19 - Ponto da Vitória
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23 de Março
No vestiário, o caos estava em pleno vigor. Roberta liderava as palhaçadas, puxando Diana e Nyeme para uma dança improvisada e exagerada que arrancava risadas de todas. Petra, que inicialmente tentou manter-se afastada, não conseguiu escapar da energia contagiante que dominava o ambiente. Quando percebeu, estava envolvida num abraço apertado com Natinha, dançando ao som de uma música qualquer que tocava em algum celular.
Rosa, Julia e Carolana, que observavam de longe, agradeceram mentalmente às outras meninas por criarem um ambiente tão descontraído. Era bom ver Petra se envolvendo aos poucos, deixando para trás, ainda que momentaneamente, o peso que carregava.
Luzia e Kudiess, sempre prontas para uma piada, não perderam a oportunidade de comentar — A carne só cai no prato da vegana, né? – brincando com o fato de Natinha estar nos braços de Petra, o que provocou mais gargalhadas.
Gabi e Sheilla, que observavam a cena com sorrisos aliviados, compartilharam um olhar de cumplicidade. Finalmente, o clima estava mais leve, e isso poderia fazer toda a diferença no desempenho do time.
Ana e Kisy, por sua vez, decidiram aproveitar o momento para implicar com Thaisa e Gattaz
— Vocês tão sabendo que o jogo vai ter desconto pra melhor idade? – Ana comentou, arrancando uma careta divertida de Thaisa.
— Olha o respeito, hein! Experiência ainda conta.– Gattaz respondeu, piscando para Macris, que não perdeu tempo em se juntar à brincadeira.
— Daqui a pouco tão usando carteirinha de idoso. – Macris retrucou, provocando mais risadas.
— A próxima à ser chamada de velha vai ser você, viu? – Diz Thaisa fazendo careta.
Pri, sempre atenta a cada detalhe, continuava filmando tudo com o celular garantindo que nenhum momento fosse perdido. Cada sorriso, cada gesto, tudo era capturado pela lente do seu celular.
A energia ao redor era tão vibrante que, por alguns instantes, ela se esqueceu dos problemas que a atormentavam. Natinha, percebendo a mudança no humor de Petra, apertou ainda mais o abraço e disse
— Viu só? É disso que a gente precisa, alegria!
Julia, de longe, observava a cena com um misto de alívio e carinho. Ela sabia que aquele momento de descontração era importante para Petra. Rosa, ao seu lado, deu um leve tapinha no ombro de Julia e sussurrou — Nossa Pepê tá voltando ao normal.
Carolana, que estava mais perto, sorriu e completou
— Ainda bem! Eu não aguentava mais ver ela tão distante.
— Vamos aproveitar o momento, meninas – Julia respondeu, tentando esconder a preocupação que ainda sentia. Ela sabia que a batalha interna de Petra estava longe de terminar, mas, por agora, o mais importante era vê-la sorrindo.
Sheilla, que havia se aproximado para observar de perto o que Pri estava filmando, comentou – Olha só, isso aqui vai dar um bom destaque na página do time.
— Com certeza! – Gabi concordou, rindo enquanto assistia as outras meninas se movimentando pelo vestiário. — Vamos para a quadra com essa energia. Esse jogo é nosso.
Ana, que tinha um talento especial para provocar risadas, decidiu continuar com suas piadas
— Velha guarda ou não, Thaisa e Gattaz são o nosso amuleto da sorte. Já ganhamos!
— Isso mesmo, mas só se vocês conseguirem acompanhar nosso ritmo – Thaisa brincou de volta, levantando-se e fingindo um alongamento exagerado.
— Se for para ganhar, até danço a noite toda! – Kisy respondeu, arrancando mais risadas de todas.
Enquanto isso, no centro do vestiário, Petra continuava a se deixar levar pelo momento, rodeada pelas amigas. Ela sabia que a batalha na quadra seria difícil, mas com as companheiras ao seu lado, se sentia um pouco mais confiante. Mesmo que o caminho à frente ainda fosse incerto, aqueles breves momentos de alegria e união faziam tudo parecer um pouco mais fácil.
Algumas horas depois, a tensão pré-jogo tomou conta do vestiário. As jogadoras estavam se preparando para entrar em quadra no Maracanãzinho, onde o Brasil enfrentaria a República da Coreia. Cada uma delas tinha uma criança ao seu lado, o que adicionava um toque especial ao ambiente.
As filhas de Sheilla, uma em cada lado de Gabi, imediatamente se encantaram por Petra, que também se divertiu com as meninas enquanto aguardavam o início do jogo. Julia, observando de longe, não pôde deixar de achar adorável a interação entre Petra e as crianças, mas logo afastou o pensamento, focando na partida que estava por vir.
Quando Zé Roberto anunciou que Petra começaria no banco, houve um silêncio compreensivo entre as jogadoras. Considerando o estado emocional dela, era a decisão mais sensata. Mesmo assim, Petra manteve-se envolvida, se posicionando ao lado da quadra e apoiando suas colegas com entusiasmo.
Cada vez que o Brasil marcava um ponto, Natinha pulava em cima de Petra para comemorar, e a jovem jogadora respondia com risadas genuínas, o que fez Julia, em quadra, se sentir mais tranquila. Ver Petra mais leve e integrada ao time era um alívio para todas.
O jogo começou favorável para o Brasil. Elas dominaram os dois primeiros sets, mantendo uma concentração absoluta. Com Julia, Carol, Rosa, Nyeme, Kisy e Macris em quadra, a equipe estava em perfeita sintonia. No entanto, quando a defesa coreana começou a marcar Rosa de forma mais intensa no terceiro set, Zé Roberto decidiu que era o momento de chamar Petra para entrar em quadra.
Assim que Petra entrou, algo mágico aconteceu. A química entre ela e Julia, que há tempos era cheia de tensão, finalmente começou a fluir. Como se estivessem em sintonia telepática, as duas se moviam pela quadra sabendo exatamente o que a outra faria a seguir. Anos de rivalidade e competição haviam culminado naquele momento, se transformando em uma parceria quase perfeita.
O Brasil dominou o set com Petra e Julia arrasando em quadra. A comunicação silenciosa entre elas era visível, e o jogo seguia em um ritmo intenso. Com o placar em 24x17, o Brasil estava a um ponto da vitória. Petra foi para o saque, e a recepção da Coreia, apesar de boa, teve um pequeno erro. Nyeme, com sua segurança habitual, recebeu a bola e a passou para Macris, que fez um levantamento perfeito para Petra. Julia, observando de sua posição, sentiu como se o tempo desacelerasse. Cada movimento de Petra parecia em câmera lenta, sua impulsão, a precisão com que pegou na bola, e o ataque impecável que seguiu. A bola caiu na quadra adversária com uma força que fez qualquer uma sentir medo de estar na frente do bloqueio.
Elas venceram por 3 sets a 0, e a quadra explodiu em comemoração. Julia, no impulso do momento, foi a primeira a pular nos braços de Petra, que a segurou firmemente pela cintura, mantendo o equilíbrio com a ruiva em seu colo. Em poucos segundos, as outras jogadoras também correram para abraçar Petra, formando um círculo de celebração ao redor das duas.
Julia, percebendo o que havia feito, rapidamente saiu do colo de Petra, as bochechas vermelhas de vergonha. As outras meninas não deixaram passar a oportunidade de fazer piadas, rindo e provocando Julia, que tentava disfarçar o embaraço.
— Ah, Julia, não sabia que você gostava tanto de comemorar assim! – brincou Kisy, piscando para as outras.
— Se eu soubesse que um ponto assim renderia esse tipo de abraço, teria feito antes – Petra respondeu com um sorriso, o que fez todas rirem ainda mais.
Julia, ainda tentando esconder a vergonha, balançou a cabeça, mas no fundo, estava feliz. Pela primeira vez em muito tempo, sentia que as coisas estavam se alinhando, tanto dentro quanto fora de quadra.
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mais um pq tô boazinha hoje
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