20, banho de realidade
TODO O AR SOME DOS pulmões de Claire quando ela volta pra casa e percebe que as coisas de Rafe estavam no balcão da cozinha, quando ela percebe que ele já havia chegado... Ele deveria voltar de seus compromissos apenas no meio da noite mas pelo visto a garota não tinha sorte quando se tratava de fazer as coisas pelas costas de Rafe.
Seu rosto ainda queimava toda vez que se lembrava da situação com Barry.
Claire afasta seus pensamentos derrotistas e engole em seco enquanto joga seus cabelos pra frente dos ombros, tentando esconder as marcas provavelmente já visíveis em seu pescoço. Ela também garante que sua arma esteja bem colocada contra seu corpo, não querendo nem imaginar o que seria capaz de fazer caso ela caísse no chão.
Mas de qualquer maneira, essa não parecia a hora certa para enfrentar Rafe cara a cara. Ela sabia que Rafe a conhecia muito bem, mais do que poderia admitir, e esse pensamento era desesperador. A garota espera alguns segundos, parada em frente a porta da cozinha, tentando descobrir se Rafe havia percebido sua chegada. Quase um minuto inteiro e nenhum barulho... Isso lhe dá algum alivio. Ela poderia voltar pra rua e ter algum tempo pra pensar no que fazer agora.
Sua mão vai até a maçaneta no exato momento em que ouve passos. Rafe desce as escadas como um tiro, parecendo estranhamente empolgado.
— Claire, você não vai acreditar! — ele exclama, correndo em direção a garota. — Três pessoas já entraram em contato, entre elas a dona de uma das maiores imobiliárias da região. Nosso hotel é um sucesso!
Claire engole em seco, usando sua mão esquerda para se certificar se a arma ainda está posicionada da maneira correta. Ela encara os olhos azuis de Rafe, incapaz de sentir a mínima felicidade ao imaginar o que viria a seguir. Ele ficaria arrasado, é claro... Será que ele a perdoaria? Claire não havia pensado nisso quando atirou em Ward a queima roupa, quando matou o pai do único garoto no mundo que foi capaz de lhe despertar alguma coisa.
Seus lábios tremem em remorso.
— Isso é ótimo Rafe — murmura, se sentindo um pouco sufocada.
Ela se apoia no balcão e se senta no banco da cozinha, tentando respirar um pouco mais calmamente. Rafe a odiaria... A odiaria pra sempre. O que ela tinha na cabeça? Essa não era a maneira correta de resolver os problemas... O que ela faria sem ele?
Rafe se aproxima, com um vinco profundo de preocupação em sua testa.
— Não parece feliz — murmura, colocando sua mão no ombro de Claire. Seu toque é quase doloroso. — Olha, eu sei que te assustei com toda aquela história de nós e eu entendo, tudo bem, eu sei que estou sendo precipitado mas não tem problema se você não quiser isso...
— Eu quero — ela o interrompe, subindo seus olhos até os dele. — Rafe, eu quero tanto. Mas eu tenho medo...
A frase morre na boca de Claire, sendo silenciada por seus lábios trêmulos.
— É sempre assustador colocar nosso coração na mão de outra pessoa, confiar em outra pessoa. Mas eu confio em você e preciso que você confie em mim. Vamos reerguer a Cameron Development, vamos fazer isso juntos. Pela gente.
Claire assente, tentando controlar as lágrimas que insistem em se formar em seus olhos. Ela não consegue evitar... Rafe a puxa pra si, a abraçando de lado enquanto a garota encarava as próprias mãos. O abraço é duro, tenso graças ao risco de ter a arma em sua cintura descoberta. Isso só faz com que as lágrimas se tornem ainda mais abundantes.
— Ei ei... — Rafe diz, agachando em frente a ela. — Por que está chorando?
Porque ela queria aquilo, queria mais do que tudo. E saber que provavelmente havia arruinado isso partia a porra do seu coração.
— Nada, eu só... Eu estou feliz.
A culpa tomou conta de cada uma das células de Claire, se alastrando por seu corpo como se fosse veneno. Havia um problema em agir no impulso: você não pensava direito nas consequências dos seus atos. E ela não havia pensado em como sua atitude afetaria a vida que ela e Rafe estavam construindo.
Em questão de segundos tudo o que havia em seu corpo era medo, o que culminou em uma desculpa esfarrapada para fugir até a casa de seu melhor amigo.
Só Nicholas poderia ajuda-la. Só ele.
Claire pega a chave reserva da varanda e entra na casa dos Thornton sem nenhuma cerimônia, subindo as escadas para o quarto de Nicholas. Quanto mais os minutos passavam mais seus soluços ficam audíveis.
Quando a porta do quarto se abre parece ter se passado praticamente uma vida.
— Nick... Até que enfim você apareceu — Claire diz, soando um pouco engasgada.
Nicholas fica preocupado no exato momento em que seus olhos encontram os de Claire. Ela estava chorando. E não um choro qualquer, um choro que deixa seu rosto vermelho e seus lábios inchados. Claire nunca chorava. Nem ouvindo músicas tristes ou em filmes que um cachorro morria, nem mesmo no enterro de sua avó. Ela nunca chorava. O que quer que tenha acontecido, havia de ser sério.
Ele ergue sua mão em direção a ela, se aproximando numa tentativa de conforta-la. Antes que possa abrir a boca ele vê as mãos da garota, tinha uma arma nelas. Nicholas imediatamente para, franzindo as sobrancelhas em confusão.
— Eu... — ela murmura, soluçando. — Eu fiz uma coisa.
— O quê...? — o garoto resmunga, soltando sua mochila no chão. — Claire? O que aconteceu? Você está machucada?
Nicholas se aproxima dela, tentando de alguma maneira transparecer conforto ao vê-la naquela situação.
— Eu fiz uma coisa... — repete, sentindo seus lábios tremerem. — Fiz uma coisa horrível.
O garoto encara mais uma vez a arma nas mãos de Claire, temendo pelo pior. Um aperto profundo se aloja em seu peito, o tipo de sensação que o deixa quase paralisado.
— Claire... O que você fez?
— O Ward. Eu matei o Ward.
Nicholas franze as sobrancelhas, um tanto confuso e desacreditado.
— Que merda é essa que está falando?
— Não pode contar pra Sarah, por favor — a garota implora, se aproximando de Nicholas. — Eu não posso contar com ninguém além de você... Eu preciso de ajuda eu... Se o Rafe descobrir...
— O Ward morreu há meses, Claire — Nicholas diz, a interrompendo.
Claire balança a cabeça em negação, se sentando na beirada da cama do garoto. Nicholas se senta ao seu lado. Ela sobe seus olhos até os dele, sabendo que esse era o momento para lhe contar tudo.
Claire estava sentada no chão do quarto, os braços envolvendo os joelhos enquanto olhava para Nicholas com os olhos marejados. A garota sentia como se pudesse vomitar agora mesmo, seus pensamentos não paravam assim como suas mãos trêmulas. Nicholas não a encarava, parecendo pensativo enquanto mantinha os olhos fixos na janela de seu quarto. A tensão entre eles era palpável.
— Diz alguma coisa — ela pediu, após longos minutos, a voz quase um sussurro.
Nicholas suspirou, passando as mãos pelo cabelo como se tentasse organizar os próprios pensamentos, e finalmente teve coragem de olhar nos olhos da amiga.
— Eu não sei o que dizer.
— Ele me machucou.
O garoto revira os olhos, achando ridículo que Claire se sentisse obrigada a se explicar. Não havia nada a lamentar com a morte de Ward.
— Não estou nem aí se você matou ele, Claire, acredite.
Ela franziu o cenho, confusa.
— Então o que...
— Tem que falar pro Rafe e pra Sarah — diz, finalmente, ainda sem ter certeza se essa era a escolha certa. Ele só sabia que era um segredo grande demais para se manter.
Claire se encolheu ao ouvir os nomes, a culpa tomando conta de si. A parte da garota que sentia culpa era aquela parte egoísta que se preocupava em ser rejeitada pelos Cameron. Pouco lhe importava a lei, a moral e os bons costumes. Esse tipo de coisa nunca importa quando se tem dinheiro o suficiente para ser o que quiser. O mundo era injusto e os ricos sempre seriam bons, eles podiam comprar sua bondade e seu caráter. Mas o dinheiro ainda não comprava amor...
— Eles vão me odiar — Claire murmura, se encolhendo.
Nicholas se abaixou até ficar na altura dela, o tom firme.
— Vão odiar muito mais se descobrirem que você estava escondendo isso deles.
— Nick...
Ele ergue a mão, silenciando a garota e insistindo em sua linha de raciocínio.
— Ele te atacou, foi o que aconteceu.
Claire balançou a cabeça, a voz trêmula.
— Eu estava armada, eles vão saber que não faz sentido.
— Você estava armada porque precisava se sentir segura. Ele era um assassino. Faz sentido.
Ela entendia o que Nicholas queria. Ele queria contar uma história, uma narrativa que a colocasse como uma garota indefesa que não teve outra opção. Não como uma sociopata deliberada que o provocou até que ele perdesse a razão e a atacasse, não como uma assassina. Claire respirou fundo, admitindo em voz baixa:
— Eu queria acabar com ele.
Não foi nenhuma novidade para Nicholas ouvir essas palavras saírem da boca de sua amiga.
— Mas eles não precisam saber disso — o garoto diz, tentando convence-la. — Eu estou tentando ajudar, entendeu? E a melhor maneira pra isso é você distorcer um pouco a história.
Ela o encarou, incrédula.
— Você quer que eu minta?
Ele soltou uma risada seca.
— O que foi? Você matou um homem, mas não pode mentir?
— Nicholas! — Claire protestou.
— É bem melhor desse jeito — continua. — Você foi conversar com ele, levou uma arma porque ficou com medo de algo acontecer, ele te atacou e você precisou se defender.
— Com três tiros? — Claire rebateu, a voz carregada de desespero.
Nicholas ergueu os ombros num gesto de indiferença, sem perder o tom prático.
— Você ficou com raiva.
Ela balançou a cabeça.
— Eu vou ser presa!
Nicholas revirou os olhos, tentando controlar a impaciência.
— Nós dois sabemos que seu pai te tira de lá em duas horas. Ele era um assassino e você não tem ficha criminal.
Claire desviou o olhar, sabendo que isso não era exatamente verdade. Sua voz saiu quase inaudível.
— Eu não... Eu não consigo nem imaginar o que vou fazer se o Rafe não puder me perdoar.
Pensar em ficar longe dele depois de tudo o que passaram, depois de tudo que ele a fazia sentir. Era praticamente desesperador. Nicholas se aproximou ainda mais dela, a expressão determinada estampada em seus olhos claros.
— Vai erguer sua cabeça e dar um jeito nisso. Como deu no Ward, você entendeu?
Claire engoliu em seco, assentindo lentamente.
— Eu entendi.
Nicholas se levantou e pegou a arma que ela havia deixado de lado em sua escrivaninha.
— Vou me livrar disso.
Já é noite quando Nicholas deixa a garota em frente a Tannyhill. As lágrimas de Claire haviam cessado a esse ponto, melhorando um pouco a aparência de seu rosto. Eles enterraram a arma no campo de futebol do colégio depois de higieniza-la e repassaram entre si a melhor maneira de dizer a verdade ao Rafe algumas vezes.
Suave, sincero, certeiro.
Por deus! Os lábios de Claire tremiam em remorso fazendo com que seja difícil acreditar que a garota fosse capaz de pronunciar uma só palavra.
Claire encontrou Rafe sentado no sofá da sala, a expressão cansada. O garoto mexia no computador enquanto tomava um pouco de whisky, provavelmente resolvendo coisas do trabalho. Ela respirou fundo, tentando conter o nervosismo que crescia dentro de si, tentando se convencer de que essa era realmente a melhor escolha. Para seu desespero seu coração insistia em dizer que esse era o único caminho para que ela conseguisse seu perdão.
A verdade. Doa a quem doer.
— Rafe... Eu preciso te dizer uma coisa — sua voz soou fraca, vacilante.
Ele ergueu os olhos, atento ao tom de preocupação dela. Rafe já sabia que havia algo errado com Claire desde a conversa deles mais cedo e isso o deixava ansioso. Como se o pior estivesse por vir. Será que ela não o queria mais?
— Sua cara não está muito boa — ele observa, deixando de lado seu notebook.
— Eu sei. É... É bem sério.
Rafe se endireitou e se aproximou, agora mais atento.
— Pode falar.
Claire desviou o olhar por um momento, a dor evidente em seu rosto. Como ela poderia pronunciar aquelas palavras em voz alta? Em breve tudo estaria acabado... Sua felicidade estaria acabada. Será que ela não merecia ser feliz?
— Você vai me odiar por isso.
Rafe balançou a cabeça, tentando tranquilizá-la.
— Eu nunca te odiaria, Claire.
Ela fechou os olhos por um instante, reunindo forças para continuar. Como ela gostaria de poder acreditar naquelas palavras...
— Eu preciso dizer que... Eu sinto muito por isso, eu não quis te magoar. Eu só... Achei que fosse a coisa certa. Achei que era o certo pra você.
O nervosismo de Rafe aumentou, suas mãos começam a se mexer inquietamente uma contra a outra.
— Claire... Me diz logo o que houve.
Ela usa suas mãos para afastar seu cabelo de seu rosto, revelando marcas avermelhadas em seu pescoço. Claire observa com atenção a expressão de Rafe, vendo seus olhos se arregalarem em surpresa... Em ódio.
— O que é...? O que é isso? — indaga, sentindo a raiva em cada palavra que saia de sua boca. Ele destruiria quem quer que tivesse a machucado! — Quem fez isso com você?
Ela respirou fundo antes de responder.
— Seu pai.
Rafe recuou, surpreso e confuso. Para ele nada disso fazia sentido... Como seu pai poderia ter a machucado dessa maneira? O que ela havia feito para merecer isso?
— Meu pai...? — indaga, mal conseguindo formular uma frase enquanto observava os hematomas arroxeados no pescoço de Claire. — Você foi ver o meu pai? Por que ele fez isso? O que aconteceu?
— Ele me estrangulou, Rafe, e eu... — são precisos longos segundos para que Claire consiga finalmente dizer. — Eu tive que me defender.
O rosto dele se contorceu em um misto de incredulidade e medo. Ela teve que se defender... O que isso significava? Não podia ser...
— Não — murmura, sentindo como se tivesse sido atingido com um soco.
— Rafe... Eu sinto muito — ela diz, dando um passo na direção dele.
Ele se afastou no mesmo momento, ainda olhando para o pescoço da garota a sua frente. Seu estômago estava apertado agora e isso o deixava enjoado.
— Ele está bem?
Ela balançou a cabeça em silêncio.
— O que você fez? — ele grita, sentindo as lágrimas tomarem conta de seu rosto.
— Eu tive que pará-lo... Ele ia me matar!
A incredulidade e o desespero no olhar de Rafe aumentaram.
— Me diz que eu entendi errado. Me diz que... Isso é um mal-entendido e que você não matou o meu pai.
— Você não entendeu...
Rafe deu um passo para trás, balançando a cabeça em choque. Ele mal podia encara-la agora.
Aquilo doía. Ele se sentia machucado, destroçado, como se tivessem arrancado uma parte vital de seu corpo. E a raiva... Tomava conta de cada um de seus nervos o deixando doente, como se o próprio diabo se apossasse de seu corpo. Rafe queria socar alguma coisa, qualquer coisa, a almofadas ou quem sabe a porra da parede. Talvez socasse o primeiro desavisado que passasse na rua.
Como ela pôde ter feito isso com ele?
— Você... Que merda você tem na cabeça?
Claire tentou se aproximar, tentando se explicar.
— Ele ia me matar!
A raiva de Rafe crescia a cada palavra. Como ela pôde ter feito isso com ele? Como? Ele fez de tudo por ela! Era isso que ele merecia? Todas as pessoas do mundo com as quais ele se importava sempre fodiam com ele! Seu pé chuta com brutalidade a mesa de centro, que cai no chão e quebra o vaso caro em mil pedaços. Claire dá um pulo, sentindo seu coração ameaçar parar com o barulho.
— Onde ele está? — Rafe pergunta, ainda sem encara-la.
Seus olhos tomados de lágrimas por sua raiva e ódio não aguentavam encarar a garota machucada em sua frente. Rafe havia feito tudo por ela... Ele tinha feito tudo.
— Rafe, se acalma e deixa eu me explicar — ela diz, dando alguns passos em sua direção.
Os olhos dos dois se cruzam, ativando ainda mais a ira do garoto. Ele avança sobre ela, pressionando-a contra a parede com brutalidade, seu rosto a centímetros do dela.
— Onde ele está? — perguntou com os dentes cerrados, segurando-a com força.
Claire se contorceu, sentindo dor nos ombros e em sua cabeça. Ela conseguia ver o ódio por trás de cada uma das lágrimas que escorriam pelo rosto de Rafe e isso a machucava mais do que qualquer coisa. Nunca foi a intenção dela que o garoto sofresse.
— Você está me machucando! — Claire choraminga, tentando se desvencilhar dele.
Ele a puxa pra frente só para bate-la violentamente contra a parede de novo. Claire começa a chorar, temendo o pior. Rafe seria capaz de mata-la? Seria ela capaz de impedi-lo?
— É a última vez que eu vou perguntar... Onde ele está?
Ela lutou para respirar, as palavras saindo entrecortadas.
— Ele estava me machucando, eu não queria fazer aquilo — murmura, com dificuldade para formular uma frase. — Eu... Eu perdi a cabeça.
Os olhos de Rafe brilhavam de fúria e mágoa.
— Ele é o meu pai! — o garoto berra, fazendo as lágrimas de Claire aumentarem consideravelmente.
Claire tentou se fazer ouvir.
— Eu sei! — gritou em resposta, engasgando-se. — Você não ouviu o que ele disse, como ele ameaçou entregar você, como ameaçou destruir tudo o que está construindo!
Rafe balançou a cabeça, recusando-se a acreditar. Uma parte dele, a parte cegamente apaixonada pela garota em sua frente, queria acreditar nela. Mas acreditar nela significaria acreditar que seu pai não era uma boa pessoa, que seu herói na verdade não existia... Era uma traição.
— Ele não faria isso.
Claire jurou com toda a convicção que tinha.
— Eu juro por Deus, Rafe! Era ele ou você e eu escolhi você! Eu não ia ficar sentada assistindo enquanto ele destruía tudo o que você mais se importava!
Ele a encarou, como se visse uma estranha à sua frente. Até onde ele realmente a conhecia? O que estava por baixo das minissaias e do perfume francês?
— Mas eu me importava com ele! — Rafe rosna, pressionando ainda mais a garota contra a parede. — Como você pôde?
Ela olhou para ele, o rosto marcado pela dor e pela culpa. Claire não queria que ele sofresse e não queria que ele a odiasse mas não havia nada mais a ser feito além de dizer a verdade.
— Eu só imaginei como sua vida seria melhor sem ele — ela admite, entre lágrimas.
As mãos de Rafe se afrouxam, sentindo a sinceridade por trás daquelas palavras. Ele estava a machucando... Seus dedos provavelmente ficariam marcados contra a pele clara dela da mesma maneira que os do seu pai. Rafe não podia imaginar como seria ficar sem ela mas não conseguia acreditar que nunca mais veria seu pai. Era como um cabo de guerra dentro de seu peito.
A única certeza é que não haveria felicidade em qualquer lado que ganhasse.
Nesse momento, Rafe explodiu. Tirando suas mãos de Claire e começando a chutar e derrubar tudo ao seu redor, em um ataque de fúria descontrolada. Claire tentou se aproximar, alarmada.
— Rafe! — ela gritou, vendo-o atirar as garrafas de bebidas do bar no chão. — Para com isso, você está me assustando!
Ele a encarou com olhos vermelhos de raiva, o coração de Claire se encheu de adrenalina. Rafe a encarava como se ela fosse um monstro enviado do inferno e isso a destruía completamente. O que ela faria sem ele?
— Agora está com medo, porra? — ele grita, largando no chão a garrafa que segurava. — O que vai fazer? Me matar também? É a porra de uma assassina.
— Assim como você — ela se defendeu, a voz baixa e cheia de ressentimento. — Eu sei sobre a Peterkin.
Rafe ri sem nenhum humor, seus dentes expostos contrastando com seus olhos vermelhos pelo choro e pela raiva.
— Ele era o meu pai!
Claire manteve o olhar fixo, cheia de amargura.
— Você disse que devia se proteger, que ia acabar sendo inflexível... Eu fiz isso por você.
Rafe não conseguia mais olhar pra ela, não conseguia nem ouvir sua voz. Ela tinha que ir embora, pra sempre, para que ele nunca mais se lembrasse de nenhum desses sentimentos terríveis que tomavam conta de seu peito.
Ele devia mata-la, ela merecia morrer pelo o que fez. Mas seu coração tinha a plena certeza de que se ele fizesse isso, seria o mesmo que tirar a própria vida. Apesar de tudo, Rafe não poderia viver sabendo que ela não estava bem e ele a odiava por isso.
A odiava por tê-lo feito precisar dela para em seguida enfiar uma faca em suas costas.
Ele deu um passo para trás, a voz fria e definitiva.
— Some daqui.
Ela tentou mais uma vez, com os olhos suplicantes.
— Rafe...
A única maneira era se afastar de qualquer sentimento associado a garota em sua frente, e pra isso ela tinha que sumir da vista dele. Olhar para ela o deixava enjoado, como se pudesse vomitar.
— Some daqui! — ele grita. — Pega as suas coisas e some da minha casa. Agora!
Claire ficou parada por um momento, olhando para ele em silêncio, até que, sem mais uma palavra, virou-se e foi embora, desaparecendo pela porta.
Comentem o que vocês estão achando!!
Não é porque a personagem é minha mas eu meio que acho a Claire muito diva.....
Obrigada pelo engajamento de sempre, amei que vocês estavam achando que ela tinha matado o Barry kkkkkkkkkk (ainda não
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