JULY
— Beautiful beautiful beautiful... beautiful boy.
A mulher de cabelos loiros cantava com a voz baixa suave enquanto segurava o garoto pequeno em seus braços o ninando suavemente enquanto ele lutava contra o sono.
— Darlin' Darlin' Darlin'... Darlin' Kento.
Ela sussurrou mudando o final da canção fazendo com que o garoto pequeno risse de maneira sonolenta, naqueles momentos ele se sentia protegido... em casa.
Os olhos do homem se abriram devagar, fitando o teto acima dele. Sentia algo quente em sua bochecha uma lágrima talvez. Ele suspirou esfregando o rosto, havia sonhado novamente com sua mãe. Os olhos do homem olharam ao redor cuidadosamente. Estava em seu quarto, o mesmo quarto que não via a mais de seis meses.
Olhou para o lado se detendo com você dormindo de costas para ele. Ele suspirou, os seus cabelos bagunçados no travesseiro, seu pijama, seu cheiro, ele sentia falta daquilo cada vez mais frequentemente, mas não era como se pudesse deixar os deveres de general de lado. Ele tinha um país para proteger. Pessoas contavam com ele.
A cada ano que se passava ele ficava mais ocupado, mais distante, as vezes chegava a ficar seis meses trabalhando em missões, voltando para feriados, mas nas poucas vezes que retornava estava tão cansado que era difícil de ao menos conseguir manter uma conversa com você sem cair no sono. Ele viu você se mexer na cama, se espreguiçando como um gato com os olhos fechados como sempre fazia desde os dezoito anos. Ele sorriu lhe fitando ali. Você se virou abrindo os olhos o encarando ali. Piscou devagar ainda meio grogue. Um sorriso tristonho cresceu em seus lábios.
— Oi...
Sussurrou, a voz quebradiça pelo sono. Nanami sorriu lhe encarando ali.
— Bom dia, princesa.
Ele murmurou abrindo os braços. Você prensou os lábios pensativa antes de se arrastar até ele repousando o corpo sobre o grande dele. Os dedos longos acariciando seu cabelo com cuidado.
— Você não me ligou esses meses.
Você murmurou a voz fraca, ele respirou fundo segurando sua mão com cuidado com a dele livre passando o polegar sobre sua aliança.
— As coisas estão uma bagunça nas bases militares por enquanto... eu estou tentando arrumar as coisas para que eu possa ficar menos tempo longe de casa.
Você levantou o rosto encarando os olhos dele. Uma sensação estranha no seu peito, uma dormência que parecia se alastrar até as pontas dos seus dedos. Você forçou um sorriso. Não queria brigar. Não quando aquela era a primeira vez que via ele em seis meses.
— O que vamos fazer amanhã? Eu estava pensando em talvez nós irmos naquele mesmo restaurante do nosso primeiro encontro.
Você murmurou esperançosa afundando o rosto na curva do pescoço dele. Ele suspirou acariciando seus cabelos.
— Eu preciso voltar hoje a noite para o exercito.
Ele murmurou a voz baixa, você afastou o rosto de automático encarando ele piscando devagar o coração batendo forte.
— Mas... você acabou de voltar.
— Eu sei, meu amor mas eu tenho deveres.
Nanami murmurou a voz cansada de sempre ter que repetir as mesmas coisas, as vezes ele se perguntava porque você apenas não entendia. Você engoliu em seco o encarando ali. Sua respiração pesada, como se seus pulmões estivessem se esforçando ao máximo para conseguir fazer o que eles eram capazes.
— Certeza que não consegue voltar depois de amanhã?
Você murmurou pressionando os lábios. Ele respirou fundo negando com a cabeça.
— Não consigo.
— Então... quer fazer alguma coisa hoje comigo?
Sussurrou a voz quase trêmula. Nanami lhe encarou.
— Por que você quer tanto sair? Eu estou cansado... nós não podemos ficar em casa e apenas pedir algo para comer?
Ele murmurou a voz começando a ficar em um tom um pouco mais irritado. Você pressionou os lábios fortemente sentindo a vista embaçada pelas lágrimas.
— Amanhã é nosso aniversário de casamento.
Você disse a voz fraca enquanto se afastava dele se sentando na cama, os olhos do homem correram até você, ele sentia o coração bater mais forte. Havia esquecido. Novamente.
— Amor...
Ele murmurou você negou com a cabeça devagar ficando de pé.
— Esqueça.
Disse com a voz falha enquanto deixava o quarto. Ele respirou fundo lhe seguindo enquanto esfregava o rosto.
— Eu estou com tanta na cabeça que eu esqueci, me desculpa.
— Você disse isso ano passado também, e no retrasado também — você murmurou sem olhar para ele enquanto montava a mesa do café da manhã. Ele apenas lhe encarou em silêncio —, eu quero ser mãe, como eu vou conseguir ser mãe se eu vejo meu marido apenas três vezes ao ano?
Ele lhe olhou. Lhe olhou de verdade.
— Você quer que eu largue meu trabalho é isso?
— Não é isso que eu estou falando... apenas queria que você tivesse mais tempo para mim.
— Quando eu tenho tempo livre eu sempre venho te ver.
— É... a cada seis meses... três meses... como vamos ter uma família desse jeito?
Ele bufou passando os dedos pelos fios loiros de modo frustrado.
— Os soldados contam comigo... o povo conta comigo... você consegue ter alguma ideia da pressão que é participar de todas essas missões? As pessoas precisam de mim.
Ele murmurou tentando tocar seu rosto, você deu um passo para trás, os lábios trêmulos, os olhos cheios de lágrimas.
— Eu... eu também preciso de você... sua esposa precisa de você... eu quase não te vejo... você quase não me liga... eu estou cansada disso tudo.
— Meu deus mulher! O que você quer que eu faça?! Você sabe que eu não posso simplesmente largar o meu emprego!
Você parou. Olhou para ele. Respirou fundo antes de concordar com a cabeça devagar. Pressionou os lábios.
— Eu... só queria que você... me tivesse como prioridade também.
— Mas você é minha prioridade! Se eu não estou trabalhando eu estou com você!
— Dois anos.
Você sussurrou e ele bufou.
— Dois anos o que?
— Que você não diz que me ama... não é difícil de lembrar já que eu vi você apenas seis vezes nesses dois últimos anos.
Ele suspirou lhe fitando ali. Um sentimento pesado tomando conta do peito do homem. Culpa talvez.
— Me desculpa.
Ele murmurou. Você não respondeu. Olhou para os próprios pés antes de começar a chorar baixinho, negou com a cabeça devagar arrancando a aliança dourada de seu dedo a deixando sobre o balcão.
— Eu não aguento mais.
Sussurrou por fim a voz quebradiça deixando a casa por fim sem nem ao menos se importar em trocar os pijamas.
Nanami quis correr atrás de você. Lhe arrastar de volta pra casa e enfiar aquele anel de volta no seu dedo. Mas os pés dele travaram. Ele engoliu em seco olhando para a aliança dourada no balcão.
— Seu idiota.
Ele murmurou se agachando no chão afundando o rosto por entre as mãos.
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