72 - Um dia
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27 de Abril
Após a conversa com o advogado, Petra e Julia deixaram o escritório em um silêncio confortável, uma calma diferente envolvendo as duas. Petra havia tomado sua decisão sobre o dinheiro da indenização, e agora, com a mente mais tranquila, estava pronta para focar em algo que lhe trazia alegria genuína, ver Pierre.
Enquanto caminhavam até o carro, Julia observava Petra com admiração renovada. — Você tem certeza sobre a doação? – perguntou, com um tom mais calmo agora, quase protetor.
— Sim – respondeu Petra com firmeza. — Eu não quero nada que venha dele. Prefiro que esse dinheiro faça algo de bom.
Julia apenas assentiu, admirando a força de Petra, que, mesmo depois de tudo, ainda encontrava uma maneira de transformar dor em algo positivo. Elas entraram no carro e seguiram em direção à casa de Marco e Antonella.
A casa de Marco e Antonella era um refúgio para Petra, especialmente depois de tantos momentos difíceis. Era um lugar onde ela sempre encontrava apoio, carinho e a energia contagiante de Pierre, que sempre conseguia arrancar sorrisos genuínos de Petra, mesmo nos dias mais sombrios.
Quando chegaram, Antonella estava na porta, sorrindo calorosamente. — Vocês chegaram bem a tempo – disse ela, acenando para que entrassem. — Pierre está lá fora com Marco, brincando no jardim. Ele vai adorar ver vocês.
Petra deu um sorriso ao ouvir isso, seus ombros relaxando um pouco mais. Julia ficou observando com carinho o quanto aquela casa tinha efeito sobre Petra, era como se ela pudesse finalmente respirar ali.
Ao entrarem no jardim, Pierre, com toda a energia típica de uma criança, correu em direção a Petra, gritando de felicidade. — Tia Petra! – ele pulou nos braços dela, e por um momento, todo o peso do mundo pareceu desaparecer para Petra.
Julia observava a cena, sorrindo. Ver Petra com Pierre era como ver um lado dela que nem sempre se revelava, um lado doce, carinhoso, quase maternal, que Julia adorava profundamente.
Marco, vindo logo atrás de Pierre, deu um abraço rápido em Petra e cumprimentou Julia com um aceno de cabeça. — Bom ver vocês – disse ele, observando a interação entre elas e o menino com um sorriso no rosto. — Acho que Pierre estava com saudade das titias.
— Eu também estava com saudade – respondeu Petra, abraçando o menino com força antes de soltá-lo para que ele voltasse a brincar.
•••
Petra e Julia estavam no jardim, brincando com Pierre. O sol já estava se pondo, criando uma luz suave que refletia nos sorrisos despreocupados dos três. Pierre, com toda sua energia, corria em volta delas, enquanto Julia fingia persegui-lo, rindo quando ele escapava de suas mãos.
— Você corre muito rápido, Pierre! – exclamou Julia, parando para fingir que estava ofegante, apoiando as mãos nos joelhos.
— Mais rápido que você! – Pierre respondeu com uma risada vitoriosa, se escondendo atrás de Petra.
Petra se abaixou, pegando-o no colo com um sorriso caloroso. O menino riu, envolvido pelos braços protetores dela, e ela rodou com ele no ar, fazendo-o gargalhar ainda mais. Julia observava a cena com um brilho nos olhos, encantada com a maneira como Petra interagia com o garoto. Havia algo de especial naquela relação.
— Não me deixa cair, tia Petra! – gritou Pierre, em meio às risadas.
— Nunca! – respondeu Petra, depositando um beijo carinhoso na testa dele antes de colocá-lo no chão. — Sua mãe me mata se eu deixar.
Eles continuaram brincando por mais alguns minutos, correndo e rindo como se o tempo tivesse parado. Pierre se divertia tanto que as preocupações do mundo adulto pareciam distantes. Mas, de repente, o garoto desacelerou, seus passos diminuindo até que ele parou, olhando para o chão com uma expressão triste.
Petra notou o comportamento dele e franziu o cenho, ajoelhando-se ao lado de Pierre.
— O que foi, Pierre? – perguntou, tocando suavemente o ombro do menino. — Você está bem?
Pierre ficou em silêncio por alguns segundos, mordendo o lábio inferior como se estivesse tentando segurar algo. Então, com os olhos levemente marejados, ele finalmente falou, sua voz emburrada e levemente chorosa. — Vocês vão embora...
A frase pegou Petra e Julia de surpresa. Julia, que estava de pé observando a cena, olhou para Petra, sem saber o que dizer. Petra, por outro lado, não conseguiu segurar uma risadinha suave. A inocência e o jeito de Pierre eram irresistíveis.
— Temos que ir, pequeno. – disse Petra, pegando Pierre no colo de novo. — Tia Julia e eu vamos encontrar o time. Você não gosta de assistir nossos jogos?
Pierre enterrou o rosto no pescoço de Petra, murmurando algo que ela não conseguiu entender direito. Ele parecia dividido entre sua paixão por ver os jogos da tia e o fato de que ela estaria longe novamente.
— Sim... – respondeu ele baixinho, sem olhar para Petra. — Mas não gosto quando está longe, titia.
Petra suspirou, abraçando-o com mais força. Ela sabia que ser jogadora profissional a afastava frequentemente das pessoas que amava, e momentos como aquele, em que Pierre demonstrava a saudade que sentia, sempre apertavam seu coração.
— Eu sei, Pi. Eu também não gosto de ficar longe de você. Mas você vai torcer por mim, não vai? Vou precisar de todo o apoio do meu pequeno super-herói. – disse ela com um sorriso, tentando animá-lo.
Pierre finalmente olhou para Petra, seus olhos grandes ainda um pouco tristes, mas um sorriso começava a surgir nos lábios dele. — Promete que vai voltar logo?
— Eu prometo. E quando eu voltar, a gente pode fazer o que você quiser. Brincar de super-herói, ir no parque, comer muito sorvete... – Ela fez uma pausa, olhando para Julia com uma expressão divertida. — Até a Tia Julia vai ter que participar dessa!
Julia sorriu, cruzando os braços de maneira teatral. — Ah, claro. Eu topo qualquer coisa, desde que a gente possa comer o dobro de sorvete.
Pierre deu uma risadinha, o brilho de antes voltando aos poucos em seu olhar.
— Você vai ganhar todos os jogos, tia Petra! – disse ele, com convicção, como se a vitória dela dependesse de sua torcida.
Petra sorriu, balançando a cabeça. — Com você torcendo por mim, não tem como perder.
Pierre finalmente pareceu mais contente, e as duas se sentiram aliviadas por vê-lo mais animado. Marco e Antonella apareceram na porta, chamando-os para dentro. Era hora do jantar, e depois, Petra e Julia precisariam seguir viagem para se encontrarem com o time.
O jantar foi leve e agradável, todos riram e conversaram ao redor da mesa. Pierre, já mais animado, contava histórias engraçadas da escola, e Marco, sempre brincalhão, mantinha o clima leve com suas piadas. Petra e Julia estavam relaxadas, como se por algumas horas pudessem esquecer o mundo exterior e simplesmente aproveitar a companhia de pessoas queridas.
Depois do jantar, Pierre estava com tanto sono que quase dormiu na mesa. Antonella o pegou no colo e o levou para o quarto, enquanto Marco se despediu de Petra e Julia, agradecendo pela visita.
— Vocês sabem que são sempre bem-vindas aqui. – disse Marco, dando um abraço caloroso nas duas. — Pierre adora vocês, e nós também.
— Obrigada, Marco. – respondeu Julia. — É sempre bom estar aqui com vocês.
Petra sorriu, concordando com Julia. Era verdade, aquele lar oferecia algo que elas prezavam muito, paz e carinho, coisas que às vezes faltavam em suas rotinas tão intensas.
Antes de saírem, Petra foi até o quarto de Pierre para dar um último beijo de boa noite. Ele estava quase dormindo, mas quando Petra se aproximou, ele abriu os olhos, sonolento.
— Boa sorte, tia Petra... – murmurou ele, esticando a mãozinha para segurar a dela.
— Obrigada, pequeno. Eu vou pensar em você o tempo todo. – disse Petra, deixando um beijo suave em sua testa.
Ela se levantou e, ao sair do quarto, sentiu o peito apertar um pouco. Mesmo acostumada a despedidas, elas nunca ficavam mais fáceis.
Julia esperava por ela na sala, já pronta para partir. Antonella as acompanhou até a porta, abraçando cada uma antes de se despedirem.
— Se cuidem, le mie bambine. – disse Antonella, com o sorriso caloroso de sempre. — E voltem logo.
— Vamos voltar – prometeu Julia, acenando com confiança.
Com as despedidas feitas, Petra e Julia entraram no carro e seguiram para o hotel. O trajeto foi tranquilo, mas ambas sabiam que as próximas semanas seriam intensas, com treinos e jogos pela frente. Mesmo assim, o clima entre elas era de paz, como se aquele dia com Pierre e a família de Marco tivesse renovado suas energias.
— Ele te ama tanto. – comentou Julia, quebrando o silêncio enquanto olhava pela janela.
— Eu também o amo. – respondeu Petra, com um sorriso no rosto.
Julia sorriu, tocando a mão de Petra. — Você vai ser uma ótima mãe um dia.
A frase pegou Petra de surpresa, mas em vez de assustá-la, ela a fez sorrir. Pela primeira vez em muito tempo, a ideia de um futuro tranquilo, talvez com uma família própria, não parecia algo distante ou inalcançável.
— Quem sabe, um dia... – murmurou Petra, seus pensamentos começando a vagar por possibilidades que ela nunca havia permitido que tomassem forma.
Quando finalmente chegaram ao hotel, as luzes da cidade já brilhavam intensamente, mas a calmaria que sentiam por dentro era o suficiente para enfrentarem tudo o que viesse pela frente.
•••
Quando entraram no elevador, o clima era leve, mas as faíscas entre Petra e Julia estavam visíveis como o brilho das luzes que piscavam ao redor delas. Petra estava de costas, distraída com seus próprios pensamentos sobre a noite que as esperava. Julia, sempre provocativa, segurou delicadamente a cintura de Petra, deslizando os dedos por baixo da blusa que ela usava. O toque de Julia era suave, mas a intenção era clara.
Ela afastou o cabelo dos ombros de Petra e deixou um beijo suave em seu pescoço. O calor que se espalhou pela pele de Petra a fez fechar os olhos por um momento, absorvendo a sensação. A mão de Julia deslizava pela barriga de Petra, ameaçando descer até a barra da calça, provocando uma onda de excitação que a fez sentir uma mistura de ansiedade e desejo.
— Você lembra que aqui tem câmeras, não é? – murmurou Petra, tentando manter a compostura, embora sua voz traísse um leve tremor.
— Não tô fazendo nada... ainda – respondeu Julia, se afastando com um sorriso malicioso, fazendo Petra soltar um suspiro frustrado.
— Te odeio – declarou Petra, um tom de brincadeira em sua voz.
— Não é isso que diz quando eu tô- começou Julia, mas Petra a interrompeu, já familiarizada com a maneira provocativa da ruiva.
— Que assanhamento é esse, Isabelle? – Perguntou Petra, tentando adotar uma postura séria, mas falhando ao ver o sorriso travesso de Julia.
O elevador parou no andar do hotel onde estavam hospedadas. As portas se abriram e as duas saíram, ainda rindo e trocando provocações, mas o desejo entre elas estava crescendo. Quando chegaram ao quarto, Julia rapidamente prendeu Petra contra a porta, suas mãos firmes na cintura da morena.
— O que tá fazendo? – perguntou Petra, rindo, mas seu coração estava acelerado. Havia uma mistura de surpresa e expectativa em seu olhar.
— Te mostrando o que acontece onde não existem câmeras – respondeu Julia, inclinando-se para mais perto, seus olhos brilhando de malícia.
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