10, o cão arrependido
JÁ ERA A QUINTA vez na semana que Claire havia passado a noite praticamente em claro graças aos gemidos do quarto ao lado. A cama batia contra a parede, os corpos batiam um contra o outro e todos aqueles os xingamentos... Eram muito baixos — até mesmo para o Rafe — e tinham um efeito estranho na garota. Ela se sentia quente ao ouvir aquilo, ao imagina-lo olhando em seus olhos enquanto...
Era sempre assim: metade da noite tomada pelo sexo dos dois e a outra metade tentando relaxar o suficiente para voltar a dormir.
Claire está sentada na bancada, tomando uma xícara gigante de café enquanto tem a certeza de que provavelmente desmaiaria de cansaço a qualquer momento. Para completar a tríade do esgotamento físico ela havia ficado no hospital com os Thornton até tarde. Sua expressão fica ainda mais carrancuda quando Sofia, descalça e com seus cabelos bagunçados, entra na cozinha.
— Oi, bom dia — a garota diz, se aproximando em passos receosos. É claro que ela já havia sentido a tensão que Claire emanava.
— Bom dia pra quem? — Claire rebate, de mau humor. — Podiam ao menos ser mais silenciosos né?
Ou não transarem, tipo, nunca mais. Toda essa situação estava confundindo a cabeça da garota e essa completa estranha andando pela casa não ajudava nem um pouco nisso.
— Foi mal.
— Não tem casa mais? — Claire questiona, sorrindo ironicamente.
Sofia desvia o olhar, se sentindo intimidada pelo mau humor da garota a sua frente.
— Você não gosta muito de mim né?
— Eu nem conheço você mas devia saber que é falta de noção ficar tanto tempo assim na casa dos outros.
— Ei — Rafe grita, entrando pela porta vestindo apenas uma calça de moletom. — Pirou?
Claire revira os olhos. Era só isso mesmo que estava faltando para tornar sua manhã ainda pior... Rafe cruza os braços, parando bem ao lado de Sofia.
— Olha, eu não quero falar com você depois do seu showzinho ridículo de ontem.
— Eu... — Sofia murmura, dando dois passos para trás. — Vou deixar vocês conversarem.
Os dois observam enquanto a garota se afasta e some pela porta da cozinha. Claire olha com atenção os músculos dos ombros e bíceps de Rafe se contraírem, demonstrando muito bem sua raiva.
— Qual é a sua? — ele pergunta, chamando a atenção dela.
— Qual é a minha? — repete, a incredulidade exalando em seu tom de voz. — Eu mal consegui dormir por conta de todo o barulho que vocês fizeram. Se for pra trepar, pelo menos seja mais silencioso.
Rafe sorri, se divertindo com a situação. Então todo o mau humor era por causa disso...
— O que está rindo?
— Nada — responde prontamente, ainda com o sorriso na cara. — Está com ciúmes.
Claire fecha ainda mais a cara.
— Agora querer ter uma boa noite de sono significa ter ciúmes?
— Não, mas esse seu escândalo sim.
A garota se levanta, se sentindo um tanto ofendida.
— Eu não sou obrigada a aguentar gente sem noção.
— Enquanto você estiver na minha casa é obrigada sim!
Se era assim que ele queria então era assim que iria ser. Claire passa por ele, marchando em passos fortes.
— Certo, estou saindo e só volto quando você aprender a dormir sozinho.
A ideia não o agrada.
— E pra onde vai?
— Não te interessa.
A garota já havia combinado de ir até os Thornton mas Rafe não precisava saber disso. Ela espera pacientemente o táxi do lado de fora e em questão de poucos minutos está frente a frente com Nicholas e seu rosto estragado por John B. O garoto estava deitado no sofá, ocupando todo o espaço. Ele move os pés no momento em que ela se aproxima.
— Cara, você tá péssimo — ela murmura, sentando no espaço que o garoto havia lhe cedido. Nicholas volta a mesma posição, dessa vez com seus pés em cima do colo de sua amiga.
— Obrigado — diz ele, com um sorriso fraco nos lábios.
Claire passa a mão pelos pés do amigo, cobertos por uma meia branca, num gesto de carinho.
— Por que não acabou logo com ele? — pergunta, se virando para Nick.
— Eu quis fazer a coisa certa. Pela Sarah. Santa idiotice.
Como se Sarah Cameron, a confusão ambulante, se preocupasse em fazer alguma coisa certa por alguém além dela mesma.
— Não foi mesmo muito inteligente — Claire ironiza, com um sorriso.
A senhora Thornton aparece, batendo seus saltos grossos contra o chão de madeira. Imediatamente Nicholas faz careta, já sabendo o que viria a seguir. Ele passou boa parte da madrugada ouvindo um longo sermão de sua mãe, principalmente por já ser de conhecimento geral que ele havia ficado com a ex do irmão.
— Nós vamos fazer uma ocorrência! — a senhora Thornton diz, parando ao lado do sofá. — Isso não pode ficar desse jeito.
— Claro, você está certa — Claire concorda. — Não tem justificativa.
Mais passos vem da escada e Topper aparece, com uma cara quase mais terrível que a do irmão apesar de não ter se metido em nenhuma briga. Com a confusão da noite passada havia sido impossível não entender do que tudo aquilo se tratava... Ele já sabia o que tinha acontecido entre Sarah e Nicholas, o garoto não conseguiu mentir para o irmão mais velho estando chapado de remédios.
— Top, oi! — Claire diz, abrindo um sorriso.
Topper olha pra ela por alguns segundos.
— Oi — diz, passando reto e saindo de casa pela porta da frente.
Nicholas respira fundo e abaixa a cabeça, sentindo a mágoa de seu irmão pairar no ar. Ele não sabia como consertaria as coisas agora... Parecia impossível.
— Aquela garota só traz confusão — a mãe do garoto comenta, colocando a mão na têmpora. Para ela era inadmissível que os dois se estranhassem por causa de Sarah Cameron.
— Mãe... — Nicholas pede, cansado de ouvi-la falar sobre isso.
— A ex do seu irmão... — ela prossegue, o ignorando totalmente. — Não acredito nisso.
— Dá pra deixar a gente sozinho? — o garoto pede, aumentando o tom de voz.
Sua mãe ergue o nariz.
— Tá — concorda, dando de ombros. — Nós vamos depois do almoço, está convidada para ficar Claire.
— Obrigada — a garota assente, com um sorriso. No exato minuto em que a mulher se afasta o suficiente Claire finalmente pergunta: — Como o Topper reagiu?
— Mal e acho que só não me socou ainda com medo de eu não aguentar.
Os dois dão risada mesmo a situação sendo péssima. Nicholas se sentia mal por ter magoado o irmão, muito mal mesmo. A relação dos dois sempre foi boa apesar das diferenças entre eles e deixar que uma garota estragasse isso foi burrice da parte dele. Ele mal consegue imaginar como Topper deve se sentir traído nesse momento, os irmãos nunca deviam se magoar dessa maneira.
A campainha toca.
— Abre pra mim? — Nicholas pede, tirando os pés do colo de Claire.
— Só porque não quero que a visita se assuste com essa sua cara — ela ironiza, se pondo de pé e indo em direção a porta.
Sua expressão se desmancha no momento em que vê Sarah, com certa hesitação no rosto, parada do outro lado da porta. A loira estava com medo de vir até aqui e ser atendida pela senhora Thornton, então ficou um pouco mais calma quando percebeu que era Claire quem apareceu.
— Ah, Sarah — Claire diz, abrindo um sorriso forçado. É claro que ela adorava Sarah mas os últimos acontecimentos não faziam dela sua pessoa favorita no mundo. — Oi.
— Oi — a outra responde. — Eu... Sinto muito pelo o que aconteceu eu... Não foi minha intenção.
— Isso não vai curar o Nicholas, vai? — Claire ironiza, cruzando os braços.
— Não mas... Posso falar com ele? Só um minuto?
— Pode deixar — Nicholas diz, se aproximando da porta.
Ele havia desistido de esperar quando ouviu a voz de Sarah. Para ele era importante que tudo fosse esclarecido nesse momento, assim ele saberia como consertar as coisas daqui pra frente. Claire assente e deixa Sarah entrar.
— Eu vou ficar lá em cima e usar seu Twitter para xingar os Pogues — Claire diz, seguindo em direção as escadas.
— Não precisa pegar leve — Nicholas brinca.
— Eu nunca pego.
Sarah e Nicholas se encaram enquanto esperam Claire estar longe o suficiente para começarem a conversa. A garota conseguia ver o estrago que John B havia feito: corte no supercílio, um olho extremamente roxo e hematomas em todo o lado esquerdo no rosto. Partia seu coração que ele tivesse se machucado e partia mais ainda saber que tinha sido John B o responsável. Para ela, isso era a gota d'água.
— Oi — a garota diz, tentando sorrir um pouco.
Nicholas já não se esforça tanto e volta a sentar no sofá.
— Oi.
— Nick... — Sarah começa, se sentando ao lado dele. — Eu sinto muito.
— O que você quer aqui?
— Eu... Tem uma coisa. O John B, ele...
O John B. Tudo sempre tinha a ver com o John B, mas e ele?
— Não veio aqui pra falar desse cara comigo, né? — indaga, completamente ferido por esse ser o assunto que a trouxe aqui.
— Não pode me escutar?
— Eu sempre te escuto Sarah, e olha como eu acabei! — exclama, apontando pro próprio rosto. — Essa porra desse sentimento que... Me deixa cego. Eu não quero saber do seu marido, com certeza não quero.
— Nós terminamos — Sarah diz e não sabe exatamente porque diz isso. Mas chama-lo de seu marido agora parecia errado.
Nicholas revira os olhos, se encostando no encosto do sofá. Essa conversa não estava tomando o rumo que ele esperava e isso o magoava mais do que ele poderia admitir.
— Por que não vai embora?
Em um ato impulsivo, Sarah segura as mãos de Nicholas que se surpreende um pouco. Ela faz isso só porque sente vontade de toca-lo, só uma vez por algum tempo. É como se... Sua pele queimasse pelo toque dele. Nicholas sempre havia a tratado tão bem que nunca lhe passou pela cabeça como doeria se ele não a quisesse por perto.
Doía agora, pra caralho.
— Nicholas, olha pra mim — ela pede e o garoto se esforça para atender seu pedido. Ele não conseguia evitar. — Eu sei que está chateado e tem toda a razão nisso. Eu sinto muito pelo o que aconteceu, a culpa foi minha mas... Olha, você vai achar loucura mas o Big John, pai do John B, está na América do Sul agora e está com um puta de um problema. O John B precisa ajudar e não vai conseguir fazer isso da cadeia.
— Está pedindo pra não denunciar ele?
— Não. Estou pedindo pra esperar uns dias. Poucos. E aí ele já vai ter ido e quem sabe nunca mais volte.
A ideia de John B sumir do mapa para sempre o agradava bastante. Ele encara os olhos castanhos de Sarah, seus lábios... Isso o lembra do dia na praia.
— Tem ideia do que está me pedindo?
— Eu tenho mas preciso que me ajude, ok? Por favor.
— Só se me responder uma coisa — pede, tendendo a aceitar o pedido de Sarah. Ele nem queria denunciar ninguém para começo de conversa, foi uma coisa que sua mãe insistiu.
— Qualquer coisa — a garota concorda.
— Por que me beijou?
Não era essa a pergunta que ela esperava. Por que havia o beijado? Bem, ele estava ali, lindo como o inferno, numa praia lotada de seus antigos amigos Kooks e foi quase como se os sentimentos antigos nunca tivessem ido embora. O corpo da garota havia ardido por aquilo desde o dia no píer...
— Eu só... Eu quis — admite, num lapso de coragem.
— Por que?
— Eu não sei, eu... Senti sua falta. Eu sinto sua falta.
Para Nicholas, esse motivo não era o suficiente para uma briga com seu irmão mais velho.
— Não faça mais isso, não é justo comigo.
— Não vai mais acontecer — Sarah garante, se sentindo estranhamente triste por isso.
O garoto se levanta, afastando suas mãos das de Sarah. Ela o acompanha também, sabendo que isso significava que ela deveria ir.
— É bom ele ir embora logo, não vou esperar muito.
Sarah concorda.
— Você é mil, Nick!
Claire e Nicholas passam o dia todo assistindo filmes, comendo porcaria e falando sobre a vida de praticamente todas as pessoas que conheciam. Os Camerons foram proibidos de serem citados. A garota ainda não havia decidido se voltaria para casa ou não, ela estava de saco cheio do comportamento de Rafe e não estava afim de passar mais uma noite em claro, então ainda não havia se prontificado a ir embora mesmo passando das dez da noite.
Nicholas por outro lado estava grato por sua amiga estar com ele. Era mais fácil não ser consumido por um milhão de pensamentos intrusivos quando Claire estava ao seu lado sem parar de falar nem por um minuto.
O tubarão do filme havia feito sua décima vítima quando o celular de Claire vibra, mostrando uma mensagem de Rafe.
Vem pra casa, coisinha.
Ela já saiu daí?
Há muito tempo. Ela tem que trabalhar.
— Consegue sobreviver uma noite sem mim? — Claire pergunta, chamando a atenção de Nicholas.
Ele finge pensar por um tempo.
— Vai ser difícil mas acho que sim.
A garota se coloca de pé, pegando sua bolsa que estava jogada no chão do quarto e então se inclina para o amigo, beijando o topo de sua bochecha ferida.
— Se cuida.
— Obrigado.
— E vê se não pega mais nenhuma casada.
Nicholas ri, observando Claire se afastar pela porta.
— Pode deixar.
A garota decide voltar pra casa caminhando e dentro de alguns minutos está de volta a Tannyhill. Ela destranca a porta lateral e entra na cozinha, que estava completamente tomada pela luz da lua, ela se vira para trancar novamente a porta e no momento em que dá de ombros vê Rafe surgindo das sombras bem na sua frente.
— Demorou — Rafe murmura, encostando o ombro esquerdo no batente da porta.
Para Claire ele parecia um mostro de filme de terror surgindo assim do nada no escuro. Um monstro muito atraente que usa de sua beleza para te matar.
— Eu vim andando.
— Encontrei o Topper no bar... Ele me contou o que o Nicholas fez. Achei um exagero, até mesmo pra ele.
— Foi sua irmã que beijou ele — Claire explica, defendendo o amigo.
Rafe sorri de canto.
— A Sarah trai todos os namorados, isso não é exatamente uma novidade.
Claire revira os olhos e se aproxima, decidida a passar por ele e ir para o quarto tomar um longo banho.
— Foi mal pela Sofia — ele diz, dando espaço para que ela passe.
Isso definitivamente a surpreende mas pelo menos dá uma deixa para que ela também se redima sobre a situação no café da manhã.
— Relaxa Rafe, eu exagerei.
— Está pedindo desculpas?
— Pra isso eu teria que estar errada e eu não estou — ela rebate, sendo firme. — Só estou dizendo que... Não precisava de tanto.
— Entendi.
Os dois se encaram por alguns segundos até Claire passar por ele, subindo as escadas em direção ao seu quarto.
A garota aproveita de um bom tempo no chuveiro, deixando que a água quente relaxe seus músculos cansados. A noite mal dormida, o dia inteiro com os Thornton e toda a tensão que Rafe a fazia sentir estava acabando com ela. Parecia que suas costas tinham sido atropeladas por um caminhão.
Quando o banho acaba a garota veste seus pijamas e liga sua televisão, escolhendo um filme para assistir. Legalmente loira. E isso pedia um pouco de sorvete então ela resolve buscar um dos pequenos potes que estavam dentro do congelador. Na volta para o quarto ela esbarra em Rafe, que vinha desavisado pelo corredor escuro. A colher cheia de sorvete vai para frente devido ao impacto do dois, sujando o peito nu de Rafe com sorvete de morango silvestre.
— Foi mal — Claire se desculpa, colocando a colher de volta no lugar para que não acabe no chão.
Rafe respira pesadamente e não pelo sorvete gelado em seu peito mas pela camisola preta e estupidamente sexy que Claire vestia. O lacinho entre os seios, o jeito que o tecido fino abraçava seu quadril...
— Me sujou — ele reclama, apontando para si.
Ela sorri.
— Relaxa Cameron.
Claire leva seu dedo indicador até o sorvete no peito de Rafe e depois coloca na boca, limpando qualquer resquício que havia ali. O garoto a encara hipnotizado, pensando como um gesto tão simples podia ser assim tão sexy. Aquele cabelo comprido e escuro, num corte reto e sem graça escondia sua real personalidade, a sua cara de boa menina quando na verdade era o diabo... Porra. Seu sangue automaticamente vai todo para o pau.
— Eu... — ele fica sem palavras por alguns instantes. — Vou pra cama. Boa noite.
A garota observa Rafe se afastar, estranhando seu comportamento. Ela volta ao seu quarto e se deita, sendo tomada por pensamentos intrusivos que faziam seu coração bater rapidamente. Era quase como se... A cama estivesse mergulhada num rio de lava do inferno de tão quente que tudo parecia ser agora. Claire só conseguia ver o rosto de Rafe e ouvir seus gemidos tão... Os gemidos que ela ouviu através das paredes finas durante as noites que ele trepava com Sofia. Os gemidos que invadiram seus sonhos e que agora a faziam perder o sono.
Após horas de remoendo na cama, a garota decide se levantar e beber um pouco de água, sentindo que seus músculos tensos precisavam se alongar antes que acabassem arrebentando. Ela abre a geladeira e deixa o ar gelado invadir seus poros, refrescando o suor que se acumulava em sua nuca e afastando seus pensamentos obscenos.
— Está com calor? — questiona Rafe, fazendo Claire se virar em sua direção em um pulo.
— Rafe, quase me mata de susto! — o censura, com a mão no peito. — O que está fazendo aqui?
— Não consegui dormir — admite, se aproximando.
— Nem eu.
Rafe observa os movimentos da garota. Ela pega uma garrafa de água na geladeira, serve metade de um copo e começa a beber. A única luz na cozinha vinha da geladeira aberta e da lua cheia que invadia o local pela porta de vidro da varanda. Aqui, bem nesse momento, o garoto não conseguia pensar em nada mais bonito do que Claire, descalça e descabelada, naquela maldita camisola preta.
Ele dá mais um passo em sua direção.
— O que está olhando?
— Nada.
Claire fica tensa com a aproximação e seu corpo começa a ficar quente numa velocidade assustadora. Ela se apressa em beber toda a água em seu copo e em seguida coloca a garrafa de volta na geladeira, decidida a voltar para o quarto. Quando vai passar por Rafe acaba batendo contra seu braço que ele estendeu de modo a encostar na parede e encurrala-la.
— Não estou com paciência para suas brincadeirinhas agora — ela murmura, dando um passo para trás. — Me deixa passar.
Rafe sorri com o canto da boca e dá um passo a frente.
— Não.
— Rafe... — ela diz, quase como uma súplica. Ela entendia muito bem o que estava acontecendo aqui e porque o clima estava sempre tenso entre os dois mas não queria sucumbir a isso. Para Claire era errado.
— Por que não conseguiu dormir? — o garoto pergunta, encarando os olhos castanhos da garota. Ele consegue ver o colo dela ganhando uma cor avermelhada.
— Está quente — murmura em resposta.
— Nós temos ar condicionado.
— Por que você não consegue dormir então? — questiona, cruzando os braços. Era o que ela fazia quando se sentia atacada, ela mordia de volta.
Sua provocação não surte o efeito desejado e Rafe se aproxima ainda mais. Ele estava cansado de imaginar como seria toca-la, qual gosto ela teria... Ele queria experimenta-la. Cada mísera gota, custe o que custar. Para ele pouco importava ir para o inferno por isso, ele queimaria feliz se o gosto de Claire estivesse em sua boca.
— Rafe... — ela suplica novamente, dando um passo para trás.
Ele a acompanha.
— Claire — o garoto responde, sentindo bem como o nome soava na ponta de sua língua.
— Por favor, não faz isso.
Claire estava nervosa. Ela mal conseguia se mexer de tão tenso que seus músculos estavam e todo esse calor... Todo seu corpo parecia pegar fogo agora. Os lábios de Rafe pareciam atraentes vistos debaixo e o modo como ele a olhava, como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo, fazia seu coração bater tão forte que parecia prestes a explodir.
— Isso o quê? — ele questiona, dando risada.
— Nós somos irmãos — Claire explica mas na verdade não estava nem um pouco convencida disso. Eles não eram irmãos, não realmente e menos ainda depois dos últimos dias.
A expressão de Rafe fica animalesca.
— Não, nós não somos.
— Isso não é certo.
O garoto revira os olhos, perdendo completamente a paciência. Ele puxa Claire pela cintura, juntando seus corpos um no outro e com a mão livre segura o queixo da garota, forçando-a a olhar em seus olhos. Estar ali, grudada ao tronco desnudo de Rafe, sentindo seu hálito contra sua bochecha e seu cheiro a rondando. Ela tem a certeza de que iria para o inferno por isso.
— Sabe o que não é certo? — Rafe questiona, puxando o queixo da menina e a obrigando a ficar na ponta dos pés. — Você ficar andando seminua por essa casa. Esses biquínis minúsculos, as saias e essa porra de pijama que me deixa ver seus mamilos. Você está me deixando maluco e eu consigo me controlar mas não consigo controlar o meu pau. Entendeu?
Ela engole em seco, sentindo seu membro duro contra sua barriga. Um milhão de pensamentos obscenos correm por sua mente em apenas alguns segundos.
— Isso não é problema meu.
Rafe sorri, se inclinando para baixo de modo a deixar seu nariz há apenas alguns centímetros da testa da garota.
— Ah, é sim. Você não vai gostar quando eu perder a razão de vez.
Claire duvidava muito disso, pois nesse momento, mais do que tudo sua única vontade era perder a razão. A dele, a sua... Ter razão não valia tanto assim.
— Rafe... — ela murmura, hesitante. — Me beija.
— O quê? — o menino pergunta, tirando a mão do queixo da garota enquanto jura ter entendido errado.
A garota ergue o nariz, decidida e ir até o fim.
— Eu disse pra me beijar — repete e então acrescenta: — Por favor.
Ela não precisa repetir de novo. Rafe leva a mão até sua nuca e se inclina para baixo, selando seus lábios contra os da garota. Suas línguas invadem a boca um do outro como uma guerra, era duro e bruto, totalmente desesperado, mas parecia perfeito para ambos que se sentiam em erupção nesse momento. O garoto usa seu braço para erguer Claire do chão, de modo a não precisar ficar tão inclinado para baixo, e a coloca sentada em cima da bancada, se enfiando entre suas pernas.
Claire usa suas mãos para arranhar as costas do garoto, passando a mão por seus ombros, costas, abdômen... Desesperada para sentir tudo aquilo. O beijo se torna profundo, intenso e molhado. Faz o tesão se acumular no ventre da garota, já em chamas pelo contato com o quadril de Rafe.
O garoto passa a mão pelas coxas de Claire, erguendo seu vestido até seu umbigo e a puxando para frente pela bainha de sua calcinha. Um gemido escapa da boca dela quando suas intimidades ainda cobertas entram em contato uma com a outra mas a realidade a atinge no momento em que o copo que ela havia largado no balcão cai no chão.
Claire empurra Rafe, descendo do balcão rapidamente e nem mesmo se atreve a dizer algo antes de correr de volta para seu quarto.
E veio ai....
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