15, fora de controle

CLAIRE SENTIA QUE HAVIA dormido muito, bem mais do que deveria, mas ao mesmo tempo estava cercada por aquela névoa densa que tenta te impedir de levantar da cama. Para ela era extremamente confortável estar ali, seu corpo nu contra a roupa de cama de linho, envolta nos cobertores que cheiravam a Rafe. Isso era errado e a levaria pro inferno em alguma instância mas valeria a pena todo o sofrimento por mais momentos como esse.

A garota estica seus músculos doloridos e se vira, vendo Rafe sentado em sua escrivaninha. Ele bebia uma xícara de café que emanava o cheiro amargo por todo o quarto. Quando seus olhos se cruzam com os dela ele sorri, não podendo evitar ao vê-la descabelada e com seus seios expostos.

— Bom dia karma, dormiu bem?

Dormir não era exatamente a palavra certa para o que aconteceu na noite passada. Rafe e Claire mal conseguiram tirar as mãos um do outro — ou a boca, passando a maior parte da noite em claro enquanto se exploravam, dando espaço para realizarem todos os desejos que tinham sido silenciados no último mês. Claire sorri, se sentando na cama e deixando o cobertor cair em seu colo.

— Nós não dormimos muito... — admite, sentindo suas nádegas doerem pelo contato com o colchão. — Não sei como está de pé.

Rafe aponta para a pilha de papéis e contratos da empresa. Haviam alguns projetos imobiliários que eram muito bons para ficarem engavetados e sua intenção era reacender a chama da Cameron Development apresentando um novo projeto em uma grande festa. A festa tinha sido ideia de Claire, é claro.

— Se vou ficar com a empresa preciso cuidar dela — ele responde, bebendo mais do seu café.

Claire faz careta quando vê através do relógio da cabeceira que já passava das dez da manhã.

— Merda, esqueci que preciso ver as flores e o buffet — resmunga, jogando o cobertor pro lado. — E ainda preciso dar um jeito de falar com o Topper.

Ela se levanta imediatamente, esquecendo de suas aventuras na noite passada e sentindo suas pernas latejaram como se tivesse sido atropelada. Como ela iria resolver tudo se mal conseguia andar? Rafe percebe a expressão dolorida no rosto de Claire e a observa com um sorriso no rosto enquanto ela dava passos vagarosos.

— O que foi? — provoca.

Claire se vira pra ele.

—  Você sabe muito bem o que foi.

— Eu me sinto bem, praticamente renovado — continua, com aquele sorriso idiota nos lábios.

A garota se controla para não sorrir também. Pra ela pouco importava se estava dolorida, não quando Rafe Cameron que vestia apenas uma calça de moletom vinha em sua direção. Ele a observa com atenção, tendo certeza que já havia memorizado cada detalhe de seu corpo nu. O garoto ergue sua mão para uma mecha do cabelo de Claire e a coloca atrás de sua orelha, se divertindo com o fato de seus mamilos se eriçarem no momento que ele a toca.

Ele passa a mão por seus braços e sua cintura, a puxando em sua direção e selando seus corpos um contra o outro. Claire sente o membro duro de Rafe contra sua barriga, a fazendo revirar os olhos.

—  Nem pense nisso — murmura, dando de ombros.

Rafe fica parado observando a maneira que a bunda da garota se mexia conforme ela se afastava.

— Já quer me deixar com raiva logo agora que descontei tudo em você? — provoca, abrindo um sorriso. — Estranhamente te ver mancar me deixou com um puta tesão.

Ela se vira pra ele, com seus braços cruzados.

— Eu te odeio, Cameron.

— Você não consegue me odiar — ele responde, voltando a se aproximar dela.

Para ele não havia sensação melhor do que Claire passando seus braços envolta do pescoço dele. Ele sorri enquanto ela fica na ponta do pés, fixando seus olhos nos dela.

— Eu consigo e eu odeio — Claire insiste.

Rafe gargalha e a ergue pela cintura, selando seus lábios nos dela. O beijo é lento, molhado, quase torturante... Faz com que ele queira bota-la de quatro de novo e de novo. Mas ela se afasta antes que sua mente viaje para longe demais.

— Agora vou pro banho — diz, dando de ombros.

O garoto geme de frustração.

— Posso ir com você...

— Nem pense nisso — Claire repete, seguindo pro banheiro sem nem olhar pra trás. Ela sorri ao ouvir Rafe gargalhar de novo.

Logo após seu banho Claire volta ao seu quarto, enrolada em uma toalha enquanto pensa no que vestir para suas atividades do dia. É obvio que Rafe foi atrás dela, completamente avesso a ideia de perde-la de vista no momento. O garoto sentia que poderia observa-la pra sempre, ainda mais assim, com poucos trajes.

Ele dá palpites sobre as roupas, alegando que todas eram curtas demais e dizendo que talvez Claire precisasse de novas. Ela o ignora, é claro. Para a garota toda essa fixação de Rafe com suas roupas era bastante infundada, afinal, não parecia ser um problema pra ele quando outras pessoas vestiam.

Claire se encara no espelho, gostando da maneira que seu vestido verde e rodado havia lhe caído. Rafe também gosta, nem ao menos dizendo uma palavra antes de se inclinar e a beija-la, um beijo terno que rapidamente se tornou mais intenso. As mãos de Claire subiram para o pescoço dele, o puxando para mais perto enquanto o mundo ao redor desaparecia.

Do lado de fora Sarah — que havia entrado na casa sem nenhum esforço — caminhava apressadamente pelo corredor, com uma mochila pesada em suas costas. A garota veio atrás de algumas de suas roupas que ainda estavam aqui e como a moto de Rafe não estava do lado de fora, presumiu que Tannyhill era uma área segura no momento. Sarah sabia que um de seus vestidos havia sido usado por Claire na semana passada e provavelmente estava no quarto da garota, então, sem bater, ela abriu a porta e entrou.

O que ela viu a deixou sem palavras. Claire e Rafe, praticamente engolindo um ao outro, alheios ao resto do mundo. Sarah parou com sua boca aberta de surpresa no momento em que eles se viraram abruptamente em sua direção. Agora haviam três olhos arregalados com uma expressão de choque estampada em seu rosto.

— Espera, vocês...? — Sarah começa mas a frase morre em sua boca, não sabendo exatamente quais palavras usar para descrever o que havia visto.

Claire sente suas bochechas corarem e as palavras parecem escapar de sua boca, para uma garota falante como ela essa era a pior sensação que existe.

— Olha, é meio difícil explicar...

Sarah ergue a mão, dispensando qualquer explicação.

— Eu acho que já entendi tudo.

Rafe dá dois passos pra frente, aumentando seu tom de voz.

— Sarah, eu juro por Deus que te...

— Cala a boca Rafe! — Claire o interrompe, antes que a situação entre os dois fique ainda pior. — Eu resolvo daqui.

O garoto resmunga algo ininteligível mas a obedece, se afastando de Sarah. Claire puxa a garota pela mão, que sorri vitoriosa para Rafe antes de se deixar guiar em direção a sala. Quando as duas se encaram Sarah cai na risada, não conseguindo se conter, afinal, quando ela poderia ter imaginado algo assim?

— Dá pra parar de rir? — Claire pede, já se irritando.

— É meio difícil.

— Não pode contar pra ninguém...

Sarah ergue os braços em rendição.

— Não se preocupe, eu vou fingir que tudo isso nunca aconteceu.

— Eu sei que deve pensar que sou uma pessoa horrível e...

— A única coisa que eu consigo pensar é eca — a garota a interrompe, fazendo uma expressão de nojo.

— Sarah! — resmunga, sentindo seu rosto esquentar ainda mais.

— É verdade! Logo o Rafe?

— Ah.

Não era exatamente isso que Claire esperava. Quer dizer, o problema era o fato deles serem irmãos e não sobre a relação quase... Pecaminosa entre os dois. As vezes tudo que a garota queria é uma bronca e algum sermão pesado sobre ir pro inferno. Não é possível que só ela achava essa situação péssima.

— Eu só vim aqui pegar meu vestido — Sarah se explica, cruzando os braços.

Claire vê a oportunidade perfeita para mudar de assunto.

— Planos especiais?

— Não realmente mas tenho esperança de que Nicholas apareça então... Melhor ficar bonita caso aconteça.

As duas se encaram com um sorriso cúmplice no rosto.

— Posso saber quais são suas intenções?

— Bem, o John B foi pra América do Sul há alguns dias e depois que meu pai...

— Espera aí — Claire a interrompe, sentindo todo seu corpo se arrepiar. — Seu pai está aqui?

No momento Sarah se sente um pouco desconfortável por ser a portadora de más notícias.

— Rafe não te contou?

— Não, ele não contou — Claire resmunga, cruzando seus braços. — O que ele quer aqui?

— Me infernizar provavelmente.

Infernizar a todos nós... Claire acompanha Sarah até a porta, se demorando bastante no jardim enquanto refletia sobre as reais intenções de Ward ao voltar pra ilha. Ela nunca havia gostado dele, nem mesmo quando criança e ela podia admitir que talvez seu pai e seus comentários ácidos tenham influenciado nisso mas não totalmente, afinal, nenhuma crítica havia sido feita sem motivo.

Claire sabia que Ward estava aqui por causa do Rafe.

Ele não queria que eles ficassem em Tannyhill, não queria que a empresa continuasse e principalmente não queria ser contrariado. Isso explicava as ligações e mensagens infinitas que Rose insistia em mandar para a filha, mensagens essas que Claire ignorava veemente. Não havia nenhum motivo para tanta preocupação com o que os dois faziam aqui... A empresa pode seguir sem o Ward e sua mãe e seu marido assassino poderiam sumir no mundo no que dizia respeito a Claire.

Não ver a mãe já era normal para ela afinal de contas.

A garota afasta seus pensamentos antes de voltar para o segundo andar. Não era hora de confrontar o Rafe sobre sua omissão, pelo menos não ainda.

Sarah mal conseguia segurar o copo de água com firmeza em suas mãos trêmulas. Havia certa ansiedade que se alastrava por todo seu corpo conforme as horas passavam e o final da tarde se aproximava. A garota havia mandado uma mensagem para Nicholas encontra-la em seu apartamento e agora, quando todo seu almoço ameaçava fazer o caminho de volta para a boca, não especificar uma hora parecia uma má ideia. Isso a deixava mais nervosa do que o esperado por ela. Todas as palavras que sua mente insistia em planejar pareciam erradas e quanto mais tarde ficava, mais a certeza de que levaria um bolo aumentava.

É um alívio torturante quando a campainha soa, fazendo com que ela se levante imediatamente e siga em direção a porta. Sarah respira profundamente ao ver Nicholas parado no corredor do prédio, seus cabelos molhados e seus olhos azuis a deixam sem palavras por alguns segundos. Era estranho o poder que o garoto tinha sem nem precisar dizer uma palavra, estranho como ela mesma havia conseguido ignorar tudo isso por tanto tempo.

— Você veio! — murmura Sarah, tentando não demonstrar toda sua felicidade em seu tom de voz. Ela tem quase certeza que não funcionou muito bem.

Nicholas sente o bolo se tornar maior em sua garganta, quase como se pudesse sufoca-lo. Ele odiava quando Sarah o olhava desse jeito... Como se ele fosse sua pessoa favorita no mundo.

— Bem...  — ele pigarreia antes de prosseguir. — Você me chamou então... Olha, eu não sei o que você acha que tem pra resolver comigo mas acredite, nós estamos bem. Não se preocupe.

Era patético a quantidade de vezes que ele havia repetido isso pra ela na última semana. Nenhuma delas foi cem por cento verdade. Nicholas ainda estava magoado por todos os inúmeros motivos que circundaram a história fracassada entre os dois mas sabia que isso passaria com o tempo. Ele estava magoado e precisava de espaço, apenas isso.

— Pode só entrar e me ouvir?

Ao olha-la nos olhos ele sabia que faria tudo que ela pedisse, sempre havia sido assim.

— Tá — concorda, entrando no apartamento.

Havia algo que ninguém além dos dois tinha conhecimento: Nicholas e Sarah não tinham apenas se beijado antes do namoro entre a garota e Topper, eles tinham transado. Eles estavam tomando cervejas na praia quando uma chuva terrível caiu e o apartamento dos Cameron foi o refúgio mais próximo. Na época o lugar tinha cheiro de cerveja e sexo, sendo bastante usado para festas dos amigos do Rafe.

Os dois não se importaram. Se secaram, abriram um vinho caro e transaram no tapete da sala. Nicholas ainda se lembrava da risada de Sarah ao ouvir a taça cair no chão e manchar todo o estofado branco, ela não quis parar.

Ao fechar a porta do apartamento Sarah tem a exata certeza de que ambos pensavam no mesmo dia.

— Ainda está manchado — Nicholas murmura, desviando o olhar.

Ele não queria lembrar daquilo, não sabendo do que havia acontecido apenas alguns dias depois disso.

— É — Sarah cruza os braços, exibindo um sorriso de canto. — Pelo visto não sai mesmo.

Nicholas sorri pra ela, não conseguindo resistir aos seus olhos grandes e ao sorriso convencido. A expressão da garota se transforma após alguns segundos enquanto a realidade a atingia como um soco, após tanto tempo ela ainda sentia seu coração acelerar ao vê-lo sorrir pra ela e o mesmo coração que acelerava se partia no momento em que percebia o quanto havia errado com ele.

Nick Thornton, o primeiro amor de metade das garotas da ilha. O primeiro amor de Sarah Cameron.

— Nick eu... Perdi meu verdadeiro eu — diz, dando um passo em sua direção. — Quando me olho no espelho eu não sei quem eu realmente vejo, eu não sei quem eu sou, não sei o que quero fazer da vida. Isso não justifica a maneira com que eu lidei com as coisas e como tratei você e seu irmão.

As palavras simplesmente jorravam de seus lábios, palavras verdadeiras que expressavam seus sentimentos confusos. Sarah era impulsiva, aventureira e inconstante e apenas uma coisa não havia mudado ao longo dos anos. Seu amor pelo garoto parado em sua frente.

— Você já se desculpou por isso, umas mil vezes — Nicholas lembra, cruzando os braços.

— Não consigo tirar você da cabeça — a garota admite, se lembrando dos dias infindáveis perdida naquela ilha enquanto o peso de todas suas escolhas pareciam pairar em suas costas. — Desde os dias que passei na ilha eu... Eu só sabia sentir sua falta. Todos os dias. E não havia ninguém com quem eu pudesse falar sobre isso.

O garoto passa as mãos pelo cabelo, desviando o olhar para a mancha de vinho enquanto tentava pensar direito. Sarah Cameron não podia fazer isso com ele, não de novo, não sem ser verdade... Isso seria cruel.

— O que você quer?

— Ser feliz — Sarah responde de prontidão, se aproximando ainda mais de Nicholas. — Eu quero me encontrar e não consigo fazer isso sozinha. Eu preciso de você.

Eu preciso de você. Esse simples pensamento arranca uma risada do garoto. Era meio fácil precisar dele agora, fácil precisar quando não se tem nada.

— Você só está dizendo isso porque o John B foi embora.

— Eu estou dizendo isso pois é só com você que eu consigo me sentir eu mesma — admite, sentindo seu rosto esquentar ao expor seus sentimentos dessa maneira. — Eu não sou uma Pogiue. Não sou uma Kook. Ultimamente, na verdade, eu mal tenho me sentido como parte de algo... Eu perdi tudo. E mesmo tendo perdido tudo a única coisa que estou tentando recuperar é você. Você faz eu me lembrar de quem realmente sou, faz com que eu seja uma pessoa melhor. Eu não me importo em me humilhar e me desculpar pelo resto da vida, eu faria isso com toda satisfação do mundo se houvesse alguma chance de você me perdoar.

Nicholas se sentia um pouco zonzo agora, quase sem ar.

— Eu perdoo você Sarah — murmura, dando um passo pra trás.

Ela não hesita em acompanha-lo, tentando diminuir a distância entre eles.

— Não consigo tirar nosso beijo da cabeça.

Nicholas dá risada, um tanto incrédulo pelo o que estava ouvido. Seus olhos se cruzam com os dela, vendo em sua expressão que a garota não estava brincando. Ele desejava, mais que tudo, que fosse capaz de deixar tudo para trás e se permitir ser feliz.

— O que você quer de mim, Sarah Cameron?

Bem, para ela essa era uma resposta simples.

— Eu só quero você...

Era uma puta coincidência, afinal, nunca houve nada que ele quisesse mais do que a garota parada em sua frente. Em um gesto arriscado, Sarah dá um passo a frente acabando com o espaço entre eles e fixa seus olhos nos dele, tentando em seu semblante descobrir se deveria avançar ou não. Não foi preciso pensar muito, Nicholas a puxa pela cintura e segura seu rosto, selando seus lábios em seguida. Ele conseguia sentir a tensão se esvaindo do corpo da garota conforme o beijo ganhava profundidade. Suas mãos correm por todo o corpo dela enquanto Sarah o puxa pela blusa, em direção ao sofá. Não havia nenhuma garrafa de vinho agora, então pelo menos o tapete iria sobreviver a eles.

O dia parece ter durado aproximadas quarenta e oito horas para Claire quando seu táxi estaciona em frente a pizzaria. Já passava das sete da noite e o dia tinha sido uma correria, mal havia sobrado tempo para comer e isso é evidenciado quando a barriga da garota ronca ao sentir o cheiro de pizza fresca.

Ela paga o taxista e segue por entre as mesas externas, a procura de Topper. Não é difícil encontra-lo sentado na mesa mais próxima ao mar, bebendo um mojito.

— Oi Top — Claire o cumprimenta, com um sorriso, enquanto se senta na mesa.

Topper sorri também, ele estava feliz por vê-la. Apesar de ser mais próxima de Nicholas, o garoto ainda sentia por Claire um amor fraternal e foi esse amor que o trouxe até aqui. Ele queria esclarecer as coisa... Entender tudo um pouco sobre uma nova perspectiva.

— E aí frenchie! — ele diz, tamborilando os dedos na mesa em inquietação.

— Como estão as coisas?

Um sorriso sarcástico sai da boca do garoto.

— É sério isso? — Top indaga, fazendo com que Claire sorria e revire os olhos. — Por que não vai direto ao ponto? Sei que está aqui pelo Nicholas.

Em parte era verdade. Claire sabia que se as coisas entre Nicholas e Topper não melhorassem, Nick seria incapaz de seguir seu coração. Isso já tinha acontecido antes, mas agora era diferente... Sarah parecia sincera sobre seus sentimentos por Nicholas.

— Estou aqui por você — responde, se apoiando na mesa. — Eu sei que isso te magoou, o Nick é meu melhor amigo mas não acho que o que foi feito foi justo com você de alguma forma. Mas ele...

— Ele é meu irmão! — Top exclama, interrompendo a garota. — Ele devia estar do meu lado, me apoiar. Não beijar a garota que eu amo!

Claire respira profundamente, tentando pensar no que dizer a seguir. Toda a situação era bem difícil de ser defendida...

— Eu sei. Mas... Isso não justifica nada mas você sabe que foi difícil pra ele quando vocês estavam juntos e está sendo ainda mais difícil agora. A Sarah não é só mais uma garota aleatória pra ele...

Topper revira os olhos, cansado dessa baboseira. Para ele não é possível que Nick Thornton, o maior galinha da ilha, pudesse gostar logo da única garota que ele havia amado.

— Eu amo ela — Topper admite, desviando o olhar.

Isso parte o coração de Claire, pois não existia nada que ela quisesse mais do que ver os dois felizes.

— Eu sei que ama mas sei que também ama o Nick então vai ser moleza... Você só precisa ama-lo mais do que ama a Sarah.

— Ele não fez isso por mim.

É, ele não fez nem um pouco.

— Nós dois sabemos que você é uma pessoa melhor que o Nick.

Topper revira os olhos mas não consegue segurar a risada, isso faz com que Claire gargalhe também.

— Eu vou tentar falar com ele — o garoto diz, sentindo certo amargor em sua boca. — Vai comer comigo né?

— É claro! — Claire concorda, estendendo o cardápio para Topper. — Eu quero marguerita.

— Sem graça, como sempre.

Parece um milagre quando Claire finalmente pode tirar suas roupas e tomar um longo banho quente. Seu corpo parecia extremamente cansado após o dia cheio e sua mente... Nossa, parecia estar prestes a colapsar.

Tudo está em silêncio quando ela sai do banheiro e a garota se pergunta onde devia estar Rafe. Já passava da uma da manhã mas ele não costumava dormir cedo. Ela decide não se preocupar com isso, afinal, a gama de possibilidades era muito ampla tanto para o bom quanto para o ruim.

— Você demorou... — Rafe murmura, cruzando os braços e chamando a atenção da garota.

Claire revira os olhos, imaginando se por acaso ele havia lido sua mente, e se vira para ele. Rafe vestia apenas uma bermuda e na visão de Claire parecia um pouco cansado, pelo menos era isso que seus olhos pesados transpareciam.

— Eu e Topper fomos dar uma volta de lancha — explica, se sentando na beirada da cama. A menção a Topper faz com que o rosto de Rafe se torne uma careta. — O que foi? Vocês costumavam ser amigos...

— Até eu afogar a Sarah — o garoto diz, dando alguns passos para dentro do quarto.

Ele fica feliz ao ouvir a gargalhada de Claire ecoar pelo cômodo.

— Até você afogar a Sarah... — ela repete, esfregando uma mão na outra. Havia certa mágica no ar que os impedia de tirar os olhos um do outro. — O que está fazendo acordado por sinal?

— Não consegui dormir — explica, coçando os olhos.

Claire se encosta em seus travesseiros e bate no espaço ao seu lado duas vezes, num convite para que Rafe se aproximasse.

— Vem aqui — ela pede e ele a obedece imediatamente, aninhando seu corpo grande contra o dela enquanto repousava sua cabeça em seu ombro. Rafe passa seu braço pela cintura de Claire enquanto a mesma usa seus dedos para acariciar a nuca do garoto. Parecia estranhamente normal ambos estarem assim. — Não gostei das flores rosas, acabei escolhendo azul, branco e laranja.

Rafe franze o cenho.

— Laranja? — indaga.

— O que foi? Não gosta de laranja?

— Não está entre minhas cores favoritas.

— E qual está?

Rosa talvez... Como a cor das bochechas de Claire quando ele a faz gozar ou marrom do exato tom de seus olhos. Mas no momento em que pensa em responder Rafe observa o tecido de cetim azul que envolvia o corpo da garota. Era bonito e parecia perfeito, definitivamente essa devia ser sua cor favorita.

— Azul...

— Azul? É a minha também — murmura com um sorriso, sentindo a textura dos fios curtos do cabelo de Rafe. — Sabe, eu fechei com os Heyward o fornecimento dos insumos pro buffet, eles disseram que vão trazer tudo na sexta a noite. Já os cozinheiros, assim como os organizadores, vem pela manhã, então acho que não vamos conseguir dormir direito com toda a movimentação. Ah! Meu pai disse que vem, o que ainda não sei se é uma coisa boa ou não, afinal ele pode querer me arrastar de volta para...

Claire para de falar no exato momento em que percebe que Rafe havia dormido. Ele parecia tranquilo agora, o suficiente para que ela não quisesse acorda-lo. Com cuidado ela estica seu braço até o fio do abajur e o apaga, sentindo-se estranhamente feliz por esse pequeno momento.


Vocês simplesmente lotaram minhas notificações, tanto aqui quanto no tiktok!!! Não tenho nem como agradecer, tô feliz demais que vocês estão gostando!

Andei pensando em talvez escrever um capítulo mais voltado para Sarah e Nicholas, o que acham? Quero saber a opinião de vocês!

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