85 - Minha Namorada

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29 de Maio

Depois de um treino intenso na quadra, as meninas do time estavam reunidas no vestiário, algumas terminando de trocar de roupa, outras só aproveitando para jogar conversa fora antes do almoço. Rosa, como sempre atenta, notou algo diferente na dinâmica entre Petra e Julia. As duas estavam mais sorridentes e próximas do que de costume, trocando olhares e sorrisos discretos que, na verdade, não enganavam ninguém.

— Ei, vocês duas estão esquisitas hoje – provocou Rosa, enquanto ajeitava o cabelo no espelho. — Mais grudadas que o normal. Querem contar alguma coisa?

As outras jogadoras pararam o que estavam fazendo, imediatamente interessadas na provocação. Julia e Petra trocaram um olhar e um sorriso conspiratório antes de Petra dar de ombros, tentando parecer casual.

— Não sei do que você está falando, Rosa – disse Petra com um tom de falsa inocência.

— Aham, sei... – continuou Rosa, cruzando os braços. — Julia não para de sorrir feito boba, e você também, Lewis. O que tá rolando?

Julia soltou uma risada baixa, pegou a mão de Petra e entrelaçou os dedos com os dela, levantando-a para que todas vissem as alianças prateadas que usavam.

— A gente oficializou – disse Julia, com o sorriso mais largo do mundo.

O vestiário explodiu em gritos e comemorações.

— Eu sabia! – gritou Ana Cristina, pulando no lugar. — Finalmente, hein! Achei que iam ficar nesse chove-não-molha pra sempre!

— Deus ouviu minhas orações! – brincou Nyeme, se aproximando para observar de perto. Então ela lançou um olhar divertido para Petra. — Ainda bem que você tá usando isso agora. Vai espantar certas figuras que ficam rondando por aí...

— Tipo aquela tal de Chiara? – perguntou Thaisa com uma sobrancelha levantada, segurando o riso.

— Nem fala o nome dessa mulher perto de mim! – respondeu Nyeme, rindo. — Aquela louca não tem um pingo de vergonha na cara!

Petra revirou os olhos, mas não conseguiu segurar o sorriso.

— Ah, fala sério, gente. Ela só foi... amigável demais. – disse Petra, tentando amenizar.

— Amigável demais? – repetiu Pri, arqueando as sobrancelhas. — Ela praticamente te convidou pra sair bem na nossa frente, sua sonsa. Achei que a Julia ia explodir naquele dia!

Julia, que até então estava quieta, deu de ombros com um sorriso presunçoso.

— Eu sabia que ela não tinha chance. E agora, com isso aqui no dedo... – disse, levantando a mão com a aliança novamente. — Duvido que ela ou qualquer outra se atreva.

— Eu tô surpresa mesmo é que a Petra não tá mancando dessa vez – disse Roberta, provocando e arrancando risadas gerais.

— Eu vou embora – murmurou Petra, cobrindo o rosto com as mãos, enquanto Julia ria abertamente ao seu lado. — Vocês são terríveis, não deixam passar nada.

— Amiga, você viu como tava andando naquele dia?– perguntou Natinha, ainda rindo. — Vocês também não são nada discretas.

— É verdade, dona Petra – acrescentou Carolana. — Vocês duas deram esse conteúdo de graça pra gente, e agora a gente tem que aproveitar.

— Falando sério agora – interrompeu Gabi, com um sorriso caloroso. — Eu fico muito feliz por vocês que finalmente oficializaram esse namoro.

— Concordo! – disse Kudiess, abraçando as duas de surpresa. — Finalmente! Eu tava começando a achar que ia ter que juntar vocês duas à força.

Julia riu, abraçando Kudiess de volta, enquanto Petra ainda tentava se livrar do constrangimento.

— Tá bom, tá bom. Já chega, né? – disse Petra, tentando soar séria. — Vocês podem parar de falar da gente e focar em outra coisa?

— Ah, mas nem pensar! – respondeu Ana Cristina, rindo. — A gente vai falar disso o dia inteiro, se possível.

— Mas agora que vocês tão namorando, quando é o casamento? – brincou Rosa, piscando para Petra, que quase derrubou a garrafa d’água que segurava.

Julia, por outro lado, apenas sorriu. — Devagar, Rosa. Um passo de cada vez, né?

— Exatamente – concordou Petra, suspirando aliviada. — Deixem a gente curtir essa fase primeiro, por favor.

— Ok, a gente pega leve... por enquanto – disse Rosa, piscando para as duas.

Enquanto as brincadeiras e conversas rolavam no vestiário, Nyeme soltou um comentário que fez as meninas pararem.

— Vou sentir saudades disso... – disse ela, quase como se estivesse pensando em voz alta.

Imediatamente, o grupo ficou em silêncio. Rosa foi a primeira a reagir, arqueando uma sobrancelha.

— Saudades disso? Como assim? – perguntou, com uma expressão confusa.

As outras jogadoras também olharam para Nyeme, esperando uma explicação. Petra e Julia, ainda de mãos dadas, trocaram um olhar intrigado, mas deixaram que Nyeme se explicasse.

— É... – Nyeme hesitou, mexendo nervosamente na toalha que segurava. — Eu queria contar isso mais pra frente, mas acho que agora é um bom momento.

— Conta logo, mulher! – disse Ana Cristina, ansiosa.

Nyeme respirou fundo antes de continuar.

— Depois das Olimpíadas, eu vou dar uma pausa na minha carreira.

— O quê? – exclamaram várias ao mesmo tempo, incrédulas.

Thaisa foi a primeira a reagir.

— Já basta eu me aposentando, agora você vem com essa? Tá de brincadeira comigo, Nyeme?

O comentário arrancou risadas das outras, já que o tom de Thaisa era claramente brincalhão.

— Calma, gente, não é nada definitivo! – apressou-se Nyeme a explicar. — É só uma pausa, eu juro. Quero... quero engravidar.

O silêncio inicial foi rapidamente substituído por gritos e risadas de surpresa e alegria.

— Gente! – gritou Natinha, levantando as mãos para o alto. — A Ny vai ser mamãe!

— Uma mamãe campeã olímpica, diga-se de passagem – acrescentou Petra, com um sorriso, animando ainda mais o grupo.

— É isso aí! – concordou Rosa. — Já tô imaginando o bebê com uma mini medalha de ouro.

— Ai, para, vocês! – disse Nyeme, rindo e cobrindo o rosto de vergonha. — Nem grávida eu tô ainda.

Petra, sempre pronta com uma provocação, se inclinou para mais perto de Nyeme.

— E já pensou no nome? – perguntou ela, com um sorriso travesso. — Eu acho "Petra" um nome lindo, não sei você. Também tem "Elizabeth", sabe...

As meninas explodiram em risadas.

— Claro que acha, né? – disse Julia, entrando na brincadeira. — Aposto que você já tava pensando em sugerir isso antes mesmo de ela contar.

— Ah, mas fala sério, "Petra" é um nome forte, combina com uma futura campeã. – Petra piscou para Nyeme, que sacudiu a cabeça, rindo.

— Se for menina, quem sabe eu considero – brincou Nyeme, entrando no clima.

— E se for menino? – perguntou Carolana, curiosa.

— Não sei ainda... mas não vai ser "Pedro", antes que alguém sugira. – Nyeme olhou diretamente para Petra, que fez um gesto de rendição.

— Ok, sem Pedro. Mas você sabe que o time inteiro vai querer opinar, né? – disse Pri, rindo. — Eu já tô até planejando os presentes do chá de bebê.

— Vocês são impossíveis – respondeu Nyeme, fingindo irritação, mas claramente emocionada com o carinho das amigas. — Tenho até medo só de pensar em deixar uma criança perto por tempo demais.

Thaisa, que havia ficado em silêncio até então, deu um passo à frente e colocou a mão no ombro de Nyeme.

— Você sabe que a gente tá contigo em tudo, né? – disse ela, com um sorriso carinhoso. — Só não esquece que a seleção sempre vai ser sua casa, mesmo que você dê essa pausa.

— É verdade – disse Rosa, abraçando Nyeme de lado. — E se precisar de babá pra esse futuro campeão ou campeã, pode contar com a gente.

— Só não deixa com a Petra. Ela vai querer ensinar o bebê a falar o nome dela antes de dizer mamãe – brincou Julia, arrancando risadas gerais.

Petra colocou a mão no coração, fingindo indignação.

— Eu jamais faria isso! – disse, claramente mentindo. — Mas se acontecer... bem, é um nome bonito, não é?

— É, claro – respondeu Julia, com um sorriso cúmplice.

A conversa seguiu animada, com as meninas já começando a planejar a futura comemoração de Nyeme e brincando sobre o tipo de mãe que ela seria.

O clima no vestiário estava descontraído, cheio de risadas e provocações. Nyeme, com um brilho nos olhos e ainda empolgada com as brincadeiras, não perdeu a oportunidade de alfinetar Petra.

— Depois de mim, a próxima grávida vai ser a Petra, tenho certeza – disse Nyeme, jogando a sugestão com um sorriso travesso.

Petra, que estava distraída tomando um gole de água, engasgou imediatamente ao ouvir a declaração.

— Que? – tossiu, tentando se recompor, enquanto Julia, ao seu lado, tentava ajudá-la, segurando uma risada que ameaçava escapar.

— Calma, respira, amor. – Julia bateu levemente nas costas de Petra, claramente se divertindo com a situação.

As outras meninas, por sua vez, já estavam gargalhando da reação exagerada de Petra.

— Vocês vão acabar matando minha namorada com essa perturbação toda! – brincou Julia, finalmente soltando a palavra que fez Petra esquecer completamente da provocação anterior.

Petra se virou para ela com um sorriso bobo, os olhos brilhando, completamente encantada com o uso do termo "namorada".

— Ih, olha a carinha de boba dela! – começou Macris, apontando para Petra, que corou levemente.

— Tá na coleira, né, amiga? – completou Gabi, rindo enquanto Ana Cristina se juntava ao coro de brincadeiras.

— Me respeitem – retrucou Petra tentando parecer séria, embora o sorriso no rosto denunciasse o contrário.

— Olha, Pri, nossa filhinha está tão crescida e apaixonada... – comentou Carol, fingindo enxugar uma lágrima imaginária, enquanto Pri assentia teatralmente.

— Que orgulho! Ela encontrou alguém pra cuidar dela. – Pri apertou a bochecha de Petra, que reclamou, mas riu.

— Vocês não têm jeito! – disse Petra, revirando os olhos, mas ainda sorrindo.

Kuddies entrou na conversa com uma risada.

— Kisy e Luzia vão saber dessa, Diana também.

Petra respirou fundo, pronta para revidar.

— Ai, Kuddies, vai atrás daquela loira sem sal da Marcela e me deixa sossegada! – disse, apontando para a amiga com uma expressão de falsa indignação.

A sala inteira explodiu em gargalhadas, enquanto Kuddies fazia uma expressão fingida de choque.

— Gente, ela tá bravinha! – brincou Natinha, rindo enquanto apontava para Petra.

— Vocês me cansam – respondeu Petra, cruzando os braços e fingindo desdém, mas era evidente que ela estava se divertindo com a conversa.

Julia olhou para Petra, ainda rindo, abraçando-a de lado.

— Melhor a gente ir antes que você tenha que lidar com mais perguntas difíceis, principessa.

— Boa ideia, Ju. Vamos antes que alguém aqui resolva escolher meu vestido de casamento também...

As risadas preenchiam o ambiente enquanto Thaisa, com um sorriso malicioso, continuava com suas provocações.

— Vestido de casamento, né? Já que você falou...

— Chega! – interrompeu Petra, rindo e levantando. — Vocês estão insuportáveis hoje.

Julia, que estava adorando o show, levantou e a seguiu. Antes que Petra pudesse escapar, a ruiva a abraçou pela cintura por trás, encostando o queixo no ombro dela.

— Tá vermelha, Pepê? – brincou Julia, com um sorriso provocador.

Petra virou o rosto para ela com falsa indignação.

— Você tá do meu lado ou do delas, Liebchen?

Natinha, que estava ouvindo atentamente, franziu a testa tentando repetir a palavra.

— O que é... Liebchen?

— É tipo "querida" em alemão – explicou Kudiess, rindo. — Aliás, vocês sabiam que a dona Petra aqui aprendeu alemão só pra entender os xingamentos da Julia na faculdade?

Petra imediatamente revirou os olhos, sabendo de onde vinha aquela informação.

— Aquela fofoqueira da Marcela não sabe ficar quieta mesmo, né? – resmungou Petra, cruzando os braços.

— Espera aí! – disse Rosa, que observava a cena com os olhos arregalados. — Petra, você aprendeu uma língua inteira só pra entender a Julia?

— Não foi bem assim – rebateu Petra, sem graça. — Eu precisava melhorar meu currículo!

— Sei... melhorar o currículo, né? – provocou Ana Cristina. — E só coincidiu de ser a mesma língua que a Julia fala?

— Vocês não têm mais nada pra fazer, não? – disse Petra, tentando desviar o assunto enquanto Julia escondia o riso contra o ombro da namorada.

— Admito que achei meio romântico – comentou Carol, sorrindo. — Ela realmente é dedicada! Puxou a mim.

— Dedicada ou obcecada? – brincou Pri, arrancando mais risadas.

Julia apertou um pouco mais o abraço em Petra e sussurrou — Obcecada por mim, né?

Petra olhou para Julia com um sorriso de canto.

— Só pra você não esquecer, sua cínica, você também é obcecada por mim.

— Mas isso sempre foi óbvio – disse Macris — Todo mundo sabia que aquele ódio todo de vocês era só amor mal expressado.

Petra bufou, mas no fundo adorava o clima leve e descontraído entre elas. Mesmo com todas as provocações, estar ali, cercada de amor e risadas, fazia tudo valer a pena.

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e quando tivermos um mini Lewis Bergman?

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