56 - Término Amigável ²

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16 de Abril

Vamos comemorar só nós duas agora, amor? – Julia sussurrou contra os lábios de Petra.

Petra sorriu e puxou Julia para mais perto.

— Só nós duas.

Julia e Petra estavam mergulhadas em um momento íntimo, a tensão entre elas suavizada pela proximidade dos corpos e pela troca de beijos. O quarto de hotel estava iluminado apenas pela luz suave que entrava pela cortina, criando uma atmosfera acolhedora e romântica.

O clima foi interrompido quando o celular de Petra começou a tocar. Com um suspiro de frustração, ela se afastou um pouco e sentou na cama, enquanto Julia a abraçava por trás, suas mãos envolvendo a cintura de Petra e seus lábios ainda deslizando pelo pescoço dela.

— Marcela, eu acho bom você ter um ótimo motivo pra estar ligando nesse exato momento – disse Petra, tentando manter a irritação em seu tom, mas sabendo que a preocupação já começava a tomar conta.

— Oi pra você também, dona Petra – respondeu Marcela, rindo do tom de Petra. Logo, ela falou um pouco mais alto, já sabendo que Julia estava ali. — Oi, Julia!

— Oi, Marcela – Julia respondeu, rindo ao ouvir a voz familiar. Estava tão próxima de Petra que conseguia ouvir cada palavra da conversa.

— Então, liguei pra avisar que cheguei no hotel, e já que você parece tão interessada, não se preocupe, a viagem foi ótima sim e...

— Celly, você não me ligou essa hora só pra falar da viagem até aqui – interrompeu Petra, o tom de brincadeira escondendo uma pontada de preocupação. — Anda, fala logo. E é bom que seja sério, se não, vou te demitir.

— Oh, calma aí, chefinha – disse Marcela, agora com um tom mais sério. — O novo assessor do Lorenzo entrou em contato. Eles soltaram uma nota sobre o fim do noivado, estão tratando como 'término amigável'. Juro que não sabia que iam fazer isso. Eles falaram pra eu fazer o mesmo até amanhã ou vão pedir para os advogados resolverem. Lizzie, estão tentando fazer com você o mesmo que fizeram com Chiara Romano. Querem te calar para manter a boa imagem daquele idiota.

— Filho da puta... – Petra sussurrou, sua expressão marcada pela raiva.

As palavras de Marcela atingiram Petra como um golpe. Um turbilhão de emoções a invadiu, e ela se afastou um pouco de Julia, sentindo o peso da situação. Julia, percebendo a mudança no clima, soltou Petra e a observou, preocupada.

— Isso é sério, Petra – disse Julia, sua voz suave, mas firme. — Você não pode deixar que façam isso com você.

Petra respirou fundo, a mente correndo. O noivado, que antes parecia um conto de fadas, agora era um pesadelo. Lorenzo havia mostrado sua verdadeira face, e essa nota apenas confirmava suas suspeitas de que ele não se importava com ela, mas sim com a imagem que poderia manter.

— Marcela, escuta – disse Petra, decidida. — Entre em contato com meu advogado. E também chame o Marco e a Chiara para uma reunião com ele amanhã de manhã. Eu vou entrar com um processo por agressão, Lorenzo não pode sair ileso dessa.

Julia arregalou os olhos, surpresa com a determinação de Petra. A jovem estava finalmente tomando uma atitude, algo que, por tanto tempo, parecia distante. A expressão no rosto de Julia mudou para uma mistura de orgulho e preocupação.

— Você tem certeza disso? – perguntou Julia, aproximando-se de Petra novamente, agora segurando suas mãos. — Isso pode se tornar muito feio.

— Não me importo, Ju – respondeu Petra, a confiança começando a preencher sua voz. — Ele não pode simplesmente me tratar assim e sair impune. Eu não vou deixar que me calem.

— Estou com você nessa – Julia disse, o olhar firme.

Marcela interrompeu o momento com uma risada nervosa.

— Ok, então. Eu vou fazer isso. Mas lembrem-se de que isso pode se transformar numa tempestade.

— Deixa que eu me preocupo com a tempestade, Cela – respondeu Petra, soltando um sorriso desafiador. — Vou fazer com que essa tempestade venha. E Lorenzo vai sentir o peso do que fez.

Depois que Marcela desligou, o clima no quarto mudou. A tensão antes romântica agora se misturava com um novo senso de urgência e determinação. Julia observava Petra, admirando sua força, mas também preocupada com o que isso poderia significar para o futuro delas.

— Petra – começou Julia, sua voz suave – E se Lorenzo tentar fazer algo?

— Se ele tentar, que tente. Mas eu não vou me deixar intimidar. Não mais – disse Petra, sua voz firme. — Eu preciso fazer isso por mim. E por nós. Tô cansada de sentir medo, Julia.

— Então, vamos fazer isso juntas – Julia afirmou, o olhar penetrante. — Estamos nessa até o fim.

As duas trocaram um olhar profundo, onde as promessas não ditas pairavam no ar. A conexão entre elas se intensificava, e, por um momento, tudo parecia possível, mesmo em meio à tempestade que se aproximava.

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17 ᴅᴇ ᴀʙʀɪʟ

No dia seguinte, o sol já brilhava forte quando as meninas se reuniram no café da manhã do hotel. Era um dia livre para todas, e o clima era leve, embora um pouco tenso devido aos eventos recentes. Petra e Julia estavam conversando com as outras jogadoras quando Marcela chegou ao hotel, acompanhada de Marco e Antonella.

— Bom dia! – exclamou Marcela, com um sorriso que demonstrava seu alívio ao ver Petra. — Finalmente consegui encontrar vocês.

— Olá, Marcela! – respondeu Petra, levantando-se para cumprimentar a amiga. — Senti saudades.

— Eu também, chefinha, meus dias são tão tranquilos sem você ameaçando me demitir a cada minuto. Bem, Marco e Antonella vieram buscar você para a reunião com o advogado. – explicou Marcela enquanto o casal cumprimentava as meninas  — Vamos garantir que tudo corra bem.

Julia, que estava ao lado de Petra, imediatamente se ofereceu para acompanhá-las.

— Eu vou com vocês. – disse Julia, com um olhar resoluto. — Tudo bem se eu for?

— Claro, Ju. – respondeu Petra com um sorriso leve nos lábios.

No entanto, quando Julia lembrou que Chiara também estaria na reunião, seu desejo de ir se intensificou.

— Então, a Chiara também vai estar lá, certo? – perguntou Julia, com uma expressão que misturava curiosidade e desconforto.

— Sim, ela estará lá para auxiliar no processo. – confirmou Marcela. — Mas não se preocupe, vamos focar no que é mais importante agora.

Com isso, Marco, Antonella e Marcela acompanharam Petra e Julia até o escritório onde a reunião ocorreria. O ambiente estava tranquilo, mas a tensão ainda  presente. Assim que entraram na sala, Chiara estava esperando, já conversando com o advogado que Marcela havia contratado.

O advogado fez uma breve apresentação sobre o progresso do caso.

— A boa notícia é que conseguimos a medida protetiva contra Lorenzo, como Marco já havia pedido – anunciou o advogado. — Chiara, por já ter tido envolvimento com Lorenzo, não irá entrar diretamente com o processo contra ele em seu nome, senhorita Lewis. No entanto, ela irá auxiliar no processo, por ter experiência e conhecimento sobre o comportamento dele.

— Me chame de Petra, por favor – Petra tinha um tom de voz suave apesar do nervosismo.

— Claro, Petra. – o advogado respondeu com um sorriso gentil mas ainda mantendo sua postura firme.

Petra, olhando para Chiara, percebeu que ela estava ali para ajudar, mas também não podia ignorar a tensão entre Julia e ela. Chiara continuou explicando a situação.

— Lorenzo será processado criminalmente por agressão e civilmente por danos morais. Precisaremos de um boletim de ocorrência formalizado para completar o processo. – disse Chiara, enquanto olhava para Petra, sua postura totalmente tranquila e profissional mas seu olhar indicava a preocupação que sentia.

Julia, ouvindo tudo, se manteve em silêncio, observando de perto, enquanto Petra parecia nervosa, mas determinada.

— Petra, você se sente pronta para fazer o boletim de ocorrência? – perguntou o advogado, olhando para Petra.

Petra assentiu, tentando mostrar confiança.

— Sim, estou pronta. – respondeu Petra. — Eu só quero resolver isso o mais rápido possível.

Chiara fez uma pausa antes de acrescentar. — Para fortalecer a denúncia, seria útil termos testemunhas. Se você tiver alguém que possa confirmar o que aconteceu, isso será muito valioso.

Petra pensou por um momento e então mandou mensagens para algumas das meninas do time, pedindo que fossem testemunhas, já que a marca no seu braço ainda estava visível e poderia ajudar a provar o que ocorreu e elas poderiam falar sobre o que viram no Brasil, quando fossem chamadas.

— Encontro vocês na delegacia – disse Chiara, enquanto o advogado começava a organizar a documentação necessária.

— Ah, só mais uma coisa. Podemos deixar isso fora da mídia por enquanto? Até eu me sentir segura para enfrentar isso publicamente. – Petra pediu olhando para o advogado e recebeu um aceno do mesmo. Ela sabia que precisava se preparar para enfrentar não só a equipe de Lorenzo mas também a mídia que tentaria sugar qualquer informação sobre o que estava acontecendo.

Com a reunião concluída, Petra e Julia se prepararam para ir à delegacia. Julia, tentando apoiar Petra, estava visivelmente preocupada, mas também determinada a estar ao lado de Petra durante todo o processo.

Ao chegarem na delegacia, Petra estava com um semblante firme, mas a tensão era visível. Julia segurava sua mão com firmeza, tentando transmitir algum conforto e força.

— Vamos passar por isso juntas, Petra. – disse Julia, em um tom suave, enquanto as duas se dirigiam para fazer o boletim de ocorrência.

Petra deu um sorriso agradecido, mas a preocupação ainda estava presente em seus olhos.

— Obrigada por estar aqui, Julia. – disse Petra, com sinceridade. — Não sei o que faria sem você.

— Você não precisa se preocupar com isso. – respondeu Julia, apertando a mão de Petra. — Estou aqui para o que você precisar.

As duas se prepararam para enfrentar mais uma etapa do processo, sabendo que o apoio das colegas e o esforço de Chiara seriam essenciais para seguir em frente.

O ambiente era sóbrio, mas Petra e Julia mantinham a cabeça erguida. Elas foram recebidas por um oficial que as conduziu para uma sala reservada, onde o boletim de ocorrência seria feito.

Marcela, Marco, Antonella e Chiara chegaram logo depois, trazendo a documentação que o advogado havia preparado. Chiara mantinha uma expressão séria, mas era evidente sua preocupação com o bem-estar de Petra. Julia, por outro lado, não tirava os olhos de Chiara, tentando decifrar se havia algo mais em sua presença que não tinha percebido antes.

O oficial responsável pelo caso iniciou o procedimento, pedindo para Petra contar os eventos recentes.

— Foi uma noite... complicada. – começou Petra, tomando fôlego antes de continuar. — Lorenzo sempre foi possessivo, mas nos últimos meses, isso escalou para agressões verbais, e na última vez que nos vimos, ele me agarrou com força, me machucando...

Ela mostrou a marca ainda visível no braço, e o oficial fez uma anotação cuidadosa.

— Já tivemos discussões antes, mas isso... essa não foi primeira vez que ele cruzou a linha física. – completou Petra, tentando controlar as emoções.

Julia, ao seu lado, segurou sua mão com força, como prometido. O gesto silencioso de apoio a ajudava a manter a calma.

Chiara, que até então se mantinha em silêncio, fez uma breve intervenção.

— Posso acrescentar que Lorenzo já demonstrou comportamentos controladores em outras ocasiões. – disse ela, o tom de voz frio e profissional. — Ele não é alguém que lida bem quando é contrariado.

O oficial assentiu e agradeceu o comentário, mas percebeu a tensão entre Chiara e Julia, que se encaravam discretamente. O advogado fez sinal para focarem no depoimento de Petra, e ela retomou a narrativa com mais detalhes sobre as últimas semanas, as pressões emocionais e o desgaste físico causado por Lorenzo.

— Isso tudo estava interferindo na minha vida, no meu trabalho... e eu sabia que não poderia continuar assim. Foi quando decidi encerrar o noivado. – Petra abaixou a cabeça para tentar esconder a vergonha que sentia ao lembrar de cada momento em que Lorenzo a desrespeitou nos últimos meses. — Eu estava quase me convencendo a deixar essa história de lado, mas... mas não seria justo comigo e, bem, existe tantas outras mulheres em situações parecidas, eu... não podia simplesmente ignorar e seguir em frente sabendo que eu não fui a primeira a passar por isso e se não fizer algo, não serei a última.

Após o relato, o oficial agradeceu e explicou os próximos passos: as investigações seriam abertas, Lorenzo seria notificado e, com as evidências, seria possível avançar tanto no âmbito criminal quanto no civil.

Enquanto Petra assinava os documentos, Julia não resistiu à tensão com Chiara e, quando a reunião terminou, elas acabaram lado a lado em um canto afastado.

— Então, quanto exatamente você está envolvida com isso? – perguntou Julia, com uma voz baixa, porém carregada de ressentimento.

Chiara manteve-se calma.

— Estou envolvida o suficiente para ajudar Petra a se livrar de uma situação perigosa. – respondeu ela, mantendo a postura profissional. — Tão envolvida quanto você.

Julia estreitou os olhos, mas se conteve. Sabia que aquele não era o momento para discutir sentimentos, e sua prioridade era Petra.

Quando saíram da delegacia, Petra parecia mais aliviada, embora cansada. O peso de formalizar a denúncia foi um passo importante, mas ainda havia muito a ser resolvido.

— Agora é esperar que a justiça siga seu curso. – disse Petra, suspirando.

— E vai seguir, não tenha dúvida. – assegurou Julia, apertando sua mão novamente.

Chiara, que observava de longe, acenou brevemente e se afastou em silêncio, enquanto Marcela e Antonella permaneceram próximas para garantir que Petra estivesse bem.

Com mais uma etapa concluída, Petra sentia que, embora o caminho fosse longo, ao seu lado, Julia estava firme, e mesmo com a sombra de Chiara no horizonte, o apoio das pessoas ao seu redor lhe dava forças para continuar.

— Bom, eu preciso voltar para o hotel. Tenho que conversar algo com o Zé. – Petra tinha uma postura firme, apesar do nervosismo em sua voz.

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a continuação da comemoração que não teve comemoração 😝

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