11. she is not a prostitute

Alma bufou alto ao entrar no palácio pela enésima vez. Já estava se tornando rotina: convite imperial, dança forçada e algum comentário pretensioso do Imperador que a deixava de cabelo em pé. Mas hoje, ah, hoje ela estava decidida a não deixar barato.

E lá estava ele, sentado em seu trono como se fosse dono do mundo. Bem, tecnicamente ele era, mas não vinha ao caso. Claude não demonstrava emoção alguma, apenas aquele olhar frio que parecia despir sua alma - ou julgá-la por suas escolhas de vestuário.

Ela se aproximou com passos firmes, carregando uma expressão que dizia "não estou no clima hoje". A saia curta e o top dourado que lhe haviam dado brilhavam à luz das tochas, mas o desconforto em seus ombros era mais visível que qualquer pedra preciosa. Ela parou à frente dele, mãos nos quadris.

"Majestade," começou Alma, sem sequer curvar-se. "Vamos direto ao ponto. Por que exatamente você insiste que eu venha vestida assim? Está com saudades do circo?"

Claude ergueu uma sobrancelha, o canto da boca quase - quase! - ameaçando se curvar em um sorriso. "Não gosto de circos, Alma. Mas admito que você tem um talento único para chamar a atenção."

"Ah, claro. Porque um top menor que um lenço e uma saia que nem chega a cobrir a dignidade são ótimos para dançar de forma respeitável." Ela apontou para a própria roupa. "Isso aqui é roupa de dançarina ou fantasia de escapista?"

Ele cruzou as pernas, apoiando o queixo na mão com um ar de indiferença estudada. "Você dança melhor quando está à vontade."

"À vontade?!" Alma jogou as mãos para o alto, indignada. "Se eu dançasse mais à vontade do que isso, seria presa por atentado ao pudor! E, só para constar, há uma diferença enorme entre uma dançarina e uma prostituta, Majestade. Eu achei que alguém tão inteligente como você saberia disso."

Claude permaneceu impassível, mas ela notou um brilho nos olhos dele. Ele estava se divertindo, o desgraçado.

"Talvez," ele respondeu lentamente, "eu só goste de ver você... desconfortável."

Alma engasgou com a audácia. "O quê?!"

"Você fica adorável quando está irritada," ele explicou, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. "Toda corada, bufando como um filhote de dragão prestes a cuspir fogo. É fascinante."

Ela ficou boquiaberta. Literalmente boquiaberta. "Então é isso? Você me traz até aqui só para me irritar? Para me... me provocar como se eu fosse algum tipo de passatempo?"

Claude inclinou a cabeça, pensativo. "Bem, não vou negar que sua reação é uma parte... divertida do processo."

Alma o encarou, mortificada. "Eu sabia! Você é um tirano! Um tirano egocêntrico e mimado!"

Ele deu um leve sorriso, finalmente. Um sorriso pequeno, mas o suficiente para irritá-la ainda mais. "E você é muito ousada para alguém que depende da boa vontade do Imperador."

"Boa vontade?! Eu não pedi para estar aqui! Você que me obriga!" Ela gesticulou tão intensamente que quase derrubou uma jarra de chá na mesa ao lado. "E ainda me faz vestir isso como se eu fosse participar de um concurso de roupas íntimas!"

"Se eu fizesse isso," Claude murmurou com um toque de ironia, "você ganharia."

Alma ficou tão vermelha que parecia uma cereja prestes a explodir. "Eu juro por tudo que é mais sagrado, Majestade, um dia vou largar um sapato na sua cabeça e dizer que foi acidente!"

Ele riu. Uma risada baixa, grave, que fez os pelos dela se arrepiarem - não de um jeito bom. "Estarei esperando por esse dia, sininho."

Ela cerrou os olhos para ele, irritada. "Sininho? O que é isso agora, um jogo de apelidos?"

"Se eu quiser que seja, sim. E você me lembra uma fada. Pequena, barulhenta e temperamental."

Alma apontou o dedo para ele, sem acreditar no que ouvia. "Eu vou acabar jogando chá em você, é o que eu vou fazer. E vai estar super quente."

Claude apenas riu mais uma vez, deixando claro que o teatro de indignação dela era exatamente o que ele queria.

E Alma saiu dali bufando como um vulcão prestes a entrar em erupção, decidida a planejar a dança mais provocativa e menos colaborativa da história do Império.

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