75 - A Queda

"O Brasil tá na semifinal. O Brasil continua invicto."
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5 de Maio

A atmosfera no ginásio estava eletricamente carregada, com os torcedores vibrando a cada ponto conquistado. As cores verde e amarelo brilhavam nas arquibancadas, mas a tensão era palpável. O Brasil estava prestes a enfrentar o Japão na semifinal da VNL, e a expectativa era alta.

Os primeiros sets foram intensos. As jogadoras brasileiras, apesar da pressão, mostravam garra e determinação. Mas a equipe japonesa, com sua agilidade e estratégia bem elaborada, não estava disposta a ceder.

— Vamos lá, meninas! – gritou Zé Roberto, acenando para suas jogadoras. — Precisamos manter a energia alta!

No primeiro set, o Brasil começou forte, mas o Japão rapidamente se recuperou. As jogadas rápidas e a precisão nos ataques dos japoneses deixaram a defesa brasileira em apuros. O set foi disputado ponto a ponto, mas ao final, o Japão levou a melhor, vencendo por 25 a 23.

No segundo set, a pressão aumentou. Julia, em uma tentativa de motivar a equipe, fez um ponto decisivo que trouxe um momento de esperança. A torcida vibrou, e o Brasil empatou a partida em 1 a 1, vencendo o set com um impressionante 27 a 25. O alívio era visível nos rostos das jogadoras, mas a tensão ainda pairava no ar.

O terceiro set começou com o Brasil em alta, mas logo a equipe japonesa ajustou sua estratégia, surpreendendo as brasileiras com ataques inesperados e um bloqueio impenetrável. Julia e Petra lutavam juntas, mas a equipe adversária parecia imbatível, vencendo o set por 25 a 20. O Brasil precisava de uma virada, e a pressão estava crescendo.

Durante o quarto set, a tensão aumentou. O Brasil lutou bravamente, mas a confiança já estava abalada. Julia sentiu a pressão e fez algumas jogadas forçadas, resultando em erros cruciais. O Japão, por sua vez, manteve a calma e continuou a jogar com precisão. O set terminou com um 25 a 22, e a derrota foi um golpe doloroso.

Com o apito final, o ginásio ficou em silêncio. As jogadoras brasileiras se abraçaram, e o desânimo era evidente nos rostos delas.

Petra, em estado de choque, olhou para Julia, que parecia perdida em seus próprios pensamentos. As expectativas eram altas, mas a realidade da derrota agora pesava sobre elas.

— Eu não consigo acreditar – disse Julia, sua voz baixa e trêmula. — Chegamos tão perto.

Petra puxou Julia para perto, envolvendo-a em um abraço reconfortante. O calor do corpo uma da outra oferecia um alívio temporário, mas não podia apagar a frustração e a tristeza pela derrota.

— Não foi por falta de esforço – respondeu Petra, tentando acalmar a amiga. — Demos o nosso melhor. Mas precisamos manter o foco, ainda tem a disputa pelo terceiro lugar.

As duas saíram de quadra, cercadas por olhares de preocupação e apoio das outras jogadoras. O espírito de equipe ainda era forte, mas a decepção era uma sombra sobre a celebração que deveria ter sido a vitória.

"Cai a invencibilidade de treze jogos da seleção brasileira, o Japão derruba o Brasil na semifinal da competição. Brasil está eliminado"
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6 de Maio

O dia seguinte à derrota amanheceu nublado, refletindo a atmosfera pesada que pairava sobre a equipe brasileira. Enquanto as jogadoras se preparavam para a disputa do terceiro lugar contra a Polônia, o clima de desânimo e frustração era nítido. No entanto, Petra estava decidida a dar seu melhor. O sentimento de que precisava compensar a derrota anterior a motivava a entrar em quadra com toda a intensidade possível.

Ao chegar ao ginásio, o lugar familiar encheu Petra de uma determinação renovada. Ela sabia que a partida contra a Polônia era uma oportunidade de se redimir. O grupo de torcedores brasileiros estava presente, vibrando com suas bandeiras e gritos de apoio.

Durante o aquecimento, Julia se aproximou de Petra, notando a intensidade em seu olhar.

— Ei, principessa – disse Julia, com um tom de preocupação. — Pega leve, tá bom? Não queremos que você force demais.

Petra sorriu, mas não deixou de notar o olhar sério de Julia.

— Eu sei, Ju – respondeu ela, determinada. — Só quero que possamos sair daqui com a cabeça erguida, pelo menos.

O jogo começou e as duas jogadoras se destacaram logo nos primeiros pontos. Julia, com sua habilidade e precisão, e Petra, com sua força e agressividade, mostraram uma química incrível em quadra. No entanto, a Polônia não era um adversário fácil. Elas se mostraram tão determinadas quanto o Brasil, com jogadoras que tinham uma impressionante capacidade de leitura de jogo e uma defesa sólida.

À medida que o primeiro set avançava, a tensão aumentava. Petra estava focada, mas também nervosa. Cada ponto parecia uma batalha épica. Ela se esforçava ao máximo, mas, em alguns momentos, sentia que estava indo longe demais. Apesar das advertências de Julia, a vontade de fazer o que era necessário para vencer era mais forte.

O primeiro set acabou sendo ganho pelo Brasil, e a torcida explodiu em aplausos. As jogadoras comemoraram, mas sabiam que a Polônia não se deixaria abater tão facilmente. O segundo set começou com a mesma intensidade, mas, à medida que o jogo avançava, as jogadoras brasileiras começaram a sentir o peso da pressão. A Polônia começou a marcar pontos e a confiança do Brasil começou a vacilar.

— Calma, meninas! – gritou Zé Roberto durante um tempo técnico. — Vamos manter a cabeça no jogo! Precisamos da nossa estratégia.

Petra estava em um momento de transe, concentrada e determinada. Em um ponto crítico do quarto set, com o jogo empatado, ela foi para um ataque potente. A energia dela estava transbordando, mas o risco de forçar o movimento era alto.

Em um impulso, Petra saltou para atacar a bola com toda a sua força. No entanto, ao aterrissar, seu pé virou de maneira alarmante. O impacto foi brutal e Petra sentiu uma dor aguda subir pela sua perna. O tempo pareceu desacelerar enquanto ela se contorcia no chão, incapaz de se mover.

Os membros da comissão técnica correram para ajudá-la, e a dor no tornozelo de Petra era intensa, como se uma onda de desespero a invadisse. Ela fechou os olhos, tentando ignorar a dor que dominava seu corpo. O jogo continuou, mas a atenção estava agora voltada para Petra, que estava sendo retirada da quadra. A cena era devastadora, e a determinação que a havia levado até ali parecia estar se dissipando.

Quando finalmente foi avaliada pelos médicos, Petra sentiu um nó se formar em sua garganta. Ela sabia que a gravidade da lesão poderia significar que estava fora do jogo. E o que era ainda mais angustiante, ela sentia que sua equipe estava perdendo sua chance de conquistar um lugar no pódio.

Os gritos da torcida se tornaram uma mistura de apoio e desespero. O Brasil lutava, mas a ausência de Petra se tornava cada vez mais evidente. Julia e as outras jogadoras tentavam manter o moral elevado, mas a tristeza e a frustração estavam visíveis em seus rostos.

A partida continuou, mas o Brasil não conseguiu manter o mesmo nível de desempenho. Com Petra fora de ação, a Polônia se aproveitou e começou a dominar o jogo. Cada ponto marcado pelas polonesas parecia frustrar ainda mais as jogadoras brasileiras.

Quando o jogo terminou com uma derrota por 3 a 2 o impacto da realidade caiu sobre as jogadoras. O Brasil estava fora do pódio, e o som da torcida aplaudindo a equipe adversária ecoava em seus ouvidos como uma cruel lembrança do que não haviam conseguido conquistar. Petra, assistindo do banco, se sentiu completamente arrasada. A culpa começou a consumir sua mente.

Ao saírem de quadra, as jogadoras estavam em silêncio, cada uma lutando contra suas emoções. Julia, com o coração pesado, se aproximou de Petra, que estava com o tornozelo elevado e uma expressão de dor em seu rosto.

— Sinto muito, Petra – disse Julia, olhando nos olhos dela, tentando buscar uma conexão que pudesse oferecer conforto.

— Desculpa, Ju – respondeu Petra, sua voz tremendo. — Se eu não tivesse forçado, talvez a gente ainda estivesse no pódio. Eu fiz besteira.

— Ei, não diz isso! – Julia insistiu, pegando a mão de Petra. — Você deu tudo de si. Ninguém pôde prever o que aconteceu. Nós estávamos todas jogando juntas.

Petra desviou o olhar, ainda consumida pela culpa. Lembrou-se de cada ponto perdido, de cada momento em que sentiu que poderia ter feito melhor. A sensação de responsabilidade a machucava mais do que a dor física.

— Eu só... – disse Petra, a voz quase um sussurro. — Eu queria tanto que tudo terminasse bem.

O som da comemoração dos poloneses ecoando pelo ginásio, era um contraste doloroso. Enquanto uma equipe celebrava, a outra estava perdida em frustração e arrependimento.

— Você precisa ser gentil consigo mesma – disse Julia, entrelaçando os dedos com os de Petra. — O vôlei é um esporte em equipe. Nós perdemos juntas. Não se culpe por algo que estava fora do seu controle.

Petra respirou fundo, permitindo que as palavras de Julia começassem a penetrar sua mente. Ela sabia que Julia tinha razão, mas a dor da derrota e a lesão a deixavam inquieta. A pressão de ser uma líder e o peso das expectativas estavam começando a desmoronar sobre ela.

Julia ajudou Petra a se levantar do banco, e juntas, elas caminharam em direção ao vestiário. A atmosfera ainda era pesada, e o eco dos gritos de celebração da equipe polonesa era um lembrete constante da derrota que acabaram de enfrentar. O vestiário, que normalmente seria um lugar de euforia e camaradagem, agora estava envolto em um silêncio reflexivo.

Quando entraram, algumas jogadoras estavam em um canto, tentando processar o resultado do jogo. Outras, como Kudiess e Rosa, estavam consolando umas às outras. Petra se sentou em um banco, a cabeça baixa, enquanto Julia permaneceu ao seu lado, apertando sua mão em um gesto de apoio silencioso.

Após alguns momentos, Fernandinho chegou para avaliar Petra. Ele sorriu ao se aproximar.

— Vamos ver como está esse tornozelo, garota – disse ele, começando a realizar alguns testes simples. — Espero que você não tenha se machucado muito.

A tensão na sala era palpável enquanto todos aguardavam as notícias. Quando Fernandinho terminou a avaliação, ele olhou para Petra com um sorriso encorajador.

— A boa notícia é que não é nada grave. Você vai precisar de algumas semanas de fisioterapia, mas nada que possa afetar sua participação nas Olimpíadas – disse ele, aliviando um peso enorme que pairava sobre a cabeça de Petra.

Uma onda de alívio passou por Petra, e ela se permitiu soltar um suspiro profundo.

— Então, posso voltar para a quadra antes das Olimpíadas? – perguntou, sua voz cheia de esperança.

— Sim, com certeza – confirmou Fernandinho. — Apenas siga o plano de reabilitação certinho. Que susto você me deu, hein.

Julia sorriu, seus olhos brilhando de alívio.

— Viu? Não foi tão ruim assim – disse, apertando a mão de Petra.

Mas antes que Petra pudesse responder, Fernandinho continuou. — E temos um novo fisioterapeuta esperando por você quando voltarmos ao Brasil.

— Um novo fisioterapeuta? – repetiu Petra, intrigada. — Quem é?

— Miguel Rodrigues – respondeu Fernandinho, observando a expressão de surpresa que se formou no rosto de Petra.

— Miguel Rodrigues? – ela perguntou novamente, desta vez em um tom mais alto, claramente surpresa.

A surpresa no rosto de Petra deixou as outras jogadoras intrigadas. O clima ainda era tenso após a derrota, mas a menção de Miguel trouxe uma nova energia para a conversa. Algumas jogadoras se aproximaram, curiosas sobre a identidade do novo fisioterapeuta.

— Quem é Miguel? – perguntou Julia, seus olhos fixos em Petra.

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seguinte, vão ler a fic da carol

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