━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━
15 de Abril

Quando chegaram à casa dos Bianchi, Pierre rapidamente foi para o seu quarto, onde se distraiu com seus brinquedos e desenhos. O ambiente ali era tranquilo, acolhedor, mas ainda carregava uma leve tensão depois de tudo que havia acontecido mais cedo. Julia, sempre solícita, se ofereceu para ajudar Antonella a preparar o almoço. Apesar de todos os momentos difíceis, havia uma certa sensação de alívio agora que Petra estava em segurança, longe de Lorenzo.

- Eu vou com você, Antonella. - disse Julia, tentando ser o mais prestativa possível. Ela sabia que Petra precisava de um tempo sozinha para conversar com Marco e não queria pressioná-la, embora sua preocupação fosse evidente.

Antonella sorriu e assentiu. - Claro, vamos. Tenho certeza de que vai ser bom. E além disso, você pode me contar mais sobre como estão as coisas entre você e Petra.

Julia ficou um pouco vermelha, mas sorriu timidamente, seguindo Antonella para a cozinha.

Enquanto isso, Petra pediu para conversar com Marco em particular. Sabia que era uma conversa necessária, e embora estivesse nervosa, ela precisava colocar tudo para fora. Sabia que Marco estava preocupado com ela, mas havia outro fator importante: Lorenzo era irmão de Marco, e ela havia traído o noivo com Julia. Isso ainda pesava no peito de Petra e tinha medo de como Marco a veria depois de descobrir o que ela fez.

- Marco, a gente pode conversar no escritório? - perguntou Petra, sua voz carregada de ansiedade, mas determinada.

- Claro, vamos. - Marco respondeu prontamente, colocando a mão no ombro dela e a guiando até o escritório da casa. Uma vez lá dentro, fechou a porta, criando um ambiente mais reservado e calmo.

O escritório de Marco era organizado e aconchegante. As estantes estavam cheias de livros sobre direito e esportes, e uma grande mesa de madeira ocupava o centro do espaço. Marco se sentou atrás da mesa, enquanto Petra se acomodava em uma cadeira à sua frente. Ela não conseguia evitar o sentimento de culpa que se acumulava em seu peito. Mesmo com tudo o que Lorenzo havia feito, a traição ainda era algo que ela precisava lidar.

Por um momento, o silêncio reinou, e Petra sentiu que era difícil começar. Mas Marco, percebendo sua hesitação, falou primeiro, com a voz suave e compreensiva.

- Petra, você não precisa dizer nada se não quiser. Eu sei que tudo isso é muito complicado, mas o mais importante agora é garantir que você esteja segura e bem. Esse é o meu foco.

Petra balançou a cabeça, agradecida pela compreensão, mas sabia que precisava dizer algo.

- Marco, eu... eu sei que você está preocupado comigo, e eu sou muito grata por isso, de verdade. Mas eu me sinto horrível por tudo isso. Lorenzo é seu irmão, e... eu traí ele. Eu sinto que isso também é parte da culpa que eu carrego.

Marco a observou por um momento, o semblante sério, mas ainda gentil. Ele respirou fundo antes de responder.

- Petra, eu sei que o Lorenzo é meu irmão. E, por mais que eu me importe com ele, o que ele fez com você é inaceitável. Ninguém tem o direito de te tratar dessa maneira. Ninguém. - Ele enfatizou a última palavra, com a voz firme. - Quanto à traição, isso não é o que me preocupa agora. O que me preocupa é o seu bem-estar. Lorenzo tem que enfrentar as consequências das ações dele. E quanto a você e Julia... isso é algo que você vai resolver com o tempo, quando estiver pronta. Se está preocupada com o que eu penso, fique tranquila, vejo que Julia tem feito bem à você e eu sou grato por isso, por te ver bem com ela. E mesmo que eu achasse ruim a relação de vocês, não teria o menor direito de falar algo, Petra. Não vou me meter na sua vida assim, isso é algo que diz respeito apenas à você e Julia.

Petra sentiu seus olhos se encherem de lágrimas. Era um alívio ouvir Marco falar dessa forma, sem julgá-la, focado apenas no que realmente importava. Ela sabia que ele estava certo, mas ainda assim, a dor e a confusão dentro dela eram enormes.

- Eu só... eu não sei como cheguei aqui, Marco. Não consigo entender como deixei as coisas chegarem a esse ponto com Lorenzo. Eu sempre achei que ele fosse diferente. - Ela suspirou, a voz falhando. - Eu me sinto tão perdida.

Marco inclinou-se para frente, cruzando as mãos sobre a mesa, seu olhar atento e compreensivo fixo em Petra.

- Petra, às vezes, as coisas acontecem devagar, e a gente não percebe até que seja tarde demais. O Lorenzo... ele é meu irmão, mas isso não significa que eu não possa ver que ele tem problemas. Ele sempre foi muito controlador, e eu deveria ter percebido antes o quanto isso estava te afetando. Não foi culpa sua. Você fez o melhor que pôde, e ninguém pode te culpar por ter acreditado nele.

As palavras de Marco penetraram fundo em Petra. Ela sabia que ele tinha razão, mas ainda assim, a culpa não desaparecia tão facilmente.

- Eu só queria ter visto isso antes. - sussurrou Petra, limpando uma lágrima que desceu por seu rosto.

Marco levantou-se e deu a volta na mesa, ajoelhando-se ao lado dela. Ele pegou sua mão com cuidado, tentando confortá-la.

- Olha, o que importa agora é o que você vai fazer daqui para frente. Você não está sozinha. Tem o apoio de todos nós. Julia, Antonella, eu, e as meninas... nós estamos com você. E vamos garantir que o Lorenzo não chegue mais perto de você.

Petra olhou para Marco, seus olhos cheios de gratidão e alívio. Pela primeira vez em muito tempo, ela sentia que não precisava carregar esse fardo sozinha.

- Obrigada, Marco. - sussurrou ela. - Eu não sei o que faria sem vocês.

- Você vai ficar bem - disse ele, com confiança. - Agora, por que não vai lá para a cozinha com Julia e Antonella? Eu vou fazer algumas ligações para garantir que Lorenzo fique longe, e depois vou ajudar vocês também. Vai ficar tudo bem, Petra.

Ela assentiu, sentindo-se um pouco mais leve. Marco a ajudou a se levantar, e ela saiu do escritório em direção à cozinha, onde Julia e Antonella estavam conversando animadamente enquanto preparavam o almoço. Assim que Petra entrou na cozinha, Julia percebeu imediatamente o olhar mais calmo em seu rosto e se aproximou, envolvendo-a em um abraço protetor.

- Como foi a conversa? - perguntou Julia, com suavidade.

- Foi boa. Marco entende, e ele só quer me ajudar - respondeu Petra, encostando a cabeça no ombro de Julia. - Eu me sinto um pouco melhor agora.

Antonella, que estava cortando alguns legumes, sorriu para Petra. - Você está em boas mãos aqui, mia bambina. Nós vamos cuidar de você.

O aroma do almoço começou a encher a cozinha, e por um momento, Petra sentiu que, apesar de tudo, havia uma sensação de paz ao seu redor. O ambiente acolhedor, as vozes suaves das pessoas que ela amava, e a certeza de que não enfrentaria aquilo sozinha a confortaram.

Julia segurou sua mão e sorriu. - Um passo de cada vez.

Petra sorriu de volta, finalmente sentindo que, mesmo com todos os desafios à frente, ela não estava mais tão perdida.

Depois do almoço, o dia seguiu de forma tranquila e leve. O sol brilhava no céu claro enquanto todos se dirigiam ao jardim para aproveitar o restante da tarde. Petra, cheia de energia e aparentemente esquecendo por um momento das preocupações, corria pelo gramado ao lado de Pierre. A cena era adorável, ambos riam e gritavam, como duas crianças despreocupadas.

Julia, que havia passado um bom tempo brincando com o pequeno, finalmente decidiu sentar para descansar. Enquanto observava Petra e o menino de longe, um sorriso suave se formou em seus lábios. Ela sempre se surpreendia com o lado leve e despreocupado de Petra, algo que contrastava com a intensidade que via durante os treinos e competições. O jeito como Petra brincava com Pierre a fez pensar que, talvez, houvesse muito mais nela do que Julia poderia imaginar.

Antonella, que também observava a cena ao lado de Marco, percebeu o olhar de Julia. Era um olhar de carinho e admiração. Ela trocou um breve olhar com o marido, e os dois entenderam na mesma hora: Julia e Petra não eram apenas uma aventura de momento. Aquela troca de olhares e os pequenos gestos revelavam algo muito mais profundo. Decidiram, então, conversar com Julia. Era a oportunidade perfeita.

- Ela é especial, não é? - começou Antonella, virando-se suavemente para Julia, que desviou o olhar de Petra por um segundo.

Julia assentiu, sorrindo. - Muito. Acho que não conheci ninguém como ela. - respondeu Julia, com um tom sincero.

Marco se juntou à conversa, cruzando os braços de forma descontraída.

- Sabe, Petra sempre teve uma maneira única de conquistar as pessoas. Ela é gentil, mesmo quando tenta esconder isso. É intensa, mas também muito sensível.

Antonella olhou para o marido e continuou.

- Ela é apaixonada por muitas coisas. Fotografia, por exemplo. Passa horas olhando o mundo através da lente, tentando capturar a beleza que nem sempre é óbvia para todos. E música... ela adora música. E você acreditaria se eu te dissesse que ela adora programas de TV ruins? - Antonella riu, e Julia sorriu, imaginando Petra assistindo a programas bobos para relaxar depois de um dia longo.

- Ah, e claro, livros. Ela é uma devoradora de livros, principalmente de romances e histórias sobre esportes. Isso sempre a ajuda a desligar o cérebro por um tempo, a escapar das tensões. - completou Marco, olhando para Petra com um sorriso nostálgico.

Julia escutava tudo com atenção, absorvendo cada detalhe sobre Petra. Quanto mais ouvia, mais percebia o quanto ainda não sabia sobre ela. Havia algo de vulnerável em Petra que ela ainda não tinha completamente desvendado.

- Ela ama crianças. - disse Antonella de repente, como se fosse a informação mais importante. - Veja como ela se dá com Pierre. Quando está com crianças, é como se o mundo dela ganhasse outra cor.

- E os amigos dela. - acrescentou Marco. - São tudo para ela. Se ela considera alguém como amigo, vai fazer de tudo por essa pessoa. É o tipo de lealdade que poucos têm.

Julia balançou a cabeça, sabendo que tudo o que estavam dizendo era verdade. Ela havia visto isso em pequenas doses, nas interações de Petra com as colegas do time e até com ela mesma. Petra se importava, mesmo que tentasse esconder seus sentimentos de vez em quando.

- Eu sei que vocês têm algo. - Antonella falou, de maneira direta, mas com uma gentileza que fazia Julia se sentir confortável. - E só queremos que você saiba que Petra ainda está machucada. O que aconteceu com Lorenzo foi difícil para ela. Então, seja cautelosa, vá com calma.

Julia olhou para Antonella, agradecida pela honestidade.

- Eu me importo muito com ela. - admitiu Julia. - Não quero machucá-la mais.

Marco sorriu e colocou a mão no ombro de Julia.

- Se você for a pessoa que ela deixar entrar na vida dela, aproveite essa chance e faça as coisas direito. Porque ela merece ser bem tratada. Depois de tudo, só querio vê-la bem e feliz.

Antonella olhou para Petra, ainda brincando com Pierre no gramado, e então acrescentou. - Ela tem dificuldade em adormecer, sabia? Sempre teve. Acho que os pensamentos dela correm demais à noite. Mas, se ela confiar em você, talvez você consiga acalmá-la.

- E ela adora abraçar. - completou Marco, rindo. - Não vai admitir isso logo de cara, mas quando está confortável, sempre busca um abraço.

Antonella riu junto, lembrando-se de momentos em que Petra ficava na casa deles.

- Petra também adora dar presentes. Não importa o tamanho, o valor... Ela gosta de mostrar o quanto se importa. E... ah, ela adora bilhetes. Pequenos recados, mensagens no meio do dia. É como ela expressa o que sente.

Julia ficou surpresa ao ouvir isso, tentando imaginar Petra, sempre tão focada e intensa, escrevendo bilhetes de amor.

- Mas, ao mesmo tempo, ela tem dificuldade em aceitar elogios sinceros. - disse Marco. - Você vai ver. Ela desvia o olhar, fica sem jeito. Mas, por dentro, aprecia cada palavra.

Antonella olhou diretamente para Julia, seus olhos cheios de carinho.

- Se ela te der o coração dela, cuide bem dele. Não o quebre. Petra já passou por muita coisa. Se ela confiar em você, é porque realmente vê algo especial em você.

- Deixe seus braços serem o lugar onde ela se sente segura. - Marco continuou. - Não importa o que esteja acontecendo no mundo lá fora, ela vai precisar saber que com você, está tudo bem.

- Ela é a melhor coisa que você pode ter, Julia. - completou Antonella, segurando a mão de Julia suavemente. - E se você tiver a chance de estar ao lado dela, não desperdice.

Julia olhou para Petra no gramado, agora com Pierre rindo enquanto corria ao redor dela. Ela sabia que o que tinha com Petra não era apenas uma aventura. Era algo mais profundo, algo que ela nunca havia experimentado antes. Marco e Antonella a haviam feito perceber o quão importante era cuidar de Petra, ser paciente, e, acima de tudo, ser digna da confiança que Petra estava começando a depositar nela.

- Eu vou cuidar bem dela. - prometeu Julia, com sinceridade.

Marco e Antonella sorriram, satisfeitos com a resposta. Eles sabiam que Julia estava disposta a fazer o que fosse necessário para garantir que Petra estivesse segura e amada.

Enquanto o sol continuava a brilhar, Petra e Pierre correram em direção ao grupo, interrompendo o momento de reflexão. Petra, ainda rindo, parecia mais leve do que em semanas. E Julia, observando aquela cena, sentiu seu coração aquecer, determinada a ser o lugar seguro que Petra precisava.

.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.

dois dias escrevendo essa boiolice pq eu precisava colocar "if you love her" em algum capítulo JURO