84 - Tenerife Sea
- Ed Sheeran
The way it brings out the blue in your eyes
Is the Tenerife sea
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28 de Maio
Julia saiu do banho e se surpreendeu ao não encontrar Petra no quarto. Pensou por um momento e logo imaginou que ela devia estar no terraço, como sempre fazia quando queria um pouco de tempo sozinha. E como sempre, não havia levado um casaco, mesmo com a noite fria que caía sobre a cidade.
Com um sorriso de leve reprovação e também um toque de carinho, Julia se vestiu rapidamente, pegou o casaco de Petra e subiu as escadas, indo em direção ao terraço. Quando chegou ao terraço, Julia a viu lá, encostada na grade, com os ombros encolhidos contra o vento gelado, abraçando a si mesma, aparentemente perdida em seus pensamentos. O olhar de Petra estava distante, mas ainda assim carregado de uma beleza que Julia nunca se cansava de admirar.
— Toma. Você nunca se lembra de trazer um – disse Julia suavemente, aproximando-se de Petra e colocando o casaco em seus ombros, deixando um beijo delicado na sua bochecha. — O que você tem com esse terraço e esse vento? Vai acabar pegando um resfriado.
Petra olhou para Julia, um sorriso travesso se formando em seus lábios. Ela vestiu o casaco, sentindo o calor dele se espalhando sobre sua pele e, então, sentiu o cheiro familiar de Julia nas roupas, um cheiro que a fazia se sentir segura e calma, como se o mundo lá fora não importasse.
— É pra você ter um motivo pra vir atrás de mim – brincou Petra, com o tom desafiador, mas carinhoso, antes de fechar os olhos e sentir o cheiro do casaco. — Eu adoro como seu cheiro fica nas minhas roupas.
Julia sorriu aproximando-se de Petra, ela a envolveu em um abraço apertado por trás, sentindo o calor do corpo dela e a suavidade do toque.
— É, eu sei – respondeu Julia com um sorriso nos lábios. Ela envolveu a cintura de Petra com seus braços e a puxou para mais perto, como se quisesse protegê-la do frio, mas também do mundo. — Agora você vai me deixar ficar aqui com você, ou vai me mandar embora também?
Petra virou um pouco a cabeça, olhando para Julia por cima do ombro, os olhos brilham com carinho, mas também com um toque de mistério.
— Você nunca foi boa em me deixar sozinha, né? – ela respondeu de forma suave, sentindo o calor de Julia ao seu redor. — E eu também não sou boa em te mandar embora.
As duas se ficaram ali por um momento, o som suave do vento sendo a única coisa que se ouvia, com o silêncio confortável preenchido pela presença uma da outra. Julia observava Petra atentamente, seu olhar carregado de perguntas não ditas. A noite estava fria, mas o calor entre elas aquecia o ambiente de forma única.
— No que você tá pensando? – sussurrou Julia, sua voz suave, quase imperceptível, mas ainda assim carregada de uma curiosidade genuína.
Petra virou-se para Julia com um sorriso de leve travessura nos lábios, mas seus olhos revelavam algo mais profundo, uma emoção que ela não podia mais esconder.
— Em você – respondeu Petra, como se fosse óbvio, seu olhar insinuante e confiante. Julia riu suavemente, mas havia um toque de apreensão no fundo do olhar de Petra, uma fragilidade que ela não queria mostrar, mas que estava ali, inconfundível.
Julia acariciou seu braço com a ponta dos dedos, tentando decifrar as emoções por trás daquele sorriso.
— Falando sério agora – continuou Petra, sua expressão mudando para algo mais sério, mais reflexiva. — Sei que as últimas semanas não têm sido muito fáceis. Com tudo o que rolou entre nós, com o Miguel… Eu vejo como tem sido complicado pra você.
Julia suspirou, apertando um pouco mais o abraço ao redor de Petra. Ela sabia que as últimas semanas haviam sido um turbilhão de emoções e, apesar de sempre tentar se manter forte, a pressão a afetava de maneiras que nem sempre conseguia controlar.
— Tá tudo bem, amor. Estamos lidando bem com tudo... – disse Julia, tentando manter a calma, mas seus olhos trilhavam um caminho de insegurança que Petra percebeu imediatamente.
— Eu sei, Ju – respondeu Petra suavemente, suas mãos encontrando os ombros de Julia, e ela a puxou levemente para olhar nos olhos da ruiva. — Mas eu tenho visto o quanto está se esforçando, principalmente pra se dar bem com o Miguel e também vejo que se sente incomodada, mesmo que seja um pouco. Eu não quero te ver assim, sabe? Não quero que você fique com esse peso. Não é justo.
Julia desviou o olhar, sentindo uma onda de vulnerabilidade tomar conta dela. Ela odiava admitir que, sim, se sentia incomodada com a situação. As lembranças do passado, do que ela não podia controlar, das incertezas que ainda pairavam sobre ela, faziam com que seus sentimentos ficassem tumultuados.
Petra suspirou levemente passando os braços ao redor de sua cintura e ajustando sua postura, de modo a ficar frente a frente com a ruiva. Ela queria que Julia entendesse que o que estavam passando não precisava ser algo tão pesado. Não quando elas podiam resolver isso juntas.
— Só... tem sido difícil ver que alguém, um dia, teve uma parte de você que ainda não é minha e eu não sei se em algum momento vai ser – Julia disse, sua voz baixa. Ela desviou o olhar como se estivesse com vergonha, como se temesse que suas palavras fossem demais. Ela sabia que o que estavam vivendo era difícil, mas ela também sabia que as inseguranças dela estavam transparecendo.
Petra segurou delicadamente o rosto de Julia, fazendo com que ela a olhasse nos olhos. Havia algo de profundo em seu olhar, uma intensidade que Julia raramente via, mas que agora a envolvia completamente.
— Você não precisa desejar partes de mim... – Petra disse, sua voz firme e tranquila. — Julia, você me tem por completo. Não há pedaços, não há lacunas. Eu sou sua, inteiramente sua.
As palavras de Petra soaram como uma promessa, e Julia sentiu o peso delas, sentiu sua alma se acalmar com o toque suave e a sinceridade que transbordava dos olhos de Petra. Ela engoliu em seco, tentando lidar com a onda de emoções que a invadiu, mas não conseguiu conter o sorriso. O peso do mundo parecia diminuir quando Petra estava por perto.
— Petra... – Julia murmurou, um suspiro escapando de seus lábios.
Petra sorriu, sua expressão agora carregada de algo mais. Algo que ela sabia que tinha que fazer, que deveria fazer, se quisesse que a insegurança de Julia se dissipasse de vez.
Ela afastou um pouco o rosto de Julia, olhando-a nos olhos, o sorriso se intensificando, mas agora com um toque de nervosismo, como se estivesse prestes a fazer algo que mudaria tudo entre elas. Julia não entendeu imediatamente, mas viu a mudança na postura de Petra.
Com um movimento sutil, Petra colocou a mão no bolso da calça e retirou uma pequena caixa, que estava discretamente escondida. Quando abriu a caixa, Julia viu duas alianças prateadas, brilhando sob a luz suave da noite.
Julia ficou parada, sem palavras, os olhos fixos na caixa que Petra lhe mostrava. Ela não sabia o que pensar, nem como reagir, mas seu coração começou a bater mais rápido.
— Eu estava planejando fazer isso em Paris, de um jeito diferente e bem mais interessante – começou Petra, sua voz suavemente nervosa. — Mas... não quero que você fique esperando por mim, por mais tempo. Eu quero que você seja minha, Julia. Não quero mais te deixar assim, no limbo, na incerteza. Você merece mais do que essa nossa bagunça confusa.
As palavras de Petra caíram como uma chuva suave, cada uma delas trazendo consigo um peso e uma beleza inconfundíveis.
— Eu sempre fui sua – disse Julia, sua voz suave, mas cheia de um sentimento que transcendeu qualquer dúvida ou medo que ela tivesse. Ela sorriu com o coração cheio, sentindo a verdade daquelas palavras ecoando dentro dela.
Petra olhou para Julia, seu sorriso suave. Ela segurava as alianças prateadas na mão, ainda na pequena caixa, mas antes de fazer o gesto definitivo, queria garantir que Julia estivesse realmente pronta. Ela sabia que não era algo pequeno o que estava fazendo, e queria que as palavras e o momento fossem perfeitos.
— Antes de colocar a aliança, preciso te perguntar uma coisa – disse Petra, olhando nos olhos de Julia, sua voz baixa, mas firme. — Você quer ser minha namorada? Não, quero dizer... Você quer ser minha?
Julia arqueou uma sobrancelha, um sorriso brincando em seus lábios, mas a leveza da situação contrastava com a intensidade de sua resposta.
— Petra... é sério? – brincou Julia, com um olhar cúmplice. — Depois de tudo isso, você ainda precisa de uma resposta formal?
Petra riu, mas a brincadeira não escondia o nervosismo que a percorriam por dentro. Ela queria que Julia tivesse certeza de sua decisão, assim como ela mesma tinha.
— Sim, eu preciso ouvir você dizer isso, amor – respondeu Petra, dando um passo mais perto de Julia e tocando levemente seu rosto. — Não quero que você se sinta pressionada, mas não posso te deixar mais sair por aí pensando que ainda há algo que pode fazer você hesitar. Então... O que você me diz?
Julia olhou para Petra por um momento, os olhos cintilando de carinho e, talvez, um pouco de surpresa pela forma como Petra estava tratando aquilo de uma maneira tão direta. Ela sorriu suavemente, sentindo seu coração acelerar.
— Claro que sim, principessa – disse Julia, sua voz tranquila e confiante, enquanto um sorriso largo iluminava seu rosto.
Petra sorriu de maneira radiante, e o peso em seu peito parecia finalmente aliviar. Ela segurou a caixa com as alianças, quase como se estivesse prestes a fazer o gesto final, mas ainda não conseguia evitar a brincadeira.
— Ah, então, agora você não pode mais voltar atrás. – disse Petra com um sorriso travesso. — Não tem mais pra onde fugir. Sabe o que significa isso, né?
Julia riu, o sorriso ampliando-se em seu rosto.
— Eu sei, eu sei. Não posso mais correr de você, não é? – respondeu Julia, com um tom de brincadeira, mas ainda cheia de carinho.
Petra riu junto com Julia, mas logo se recuperou da brincadeira, sentindo a leveza da situação se dissipar um pouco, à medida que ela se preparava para dar o próximo passo.
— Sabe, eu queria fazer isso de um jeito mais elaborado – começou Petra, com uma expressão um pouco mais séria, enquanto dava uma olhada nas alianças. — Planejei algo mais romântico que incluía nossa viagem para Paris, algo sob as luzes da cidade, talvez até com um jantar à luz de velas... Mas, sinceramente, não aguentei esperar até as Olimpíadas.
Julia olhou para Petra com uma expressão carinhosa, mas uma risadinha escapou dos seus lábios.
— Ai, Petra Lewis... Quem diria que você poderia ser tão romântica assim – disse Julia, brincando com ela, mas com um brilho especial nos olhos.
Petra riu, balançando a cabeça, mas o tom de afeto nas palavras de Julia a fazia se sentir ainda mais perto dela.
— Eu não sou uma romântica inveterada como você pensa, Julia – respondeu Petra, com um sorriso no rosto. — Eu só... queria que fosse perfeito, queria fazer tudo de um jeito bonito e inesquecível. Mas percebi que não importa onde ou quando, só me importo que seja você.
Julia olhou para Petra, seus olhos agora mais profundos, e a emoção começou a tomar conta dela. Ela sabia o quanto aquilo significava para as duas, e o quanto Petra estava abrindo seu coração naquele momento.
— Eu sou a mulher mais sortuda do mundo, sabia? – disse Julia, tocando suavemente o rosto de Petra. — E esse momento, assim, é bem mais do que eu esperava. Não importa se é Paris ou aqui, o que importa é que estamos juntas agora.
Petra sorriu, seus olhos brilhando com a intensidade das palavras de Julia. Ela estava prestes a colocar a aliança no dedo de Julia, mas parou um instante, querendo marcar aquele momento em sua memória para sempre.
— Então... – começou Petra, olhando para as alianças e, em seguida, para Julia. — Você me dá o privilégio de colocar isso em seu dedo?
Julia não hesitou nem por um segundo. Ela estendeu a mão para Petra, seus olhos fixos nos dela, com um sorriso sereno e cheio de confiança.
Com um sorriso radiante, Petra pegou a aliança e a colocou no dedo de Julia, fazendo o gesto com todo o afeto que ela sentia. Quando terminou, as duas ficaram ali, em um silêncio confortável, apenas se olhando, sem precisar de mais palavras. O momento estava feito, e era delas, de um jeito que nada poderia apagar.
Julia olhou para a aliança em seu dedo e, com um sorriso suave, olhou de volta para Petra.
— Bem, agora não tem mais volta, né? – brincou Julia, seus olhos brilhando com felicidade.
Petra riu, segurando o rosto de Julia, e as palavras saíram com um tom de brincadeira inconfundível.
— Agora você está presa a mim, Julia Bergmann.
Petra olhou profundamente nos olhos de Julia, como se tentasse decifrar cada sentimento ali refletido. Ela sempre teve uma fascinação por aqueles olhos, que para ela eram como um oceano, intensos e imponentes, mas ao mesmo tempo, serenos e acolhedores.
— Eu amo os seus olhos, sabia? – disse Petra, sua voz suave, quase um sussurro, enquanto ainda observava as profundezas azuis de Julia. — Eles me lembram o mar... tem algo neles que me hipnotiza. A cor, o jeito como eles parecem mudar de acordo com o seu humor, mas sempre profundos e calmos, como se eu pudesse me perder neles e ainda assim me sentir em casa.
Julia sorriu, tocando suavemente o rosto de Petra, tocada pelas palavras. Ela nunca imaginou que seus olhos, algo que ela sempre achou simples, pudessem ter esse efeito em alguém.
— Você sempre sabe como me fazer derreter, não sabe? – espondeu Julia, com um sorriso suave e um brilho especial nos olhos.
Petra sorriu de volta, e antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Julia a puxou para um beijo suave e carinhoso. O beijo parecia dizer tudo o que não precisava ser dito em palavras. Era como se o toque de seus lábios unisse suas almas de maneira silenciosa, mas intensa, refletindo todo o amor que sentiam uma pela outra.
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já pode acabar né
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