66 - Namorada?
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20 de Abril
Depois de se arrumarem, Petra e Julia saíram do hotel, animadas para jantar na casa de Marco e Antonella. A noite prometia ser leve e divertida, um alívio do peso emocional que Petra havia carregado nas últimas semanas. As ruas de Milão estavam iluminadas, e o aroma da comida caseira já permeava o ar quando elas chegaram à casa do casal.
Assim que entraram, Antonella estava na cozinha, totalmente envolvida em sua tarefa, enquanto o cheiro de alho e azeite dominava o ambiente. Quando Petra e Julia entraram, a atmosfera estava repleta de risadas e sorrisos.
— Marco ainda não colocou fogo na sua cozinha, Nella? – brincou Petra, assim que cruzou a porta, seguida por Julia, que mal podia conter a risada.
— Às vezes me arrependo de ter te dado acesso à minha casa, Petra – respondeu Marco, rindo enquanto misturava alguns ingredientes em uma panela. — Olha como você chega.
Pierre estava sentado no balcão, observando a cena com um sorriso travesso no rosto. Ele adorava a energia que Petra trazia consigo, e a presença de Julia, sua nova “titia”, só tornava as coisas mais divertidas.
Quando Pierre avistou Petra, seus olhos brilharam, e ele abriu os braços, esperando que Petra fosse até ele.
— Você trouxe sua namorada, tia Petra? – perguntou ele, seu olhar cheio de curiosidade enquanto abraçava Petra.
O coração de Petra acelerou instantaneamente. Ela ficou sem jeito com a pergunta inocente de Pierre, que a pegou desprevenida. A relação dela e de Julia ainda não era um assunto que elas haviam discutido abertamente, e ouvir uma palavra como “namorada” soou quase surreal.
— Ela é mais legal que o tio Lorenzo – sussurrou Pierre
— Pierre, ainda vai matar sua tia Petra de vergonha, querido! – disse Antonella, rindo, percebendo o embaraço de Petra.
Julia, percebendo a tensão no ar, decidiu intervir e mudar de assunto.
— Então, vocês vão ao próximo jogo? – perguntou ela, tentando trazer a conversa para um terreno mais seguro.
Pierre, sempre empolgado com o vôlei, imediatamente respondeu, sua animação iluminando o ambiente.
— Eu amo ver a titia jogar! — disse ele, pulando no balcão como se estivesse em uma apresentação. — Você vai jogar, não é?
— Não, pequeno. A titia está fora desse jogo. – disse Petra colocando Pierre sentado de novo e fazendo um carinho em seus cabelos, vendo o garoto fazer uma carinha emburrada. — Mas eu vou estar lá torcendo pelas moças bonitas com você. E a tia Julia vai jogar também.
— Sério? – perguntou Pierre olhando para Julia com os olhos brilhando de expectativa.
— Sim! – respondeu Julia, piscando para ele. — Vou dar o meu melhor e tentar fazer algumas jogadas legais para você.
Pierre bateu palmas, visivelmente empolgado. — Eu quero ver você fazer aquele saque incrível que você fez no último jogo!
— Vou tentar não desapontar você, então! – disse Julia, com um sorriso largo. — E quem sabe eu consiga fazer um ponto só para você!
— Isso seria muito legal! – Pierre exclamou, já começando a imaginar o que poderia acontecer durante a partida.
Antonella e Marco observavam a interação com sorrisos nos rostos, encantados com a alegria de Pierre.
— Sabia que você é o maior torcedor de todas as titias? – brincou Antonella. — Vamos ter que fazer uma camiseta para você com o nome "Maior Fã".
— Por favor, mamãe! – pediu Pierre empolgado — Papai, posso mostrar meu quarto pra tia Julia?
— Claro, filho. Mas lembra de manter sua bagunça sob controle, certo? – respondeu Marco, sorrindo para o entusiasmo do garoto.
Quando Julia e Pierre saíram, Petra ficou na cozinha com Antonella e Marco, ajudando a preparar o jantar.
— Mia bambina, pode cortar isso? – perguntou Antonella, gesticulando para alguns legumes.
— Claro! – respondeu Petra, pegando a faca. Depois, hesitou por um momento, olhando na direção em que Julia e Pierre haviam saído. — Ei, posso... posso perguntar uma coisa? – murmurou, com um tom nervoso.
— O que foi, querida? – Antonella perguntou, percebendo a hesitação de Petra.
— Quando vocês estavam se conhecendo, como... como perceberam que estavam apaixonados? – perguntou Petra, a curiosidade e a vulnerabilidade transparecendo em sua voz.
Marco parou por um instante, refletindo sobre a pergunta.
— Eu me lembro da primeira vez que percebi que estava verdadeiramente apaixonado por ela. Estávamos sentados em um café. Ela estava contando uma história engraçada, rindo de si mesma, e naquele momento, tudo ao nosso redor desapareceu. – Marcou olhou para Antonella com um sorriso satisfeito. — A maneira como seu sorriso se ampliava e como seus olhos brilhavam com alegria fez meu coração disparar. Senti uma onda de calor e uma paz inexplicável, como se soubesse que queria passar o resto da minha vida ao lado dessa mulher, compartilhando tudo ao lado dela.
Petra ouviu atentamente sorrindo para os dois, com um sentimento de admiração invadindo seu peito.
— Tenho passado bastante tempo pensando sobre o que sinto por Julia. Eu sinto algo por ela, não posso negar. Mas tenho medo, sabe? Medo de que essa minha bagunça possa atrapalhar a gente... – confessou Petra.
— Petra... – começou Marco, inclinando-se para a frente, seu olhar cheio de compreensão. — O que você está sentindo é totalmente válido. A transição entre relacionamentos pode ser confusa e assustadora. Mas o que você sente por Julia é genuíno, e é isso que realmente importa e-
— Mas e se eu não for boa o suficiente para ela? – interrompeu Petra, a insegurança evidente em sua voz. — Julia é incrível, e eu... eu ainda estou me recuperando de tantas coisas que podem ser tão cansativas pra ela.
Antonella colocou a mão no ombro de Petra, oferecendo conforto.
— Ninguém é perfeito, querida. O amor aceita as imperfeições e encontra beleza na bagunça. Julia parece se importar muito com você. Às vezes, tudo o que precisamos é de alguém que veja nosso verdadeiro eu e ainda nos escolha.
Marco concordou. — Você não precisa ter todas as respostas agora. Apenas siga seu coração e dê uma chance ao que você sente, e ao que Julia também sente.
— Grazie di tutto... vi amo entrambi, tesori miei. – Petra olhou para eles, sentindo-se um pouco mais leve. O apoio deles a fez perceber que, apesar de suas inseguranças, poderia permitir-se sentir e explorar o que estava se formando entre ela e Julia.
Antonella sorriu calorosamente, inclinando-se para beijar a testa de Petra.
— Ti amiamo, sempre – disse ela, com a voz suave e acolhedora. — Você é parte da família também.
Marco assentiu, se aproximando para um abraço firme.
— Nunca duvide disso. Estamos aqui para o que precisar, sempre, Piccolina.
Petra fechou os olhos por um momento, absorvendo o carinho sincero dos dois.
— Vou chamar Julia e Pierre para se juntarem a nós — disse Petra.
— Pode ir. Marco, pode terminar de arrumar a mesa, querido? – perguntou Antonella olhando para o marido que assentiu com um sorriso largo no rosto.
Quando Petra subiu as escadas, as risadas altas e animadas que vinham do quarto de Pierre a fizeram sorrir involuntariamente.
Ela parou na porta, seu sorriso ficou mais leve ao ver Julia e Pierre, os rostos iluminados pela alegria. As risadas ecoavam no pequeno quarto, preenchendo o ambiente com uma energia leve e contagiante.
Julia, com um sorriso travesso, tentava pegar um controle de Pierre, que se defendia como se fosse um verdadeiro guerreiro.
— Eu avisei, você não vai conseguir! – brincou ele, desviando-se e rindo ao mesmo tempo.
Petra sentiu seu coração aquecer com a cena. Aquela sensação suave, um carinho para a alma, ao ver Julia ali, interagindo de forma tão natural com o sobrinho. Era algo diferente, algo que, apesar de seus medos e inseguranças, fazia com que tudo parecesse menos complicado.
— Crianças, o jantar está pronto! – disse Petra, chamando a atenção dos dois.
Pierre parou de brincar, levantando os olhos brilhantes para a tia.
— Pi, sua mãe pediu para você ir lavar as mãos antes de ir para a mesa – completou Petra, sorrindo para ele.
— Já vou, titia. – respondeu o garoto, correndo para fora do quarto com a mesma energia de sempre.
— Estava jogando videogame com uma criança de seis anos e ainda perdeu? – brincou Petra.
— Engraçada você, hein – Julia levantou-se do chão, limpando a poeira das calças. Em seguida, foi até Petra, envolvendo-a pela cintura e depositando um beijo rápido em seus lábios. O gesto foi natural, íntimo, como se aquele tipo de proximidade já fosse algo habitual para ambas a mais tempo do que realmente era.
Petra, no entanto, estava com algo na cabeça e hesitou por um momento antes de falar.
— Ju, sobre aquilo que o Pierre disse... – começou ela, referindo-se ao comentário inocente do garoto mais cedo.
Julia sorriu, como se já soubesse o que Petra iria dizer.
— Tá tudo bem, Petra – respondeu ela, num tom calmo e compreensivo. — Nós ainda não precisamos definir o que somos. Eu sei que você acabou de sair de um relacionamento longo que... – Julia fez uma pausa, escolhendo as palavras com cuidado. — Que te machucou muito. Não quero colocar mais pressão em você.
Petra sentiu um aperto no peito, misturado com gratidão pela compreensão de Julia. Ela sabia que ainda estava processando o fim com Lorenzo e, ao mesmo tempo, explorando seus sentimentos por Julia. Tudo era tão novo, tão diferente. Petra não sabia se estava pronta para rotular aquilo como algo sério, mas a presença de Julia em sua vida já era imensurável. Ela sabia que não queria perder aquilo.
Com um suspiro suave, Petra inclinou-se e deixou um beijo rápido nos lábios de Julia, como uma maneira silenciosa de expressar seu agradecimento e carinho. Entretanto, assim que o beijo terminou, as duas ouviram uma risada baixa vinda da porta. Ambas viraram-se ao mesmo tempo.
Lá estava Pierre, meio escondido atrás da porta, mas claramente observando tudo com um sorriso travesso no rosto. Ele estava tentando, sem sucesso, conter sua animação.
— Pierre... – disse Petra com um tom de leve reprovação, mas também divertida.
O menino não conseguiu mais segurar o entusiasmo. Com um pulo, ele saiu de trás da porta, apontando para as duas e rindo. — Ah, eu sabia! – gritou ele, claramente feliz por ter "descoberto" algo que, para ele, parecia ser um grande segredo.
Julia e Petra não conseguiram segurar a risada. A inocência de Pierre era contagiante, e sua reação trouxe um alívio leve ao momento que, até então, estava cheio de incertezas.
— Agora que você sabe... – disse Julia, fingindo seriedade enquanto se aproximava de Pierre, — acho que vamos ter que fazer você guardar esse segredo, hein?
Pierre riu ainda mais alto, balançando a cabeça rapidamente. — Eu não vou contar pra ninguém! Eu juro! – disse ele, com as mãozinhas erguidas como se estivesse fazendo uma promessa solene.
— Melhor assim – brincou Petra, piscando para ele antes de se virar para Julia, sentindo o momento de tensão se dissipar.
Com Pierre ao seu lado, ainda animado por "descobrir o segredo", elas desceram para a sala de jantar, onde Antonella e Marco já arrumavam a mesa. A comida cheirava maravilhosamente bem, e a atmosfera estava confortável e aconchegante. A conversa fluía de maneira natural, com Pierre ocasionalmente fazendo piadas e comentários engraçados que arrancavam gargalhadas de todos.
Enquanto jantavam, Antonella e Marco perguntavam sobre os próximos jogos e como as coisas estavam indo no time. Julia e Petra respondiam com naturalidade, falando sobre a temporada e os treinos.
Depois do jantar, Antonella sugeriu que todos fossem até a sala para relaxar um pouco. Pierre, é claro, queria continuar brincando, mas já estava ficando tarde, e Marco foi firme ao insistir que ele deveria se preparar para dormir. Pierre protestou um pouco, mas acabou cedendo, despedindo-se de Julia e Petra com um abraço apertado, prometendo que iria torcer muito no próximo jogo.
Mais tarde, enquanto se despediam de Marco e Antonella, Julia e Petra caminhavam lado a lado, com os braços ligeiramente encostados um no outro. O trajeto até o carro foi tranquilo, e, no silêncio da noite, Petra sentiu seu corpo relaxar.
— Ei, obrigada por ser tão paciente comigo – disse Petra, quebrando o silêncio enquanto entravam no carro.
Julia sorriu suavemente, apertando a mão de Petra antes de colocar o cinto de segurança. — Não precisa me agradecer pelo mínimo. Eu tô aqui com você, onde quer que isso nos leve, principessa.
Petra sentiu seu coração aquecer com aquelas palavras. Embora houvesse muito para processar, naquele momento, ao lado de Julia, ela sentiu que, talvez, o caminho à frente não fosse tão assustador quanto ela imaginava.
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assim, se por acaso, eu for fazer uma próxima fanfic depois dessa... quais as sugestões de vcs?? é pra uma pesquisa da faculdade
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