53 - Garota Sensação

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16 de Abril

No ginásio, o clima estava eletrizante. O time brasileiro estava em ótima forma, e Petra brilhava a cada ponto. Seus ataques poderosos e determinação inabalável eram evidentes. O suor escorria em seu rosto, mas a intensidade nos seus olhos era clara: ela estava ali para vencer, para provar que, apesar de tudo o que acontecera nos últimos dias, ainda era a melhor no que fazia. Cada cortada era executada com precisão cirúrgica, e cada ponto conquistado fazia o público vibrar ainda mais.

Na arquibancada, Marco e Antonella aplaudiam com orgulho, enquanto Pierre, visivelmente empolgado, saltava de sua cadeira a cada vez que Petra tocava na bola. Para ele, a "Tia Petra" era uma verdadeira heroína, e seus olhos brilhavam a cada jogada bem-sucedida.

Do outro lado da arquibancada, Chiara e Gianna, sentadas lado a lado, também estavam bastante envolvidas com a partida. Elas torciam pelo Brasil e, surpreendentemente, pela própria Petra. Mesmo com o desconforto que sua presença causava a Julia, Chiara parecia genuinamente encantada com a performance da jogadora.

O primeiro set havia sido equilibrado, com ambas as equipes lutando ponto a ponto, mas no final o Brasil conseguiu vencer o set. No segundo set, a Sérvia não cedia facilmente, e o placar refletia a tensão em quadra. Estava 23x23, e qualquer erro poderia custar caro.

Nesse momento crítico, Julia e Petra protagonizaram uma jogada que parecia ensaiada mil vezes, mas que, na verdade, vinha de uma sintonia natural e instintiva entre as duas. Julia, sempre atenta, fez uma recepção perfeita, posicionando a bola com precisão para que Macris pudesse realizar o levantamento. O movimento foi tão fluido e sincronizado que parecia coreografado. Macris então lançou a bola para Petra, que saltou com a leveza de alguém que nasceu para estar ali, em plena quadra.

Com um impulso impressionante, Petra executou uma cortada poderosa, a bola atravessou a quadra com velocidade e precisão, passando por entre as bloqueadoras sérvias e atingindo o chão adversário com força, sem chances de defesa. O placar se moveu: 24x23 para o Brasil. A vantagem era delas.

O ginásio explodiu em aplausos e gritos. Nyeme, cheia de energia e felicidade, pulou em cima de Petra, que, rindo, a abraçou enquanto as duas comemoravam o ponto crucial. Julia observava a cena com um sorriso. O peito dela se aqueceu ao ver Petra feliz, rindo abertamente com as companheiras. Depois de dias tão difíceis, ver Petra se entregando ao jogo e superando as adversidades emocionais era um alívio, além de encher Julia de orgulho.

Enquanto Petra respirava fundo e se preparava para o próximo ponto, pensamentos rápidos passavam por sua mente. Ela não estava jogando apenas pelo Brasil, ou por si mesma, mas também pela memória de seus pais. E mesmo com a dor de não tê-los ali, ela sabia que estava fazendo aquilo por eles. Cada movimento, cada gota de suor e cada ponto era dedicado a eles e a tudo que eles significavam em sua vida.

Petra tinha prometido a si mesma que jogaria o melhor vôlei de sua vida, não apenas por causa da dor que carregava, mas também pela esperança que ainda habitava em seu coração. Ela aprendeu, nos momentos mais difíceis, que deveria encontrar forças dentro de si mesma. E era isso que ela estava fazendo agora. Estava jogando por eles, por Marco, Antonella, Pierre, por Julia, e principalmente por ela mesma.

O jogo continuava. O Brasil precisava de mais um ponto para fechar o set, e o time estava unido, focado. Petra se posicionou para sacar, determinada a dar tudo de si. Do outro lado da quadra, as jogadoras da Sérvia também não estavam dispostas a desistir facilmente. Era uma batalha, e cada segundo contava.

Petra olhou para Julia por um breve instante. A conexão entre elas, que ia muito além das provocações e flertes fora de quadra, se refletia ali. Elas eram mais do que parceiras de time, eram cúmplices em cada jogada, cada vitória.

— Vamos ganhar, ruivinha. – sussurrou Petra, concentrada, mas com um leve sorriso nos lábios.

Julia, sem desviar o olhar, sorriu de volta, sabendo exatamente o que Petra estava pensando.

O ponto decisivo estava prestes a acontecer.

Com o saque decisivo de Petra, o ginásio ficou em silêncio por um breve instante. A bola viajou rápida e precisa, como uma flecha certeira. A líbero da Sérvia se esticou ao máximo para tentar fazer a recepção, mas a força e a precisão do saque eram implacáveis. A bola escapou das mãos dela e foi parar longe, sem qualquer chance de recuperação. Ace de Petra. Set vencido.

O placar mostrava 25x23, e o Brasil agora liderava o jogo com 2 sets a 0. As jogadoras se reuniram em volta de Petra, e o sorriso que ela exibia era de pura satisfação. Nyeme, sempre a primeira a demonstrar suas emoções, pulou sobre Petra mais uma vez, dando-lhe um abraço apertado enquanto gritava de alegria sendo seguida por Carolana. Kisy e Macris logo se juntaram à comemoração, e as outras vieram em seguida, cercando Petra, que era o centro das atenções.

— Você destruiu com elas! – disse Nyeme, sem conter o entusiasmo.

— Você tá incrível, sério! – acrescentou Roberta, com um grande sorriso no rosto.

Zé Roberto, conhecido por sua postura séria e focada durante os jogos, não conseguiu esconder o leve sorriso de orgulho enquanto observava as jogadoras comemorando. Ele sabia que tinha um time especial nas mãos, um grupo que conseguia manter a concentração mesmo sob pressão e que estava mostrando uma química incrível em quadra.

Petra, ainda ofegante do esforço, olhou em volta para suas companheiras. O sentimento de superação e conquista transbordava em seu coração. Depois de dias tão turbulentos, de tantas emoções conflitantes e de tantas dúvidas sobre si mesma, ali, naquele momento, ela se sentia mais forte do que nunca. O vôlei sempre foi sua casa, seu refúgio, e agora ela estava mostrando para si mesma que ainda pertencia àquele lugar.

No terceiro set, o time manteve a concentração. Com uma performance sólida, as brasileiras jogavam com precisão e confiança, sem dar muitas chances para a Sérvia reagir. Julia e Petra, agora completamente conectadas, protagonizavam mais jogadas brilhantes. A cada recepção de Julia, Macris rapidamente levantava a bola com perfeição, e Petra estava sempre pronta para finalizar com suas cortadas potentes, inapeláveis para o bloqueio adversário.

A arquibancada vibrava a cada ponto do Brasil, e Marco, Antonella e Pierre, de pé, aplaudiam com entusiasmo. Chiara, do outro lado, também parecia empolgada com o desempenho de Petra, torcendo de maneira animada, embora seus olhares para Petra ainda causassem certo desconforto em Julia, que, mesmo concentrada no jogo, notava os gestos de Chiara.

Quando o placar chegou a 25x19 no terceiro set, o Brasil fechou a partida com uma vitória incontestável. A sensação de alívio e euforia tomou conta de todas as jogadoras. Elas haviam dado o máximo em quadra, e o resultado estava ali para provar.

Zé Roberto caminhou em direção às jogadoras, ainda com o sorriso discreto no rosto. Ele não era de grandes demonstrações de afeto, mas estava claro que ele estava satisfeito com o que havia visto.

— Bom trabalho, meninas. Foi um jogo sólido. – ele disse, com a voz calma, mas cheia de orgulho.

As jogadoras continuavam comemorando em torno de Petra, que agora estava abraçada por Macris e Thaisa. Elas riam, conversando sobre as jogadas que haviam funcionado tão bem durante o jogo.

— Que isso, minha parceira, não quero jogar contra você é nunca. – Disse Kisy de forma exagerada causando algumas risadas.

— Eu tenho é pena de quem fica do outro lado da quadra. – Luzia passou o braço pelos ombros de Petra apertando a mais baixa em um abraço breve. — A líbero da Sérvia quase ficou sem braço hoje, Pepê.

— Tá, agora larga ela que eu também quero abraçar nossa garota sensação, sai fora, Nezzo. – Kudiess empurrou Luzia para longe de Petra causando mais risadas das outras jogadoras.

Julia, por sua vez, observava Petra com uma expressão mista de orgulho e carinho. Havia algo mais ali, uma admiração silenciosa que só ela entendia. Ver Petra brilhar daquela forma, mesmo após tudo o que ela vinha enfrentando, apenas reafirmava os sentimentos profundos que Julia nutria por ela.

— Você foi incrível hoje. – disse Julia, aproximando-se de Petra, que ainda estava cercada pelas outras jogadoras e lhe deu um abraço apertado.

— Obrigada, Ju. Eu... eu só pensei que precisava fazer o meu melhor, por todos nós. – respondeu Petra, com um sorriso sincero, ainda ofegante, mas radiante.

Julia fez um pequeno aceno com a cabeça, tentando disfarçar o quanto estava tocada por aquela declaração. O que Petra não sabia era que Julia estava mais do que apenas impressionada com seu desempenho em quadra; ela estava grata por poder compartilhar aquele momento ao lado dela.

Enquanto as meninas continuavam comemorando, o público aplaudia e os comentaristas elogiavam a performance impecável de Petra e do time brasileiro como um todo. Era um momento de triunfo.

E no meio de toda essa euforia, Petra respirou fundo, olhando para o público, buscando entre as pessoas o rosto de Marco e Antonella, que aplaudiam com orgulho. O sorriso de Pierre, tão puro e cheio de admiração, era tudo o que ela precisava para sentir que, apesar de tudo, estava no caminho certo. Ela estava se reencontrando, se reconectando consigo mesma e com o que era importante.

Chiara, embora distante, também observava tudo com um sorriso. Talvez Petra ainda não tivesse entendido a profundidade de tudo o que estava acontecendo ao seu redor, mas aquele jogo, aquela vitória, significava muito mais do que apenas um resultado esportivo. Significava resiliência, força, e uma nova chance de recomeçar.

Enquanto o time se preparava para deixar a quadra e seguir para o vestiário, Petra deu um último olhar para a arquibancada, acenando para Marco, Antonella e Pierre. Eles retribuíram com entusiasmo, e ela sabia que, independentemente do que acontecesse dali em diante, ela teria aquelas pessoas ao seu lado. E, por agora, isso era o suficiente para fazê-la seguir em frente, mais forte do que nunca.

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a chiara torcendo é um amorzinho né 😍

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