002
(BEGGIN' — CAPÍTULO DOIS)
Talvez Aaron tivesse mesmo cara de instrutor de autoescola, por que não conseguiu resistir muito tempo aos olhos pidões de Bella Swan. Na tarde daquele mesmo dia, ele estava em uma rua pouco movimentada de Forks, quase chegando em La Push. As duas motos velhas dela foram descartadas facilmente, Aaron não era louco de colocar alguém que mal sabia ligar uma moto, para pilotar aquele lixo. Então Bella estava montada na Harley dele, enquanto ele explicava o básico.
— Você precisa dar partida no pedal. Faça isso com a moto no neutro e cuidado com o acelerador e a embreagem. — A voz dele sai arrastada, como se nem ele acreditasse que estava ali. — Depois de ligar a moto, deixa em meia embreagem e troca a marcha. A moto vai andar um pouco, depois é só acelerar aos poucos. Ouviu? Aos poucos.
Bella assentiu, nervosa. Metade dela se perguntava por que estava fazendo aquilo e a outra metade estava muito empolgada. A adrenalina fazendo seus pelos arrepiarem, e um frio na barriga.
— Posso tentar?
Aaron assente, dando um passo para trás. Bella tira o pedal de partida do compartimento dele e com o pé força, tentando ligar. Uma, duas, três vezes. Suada, os cabelos soltos do rabo de cavalo prendendo em seu rosto. Tombando a cabeça para o lado, Aaron achou aquela imagem uma delícia. Swan, suada, em sua moto. Sua mente pervertida o levou para outros caminhos, onde o suor não tinha nada haver com a habilidade inexistente de Bella com motos. Balançando a cabeça e lembrando que Isabella era filha de Charlie Swan, ele suspirou alto.
— Não é sobre força, Swan. É sobre jeito. Não é para chutar o pedal, só empurrar. Deixa eu te mostrar. — Aaron acena com a mão, mandando ela sair de cima da moto.
Bella sai, uma expressão derrotada no rosto. Quando estava ao lado da moto, Aaron ergueu a perna para sentar e antes de encostar no couro do banco, seu pé já tinha empurrado o pedal e o ronco da moto era ouvido à distância, parecendo o trotar de cavalos.
Sentado na moto, jogou um olhar maldoso para Bella, com um sorrisinho ridículo na boca.
— Você faz parecer fácil. — Bella disse, contrariada.
— Eu não faço parecer fácil, Swan. É fácil. Sua vez.
Depois de algumas tentativas, Bella finalmente conseguiu ligar a moto. Com a ajuda de Aaron, que se mostrou um professor paciente, até, ela já estava andando devagar pela pista vazia. Quando acelerou demais, correndo pela pista, Aaron correu e apertou o freio, segurando a traseira da moto, xingando alto.
— Puta que pariu! — Aaron exclamou, bravo. — Você podia se matar, Swan. Eu disse acelerar aos poucos. Não meter a mão no acelerador!
— Desculpa! Eu fiquei nervosa e minha mão estava no acelerador! — Bella disse, ainda mais pálida do que já era. — Nossa!
— Nossa digo eu. — Tomou uma respiração longa, olhando para o céu já querendo escurecer. — Precisamos ir embora, o Chefe não vai ficar feliz de você ir para casa muito tarde.
Bella deixou cair os ombros, derrotada. Com um balançar de cabeça, Aaron mandou que ela descesse da moto. Depois de irem até a picape, Aaron parou a moto ao lado do veículo antigo, esperando que Bella entrasse e saísse com o carro. Se sentindo observada, Bella se ajeitou no banco do motorista e, mesmo que contrariada, ela deu partida no carro, saindo do acostamento da pista quase deserta.
Ela podia ouvir o trotar de cavalos que a moto de Aaron fazia, andando atrás dela pela pista, quase que a escoltando até sua casa. Seu peito subia e descia, pela emoção que havia sentido agora de pouco. Havia visto Edward, outra vez. Ele estava impecável, mas sua fase parecia em completa agonia quando a mandou parar a moto. A mão não escorregou no acelerador, foi sua vontade de fugir daquela imagem fantasmagórica o mais rápido possível.
Então veio Aaron, e a salvou de uma queda certa e que a machucaria. Seu perfume amadeirado misturado com cigarro, tão perto dela quando ele grudou ao seu lado para apertar o freio. Tão diferente do de Edward que sentiu todo o seu corpo arrepiar. O cheiro era inebriante. Confuso, forte. Como a própria presença de Aaron Davis.
Quando chegou na rua de sua casa, ouviu o buzinar da moto de Aaron e viu ele passar rápido por ela, quase como se dissesse que estava entregue. Confusa e atordoada, ela entrou com a picape na garagem da casa. Sabia que seu pai estava lá, pela luz acesa da sala, e imaginou que ouviria por estar em casa tão tarde, ainda mais depois de tudo o que estava acontecendo esses meses.
Abriu a porta, devagar, e Charlie estava ao telefone, preocupado. Mas assim que a viu, desligou a chamada, encarando-a como se fosse para ter certeza de que estava bem. De que não tinha se machucado ou se perdido na floresta, outra vez.
— Eu estava no cinema. — Sua voz soou baixa, com uma desculpa esfarrapada. — Meus amigos queriam assistir algo, fomos para Port Angeles. Desculpe não avisar.
Charlie tomou uma respirada longa.
— Da próxima vez, Bells, me ligue. Eu estive no inferno pelas últimas horas.
— Me desculpe. De verdade.
Bella se sentiu mal por Charlie. Sabia que ele estava fazendo o melhor que podia, visto que Bella parecia tão entregue aquele sentimento sombrio e penoso. Deu um meio sorriso, tentando deixar as coisas mais leves, e levantou os ombros, para dizer que ele não precisava se preocupar.
Se soubesse o que de fato tinha acontecido aquela tarde, Charlie surtaria. Mas por agora, enquanto não tinha a confirmação de Davis se as aulas iriam continuar, era melhor deixar tudo como um segredo.
Charlie não gostava de motos, e não aprovava a atitude de Aaron Davis, mesmo que dissesse para todos que ele era um bom garoto, só precisava começar a andar na linha.
Uma coisa era sentir compaixão por saber um pouco da história do garoto, outra coisa era saber que sua filha estava envolvida com ele, de alguma forma.
— Tudo bem. Só não faça de novo. — Falou, derrotado. — Como foi sua tarde?
Pela primeira vez em semanas, Bella abriu um sorriso ao se lembrar da sensação do vento em seu rosto enquanto estava na moto. Ao se lembrar de como, superando suas expectativas, Aaron era um professor paciente e que tentava ao máximo explicar tudo de uma forma que ela entendesse.
— Foi muito boa, pai.
Desmontado com a reação da filha, tudo o que Charlie pôde fazer foi dar um sorriso pequeno para ela.
— Bom.
Bella assentiu, e com um boa noite subiu para seu quarto. Precisava de um banho. Precisava tirar o cheiro de Aaron Davis que havia se impregnado nela, de uma forma que ela jamais conseguiria explicar.
Quase do outro lado da cidade, Aaron chegava em casa. A luz acesa não o animou, e sabia que seu inferno particular estava pronto para começar. Deixou a moto para fora da garagem, sabia que em algum momento da noite iria fugir para não ter que aguentar toda aquela merda. Quando entrou na casa, sentiu o cheiro forte de cigarros e bebidas. O pai, se é que se pode chamar assim, estava esparramado no sofá, assistindo a um jogo idiota que passava na televisão.
— Pensei que tinha fugido igual a merda da sua mãe. — O velho gordo e bêbado resmungou, raivoso.
— Devia, para não ter que ver essa sua cara nojenta. — Aaron respondeu, indo para a cozinha, tentando achar algo que prestasse para comer.
As passadas pesadas vieram até ele, e antes que pudesse prever, sentiu o soco em sua costela jogar ele para as portas de madeira do armário.
— Olha o jeito que fala comigo, seu merdinha! — O dedo apontado na sua cara fedia. Aaron sentiu nojo, e vomitaria se não fosse a dor pulsante. — Você tem a porra de um teto para morar, e ainda reclama! Devia ter se mandado para os quintos dos infernos, junto com aquela puta que te pariu!
Aaron riu. Sentiu os olhos marejarem, sentiu sua boca arder. Sentiu todo o seu corpo em espasmos de dor. Mas ele riu.
— Não sei o que seria pior: a puta que me pariu, ou o desgraçado que terminou de me criar. — Conseguiu falar, entre lufadas de ar e risadas.
O rosto de seu pai estava vermelho. Escarlate de raiva. E veio para cima de Aaron, mas recebeu um soco no meio do estômago.
Fazia dois anos que Aaron havia cansado de ser saco de pancadas, e tinha começado a revidar. Era difícil, Michael Davis era um homem grande. Alto e gordo, parecia um obstáculo de toneladas. Mas com o tempo, Aaron foi ficando mais experiente.
Rir fazia o homem ficar nervoso. E bêbado, a raiva apenas o deixava mais inútil. Então Aaron ria, e depois batia. Humilhava, e depois apanhava. Um ciclo vicioso, que já tinha roteiro. Uma luta perdida, mas que se repetia todos os dias.
No final da noite, era apenas Aaron em sua moto, fugindo para poder curar suas feridas para o próximo dia.
[ n o t a s ]
atualização anual, quem pediu? kkkkkkk
brincadeiras a parte, vou tentar ser mais ativa. Esse negócio de um capítulo por ano tá me culpando horrores.
mas é isso. até o próximo, povo!
amo vcs.
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