01. Cobra Kai
O céu ainda estava tingido com os últimos vestígios de uma madrugada inquieta quando entrei no carro, um misto de excitação e nervosismo pulsando em minhas veias. Não tinha conseguido dormir direito. Na verdade, quase virei a noite, revendo o roteiro como se cada palavra pudesse escapar da minha mente no momento mais crucial. O texto já estava gravado em mim como uma segunda pele, mas isso não me impedia de passar os olhos sobre ele de novo e de novo, apenas para ter certeza. Hoje era o dia. A primeira vez que encontraria todo o elenco de Cobra Kai.
Meu coração acelerava cada vez que pensava nisso. Não era só o sonho de fazer parte da série, era a responsabilidade de interpretar Calista Silver, um papel que prometia ser um dos grandes destaques da temporada. Eu sabia o que isso significava. Não era só mais um rosto no fundo de uma cena, era um ponto de virada na trama, uma personagem que traria novas histórias, novas rivalidades, novas emoções. A pressão era imensa, e eu sentia cada grama dela no peito.
A estrada se estendia à minha frente, longa e um pouco nebulosa, mas o ritmo lento e melancólico de Dark Paradise, da Lana Del Rey, preenchia o carro com uma calma quase surreal. A música parecia entender o que eu estava sentindo, a mistura de nervos e serenidade. Sua voz flutuava pelo espaço fechado, e eu cantava baixinho junto, como se aquele momento fosse só meu.
Os primeiros raios de sol começavam a romper o horizonte, tingindo o céu com tons suaves de laranja e rosa, e por um instante, aquilo me distraiu. Era bonito. Talvez até um presságio. Respirei fundo e apertei o volante, tentando afastar o peso da ansiedade. Eu estava indo para o set. O set de Cobra Kai. Ainda era difícil acreditar. Pensei nas dezenas de vezes que recebi um "não" nas audições anteriores, no quanto chorei em cada uma delas, me perguntando se algum dia conseguiria entrar nesse universo. E agora estava aqui, dirigindo rumo à realização de tudo pelo que lutei.
Meu celular vibrava no banco do carona a cada poucos minutos com mensagens de boa sorte de amigos e familiares, mas eu não tinha coragem de olhar. Não queria me desconcentrar. Precisava dessa solidão momentânea, dessa conexão comigo mesma antes de mergulhar no caos de câmeras, figurinos e direções.
Enquanto a melodia da música se dissolvia e outra faixa começava, a ansiedade cedia espaço para algo maior, determinação. Eu sabia o peso do que estava por vir. Sabia que seria desafiador. Mas também sabia que essa era minha chance de mostrar tudo o que eu tinha para oferecer.
O set estava a poucos minutos de distância agora, e eu podia sentir a mudança no ar, como se ele estivesse carregado de possibilidades. Apertei o volante mais uma vez, um pequeno sorriso se formando em meus lábios. É agora, foi tudo o que consegui pensar. Está realmente acontecendo.
Quando virei na última curva, o set surgiu à minha frente como um cenário de sonho. Era ainda maior do que eu imaginava. O espaço estava vivo, uma coreografia organizada de pessoas indo e vindo, câmeras sendo posicionadas, luzes sendo ajustadas e pedaços de cenografia sendo montados com precisão cirúrgica. Eu estacionei o carro em uma área reservada e desliguei o motor, mas não saí de imediato. Respirei fundo, tentando acalmar o coração que parecia querer saltar do peito.
Pela janela, meu olhar pousou no grupo de pessoas reunidas ao longe. Não era qualquer grupo, era o elenco. A espinha dorsal de Cobra Kai. Eu reconheci muitos rostos imediatamente, figuras que eu assistia na tela desde 2019, quando a série se tornou meu refúgio. Ver todos ali, em carne e osso, rindo, conversando, parecendo tão confortáveis naquele ambiente, fez a ansiedade queimar ainda mais forte dentro de mim. Por um momento, senti como se estivesse invadindo um lugar que não era meu.
Mas esse pensamento foi passageiro. Eu trabalhei para estar aqui. Eu merecia estar aqui. Repeti essas palavras mentalmente enquanto abria a porta do carro e saía, o ar fresco da manhã me envolvendo como um lembrete de que isso era real.
Antes que eu pudesse dar mais de dois passos em direção ao caos organizado do set, uma voz me chamou.
— Kiana! Bem na hora!
Eu me virei e vi Hillary se aproximando com um sorriso acolhedor. Ela era uma das executivas da produção, alguém que eu já tinha conhecido brevemente durante o processo de seleção. Sempre elegante e confiante, ela parecia a pessoa que sabia exatamente como tudo funcionava, e, naquele momento, fiquei grata por sua presença.
— Você está pronta para o grande dia? — Ela perguntou, com um tom de entusiasmo que parecia genuíno.
— Estou tentando me convencer que sim... — Respondi com uma risada nervosa, e ela soltou um sorriso compreensivo.
— Você vai se sair bem. Confie no seu talento. Agora, venha comigo. Quero te mostrar onde você vai se preparar.
Hillary me guiou pelo set, e, enquanto caminhávamos, tentei absorver cada detalhe ao meu redor. Havia assistentes de produção carregando pranchetas, membros da equipe técnica ajustando cabos, e um maquiador aplicando retoques em alguém cujo rosto eu quase reconheci, mas estava longe demais para ter certeza. O ambiente era agitado, mas todos pareciam saber exatamente o que estavam fazendo, como partes de uma máquina perfeitamente sincronizada.
—É aqui. — Hillary disse, parando em frente a uma porta com uma estrela dourada. Abaixo dela, meu nome estava escrito em letras simples, mas claras. Ver aquilo me deu um choque de realidade. Meu nome. Meu camarim. — Essa é sua base para o dia. — Ela explicou, abrindo a porta e me conduzindo para dentro.
O espaço era pequeno, mas confortável, decorado com simplicidade. Havia uma cadeira de maquiagem em frente a um espelho iluminado, uma pequena mesa com água e alguns petiscos, e um sofá onde um figurino cuidadosamente pendurado me aguardava. O traje de Calista Silver. Era elegante, com detalhes que exalavam a personalidade forte e sofisticada da personagem, com o logo do Fierce Dragons estampado nas costas, uma clara extensão do legado de Terry Silver.
— Fique à vontade para se preparar. As gravações começam em uma hora, mas vamos chamá-la antes para alguns ajustes de câmera e leitura final de roteiro. Se precisar de algo, me avise.
Eu agradeci a Hillary, e, assim que a porta se fechou, fiquei sozinha com meus pensamentos. Me aproximei do espelho, observando meu reflexo com um misto de curiosidade e nervosismo. Isso era maior do que qualquer coisa que eu já tinha feito. Sim, eu já tinha atuado antes, contracenado com nomes incríveis. Mas isso? Isso era diferente. Era Cobra Kai. Era o meu sonho.
Tirei meu celular do bolso e abri a playlist que tinha preparado para aquele momento. Coloquei Dark Paradise para tocar mais uma vez e me sentei na cadeira de maquiagem, deixando a música me envolver enquanto começava a me preparar. Essa era minha chance. Calista Silver estava prestes a ganhar vida, e eu faria de tudo para que fosse inesquecível.
Enquanto eu me acomodava na cadeira de maquiagem, uma maquiadora experiente, chamada Ana, começou a trabalhar no meu rosto. Seus movimentos eram firmes, mas delicados, enquanto aplicava uma base leve que deixava minha pele impecável. No canto da sala, outra assistente ajeitava o figurino de Calista, pendurando-o com cuidado para evitar amassados.
O som de vozes animadas no corredor interrompeu o silêncio confortável, e, logo, a porta do camarim se abriu, revelando rostos que eu reconhecia imediatamente. Mary Mouser entrou primeiro, com um sorriso caloroso, seguida por Peyton List, carregando um copo de café nas mãos, e Rayna Vallandingham, que trazia uma energia contagiante. Oona O'Brien fechou o grupo, lançando um "oi" animado assim que cruzou a porta.
— Ei! Então você é a Kiana. — Mary disse, se aproximando com um sorriso acolhedor enquanto Ana continuava a prender meu cabelo.
— Sim, é um prazer finalmente conhecer vocês. — Respondi, tentando não demonstrar o quanto estava nervosa em falar com elas.
— O prazer é nosso. — Disse Peyton, se jogando em uma das cadeiras ao lado. — Sempre é bom ter sangue novo no set, ainda mais garotas.
Oona riu, sentando-se na borda de uma mesa.
— Ah, e se prepare. Aqui é trabalho duro, mas é divertido pra caramba também.
A sala logo ficou cheia de conversa. As meninas começaram a trocar histórias sobre as temporadas passadas, os bastidores das cenas de luta e as piadas internas do elenco. Eu ouvia atentamente, rindo junto enquanto tentava absorver tudo.
— Você já fez cenas de luta antes, né? — Perguntou Oona, observando enquanto Ana agora trançava meu cabelo em um estilo prático e elegante, perfeito para a personagem.
— Sim. — Comecei, um pouco hesitante, mas depois me sentindo mais confiante. — Na verdade, fiz um filme de ação chamado Vício Perfeito. E comecei a treinar sério há dois anos, desde que fui chamada para o teste.
— Uau, dois anos? — Mary perguntou, impressionada.
— Sim. Eu já fazia karatê desde os oito anos, mas só como hobby. Quando recebi a chance de audicionar para Cobra Kai, sabia que precisava levar a sério. Comecei a fazer aulas de muay thai, taekwondo e karatê com mais frequência. Recentemente, consegui minha faixa preta em taekwondo, e nas outras modalidades ainda estou progredindo.
— Isso é incrível — Disse Rayna, que também era conhecida por suas habilidades em artes marciais. — Vai fazer muitas cenas sem dublê, com certeza.
— Essa é a ideia. — Respondi, com um certo de brincadeira e abri um pequeno sorriso. — É importante pra mim que as cenas sejam autênticas. Sempre admirei como vocês trazem tanto realismo para as lutas.
— Ah, você vai amar as coreografias. — Peyton disse, se levantando para pegar algo na mesa. — Elas são intensas, mas valem a pena. E se prepare para as dores musculares no dia seguinte.
Rimos juntas, e por um momento, toda a ansiedade que eu tinha sentido mais cedo começou a se dissipar. A vibe no camarim era acolhedora e descontraída, e isso me fez perceber o quanto todos ali pareciam realmente gostar do que faziam.
— Mas sabe — Comecei, enquanto Ana finalizava meu cabelo —, estar aqui é diferente de tudo que já fiz. Sempre admirei essa série desde que a vi pela primeira vez, lá em 2019. Então, estar no set, com vocês, é surreal.
Mary sorriu, colocando uma mão no meu ombro.
— Você merece estar aqui, Kiana. Todo mundo passou pelo momento de sentir que não pertencia, mas isso passa. Em pouco tempo, você vai se sentir parte da família.
Assenti, com um sorriso tímido. Era bom ouvir aquilo. Elas falavam como se realmente acreditassem, e, mais importante, como se realmente quisessem que eu fizesse parte desse mundo.
Enquanto a conversa fluía, uma assistente de produção entrou para avisar que as gravações começariam em breve. Meu figurino estava pronto, a maquiagem impecável, e meu cabelo, agora preso em rabo de cavalo impecável, parecia funcional e elegante, perfeitamente adequado para Calista Silver.
Saímos juntas do camarim, o grupo animado e cheio de energia. No fundo, eu sabia que esse era só o começo. O verdadeiro desafio ainda estava por vir, mas, pela primeira vez naquele dia, me senti pronta para encará-lo.
O cenário onde seria filmada a cena do Sekai Taikai era impressionante. Assim que entramos no enorme estúdio transformado em arena, meus olhos foram capturados pela magnitude do espaço. Um tatame central ocupava a maior parte do piso, cercado por arquibancadas fictícias e iluminado por refletores estrategicamente posicionados. Havia bandeiras penduradas com os nomes e símbolos das equipes competidoras, tudo transmitindo a grandiosidade de um torneio mundial. Era como se eu tivesse sido transportada diretamente para o clímax de um filme de artes marciais.
Eu usava o quimono cinza dos Iron Dragons, o grupo de lutadores de elite liderado por Calista Silver e Axel Kovacevic. A faixa preta amarrada com um toque de rigidez ao redor da minha cintura exibia o emblema de líder da equipe, e a faixa branca amarrada em minha cabeça, algo que o roteiro havia destacado como um ponto de orgulho da personagem. A roupa era confortável, mas carregava um peso simbólico que eu podia sentir a cada movimento.
Hillary apareceu novamente para me guiar.
— Kiana, você vai começar daqui. — Disse ela, apontando para uma marca no chão ao lado de Patrick Luwis, que interpretava Axel, um dos membros principais da equipe Iron Dragons.
Assenti, minha mente já ajustando o foco para o que estava por vir. Essa seria a primeira cena da minha personagem, e ela já estava sob os holofotes. Todos os membros dos Iron Dragons foram direcionados para suas posições ao redor do tatame, assumindo posturas que transmitiam confiança e disciplina. A orientação era clara, eles eram uma equipe de elite, respeitada e temida, o que significava que cada detalhe, desde a forma como caminhávamos até como olhávamos para nossos oponentes, deveria refletir isso.
Respirei fundo quando o diretor chamou todos para ficarem prontos. Meu coração martelava no peito, mas minha expressão permanecia firme, como exigia a compostura de Calista. Quando ele gritou "Ação!", tudo ao meu redor pareceu se transformar.
As câmeras capturavam o grupo no enorme tatame, emoldurando a atmosfera de tensão entre as equipes. De um lado estavam os Iron Dragons, do outro, os representantes do Cobra Kai Coreia. O clima era de rivalidade acirrada, e o roteiro pedia que eu, como líder dos Iron Dragons, transmitisse uma postura firme e calculista, observando os oponentes com um olhar quase predatório.
Ao meu lado, Patrick, ou melhor, Axel, inclinou-se ligeiramente para cochichar no meu ouvido.
— Parece que você já tem fãs, Cali — Ele sussurrou sua fala, com um tom debochado que arrancaria risadas se estivéssemos fora de cena.
Sem mover a cabeça, mas mantendo os olhos focados no time adversário, deixei escapar um pequeno sorriso. A câmera capturou o momento, como um reflexo sutil da confiança de Calista.
Do outro lado do tatame, meu olhar cruzou com o de Kwon Jae-Sung. Ele estava parado em uma postura impecável, os braços cruzados atrás das costas, sua expressão tão fria e controlada quanto a minha deveria ser. Brandon, o ator que o interpretava, parecia completamente no personagem, exalando a presença intimidadora que Kwon deveria ter. O choque de olhares foi breve, mas cheio de subtextos, rivalidade, tensão e, sem dúvida, algo mais que se desenvolveria com o tempo.
Meu coração deu um salto involuntário, mas continuei no papel, mantendo a compostura. Essa cena era crucial para estabelecer Calista e Kwon como inimigos naturais, e o roteiro sugeria que seria apenas o início de uma dinâmica complexa entre os dois.
A verdade era que eu ainda não tinha falado diretamente com Brandon fora de cena. Sabia, no entanto, que nossas histórias estavam entrelaçadas ao longo de toda a temporada. As interações entre Calista e Kwon não seriam apenas de confronto, havia um arco romântico entre os dois, algo que começaria com tensão e culminaria em algo mais profundo. E isso me deixava ansiosa. Fazer cenas assim requer química entre os atores, e eu ainda não sabia como seria trabalhar com ele.
Quando o diretor gritou "Corta!", o momento pareceu quebrar o feitiço. Relaxei os ombros e respirei fundo, sentindo uma mistura de alívio e antecipação.Hillary estava por perto, com um olhar satisfeito.
— Você mandou bem. — Ela disse baixinho ao passar por mim.
Eu agradeci com um sorriso discreto, mas minha mente já estava à frente, pensando no que viria a seguir. Sabia que precisava me concentrar, mas não conseguia evitar a excitação crescente. Esse era apenas o começo. O primeiro passo no que parecia ser o sonho que finalmente se tornava realidade.
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O dia finalmente chegou ao fim, e com ele veio uma sensação de cansaço misturado com uma satisfação profunda. As luzes do set estavam sendo apagadas, e os membros da produção desmontavam equipamentos enquanto o elenco, ainda em quimonos e roupas de luta, começava a se dispersar. Jacob Bertrand, sempre o cara animado do grupo, foi quem surgiu com a ideia.
— Ok, pessoal, vamos comemorar! Conheço uma pizzaria incrível aqui perto, e o lugar vai ser só nosso hoje. Quem topa?
A resposta foi praticamente unânime. Após um longo dia de gravações, ninguém recusaria uma boa pizza e, claro, a chance de relaxar juntos.
Mary se aproximou de mim enquanto eu arrumava minhas coisas no camarim improvisado.
— Ei, Kie, quer ir comigo? A gente pode pegar o meu carro ou o seu, tanto faz.
— Claro! Vamos no meu. — Respondi, animada. Apesar de ter interagido com todos durante o dia, Mary foi quem mais se aproximou de mim, quase como uma amiga de longa data, mesmo que tivéssemos acabado de nos conhecer.
Assim que saímos do estúdio e entramos no meu carro, o cansaço parecia menor. Liguei o rádio, e uma playlist de pop animado começou a tocar. Mary riu assim que Don't Start Now, da Dua Lipa, começou.
— Essa é perfeita para hoje. — Ela disse, batendo palmas no ritmo da música enquanto eu dirigia.
A estrada estava tranquila àquela hora da noite, e nós conversávamos sobre tudo, menos trabalho. Era um alívio, para ser honesta. Passamos o dia inteiro falando de coreografias, expressões faciais e falas, agora, estávamos apenas duas garotas indo comer pizza e aproveitar um pouco.
— Então, sério, você não acha que aquele lugar onde filmamos hoje parecia saído de um videogame? — Mary perguntou, rindo.
— Totalmente — Concordei. — Parecia que eu ia ouvir o narrador gritar 'Round One, Fight!' a qualquer momento.
Ela gargalhou, e, por alguns instantes, me senti completamente à vontade. Era bom lembrar que, apesar do peso do papel e da importância dessa temporada, todos ali eram pessoas normais, com os mesmos medos e inseguranças.
Quando chegamos à pizzaria, as luzes lá dentro já estavam baixas, mas o ambiente era acolhedor e reservado apenas para nós. Jacob estava na porta, cumprimentando cada um como se fosse o anfitrião oficial da noite, e ao seu lado, Peyton. Eles tinham o tipo de relacionamento que qualquer ator desejaria ter, completamente profissional, mesmo sendo distante na série, com seus próprios pares românticos, isso não afetava o relacionamento deles fora das câmeras, e sempre achei isso muito fofo e admirável da parte deles.
— Bem-vindas, senhoritas! — Ele brincou, abrindo os braços em um gesto exagerado.
A pizzaria estava cheia de energia, com o elenco espalhado por várias mesas. Peyton e Rayna já estavam sentadas, rindo de algo que Gianni Decenzo dizia. William Zabka e Ralph Macchio estavam juntos em outra mesa, conversando sobre as gravações do dia, enquanto a equipe mais jovem parecia pronta para transformar o lugar em uma festa.
Mary e eu encontramos um lugar perto do grupo de Jacob e Oona, e logo estávamos mergulhadas em conversas sobre tudo, de sabores de pizza preferidos até histórias embaraçosas dos bastidores de temporadas passadas.
— Então, Kiana — Xolo disse em certo momento, inclinando-se para frente com um sorriso travesso. — Primeiro dia oficial. Como se sente sendo parte do Cobra Kai?
Todos na mesa se viraram para mim, curiosos. A pergunta me pegou de surpresa, mas era genuína. Eles queriam saber como eu estava lidando com isso.
— Honestamente? É surreal. — Respondi, sorrindo. — Eu assisto essa série desde 2019, então estar aqui, com vocês, filmando a última temporada, é tipo... Um sonho. Ainda estou tentando processar tudo.
— Bem, você mandou muito bem hoje. — Disse Mary, me dando um leve empurrão no ombro. — A Calista vai ser icônica, tenho certeza.
As palavras dela aqueceram meu coração. A aceitação do grupo era algo que eu não sabia o quanto precisava até aquele momento. A conversa fluiu facilmente depois disso, cheia de risos e histórias. A pizza começou a chegar, e, com ela, a animação aumentou.
Conforme a noite avançava, percebi que o elenco tinha uma química incrível, algo que não precisava ser forçado. Eles eram como uma família, e, aos poucos, eu estava sendo acolhida nela. Ao olhar ao redor da mesa, com as conversas cruzando e as risadas preenchendo o ambiente, senti que estava exatamente onde deveria estar.
A pizzaria estava ainda mais animada conforme a noite avançava. Risadas ecoavam de todas as mesas, e a conversa fluía naturalmente entre os membros do elenco, novos e antigos. Como havia muitas caras novas, especialmente para essa segunda parte da temporada, os mais veteranos — como Mary, Jacob e Peyton — tentavam integrar todos, compartilhando histórias dos bastidores das temporadas anteriores.
Rayna e Patrick, que eram tão novatos quanto eu, pareciam estar se ajustando bem, discutindo suas primeiras impressões sobre o set e como era emocionante estar em um projeto tão grande. Patrick, em particular, tinha um humor descontraído que o fazia se enturmar rápido.
Depois de terminar meu refrigerante, decidi ir até o balcão para pedir outro. Caminhei tranquilamente até lá, ainda assimilando as boas vibrações da noite. A pizzaria parecia tão cheia de vida que era fácil esquecer o cansaço.
Enquanto eu esperava o atendente trazer minha bebida, percebi alguém se aproximando pelo canto do olho. Era Brandon. Ele parou ao meu lado, apoiando-se levemente no balcão. Havia algo tímido em sua postura, como se ele estivesse tentando reunir coragem para falar.
— Ei... — Ele disse, com um sorriso pequeno e genuíno. — Acho que a gente ainda não se apresentou direito.
Me virei para ele, surpreendida, mas satisfeita.
— Verdade — Respondi com um sorriso caloroso. — Finalmente estamos nos conhecendo formalmente. Kiana.
— Brandon — Ele disse, apertando minha mão rapidamente antes de recuar, como se não quisesse invadir meu espaço. — Definitivamente, esse é o maior trabalho da minha vida. E, sinceramente, estou muito ansioso para contracenar com você.
— Eu também — Respondi, inclinando-me levemente contra o balcão. — Eu confesso, já fiz algumas cenas românticas antes, mas, com base no roteiro, as de Calista e Kwon parecem superar qualquer coisa que eu já tenha feito. A história dos dois é muito bem escrita, não acha?
— Com certeza — Ele concordou, e pude notar que ele estava relaxando aos poucos. — Nunca imaginei interpretar um personagem como o Kwon, muito menos alguém que amadurece tanto por causa de outra pessoa. A dinâmica deles é intensa, mas... Acho que isso é o que a torna tão interessante.
Dei uma risadinha, brincando para aliviar o tom.
— Bem, espero que a gente consiga manter a compostura enquanto tenta entregar toda essa química. Senão, o diretor vai ter trabalho.
Brandon estava bebendo algo naquele momento — talvez água ou refrigerante —, e a piada o pegou desprevenido. Ele quase engasgou, tossindo levemente antes de se recompor.
— Eu, hum... É, claro, a gente vai conseguir — Disse ele, desviando os olhos por um segundo, claramente envergonhado.
Não consegui evitar um sorriso. A reação dele era inesperadamente genuína, e havia algo adorável em como ele parecia preocupado em fazer tudo certo.
— Desculpa — Ele disse, rindo nervosamente. — Acho que não sou muito bom com piadas rápidas.
— Ah, relaxa. — Falei, dando um leve empurrão de brincadeira no braço dele. — Você foi ótimo hoje no set. Se continuarmos nesse ritmo, Kwon e Calista vão roubar a cena.
Brandon pareceu se animar com o elogio, endireitando a postura.
— Espero que sim. É muita responsabilidade, sabe? Mas acho que, com a equipe que temos, tudo vai se encaixar.
O atendente voltou com meu refrigerante, e agradeci antes de olhar para Brandon.
— Bom, se precisar de qualquer coisa ou quiser ensaiar cenas juntos, pode me chamar. Tudo precisa sair perfeito, não é?
Ele assentiu, e seu sorriso parecia mais confiante agora.
— Pode deixar. E o mesmo vale pra você. Vamos fazer acontecer.
Quando voltei para minha mesa, não pude evitar um pequeno sorriso enquanto me juntava ao grupo. Brandon era quieto, mas tinha algo nele, uma dedicação sincera, talvez, que fazia parecer que ele era a escolha perfeita para Kwon. Sabia que trabalharíamos bem juntos, e isso me deixou ainda mais empolgada para o que estava por vir.
Obra autoral ©
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