━ 026.
(⚽️)ꞌ.˙ BRAZILIAN GIRL ، 🇧🇷 ˚.
── CAPÍTULO VINTE E SEIS ──
📱ᵎ prefiro você sem nada.〞
⠀ A IDEIA DE PENSAR em pisar no Brasil novamente parecia mais fácil e simples antes de ter vivenciado tudo em Doha, desde os novos amigos a um amor novo. Era estranha a sensação de abandonar o que parecia o certo para Maria Vitória, mas ela tinha que abrir mão de algumas coisas para que novas portas se abrissem para ela.
Assim que deixou o hotel do jogador, teve que lidar com os pensamentos que dominavam todo o seu tempo. Ela não tinha conseguido se despedir dos outros espanhóis de fato, Ferran disse que Sira parecia ainda triste pela amiga ir embora e possivelmente, quase não se viriam depois do fim da copa. Já o Gavi, não era uma vontade de nenhum ver o outro, a brasileira já tinha sofrido o suficiente vendo o Pedri.
O aeroporto estava cheio, era uma sensação boa ver tantos brasileiros sorrindo e felizes novamente com o Hexa. As pessoas estavam em euforia e em comemoração pelo novo título, algumas passaram a acampar nos aeroportos esperando que os jogadores voltassem rápido e assim, comemorariam todos juntos - era o que todos esperavam desde o último jogo.
── BRASIL, BRASIL, BRASIL E OH ── as vozes estavam combinadas entre si, ecoando pelo aeroporto.
── Cadê a nossa seleção? ── um homem com as bochechas amarelas e verdes, perguntou, em frente ao desembarque do primeiro avião de Doha. ── Quando eles vão chegar?
── Eu disse que seríamos Hexa! ── a brasileira sorriu, empolgada, juntando-se a outras pessoas. ── Malvadeza colocou todos os espanhóis no bolso!
── Tínhamos o queijo e a faca na mão, ninguém podia contra a nossa seleção!
Os três andaram pelo lugar inteiro, pulando e comemorando sempre que tinham oportunidade - até que as suas malas chegassem e eles tivessem que ir para casa. E no fim, Maria apoiou o corpo por cima da própria mala, colocando o rosto nas mãos.
── Parece miudinha, o que aconteceu? ── Alexander abraçou a filha de lado, preocupado. ── Eu sei que você tá' triste, mas ainda não é o fim para tudo que você viveu.
── Quem disse que eu tô' triste? Meu Brasil é Hexa!
── Mas você ainda anda pensativa ── argumentou, falando como se fosse óbvio.
── Tudo que eu tinha parece ter mudado de uma hora pra outra ── ela piscou, dando um meio sorriso. ── Eu saí daqui outra pessoa e estou voltando uma completamente diferente.
── Essas coisas acontecem, Mavi ── Maria Clara confortou, arrastando a própria mala pelo aeroporto.
── Vou deixar a casa de vocês em uma semana também.
── Aí meu coração! ── o homem dramatizou, fitando-a. ── Isso é demais para mim.
── Os filhos crescem tão rápido ── a mulher colocou a mão no coração, fingindo sentir dor. ── Queria que ficassem pequenos para sempre!
── Mas a Maria nem é grande com esse pouco metro que ela tem ── pirraçou, bagunçando o cabelo da mais nova.
── Meus últimos dias no Rio de Janeiro, o que eu posso fazer?
── Ir à praia! ── os dois disseram juntos, rindo um pro outro.
── A praia daqui vai ser sempre o meu lugar preferido do Rio!
── Sinceramente querida, vai ser doloroso não te ter todos os dias ── a loira proferiu, franzindo o cenho. ── O Paçoquinha vai sentir sua falta!
── Eu disse que quero levar ele comigo!
── Nem pensar! ── o homem exclamou, cruzando os braços.
Maria o encarou, iniciando uma disputa entre os dois, que não durou muito já que Alexander apertou a bochecha da filha e fez ela soltar o ar que prendia em sua bochecha.
── O Paçoca é meu!
── Eu que implorei para levar para casa!
── A casa quem comprou foi eu também ── argumentou, mostrando a língua.
── Ele me ama mais.
── Aí você mentiu, Mavi ── Maria Clara apontou, e o marido sorriu satisfeito.
── Certo, ele fica comigo.
── Você é o pior pai do mundo.
── Chora mais, criancinha.
── Alexander! ── a mulher exclamou, repreendendo o mais velho. ── A sua filha é menos criança que você.
── É uma injustiça ele ficar com o meu cachorro.
── Nosso.
── Ouviu a sua mãe? Nosso ── ele sorriu, satisfeito. ── Aliás, ela passeia todos os dias comigo de manhã.
── Quem garante que eu não posso fazer isso?
── Você não acorda antes das dez, Maria Vitória! ── Maria Clara apoiou o marido, fazendo a filha encará-la com indignação.
── Sempre soube que era a menos preferida!
── Nem a paçoquinha prefere você, querida ── Alexander murmurou, arrastando o restante das malas.
── O que vamos fazer no natal? ── a mais velha indagou, apoiando a mão na testa. ── Dois dias e eu vou ter que correr atrás de muitas coisas!
── Nem pisamos no Brasil direito e vai ter mais festa, que maravilha ── o mais velho diz, abrindo um sorriso empolgado. ── A melhor época do ano é comer uva passa em tudo.
── Eca!
── Uva passa da um toque a mais ── ele argumentou, rindo quando a mais nova fez uma expressão de nojo.
── Você vai comer uma farofa e tem uva passa, vai comer um frango e tem uva passa, só falta colocar uva passa no suco! ── levou a mão na cintura, parando em frente aos dois. ── Dá pra simplesmente não por uva passa em tudo?
── Isso que dá o gostinho de natal ── Maria Clara proferiu, lendo as últimas notícias no celular. ── Aqui diz que estamos já a duas horas de distância de casa por causa do trânsito.
── Graças a Deus eu não vou dirigindo!
── Eu vou precisar comprar um carro agora ── Maria Vitória diz, pensativa. ── Agora eu não tenho um uber particular mais.
── Pedri se livrou de um encosto, agora falta o outro ── Alexander parou do lado de fora do aeroporto, fitando os inúmeros carros.
── Eu era um encosto? ── indagou retoricamente, abrindo a boca em um O. ── Quais serão os presentes desse ano?
── Não vamos te dar um carro ── a mulher olhou imediatamente para a filha, dando uma piscada.
── Eu quero o meu namoradinho de presente ── a garota murmurou, enchendo a bochecha com ar. ── Vai nem precisar comprar nada.
── Isso infelizmente não cabe como opção.
── Por que não? ── virou para encarar a mãe, indignada com a fala. ── É só comprar a passagem e vapt vupt, ele estará na minha casa.
── O seu namoradinho tem uma família para passar o natal.
── Vem todo mundo, ué!
Maria Clara estava pronta para dizer mais alguma coisa, mas parou assim que avistou uma barraquinha do outro lado da rua cheia de jóias e roupas diferenciadas. Não demorou para que o Alexander se juntasse a ela, sorrindo empolgado quando avistou diversas camisas personalizadas.
Maria Vitória soltou o ar pelo nariz, colocando uma das mãos na cintura enquanto a outra segurava as próprias coisas. Em questão de segundos, sentiu algo rodeando as suas pernas, fazendo o seu coração se acelerar antes que ela visse o que tinha a tocado.
── Oi ── os olhinhos brilharam em sua direção, e a garota deu um sorriso sincero ao ver uma criança presa em sua perna. ── Eu sou o Lucca.
── Oi, Lucca ── ele acenou assim que soltou a sua perna e ela abaixou instantaneamente para ficar da mesma altura que ele, colocando os seus pertences no chão. ── Você está sozinho?
── Minha mamãe e o meu papai estão aqui também ── ele virou, apontando para um casal ainda distante. ── Você é bem mais bonita pessoalmente, sabia?
── Ah, você me conhece?
── Sim, eu não abraço estranhos e nem falo com eles ── o semblante sério assumiu o rosto da criança, com as mãos atrás do corpo. ── Minha mamãe diz que é muito perigoso, inclusive não pode entrar no carro de estranhos.
Maria fez um estalo com a boca, mordendo os lábios para não sorrir, lembrando automaticamente do jogador espanhol.
── Eu pensei que você estava perdido.
── Eu vi você de longe, o tom vermelhinho do seu cabelo é muito bonito ── ele murmurou, apoiando a mão no ombro dela. ── Perguntei se podia vim pro meu papai, aí ele disse pra perguntar pra minha mamãe, aí eu perguntei e ela disse pra perguntar pra ele e aí...
── Aí isso se repetiu e você decidiu vir sozinho? ── ele balançou a cabeça afirmando, com um sorriso travesso. ── Entendido.
── Eu gosto do Barcelona, sabia?
── Sério? Qual o seu jogador preferido?
── O Messi sempre vai ser o meu preferido de todos! ── respondeu, virando de costas para que ela visse o nome do jogador na parte de trás da sua camiseta. ── Eu gosto do seu namorado também, ele joga bem.
── Hum? Meu namorado? ── a garota sorriu quando ele confirmou com a cabeça. ── Então você gosta do Pedri?
── Bastante! Eu gosto de ver ele fazendo tudo dentro do campo.
── Você precisa dar umas dicas pra ele sobre entrar em carros de estranho ── murmurou baixinho, fazendo leva cócegas no garoto.
── Pode deixar! Você pode trazer ele pra ser meu amigo?
── Claro que posso ── sorriu, desajeitada.
── Depois eu te passo o número da minha mamãe pra vocês serem amigas também ── Maria confirmou com a cabeça. ── Ah, eu gosto do Gavi também e a minha irmã é apaixonada por ele.
── Vou te contar um segredo, tá bom? E você não pode contar pra ninguém ── ele balançou a cabeça, se aproximando do rosto dela. ── O Gavi é muito chato.
── Ele é seu amigo?
── Eu sou amiga dele a força.
── Você tem que dá um desconto pra ele, Mavizinha ── o garoto pronuncia seu apelido no diminutivo lentamente. ── Você roubou o amiguinho dele.
── É brincadeira, eu gosto um pouquinho dele também.
── Você tem o número deles? Eu posso mandar um áudio?
── Eu posso tentar ligar aí eu peço um vídeo, pode ser? ── ele balançou a cabeça empolgado, com um sorriso enorme. ── Eu mando pra sua mamãe e você vai ter uma mensagem dele pra sempre.
A brasileira tirou o celular do bolso e procurou o contato do jogador pela lista de telefone, clicando assim que viu o número. A ligação tocou cerca de duas vezes, e foi atendida em seguida.
"Oi, amor! Já sentiu saudades?" ── a voz era sonolenta, destacando o sotaque do idioma.
── Oi, você tá' muito ocupado?
"Só deitado, por quê?"
── Liga a luz e me atende de vídeo ── pediu, aceitando a solicitação da mudança da ligação na hora. ── Veste uma camisa, por favor.
"Você ainda está na rua?"
── Ainda não cheguei em casa, meu bem.
"Que saudade é essa que precisa me ver até vestido?"
── Só faça o que eu pedi, Pedro.
"Você tá' mais mandona, uau!"
Maria balançou a cabeça, segurando uma risada.
"Estou vestido agora, aprovado?"
── Sinceramente, queria dizer algo mas tem uma criança do meu lado ── murmurou, enquanto ele sorria.
"Melhor não dizer nada, Mavizinha."
── Tem uma criança querendo falar com você, pode me mandar um vídeo para que eu mande para a mãe dele?
"Criança?" ── a garota confirmou com a cabeça, vendo ele franzir o cenho do outro lado da ligação. "Claro que posso, me mostra ele."
Maria Vitória virou a câmera para a criança em sua frente, que parecia ansiosa e nervosa por falar com um dos jogadores que admirava.
── Oi, eu sou o Lucca.
"Oi, eu sou o Pedri."
── Eu sei, né.
── Agora ele vai mandar um vídeo pra você, porque ele não sabe muito bem o português e talvez não entenda o que você fala ── explicou, calmamente.
"Me dá cinco minutos até eu achar o Pablo perdido pela minha casa e aí mandamos um vídeo dos dois."
── Vou contar exatos cinco minutos ── virou a câmera para si, dando um sorriso. ── Obrigada, Pedro, e sim, estou com saudade.
Em exatos cinco minutos, Pedri tinha enviado um vídeo em que os dois jogadores estavam lado a lado, mandando um beijo e um abraço para o garotinho. Os pais dele se aproximaram, felizes pelo filho - que quase não acreditava que teria um vídeo dos dois jogadores.
O vídeo foi enviado para Heloísa, mãe do Lucca, e assim ele poderia mostrar para toda a família e amigos na hora que quisesse. Os três se despediram e Maria seguiu sozinha atrás dos pais para finalmente, irem para casa para aproveitarem o restante da tarde livre.
🇧🇷
Os dois primeiros dias no Brasil foram dedicados apenas para as comemorações do famoso Hexa, era incrível o quão as pessoas estavam felizes e saiam todos os dias de casa, sem exceção, para comemorar o título novo. É claro que inúmeros memes surgiram e, finalmente, poderiam dizer que tinham se vingado da Argentina por tudo.
Poucas coisas tinham acontecido nesse tempo, nenhum membro da família Xavier tinha voltado a trabalhar e retornado para a rotina cansativa e exaustiva durante a semana. Pretendiam manter a rotina de férias até o dia cinco do próximo ano, que chegaria em onze dias exatos.
── Bom dia, flor do dia ── a voz doce de Maria ecoou pela cozinha, deixando um beijo estralado no rosto da mãe.
── Acordou manhosa hoje, o que aconteceu?
── Clima natalino, está sentindo? ── perguntou, colocando uma uva na boca. ── Eu já tenho o presente de vocês!
── Já temos o seu também ── murmurou, lavando algumas frutas para colocar em um prato. ── Pega o leite e a manteiga dentro da geladeira, por favor.
── Café especial? ── sorriu empolgada, abrindo a geladeira para pegar as coisas que a mãe dela tinha pedido. ── Eu estava com vontade de tomar aquele suco geladinho de laranja.
── O seu pai foi comprar.
── Mentira!
── É natal, querida. Tudo que você quiser é seu ── sorriu, alisando as costas da filha.
── Eu amo ser filha única.
A garota sentou na mesa empolgada, sorrindo enquanto lia as mensagens pela barra de notificado, não demorando muito para entrar e visualizá-las para respondê-las.
Maria não tinha mentido quando disse que esperava que o seu único presente fosse a visita de Pedri, mas sabia que esses últimos dias tinham sido uma loucura tanto no Brasil, quanto na Espanha. Seria complicado para os dois viajarem de última hora para curtir o natal e ano novo em outro país.
── Trouxe vários sonhos e um suco de laranja para minha filha preferida!
── Eu sou a sua única filha.
── É, acho que você entendeu ── ele sorriu travesso, apertando a bochecha dela. ── Papai Noel vai passar por aqui hoje?
── Vai?
── Não! Ele só passa para crianças e agora você já é uma adulta.
── Bla, bla, bla, Mavi adulta e bla bla ── balbuciou, mostrando língua pro pai. ── Que saudade da Mavizinha que recebia uns dez presentes.
── Vou te dar um abraço de presente, tá' ruim?
── Ah, claro que não.
── Se arruma porque as suas tias e primos já estão vindo pra cá ── avisou, sentando-se na mesa com as duas mulheres. ── Bom dia, mulheres da minha vida!
── Bom dia, amor ── Maria Clara sorriu, guardando o celular antes de começar a comer. ── Hoje a casa vai ficar bem cheia.
── Toda festa aqui é isso ── deu de ombros, colocando o suco em um copo. ── Espero que dessa vez não tenha trezentas crianças no meu quarto, tá bom? Tem vários quartos de hóspedes livres.
── Você sabe que eles adoram ficar no meio dos seus ursos.
── É, mas aí eu tenho que arrumar todos depois, pai.
Toda data comemorativa era motivo para reunir a família e fazer um grande churrasco - se alguém se casava, nascimento de mais um membro ou jogo de algum time - tudo era motivo. Maria Vitória amava essa tradição, porque sempre tinha a chance de rever tios e tias, sem contar que sempre rolava alguma briga na família.
A tarde foi destinada para organização das coisas, arrumar os quartos e separar os inúmeros colchões, já que alguns sempre acabam dormindo. Os três aproveitaram e separaram os presentes que tinham comprado para o amigo secreto e para o amigo oculto.
── Vivi, querida, como você tá'? ── Sofie, tia da garota, perguntou, ajeitando os presentes nas mãos antes de abraçá-la. ── Você tá' tão grande! Já arrasou muitos corações?
── Oi tia, estou bem e a senhora?
── Ótima, ótima! Cadê sua mãe?
── Cozinha ── apontou para o corredor que levava até o cômodo. ── Fica à vontade.
── Obrigada, Vivi! Agora crianças, deem um beijo na prima de vocês.
── Oi, Vivi ── as três miniaturas da mãe, falaram juntas.
── Oi ── sorriu, pegando a mais nova no colo. ── Você cresceu demais, mini Sofie.
── Minha mamãe falou que você tem vários brinquedos no seu quarto ── diz, enquanto mexia nos próprios dedos.
── A sua mãe é mentirosa ── alisou o cabelo dela, dando um beijo estralado em sua bochecha. ── Vamos lá na cozinha todo mundo, vem!
Maria Vitória saiu carregando a Alice, enquanto o Lucas e o Bernardo a seguiam por todo corredor. As mulheres estavam todas reunidas em um canto da cozinha aberta, enquanto os homens se mantinham preparando algumas coisas do lado de fora da churrasqueira.
── Mavi, eu trouxe o pavê, onde posso deixar? ── Jessica perguntou, segurando uma travessa na mão.
── Vem cá, Jessica! É pra vê ou pra comer? ── Eduardo brincou, fazendo todos revirarem os olhos.
── Pode deixar na geladeira lá de fora, tia ── proferiu, balançando a criança em seu colo. ── Todo ano o tio Edu faz a mesma piada, eu não aguento mais!
── Piada típica de tio, né? ── Maria Clara perguntou, retoricamente, voltando a pincelar o frango.
── E os namoradinhos, Maria? ── agora, Sofie perguntou, mexendo nas panelas.
── Não era você que tava namorando um jogador famoso? ── Carla franziu o cenho, curiosa. ── Foi o que eu fiquei sabendo!
── Jogador famoso? Você não tem idade pra namorar não, Maria ── Fabrício cruzou os braços, encarando a sobrinha na brincadeira.
── Minha neta já tá' namorando? ── Lúcia, a mulher idosa, indagou com um sorriso nos lábios.
── Não, vó! Tô' namorando não.
── Eu vi no tiktok vocês dois juntos e se beijando na rua! ── Lydia, a filha mais nova do Fabrício, diz.
── Baixa esse negócio pra mim, filha? ── a avó pediu, entregando o aparelho celular. ── Quero ver o namorado dela.
── Qual é o assunto? ── Alexander chegou acompanhado dos outros três irmãos.
── Já comprou a espingarda, Ale? ── Eduardo apontou com a cabeça para a mais nova. ── Tem uns gaviões pousando por aí.
── Eu não estou namorando ainda.
── Ainda? ── alguns deles falaram juntos, dando ênfase na palavra.
── Não tem espingarda nenhuma! Apoio cem por cento o meu genro ── o empresário determinou, colocando a mão no peito. ── É um homem justo e confiável.
── Puxa saco!
E por fim, a noite foi recheada de coisas da típica família brasileira; encerrada com briga entre tias e uma boa partida de truco entre os outros. Essa era a graça das comemorações juntando todos os membros e parentes próximos.
Os presentes foram entregues e a garota tinha uma pequena esperança que os amigos espanhóis entrassem pela porta assim que fosse anunciado seu nome - mas não aconteceu. O amigo oculto foi tudo que ela esperava, tinha dado um pano de prato para o tio Fabrício e tinha recebido uma capa de carro, sem ao menos ter um.
Maria Vitória saiu do banheiro já vestida, caindo em cima da cama ainda com a toalha na cabeça. O corpo quente pedia um ventilador, acompanhado de qualquer filme até que caísse no sono. Mas antes que colocasse todo plano em prática, uma batida ecoou por todo quarto, fazendo ela levantar imediatamente.
── Faltou um presente ── Alexander trazia uma caixa enorme atrás de si, com um sorriso orgulhoso. ── Esse foi uma das coisas que você mais pediu!
Um brilho surgiu instantaneamente no rosto da garota.
── Traz aqui pra dentro! ── pediu, com o tom ansioso.
── Esse é especial, pra você nunca esquecer! ── diz, arrastando a caixa pesada para dentro do quarto.
── Só saiba que eu não concordei com a ideia ── Maria Clara fitou o homem, com um olhar de desaprovação. ── Mas espero que você fique feliz.
── Eu vou, eu vou ── sentou na cama, ficando de frente para o presente. ── Pode abrir?
O homem balançou a cabeça, afirmando, enquanto esfregava as duas mãos uma na outra. Maria não esperou muito, começou a desenrolar o embrulho da caixa gigante, tirando o laço vermelho antes de puxar tudo pra baixo.
── Vai devagar pra não machucar o que tem dentro!
── É alguma coisa viva? ── o homem se manteve em silêncio.
Os seus olhos brilharam mais uma vez, mas o seu sorriso se desfez assim que viu o que era o presente.
── Feliz amigo oculto!
A garota retirou o papelão em tamanho real de dentro da caixa, tendo o Pedri impresso e colado nele; como se realmente fosse o jogador em altura e largura exata.
── Obrigada ── sorriu, amarelo. ── Não era bem o que eu esperava, mas acho que serve por um tempo.
── Você pediu o seu namoradinho, aí está! ── falou com empolgação. ── Deveria ligar pra ele, aposto que ele tem uma surpresa.
Os pais da garota saíram do quarto, deixando ela sozinha enquanto lia as mensagens do jogador. Ele tinha ganhado a mesma coisa que ela do Fernando.
Os dois tinham planejado esse presente juntos.
Maria colocou o papelão no canto do cômodo, jogando o corpo em cima da cama antes de atender a ligação do espanhol.
── Que história é essa de só pisar no meu quarto se for meu namorado? ── indagou, franzindo o cenho contra a ligação.
"Pergunta pro seu pai sobre essa história."
── Vocês dois parecem duas crianças.
"Me sinto assim no meio de você e do Gavi."
── Ah.
"Eu tenho você aqui agora."
── Eu tenho um Pedri aqui agora.
"Nada melhor que uma Mavizinha, só duas."
── Olhar esse negócio me faz parecer que eu sou obcecada por você.
"Bom, eu gostei do presente mas esperava que fosse de verdade, sabe?"
── Eu queria que você estivesse aqui.
"Eu também, eu também."
Os dois ficaram em silêncio, apenas sendo possível escutar a respiração pesada um do outro.
"Feliz Natal, Mavizinha."
── Feliz Natal, Pedro.
── NOTAS ──
da autora
ᵎ ❬🇧🇷❭ primeiramente: quero pedir desculpa pela demora que eu tive pra postar o capítulo, eu sei que prometi antes e descumpri isso. o processo de escrita vai além de só sentar e escrever o que vem na cabeça, tem que analisar os capítulos todos e rever se faz sentido ou não (e nem sempre acaba encaixando perfeitamente). esse capítulo demorou para que sair por eu não estar com planejamento nele. desculpa.
ᵎ ❬🇧🇷❭ eu imagino muito o Fer sendo o irmão pirracento e brincalhão (dá pra perceber pelos storys), achei que essa parte final do presente seria a cara do Ale e dele! dividem o mesmo neurônio.
ᵎ ❬🇧🇷❭ mavizinha com crianças fica desse tamaninho 🤏🤏
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top