▬▬ alone.
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬
⠀
⠀
⠀
⠀
⠀
⠀
⠀
⠀
⠀⠀
⠀
A última coisa que eu consegui ver antes de tudo acabar, foi um homem de cabelos longos e pretos que lutava com Shigaraki.
Minha visão ficou embasada, e logo após, escura. Nada, não consigo mais ver nada. Eu queria poder ver você e dizer mais uma vez o quanto eu amo você, o quanto você é incrível e inteligente e o quanto você me faz bem.
Mas agora, tudo isso, não poderia mais ser possível.
⠀
⠀⠀
⠀⠀⠀
⠀⠀⠀
⠀⠀⠀
⠀⠀⠀
⠀⠀⠀
⠀⠀⠀
⠀⠀⠀
⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀
Escutei meu celular tocar, era pouco mais de três da madrugada. Abri meus olhos lentamente e assim que peguei o aparelho que estava ao lado da cama, me deparei com uma ligação perdida de Shizuki, logo retornei.
⎯ Oi, algum problema? -perguntei, já colocando no viva-voz o qual retirei imediatamente ao ouvir seu grito.
⎯ PUTA MERDA! [NOME], VOCÊ É UMA DESGRAÇADA MESMO, NÉ?!
⎯ O quê? -estremeceu ao ouvir a garota gritar, ela nunca havia gritado assim. ⎯ Eu fiz alguma coisa?
⎯ Sabe o que você fez, porra?! Escondeu um criminoso na sua casa por três meses ou mais. Uma pessoa que viu ele saindo sua casa com frequência veio relatar!
Seus olhos arregalaram ao ouvir a garota gritar isso. Você a respondeu tentando manter a voz firme.
⎯ Eu não sei como descobriu, mas não é da sua conta, ok? Eu não posso viver com a pessoa que eu amo em paz?
⎯ Não é sobre isso, porra! Ele é um vilão, [Nome]. Ele estava traficando drogas com Shigaraki, ELE É UM DOS MAIS PROCURADOS, SUA IDIOTA!
⎯ Olha Shizuki, se quiser me prender, tudo bem, faça como quiser.
⎯ Você vai ser interrogada daqui à algumas horas, e eu não duvido que vai ficar presa por alguns meses. A polícia está indo ai, certifique-se de colaborar.
Assim que ela desligou imediatamente após suas últimas palavras, você colocou o celular mais uma vez ao lado da cama e se deitou.
Fechou os olhos, mas não para dormir, e sim, tentar relaxar, não sabia que horas ele iria voltar, nem se voltaria hoje.
Não sabia nem se ele realmente voltaria mais uma vez.
Não demorou muito para ouvir as sirenes dos carros da polícia ecoarem pelo bairro, a cada vez que se aproximavam você sentia menos medo, sabia que iria vê-lo assim que tudo isso acabasse.
⎯ Senhorita, [Nome]! Saia de dentro da residência, ou teremos que tirá-la a força.
Você saiu pela porta, interrompendo as próximas falas do policial, fazendo o mesmo arquear as sobrancelhas, estranhando o por quê de você ter saído tão rápido. Enquanto os outros atrás dele apontavam as armas pra você, o policial fez um sinal com a mão, fazendo os outros abaixarem as armas.
Assim que ele te algemou, você entrou no carro da polícia e o motorista logo deu partida. Pouco mais de meia hora, você já estava dentro de uma sala, a única coisa que conseguia ver além da mesa de madeira a sua frente, era a luz branca que apontava pro seu rosto.
⎯ Muito bem. -um homem mais velho suspirou entrando na sala, logo se sentando a sua frente. ⎯ Vamos começar, senhorita.
⎯ Só [Nome], por favor.
⎯ Certo, [Nome]. -ele pegou uma caneta. ⎯ Qual sua relação com o criminoso, Touya Todorki?
⎯ Nós estamos namorando.
⎯ E quando se conheceram? -ele perguntava, anotando cada coisa que você dizia.
⎯ A alguns anos.
Ele arqueou as sobrancelhas olhando pra você, logo anotou o que você disse.
Era sufocante estar naquele lugar, os olhares sobre você... Shizuki também estava lá, ela te olhava com suposto nojo. Sua melhor amiga se virou contra você. Ja não se importava mais com o que ela pensava em relação a você ou Dabi, a única coisa na qual se importava agora, era ele, mal podia esperar para sair dali.
Assim que o homem se preparou para fazer a última pergunta, como disse ele, um policial abriu a porta e se aproximou do homem às pressas, logo cochichou algo no ouvido do mais velho que arregalou os olhos imediatamente.
⎯ Tem certeza? -o mais velho perguntou ao policial.
⎯ Sim, senhor. Ocorreu hoje, por volta das duas da madrugada.
Assim que o policial saiu da sala os olhos do mais velho se viraram para você, ele engoliu seco antes de continuar a falar.
⎯ Senhorita [Nome], espero que esteja preparada para ouvir oque tenho a dizer agora. -ele dizia enquanto mexia a caneta no papel. ⎯ O senhor Touya Todoroki está morto.
Sem palavras, foi como você ficou.
Sua mente ficou vazia, a única coisa na qual se passava nela, eram as palavras dele, estava processando o que ele havia dito. Como assim, morto? Você não pensou duas vezes em se levantar e sair correndo daquele lugar, não estava se importando em quem iria atrás de você e nem se iriam, apenas queria sair dali. No meio do caminho, pouco longe da delegacia, você encontrou Shizuki.
Não pensou duas vezes em levantar sua voz em questionamento.
⎯ Porque você não me falou? Por que você não me falou, porra?!
⎯ Como eu ia saber? E porque está tão triste? É o melhor pra você. -respondeu, se virando para você que estava atrás dela.
⎯ MELHOR PRA MIM?! ELE ERA O MELHOR PRA MIM! POR QUE TUDO QUE EU TENHO SEMPRE SOME?!
Você colocou as mãos na cabeça e se ajoelhou perante o chão. A garota te olhou e logo suspirou se abaixando e entrelaçou os braços em sua volta, te dando um abraço.
⎯ Vai ficar tudo bem. Ele já morreu, você não precisa mais se preocupar.
⎯ Você não entende, sua vadia de merda?! ELE MORREU, E ESSE É O PROBLEMA!
Você afastou as mãos dela com força e se levantou do chão suspirando, já voltando a andar, a cada passo que dava na calçada as lembranças vinham de maneira rápida.
⎯ Eu nunca vou me esquecer de você, olhos azuis.
Abraçou o próprio corpo sentindo o frio devido a chuva que caia sem parar, quando deu o próximo passo, foi puxada para um beco, estava prestes a gritar, mas logo reconheceu o rosto.
⎯ Ah, Shigaraki.
⎯ [Nome], presumo que já te contaram, pra você estar com essa cara. -ele dizia te olhando.
⎯ Claro que me contaram. -respondeu, se encostando na parede enquanto cruzava os braços. ⎯ O que foi?
⎯ O túmulo é aqui. -ele retirou um pedaço de papel do bolso e te entregou. ⎯ Eu sei que estávamos apenas traficando, mas eu gostava dele, não era alguém ruim.
⎯ Ah... -deu uma olhada no papel e logo o guardou. ⎯ Vou visitá-lo todos os dias, sem exceção.
⎯ Eu espero que sim. Visite ele por mim também, vou ficar fora da cidade por um tempo, sabe como é. -suspirou antes de continuar. ⎯ Estão nos procurando, eu e os outros.
⎯ Compreendo. -suspirou saindo de perto da parede. ⎯ Até mais, Shigaraki.
⎯ Até, [Nome]. Espero que você fique bem, não se sinta mal, ele não iria querer isso.
Ele deu uma última olhada antes de sumir nas sombras do beco, você limpou as poucas lágrimas que caiam enquanto saia da pequena viela, logo entrou no primeiro táxi que viu e pediu para ele seguir até o local no qual estava escrito no pedaço de papel.
Não demorou mais que vinte minutos para chegarem nos mausoléus. Você pagou e ele logo deu partida mais uma vez, indo embora. Engolia seco se aproximando das lápides, o túmulo dele estava afastado dos outros. Você sorriu pequeno e logo se sentou ao lado do pequeno espaço que separava a lápide do gramado assim que chegou perto.
⎯ Você finalmente vai poder ficar em paz. -soltou um pequeno riso. ⎯ Eu sempre vou ouvir o nosso Big City Blues, e sempre que eu ouvir, vou me lembrar de você. -você já sentia as lágrimas rolando mais uma vez ali. ⎯ Um dia vamos estar juntos denovo, não aqui, mas em algum lugar.
Limpou as pequenas gotas salgadas que já deixavam sua visão embaçada. Pegou o celular que estava no bolso e assim que desbloqueou a tela foi no aplicativo de músicas. Big City Blues começou a tocar novamente.
Você cantarolava, lembrando mais uma vez dos bons momentos que ele te proporcionou, não era difícil de perceber que sempre seria grata à ele, por tudo.
⠀⠀⠀
⠀⠀⠀
⠀⠀⠀
⠀
⠀⠀
⎯ Mãe, por quê aquela moça sempre vem aqui? -a mãe da criança a olhou e a puxou para perto.
⎯ Não se aproxime, ela é a viúva de um criminoso.
A mãe respondeu sussurrando para seu filho, logo sairam dali em passos apressados.
Já se passaram seis anos, você sempre estava indo visitá-lo, vez ou outra ia duas vezes no mesmo dia ou até mais se estivesse com tempo livre. Você cortou o contato com Shizuki desde aquele dia.
As vezes, quando chegava na lápide, ela estava suja. As pessoas ainda odiavam ele.
Você sempre levava alguma sacola para limpar a sujeira, as pessoas ainda te olhavam feio, mas você não se importava de qualquer maneira.
⎯ Oi. -sorriu pequeno se sentando ao lado da lápide já colocando a melodia de sempre para tocar baixo. ⎯ Hoje em dia, Big City Blues não faz mais tanto sucesso. Mas isso é bom, sabia? Signfica que agora é só nossa. -você sorriu minimamente. ⎯ Eu espero que você esteja bem.
Ficou em silêncio apenas olhando para os mausoléus ao redor, cantarolando a música que já estava chegando ao fim pela segunda vez.
Ainda conseguia ver os olhos azuis dele, os belos olhos azuis que ele tinha, sempre conseguia olhá-los em fotos ou nos documentários que falavam mal dele, não se importava com tais coisas mais, só por conseguir apreciar os olhos dele por quanto tempo você quisesse, já era o suficiente.
Obrigado por ter me deixado admirar os seus belos olhos por tanto tempo.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top