▬▬ ocean.
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⎯ Shigaraki? -você perguntou confusa, num tom de voz baixo, a música já estava baixa o suficiente para que ele pudesse ouvir. ⎯ Achei que estava morto.
⎯ Morto? Minha morte foi uma desculpa esfarrapada, não sei como você não percebeu. -respondeu coçando o pescoço.
⎯ De qualquer maneira, vamos conversar em algum lugar mais calmo, venha.
Ele parecia estar hesitante, mas seguiu você mesmo assim. Dois minutos haviam se passado e vocês estavam sentados lado a lado no banco que era iluminado pelo poste de luz em uma praça ao lado da balada.
⎯ E então, oque aconteceu? Digo, durante esses quatro anos. -você cruzou os braços encostando suas costas no banco.
⎯ Nada muito interessante. O mundo agora tem pessoas com individualidades, e bom, eu fui uma delas. -coçou o pescoço antes de continuar. ⎯ Ele também tem uma individualidade agora.
Você o olhou incrédula após as últimas palavras nas quais sairam da boca seca.
⎯ E como ele está? -sussurrou ao questionar, ainda querendo saber, claro que queria.
⎯ Por quê? Você se importa mesmo? Sabe, não foi isso que pareceu a quatro anos atrás. -ele soltou um riso debochando da situação, como sempre fez.
⎯ Então ele contou pra você. Bom, não é de se surpreender, vocês eram grudados naquela época. -se levantou. ⎯ Até mais, Shigaraki.
Você começou a caminhar de volta para a balada, mas parou ao ouvir homem bocejar enquanto se levantava do banco.
⎯ Enfim, se quiser falar com ele me mande um ponto final por mensagem. Meu número ainda é o mesmo.
Ele bocejou novamente, enfiando as mãos nos bolsos e se virando para ir embora. Você voltou a caminhar até a festa e assim que chegou lá, foi imediatamente procurar Shizuki, que por sorte não estava bêbada. Você disse que iria embora e ela estranhou, mas assentiu mesmo assim.
⎯ Só coisas ruins acontecem comigo. Que merda. -reclamou para si mesma, enquanto caminhava pelas calçadas que eram iluminadas apenas pelos poucos postes de luz.
Não demorou muito para estar a poucos centímetros da porta da sua casa, se deparando com uma figura familiar. Logo reconheceu que era.
⎯ Mãe?
⎯ Quantas vezes já lhe disse para deixar a chave atrás dos vasos de flores? -ela se virou.
⎯ Desculpa mãe. -suspirou, se aproximando da mais velha para abraçá-la. ⎯ O que faz aqui? Ainda mais nesse horário.
⎯ Esqueci minha bolsa aqui anteontem. -respondeu te soltando.
⎯ Certo. -você estranhou, mas logo procurou a chave no bolso da sua calça e logo abriu a porta, dando passagem para a mais velha. ⎯ E o papai?
⎯ Seu pai está na mesma coisa de sempre, fumando, apostando, bebendo... dentre outras coisas. Ele continua fiel, é o que importa. -respondeu, seguindo até a cozinha após a porta ser aberta.
⎯ Você quer a chave do carro dele, né? -presumiu, se encostando na porta enquanto cruzava os braços.
⎯ Como você... Digo. -colocou uma mão na frente da boca fingindo estar tossindo para recomeçar a frase. ⎯ Sim, mas apenas para fazer uma pequena viagem.
⎯ Vocês brigaram? -perguntou, já procurando a chave no seu outro bolso.
⎯ Não. Fiquei com vontade de sair, ele não estava com a chave, presumi que estivesse com você. -estendeu a mão já retirando a chave em suas mãos, com pressa, obviamente.
⎯ Ok, ok. Já tem sua chave, o carro está na garagem e eu preciso dormir.
⎯ Claro! -ela estava prestes a sair, mas parece que se lembrou de algo. ⎯ Um homem passou aqui mais cedo, ele disse que estava te procurando.
⎯ Homem? -você se virou para ela.
⎯ Sim, ele tinha a pele queimada... ou estava podre? -colocou dois dedos no queixo parecendo pensativa. ⎯ Enfim, era um daqueles com individualidade, sei lá.
Ela deu de ombros,enquanto saia cantarolando algo. Cinco minutos depois, você ouviu o motor do veículo preto sendo ligado e logo o ouviu dando partida.
⎯ Homem queimado, é? -se virou na cama, enquanto as palavras de shigaraki ecovam pela sua cabeça.
"Ele também tem uma individualidade agora."
⎯ Ele também tem uma individualidade... por que parece que fui a única que não conseguiu uma? Isso é frustrante de vez em quando. -suspirou se virando novamente.
Quando estava prestes a fechar os olhos para tentar dormir, foi interrompida com uma luz azul que viu através da jenela a sua frente, o que te fez levantar e ir ver o que estava a acontecer do lado de fora.
⎯ Mas o que tá acontecendo agora?
Uma jaqueta de couro preta, cabelos escuros como aquela noite, a mão esquerda que brilhava devido as chamas azuis nela, deixando os olhos azuis mais claros. Os olhos azuis de quatro anos atrás. Encostado na parede da casa ao lado da sua, lá estava ele.
Você mal conseguia acreditar no que estava diante dos seus olhos. Ele levantou a cabeça olhando diretamente para você, um arrepio se espalhou pelo seu corpo. As chamas na mão do moreno se apagaram e ele a colocou no bolso da jaqueta, apenas olhando para você.
Assim que seus olhos piscaram, você voltou a realidade e deu alguns passos para trás, segundos depois já estava correndo pelas escadas, indo em direção a porta.
Assim que saiu, correu até o local no qual ele estava, e por sorte, ele ainda estava lá. Você mal conseguia falar algo.
⎯ O que foi? Vai ficar apenas me olhando? -ele soltou um riso anasalado, seguindo até você.
Mesmo com a pele queimada ou podre, ainda era ele e você mal conseguia acreditar que ele voltaria depois das inúmeras merdas que você havia dito naquele dia.
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⎯ A água do chuveiro está muito quente?! -gritou da cozinha, enquanto o maior tomava um banho.
⎯ Não! Obrigado por perguntar!
Ele abraçou você pouco antes de você o empurrar para dentro da casa e logo para o banheiro. Alegou que ele só sairia do banheiro quando aquele cheiro horrível fosse embora de seu corpo.
Minutos depois ele saiu do banheiro, o cheiro não sumiu completamente, mas estava melhor agora.
⎯ E então, esteve bem? -ele perguntou se sentando em alguma cadeira ao redor da mesa.
⎯ Uhum, e você?
⎯ Estive péssimo. -suspirou, apoiando a cabeça em uma das mãos.
⎯ Por quê? -perguntou se virando para olhá-lo.
⎯ Me arrependi de ter ido embora naquele dia. -a voz dele ficou um pouco mais baixa. ⎯ Você vai me perdoar?
Você o olhou nervosa, mas logo se acalmou ao ver a expressão de culpa no rosto do moreno.
Não era a melhor pessoa do mundo, mas todo mundo comete erros, grandes ou pequenos. Não sabia se estava fazendo o certo, mas sabia o que queria agora.
⎯ Como posso não perdoar você?
Ele soltou um riso anasalado e se levantou da cadeira, seguindo até você enquanto você o seguia com os olhos.
⎯ O problema é que, eu não sou um herói.
⎯ Não é um herói?
⎯ Sou do outro lado. -confessou, coçando a nuca.
Você o olhou surpresa, mas logo se acalmou soltando um pequeno riso já levando uma mão até a bochecha dele.
⎯ Não importa quem você seja agora ou no futuro, com queimaduras ou sem. Continua sendo o Dabi que eu conheci, certo? -você perguntou sorrindo, já acariciando a bochecha dele.
Ele sorriu levando uma mão até a sua bochecha, onde acariciou da mesma forma. Você olhou diretamente para os olhos dele, que agora estavam mais bonitos.
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O despertador no seu celular tocou, e por hábito, você conseguiu desligar sem precisar abrir os olhos, se enfiou nas cobertas devido ao frio que fazia naquela manhã, logo sentiu as mãos do moreno na sua cintura, te puxando para mais perto dele.
⎯ Bom dia. -ele disse perto do seu ouvido, com uma voz pouco rouca.
⎯ Bom dia... -você foi interrompida pelo seu próprio bocejo, fazendo o moreno soltar um riso anasalado.
Você se virou para ele, apoiando a cabeça no peito do maior, enquanto ambos ainda estavam de olhos fechados. Ficaram em silêncio por alguns minutos, até que ele falou.
⎯ Ainda se lembra de Big City Blues? -perguntou, afagando seus cabelos.
⎯ Uhum, eu escutava sempre, mas um dia apenas parei. -respondeu com a voz pouco rouca também. ⎯ Você ainda fuma?
⎯ De vez em quando, também consegui reduzir o uso das drogas com o tempo.
⎯ Não sei se isso é bom. -ele te olhou confuso. ⎯ Digo, e se você se viciar em algo pior?
⎯ Não se preocupe, -sorriu. ⎯ A única coisa na qual pretendo me viciar agora, é em você.
Você sentiu suas bochecas esquentarem e logo afundou sua cabeça no peito dele com tudo, fazendo o mesmo rir abertamente agora.
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E se passavam dias e dias. Ele sempre veio ver você, no mesmo horário, sempre meia-noite e as vezes às onze.
Ele sempre acabava dormindo na sua casa.
Passou o novo número dele e vocês conversavam frequentemente. Os olhos do mesmo continuavam atraentes, as vezes você ficava minutos apenas observando. Os olhos dele eram como o oceano.
Mas até mesmo o oceano tem um fim.
⎯ Você fez o quê? -você perguntou enquanto olhava incrédula para shizuki. ambos estavam tomando um sorvete em alguma praça perto da casa dela.
⎯ Isso mesmo! Comprei uma empresa. -ela repetiu animada.
⎯ Ainda não consigo acreditar, de onde saiu tanto dinheiro?
⎯ Trabalhei em missões por três anos e sempre fiz maior parte das coisas em todas, acabei ficando com o dobro do que outros heróis ganhavam.
Era por volta de quatro da tarde.
⎯ Caramba! -seus olhos brilhavam, você estava orgulhosa da sua amiga. ⎯ Mas e agora? -ela te olhou. ⎯ O que restou?
⎯ Ainda tem alguma coisa na minha conta bancária, com certeza.
Vocês ficaram conversando por mais um tempo, apenas provando vários sabores de sorvetes diferentes ou rindo sobre alguma coisa que ambos falavam.
Assim que terminaram, Shizuki te levou até a sua casa.
⎯ Obrigado Shizuki, e volte com segurança.
⎯ Até mais, [Nome]! -disse se preparando para dar partida.
⎯ Até! -você sorriu abrindo a porta de casa e entrando logo após o veículo sumir do seu campo de visão.
Por volta de onze horas, você viu o leve azul das chamas do moreno através da sua janela, logo sorriu correndo até a porta para abrir, vendo que ele já estava em frente.
⎯ Boa noite.
Você o abraçou, sem se importar com o péssimo cheiro dele, mandaria ele para o banheiro depois, de qualquer maneira.
⎯ Mesmo você chegando por volta desse horário, foi uma droga ficar esperando. Fiquei ansiosa. -você mordeu os lábios sentindo os braços dele em volta de você.
⎯ Se quiser, eu posso vir mais cedo.
⎯ Mais cedo? Que horas mais cedo? -você o olhou, ainda nos braços dele.
⎯ Dez e cinquenta e nove, que tal? -ele te olhou rindo, já percebendo a expressão pouco raivosa sobre seu rosto.
⎯ Não seja idiota! -você deu um soco leve no ombro dele e logo voltou a abraçá-lo. ⎯ Precisa tomar banho. -ele assentiu e você o soltou.
Ele seguiu até o banheiro enquanto você seguia até o quarto. Se deitou na cama apenas olhando pra o teto, esperando o moreno que disse que não demoraria mais que quinze minutos para terminar o banho.
E assim foi feito, perto dos quinze minutos você ouviu a porta do quarto se abrir, se deparando com o maior que usava apenas a calça na qual estava antes.
⎯ Como conseguiu essas queimaduras? -você perguntou, observando o corpo dele de cima a baixo.
⎯ Ah. -ele olhou para o próprio abdômen antes de voltar a falar. ⎯ Acredito que tenha sido a minha individualidade. -suspirou se deitando ao seu lado.
⎯ Entendo. -engoliu seco antes de voltar a falar. ⎯ Você fica bem de qualquer jeito, não tem com o que se preocupar. -resmungou, não queria falar para não deixá-lo desconfortável de alguma forma, mas tinha que confessar.
Ele soltou um pequeno riso, fazendo o rubor nas suas bochecas ficar aparentemente mais visível. Ficaram um bom tempo se entre-olhando, até que em algum momento ambos acabaram dormindo.
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