87 - Só Você
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08 de Agosto
O ginásio estava tomado por uma energia vibrante, um misto de tensão e empolgação que só uma semifinal olímpica poderia trazer. O Brasil enfrentava os Estados Unidos, e o jogo prometia ser um dos mais desafiadores da competição. Desde o início, o equilíbrio era evidente, com cada ponto sendo disputado como se fosse o último. O placar alternava constantemente, e a torcida brasileira fazia sua parte, incentivando o time com gritos ensurdecedores.
Petra estava em quadra, focada como nunca. Seu semblante sério não escondia o peso do momento, mas seus ataques precisos e defesas ágeis mostravam que ela estava preparada. Ao seu lado, Julia jogava com a mesma intensidade, suas recepções impecáveis e ataques certeiros sendo uma peça fundamental na engrenagem do time.
No primeiro set, os Estados Unidos começaram com força, dominando as ações e levando a melhor por 25 a 21. O Brasil sabia que precisava reagir, e, no segundo set, voltou mais agressivo. Petra e Julia foram os destaques, alternando entre ataques e defesas cruciais. O placar apertado terminou em 26 a 24 para o Brasil, empatando o jogo.
No terceiro set, o cansaço começou a aparecer, mas ninguém estava disposto a desistir. Os Estados Unidos voltaram a liderar, vencendo por 25 a 22. No banco, Zé Roberto dava instruções precisas, enquanto analisava cada jogada, procurando pontos fracos para explorar. Petra e Julia se entreolharam rapidamente antes de voltarem à quadra, uma troca silenciosa que dizia tudo, elas não iam perder.
O quarto set foi marcado por um desempenho impecável de Petra, que anotou diversos pontos decisivos, e por Julia, que fez defesas inacreditáveis, frustrando o ataque adversário. O Brasil venceu por 25 a 23, levando o jogo para o tie-break. A tensão era quase insuportável com o vislumbre da vitória escapando diante delas, mas o time brasileiro estava unido, com um único objetivo em mente, chegar à final.
No tie-break, cada ponto era comemorado como uma vitória. Petra parecia incansável, e Julia mostrava uma calma impressionante, como se o peso do momento não a afetasse. O ginásio estava em polvorosa, e a torcida brasileira fazia sua parte, empurrando o time para a vitória. O placar estava apertado, mas, no momento decisivo, Petra fez um ataque fulminante que deu ao Brasil o ponto final, 15 a 13. O ginásio explodiu em comemoração.
Marcela, nas arquibancadas, segurava Pierre no colo, rindo e chorando ao mesmo tempo. O pequeno, confuso mas animado, balançava os braços no ar, acompanhando a comemoração da loira. Marco e Antonella não conseguiam conter o riso ao ver a cena.
— Marcela, cuidado para não esmagar meu filho! — Marco brincou, enquanto Pierre gargalhava no colo dela.
— Ele está adorando! Olha só como está vibrando! — Marcela respondeu, rindo, enquanto Pierre ainda balançava os braços no ar.
Antonella, ainda rindo, olhou para Marcela com carinho.
— Estou tão orgulhosa.
Marcela assentiu, os olhos brilhando.
— Ela merece isso tanto isso, Nella.
Quando o time brasileiro começou a se reunir no centro da quadra para comemorar, Petra olhou para a arquibancada e viu Marcela. Ela respirou fundo, deixando que as lágrimas de felicidade enchessem seus olhos. Em um impulso, caminhou até a arquibancada, onde Marcela estava com Pierre.
— Celly! Eu não acredito, estamos na final — Petra exclamou, os olhos brilhando enquanto abraçava Marcela, que mal conseguiu responder, tamanha a emoção.
Marcela segurou o rosto de Petra com as mãos, olhando-a com orgulho.
— Você é incrível, Lizzie. Estamos todos tão orgulhosos de você.
Petra sorriu, olhando para Pierre, que estendeu os bracinhos para ela. Com cuidado, ela pegou o menino no colo, abraçando-o enquanto as lágrimas finalmente escorriam por seu rosto.
— Tia Petra, você venceu!
— Ei, você vai torcer ainda mais na final, não vai, Pi? — Petra disse, rindo, enquanto o pequeno balbuciava algo incompreensível, mas cheio de empolgação. Ela riu enquanto se movia para abraçar Marco e Antonella que a olhavam com um sorriso caloroso.
Enquanto isso, Julia se dirigia até o outro lado do ginásio, onde Lukas e Evelyn estavam acompanhados pelos pais dela. A ruiva estava radiante, embora exausta, e sua felicidade era visível. Quando Lukas a viu, abriu um sorriso enorme e a abraçou com força.
— Que jogo, Ju! Você foi incrível! — Lukas exclamou, os olhos cheios de orgulho.
Evelyn concordou, abraçando Julia em seguida.
— Você e Petra fizeram mágica na quadra. Foi lindo de assistir.
Os pais de Julia, embora mais contidos, tinham sorrisos calorosos nos rostos. A mãe dela foi a primeira a falar.
— Estamos tão orgulhosos de você, querida. Você jogou com tanta garra.
O pai de Julia, sempre mais reservado, assentiu, mas seu olhar dizia mais do que palavras. Ele era claramente orgulhoso da filha, e Julia sentiu o peso desse momento. Era a primeira vez que ela podia compartilhar algo tão importante com sua família, especialmente com Petra ao seu lado.
Julia olhou para Lukas e Evelyn, que pareciam entender o que ela estava sentindo, e logo voltou a atenção para seus pais.
— Obrigada por estarem aqui. Isso significa o mundo para mim.
Julia e Petra se aproximaram do restante das meninas, que estavam reunidas em um canto do ginásio, comemorando a classificação para a final. A vibração era contagiante, risos e gritos de alegria ecoando por todos os lados.
Kuddies foi a primeira a avistá-las e correu para abraçar Petra, quase derrubando a oposta.
— Você foi demais, Pepê! — Kuddies disse, sorrindo de orelha a orelha. — Eu sabia que você ia brilhar!
Petra riu, abraçando Kuddies de volta.
— Eu só fiz o meu trabalho, Ju, mas obrigada! Agora, é tudo ou nada, né?
As outras meninas se juntaram, cada uma com seu jeito único de comemorar. Ana Cristina pulou em Julia, rindo enquanto a abraçava.
— Nossa, Ju! Você está impossível, arrasando demais! — exclamou, ainda sem fôlego de tanta empolgação.
Julia sorriu, sua energia se multiplicando com as palavras de apoio da amiga.
— Foi uma vitória suada, mas estamos aqui para isso.
Thaisa, que estava um pouco mais reservada, sorriu e deu um abraço apertado em Petra.
— Eu sabia que vocês iam arrasar aqui. Faltam só mais uma, meninas. Vamos com tudo — disse Thaisa, sua firme, mas com um toque de emoção.
•••
A noite estava calma na Vila Olímpica após o eletrizante jogo contra os Estados Unidos. A adrenalina ainda corria no corpo de Petra, mas, em vez de descanso, sua mente estava cheia de pensamentos. Depois de longos minutos em seu quarto, olhou para Rosa, que a observava com um sorriso malicioso.
— Vai lá, Pepê, mas volta antes do toque de recolher, hein? — Rosa provocou, dando uma piscadela. — Não demora, você sabe que as camas daqui não seguram emoção demais.
Petra revirou os olhos, mas não conseguiu conter o sorriso.
— Eu só vou dar boa noite para minha namorada.
— Sei, sei... — Rosa respondeu, rindo ainda mais enquanto Petra saía do quarto.
Caminhando pelos corredores silenciosos, Petra respirou fundo. Queria que Julia soubesse o quanto significava para ela estar ali, vivendo aquele momento juntas. Quando chegou à porta do quarto de Julia e Kuddies, hesitou por um segundo antes de bater levemente.
A porta se abriu e Kuddies apareceu com uma expressão de curiosidade, que rapidamente se transformou em um sorriso divertido.
— Hum, visitante noturna... Devo me retirar? — Kuddies brincou, olhando para Petra com um olhar cúmplice.
— Oi, pra você também, Kudiess — respondeu Petra, um pouco envergonhada.
Julia apareceu logo atrás de Kuddies, já de pijama, com os cabelos presos em um coque bagunçado. Ao ver Petra, sua expressão suavizou, e um sorriso iluminou seu rosto.
— O que você tá aprontando a essa hora, hein? — Julia perguntou, curiosa, enquanto Petra entrava no quarto.
Petra respirou fundo e olhou para Julia com um sorriso suave.
Kuddies, percebendo a atmosfera, pegou sua garrafa de água na mesa e deu um passo em direção à porta.
— Acho que vou dar uma voltinha. Volto em dez minutos. Ou quinze, dependendo do clima. Não façam barulho e, por favor, não quebrem essa maldita cama — Ela piscou para Julia antes de sair, fechando a porta atrás de si.
Julia balançou a cabeça, rindo, e se sentou na cama, ainda com o sorriso no rosto. Petra estava em pé, os olhos brilhando de felicidade e cansaço, mas ainda com aquela energia que só o jogo e a vitória podiam trazer. Ela observava Julia com um olhar intenso, como se quisesse guardar aquele momento para sempre.
Com um suspiro, Petra caminhou até a cama e se abaixou na frente de Julia. Ela se acomodou entre as pernas da ruiva, sentindo a proximidade, o calor do corpo de Julia que irradiava calma e segurança.
— Eu te amo, Julia — disse Petra, a voz suave, mas cheia de emoção. As palavras saíram com tanta sinceridade que Julia sentiu um nó se formar em sua garganta. Ela olhou para Petra, intensidade do que sentia por ela não havia diminuído nem um pouco.
Julia não precisou de palavras para responder. Em um impulso, ela puxou Petra para si, selando o momento com um beijo profundo. O gosto do beijo parecia fazer com que o mundo ao redor desaparecesse, restando apenas as duas.
Quando se afastaram, o sorriso de Petra estava radiante, mas seus olhos estavam carregados de um significado profundo. Era mais do que um simples beijo. Era uma declaração silenciosa de todo o amor que as palavras não conseguiam traduzir.
Julia, com a voz baixa e cheia de afeto, respondeu, ainda com um sorriso no rosto.
— Eu te amo também. Mais do que você pode imaginar.
Petra fechou os olhos por um momento, apreciando a sensação de segurança que só Julia poderia lhe dar. Depois, puxou a ruiva para mais perto, descansando a cabeça no ombro dela.
— Eu só preciso de você, Ju. Só de você.
O silêncio que se seguiu não era vazio. Era o silêncio de um amor profundo, de uma conexão verdadeira, que mesmo no meio de uma Olimpíada, no meio de toda a pressão e competição, permanecia imutável.
As duas permaneceram assim por um bom tempo, apenas sentindo a presença uma da outra, como se o tempo pudesse se estender até o infinito.
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capítulo meio fraquinho mas tenho notícias 👇🏽
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