mãe e agora...
Ela fez uma pausa, como se as palavras certas fossem difíceis de encontrar. Claire não se arrependia, de maneira alguma, mas gostaria que as coisas voltassem a ser simples.
— Nós estamos aqui... juntos — Rafe disse, com simplicidade. Ele não gostava do rumo da conversa.
Claire fechou os olhos por um momento, como se estivesse lutando contra algo dentro de si.
— Rafe...
— O que quer dizer? — perguntou ele, inclinando-se um pouco mais perto, a preocupação evidente no tom de sua voz.
Claire finalmente o encarou e seus olhos brilhavam com um misto de emoções: amor, medo, melancolia e uma vulnerabilidade que ela raramente demonstrava.
— É esse sentimento maluco dentro de mim que me fez tomar as piores decisões possíveis. Porque quando você está por perto, eu só vejo você. E quando está longe, eu só penso em você — Claire faz uma pausa, sentindo sua voz falhar. — Eu estou... tão apaixonada por você que faria qualquer coisa para te fazer feliz e isso é bizarro pra caralho. É como uma doença. Como se você tomasse conta de cada célula do meu corpo. E eu te amo... eu te amo tanto que... eu te amo. Eu só não sei se é certo.
Rafe deu um sorriso de canto, em extase pelo o que havia ouvido e um tanto aliviado por ela se sentir da mesma maneira que ele. Ele faria qualquer coisa por ela... Seria qualquer coisa.
— E quem liga se é certo ou não? — ele indaga, erguendo os ombros. — Nós somos bons juntos. Talvez não para as outras pessoas, mas somos pra nós mesmos e é isso que vale. No final das contas somos eu e você. Juntos. Não importa o que aconteça. Foda-se o que nós somos, o que façamos ou qual é o nosso pior lado... Sempre estaremos um com o outro porque nós nos amamos e nos aceitamos.
— Eu amo você — Claire diz simplesmente, sentindo seu coração doer ao pronunciar essas palavras. Ela não podia se imaginar sem ele e esse é o sentimento mais aterrorizante que já havia sentido.
Rafe abriu um sorriso, colocando sua mão na bochecha da garota e usando o dedão para enxugar a lágrima única que escorria por seu rosto. Ele olhou no fundo de seus olhos castanhos e soube, naquele instante, que toda sua vida estava ali. Não havia nada mais que ele pudesse querer a não ser que durasse pra sempre.
— Casa comigo?
Claire piscou, um pouco atônita.
— O quê?
Ele respirou fundo, segurando as mãos dela como se sua vida dependesse disso. Então a olhou nos olhos e repetiu mais uma vez as palavras que mudariam o rumo de toda sua vida. As palavras que fariam sua vida melhor.
— Eu quero que se case comigo.
A garota franze o cenho, ainda desacreditada do pedido. A empresa ainda não estava consolidada, seus pais não aceitavam o relacionamento, ela corria risco de ser presa e nem havia completado seus vinte anos. Se casar agora... Era a mais completa loucura.
— Você só está dizendo isso porque...
— Porque o quê? — interrompeu ele, inclinando-se mais perto, a voz mais urgente. — Quando você apareceu por essa porta, quatro anos mais velha e ainda mais linda eu soube que você tinha que ser minha. O que eu não sabia era que por causa disso eu não conseguiria mais imaginar a minha vida sem você.
Os olhos de Claire estavam fixos nele agora, ela sentia as lágrimas se acumulando e seu coração batia tão forte que parecia prestes a saltar de seu peito. Era quase uma overdose.
— Quando eu olho pra você... Eu sinto tudo — ele continua. — Como se toda a minha vida estivesse nos seus olhos.
Ela mal conseguia raciocinar agora, mal conseguia respirar.
— Rafe... — murmurou ela tentando dizer alguma coisa, mas ele ergueu a mão a impedindo de continuar.
— Eu ainda não acabei — prosseguiu, seu tom de voz evidenciando a urgência que ele tinha em suas palavras. — Tudo que eu sei é que quero que fique aqui, comigo, nessa casa. Quero que aqui seja nosso lar. Eu sei que não deve ser nada comparado à sua cobertura em Paris mas podemos melhorar o que der, mudar o que você quiser e você pode mandar e desmandar como preferir. Quero que cuidemos dos negócios juntos, quero construir uma coisa com você. Uma coisa nossa.
Ela repetiu, quase num sussurro.
— Uma coisa nossa.
Rafe sorriu e colocou sua mão fechada em punho no colo da garota. Ele fixou seus olhos no rosto dela no momento em que a abriu, exibindo um anel bem ao centro. Era prateado e com uma pedra oval e brilhante. Havia sido de sua mãe e o garoto o carregava consigo há alguns dias, pensando no melhor momento para dar a ela. Seu sorriso fica maior ao ver as lágrimas escorrerem pelo rosto de Claire.
Ela abriu um sorriso nervoso, tomada por um misto de emoções que tornava difícil até mesmo pronunciar alguma palavra.
— Não, não, não — ela murmura, ainda em choque. — Você não está fazendo isso. Você não está fazendo isso.
— Eu não estou porque você não cala a boca — respondeu ele, sorrindo.
Ela riu entre as lágrimas.
— Desculpa.
Rafe segurou a mão dela novamente, sua expressão mais suave agora.
— Esse anel era da minha mãe. Eu peguei nas coisas dela na semana passada enquanto pensava na melhor maneira de fazer isso. Meu pai comprou para ela com o primeiro dinheiro que ele juntou quando abriu a Cameron Development. Não é nada comparado aos diamantes que você tem no seu quarto, mas...
— É lindo — interrompeu Claire, mal conseguindo se conter. Ela queria experimenta-lo logo, ela queria dizer sim.
— Posso terminar? — perguntou ele, divertido.
Ela assentiu, sorrindo.
— Eu quero que seja minha mulher. Na verdade, eu preciso que seja, pois acho que não consigo passar nem mais um dia sem a certeza de que você será minha. Tudo o que eu penso, tudo o que eu faço... É pela gente. E eu sei que estou pedindo para você abrir mão de muita coisa, mas eu te prometo, de todo o coração, que vou ser o melhor homem que eu puder para você. Para a nossa família.
Rafe respira profundamente antes de se levantar e se ajoelhar em frente a Claire, como o maior gesto de devoção que um homem pode fazer, como a maior prova de seu amor. Em todos esses anos Rafe jamais se imaginou fazendo isso e agora... Parecia a coisa mais certa do mundo, como a certeza de que o dia chegaria na manhã seguinte.
— Claire Cornelia Bertrand, você me daria a honra de ser minha esposa?
Claire não consegue dizer nada além de sim.
— Sim. Sim, sim, sim — ela repete, entre lágrimas. — Eu aceito. Sim, sim sim.
Rafe dá risada, sentindo um bolo tomar conta de sua garganta e seus olhos serem tomados por lágrimas. Porra, ela fazia dele o homem mais feliz do mundo. Ele segura a mão trêmula de Claire e coloca o anel em seu dedo. Serviu perfeitamente.
— Ah mon Dieu — Claire murmura, encantada ao olhar o anel. Seu anel. — Sim, sim.
— Eu já entendi — Rafe murmura, com um sorriso bobo no rosto.
Claire o puxa pela mão, o ajudando a se levantar.
— Eu quero que tenha certeza — insistiu ela, segurando o rosto dele. — Eu te amo tanto...
Ele a puxou para perto, colando a testa na dela.
— Eu te amo muito mais.
Oi gente rsrs não me aguentei e postei logo.
Lembrando que a meta é 200 votos e que estamos em reta final, então não larguem minha mão agora. Votem no capitulo anterior também!!
Comentem muitooooo! Eu espero que vcs amem meus filhinhos noivinhos assim como eu amo😭
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