·˚ ༘「𝟎𝟎𝟏」
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Quando Katherine chegou às pitorescas margens dos rios de Pentos, a visão que se desdobrava diante dela era intrigante. Uma aglomeração de pessoas formava uma roda ao redor de algo misterioso. Determinada a desvendar o enigma, ela se aproximou de um de seus conhecidos, buscando compreender a razão pela qual sua presença havia sido solicitada.
─── Ao que devo a solicitação? ─── Indagou ela, mantendo a curiosidade em seu olhar, enquanto tentava esticar o pescoço para vislumbrar o que repousava nas águas do rio.
O homem, de feições preocupadas e angustiadas, voltou-se rapidamente para ela. Baixo e roliço, seus escassos cabelos pretos e vestes alegres sugeriam um espírito divertido. No entanto, vê-lo naquele estado desconcertante causou até mesmo apreensão em Katherine.
─── Kat, que bom que chegou. Tem algo, alguém. ─── Corrigiu-se rapidamente. ─── Alguém nas margens do rio. Parece uma criança, mas não sabemos ao certo. Sabemos que somente você saberia lidar com isso, especialmente no estado em que ele se encontra.
Katherine, com a determinação que lhe era peculiar, moveu-se entre os presentes, afastando-os com os panos pesados que carregava. Desbravou a multidão para se deparar com uma visão angustiante: um menino. Parecia tão jovem, inerte no chão, abatido e gravemente ferido. Rapidamente, ela assumiu o controle da situação.
─── Levem-no até minha casa. ─── Todos pareciam fixos na condição do menino, hesitando em se movimentar. Enfurecida, Katherine gritou. ─── Agora!
Katherine observava o menino deitado sobre os lençóis brancos com extrema atenção. Estendido de bruços, após realizar todos os curativos possíveis, percebeu que os três cortes profundos em suas costas eram os mais graves. O que quer que tivesse provocado tais ferimentos naquela criança estava longe de ser humano. Além disso, ao examinar mais detalhadamente, notou vários ferimentos espalhados por todo o corpo do menino, como se tivesse sido alvo de cortes repetidos e brutais. O mistério envolvendo sua condição parecia mais profundo do que Katherine poderia ter imaginado inicialmente.
Ela percebeu que os cabelos escuros dele tinham leves andulações e seu rosto, mesmo que parecesse atormentado, carregava uma aura infantil e inocente. Ele era tão pálido que a vermelhidão em seu corpo parecia forte demais. Seus dentes da frente eram grandes como os de uma lebre, o que fez Katherine sorrir com o pensamento. Ele era um pouco mais baixo do que ela, seus cílios eram grandes, e seu nariz era arrebitado e com uma ponta arredondada.
Ela percebeu que ele começou a se mexer inquieto sobre a cama, mas ela não se moveu, apenas ficou ali sentada, esperando que ele acordasse.
Lucerys acordou assustado, fazendo seu corpo saltar sobre os panos macios em que estava deitado, mas rapidamente seu corpo foi tomado por uma dor angustiante, o que fez novamente seu peito afundar nos lençóis. Ele pôde sentir algumas lágrimas queimarem dentro de seus olhos escuros devido à dor, mas antes que pudesse fazer algo, uma voz que carregava uma autoridade natural soou sobre o local.
─── Não deveria fazer tanto esforço, menino ─── ele pôde ouvir a voz vindo não tão longe dele. Então, ele moveu seu pescoço o suficiente para ter um vislumbre de uma mulher sobre uma cadeira. Ela vestia um vestido preto com mangas dobradas, sua pele era branca, mas também parecia ter uma cor ainda mais viva do que a de Lucerys. Seus cabelos escuros desciam como cascatas sobre seus ombros, chegando um pouco além de sua cintura. Faziam uma ótima harmonia com seus olhos escuros e sua silhueta autoritária. Seu rosto, mesmo mostrando que ela seria uma mulher mais velha, ainda tinha a essência de juventude e charme. Ela era bonita, não para que ele a desejasse, mas para admirar, assim como um escritor admira sua poesia ou um pintor, sua arte.
Ele saiu de seus pensamentos quando pôde começar a sentir os olhos escuros o encarando de uma forma que queimava sobre sua pele.
─── De onde você veio?─── ela perguntava de uma forma que não parecia grosseira, mas ainda tinha curiosidade. Ele abriu a boca para falar, mas as palavras não saíram. Em vez disso, uma dor angustiante chegou à sua cabeça. Ele rapidamente levou uma de suas mãos à testa, fechando os olhos com certa força. Ele não se lembrava, e o pouco resquício de lembranças que tinha em seus pensamentos sumiram como pó ao vento. Então, ele abriu os olhos rapidamente, encontrando os dela. Os dele brilhavam com lágrimas, enquanto as palavras saíam como sussurros de sua boca.
─── Eu... eu não consigo me lembrar...─── Então, ela o examinou como se quisesse ter certeza do que ele falava. Ele não soube quanto tempo ela o encarou, mas ficava nervoso a cada segundo. Decidiu perguntar. ─── Onde eu estou?
Ela pareceu sair de seu transe antes de falar. ─── Essos, mais especificamente em Pentos.─── Ele pôde ter um vislumbre da visão atrás da mulher. A enorme janela dava vista para uma cidade que parecia ser banhada no mais puro ouro, assim como seus edifícios de pedra, muitos dos quais decorados com cúpulas coloridas e azulejos. As pedras pareciam esculpidas das nuvens pela coloração branca, onde as flores pareciam adornos, assim como as joias enfeitavam os pescoços das damas. Tudo parecia lindo.
Katherine via como os olhos do menino brilhavam com a visão da cidade, ainda mais com a majestosa vista que a casa de Katherine poderia proporcionar. Ele parecia hipnotizado com tudo, como se fosse sua primeira vez no mundo. Então, ela decidiu que precisava cuidar dele, até que ele decidisse que não fosse mais necessário. Ela precisava mostrar-lhe o mundo, e talvez ele quisesse aprender.
Ela se levantou da cadeira e se aproximou em passos lentos da cama, onde o menino ainda olhava para fora. Ela se sentou próxima a ele, e rapidamente ganhou sua atenção. Ela decidiu fazer sua última pergunta.
─── Você se lembra pelo menos de seu nome?─── Ele apenas negou com a cabeça, parecendo entristecido. Para tentar animá-lo, ela disse, ─── Então precisamos escolher um nome para você enquanto você ficar aqui.─── Os olhos dele brilharam diante das palavras, e Katherine sorriu.
─── Podemos te chamar de Lucas.─── Ele pareceu examinar por alguns segundos antes de acenar com a cabeça. ─── Lucas então... Lucas de Pentos.
Quando Aishae ergueu-se na manhã seguinte, mal trocou palavras com os habitantes de Pedra do Dragão. Uma melancolia pairava sobre todos, envolvendo o local como uma sombra, e até Rhaenyra ainda não havia emergido de seu aposento, embora tivesse recobrado a consciência após o desmaio.
Aishae caminhava descalça sobre a areia, seus passos deixando marcas efêmeras enquanto seu olhar se perdia nas águas serenas. Trajava vestes negras que ecoavam sua alma entristecida, seu rosto exibia as marcas de uma noite inquieta, e seus cabelos platinados dançavam ao vento, sem tranças ou adereços.
Ela caminhou o suficiente para que as águas chegassem aos seus pés e molhassem a ponta de seu vestido. Fechou os olhos, desejando que a dor em seu peito parasse, junto com a culpa. Queria acreditar que tudo aquilo era um pesadelo, que Aemond não tinha feito isso. Ele era seu irmão, ela confiava nele e pensou que poderia. Novamente, sentiu as lágrimas chegarem aos seus olhos. Suas pernas falharam antes de seus joelhos chegarem até a areia. Ela lembrou de Aegon, Aemond, Haelena e Daeron, seus irmãos; todos eles. Sentia que tudo que tentara conquistar nesses anos tinha sumido. A única relação que tinha criado com eles tinha desaparecido diante de seus olhos. Lutou tanto para que eles não se afastassem, mas de que adiantou, quando, em um simples dia, Aemond decidiu estragar tudo.
Aishae foi despertada de seus pensamentos pelo som suave de passos na areia, esforçando-se para enxugar as lágrimas antes de se erguer. Uma mão pousou em seus ombros. Ao se virar, deparou-se com Daemon, cuja expressão refletia a mesma fadiga que a dela. Trocaram olhares como almas em busca de palavras para consolar uma à outra, mas foi Daemon quem rompeu o silêncio.
─── Sei que minhas palavras podem soar inúteis, mas Rhaenyra não te culpa. Ela compreende que você tentou protegê-lo, mas o que mais poderia fazer? Seu dragão era menor e... ─── Ele tentou dizer, mas Aishae o interrompeu.
─── Ainda não consigo entender como Aemond pôde... ele o matou, diante de meus olhos. Ele era o tio dele. ─── Suas palavras buscavam sentido em sua mente dilacerada. Daemon a encarou; em vez de buscar consolá-la, assumiu uma expressão séria antes de continuar.
─── Devemos vingar Lucerys. Rhaenyra está fragilizada. Ela não desejará atacar Alicent. Precisamos convencê-la a invadir King's Landing o quanto antes. Tiraram-lhe seus direitos e agora seu filho. Você sabe o que deve ser feito, Aishae. Pense em Lucerys e em como não hesitaram em destruí-lo. ─── Com isso, Daemon afastou-se, deixando Aishae sozinha diante da vastidão, presa a seus pensamentos. Mas ela sabia que Daemon estava certo; ela sabia o que precisava fazer. Agora, em vez de tristeza, era o ódio que dominava sua expressão.
Com passos longos e ágeis, ela retornou ao castelo de Pedra do Dragão, convocando todos para uma reunião.
Quando todos estavam na sala, Aishae pôde vislumbrar Rhaenyra com seu vestido vermelho escuro, que facilmente se confundia com o negro da noite. Seu rosto exibia palidez e seus olhos estavam sombrios e profundos. Ela segurava a cadeira de ferro como se buscasse sustento. Os olhares de ambas se cruzaram, e uma aura de desânimo pairava entre elas, mas ambas compreendiam que algo precisava ser feito.
─── Então, iniciemos a reunião. ─── Com isso, todos se acomodaram, exceto Rhaenyra e Aishae. Rhaenyra começou a falar. ─── Acredito que, diante dos últimos acontecimentos, deveríamos encerrar esta guerra e... ─── Antes que pudesse concluir, Aishae atravessou o salão, buscando as mãos da irmã enquanto a fitava nos olhos.
─── Eles usurparam seu trono, levaram seu filho, e agora pretendem tirar sua dignidade? ─── Seus olhos roxos ardiam sobre Rhaenyra, enquanto apertava ainda mais suas mãos pálidas. Todos na sala retiveram a respiração, temendo que um único ruído pudesse interromper o momento. Então, Aishae retomou a palavra. ─── Eu não aceito, Rhaenyra. Você é uma rainha, e juramos perecer por você, valar morghūlis. ─── 'todos os homens devem morrer' ─── Ele era seu filho, Nyra. Devemos fazer o que é correto; ele desejaria que assim o fizéssemos. ─── Aishae sabia que isso era um jogo traiçoeiro, que Lucerys jamais desejaria vingança, ele nunca apreciara conflitos ou qualquer coisa que denotasse ameaça. Contudo, ela precisava de um motivo para que sua irmã aceitasse.
Rhaenyra fitou os olhos de Aishae, buscando algo que a fizesse vacilar, nem que fosse por um breve instante. Mas ela sabia que não encontraria, era Aishae. Era de sua natureza, e nem mesmo os deuses a deteriam. Suspirando, Rhaenyra se afastou e lançou seu olhar a todos na sala. Cada semblante parecia ainda mais ansioso, consciente de que aquilo era apenas o prelúdio.
─── Façam os preparativos, partiremos ainda hoje.
Aemond andava em passos lentos até o quarto de sua irmã. Não a via desde o assassinato de Lucerys; ela sabia, mas não havia buscado conversar com ele. Ele compreendia que ela não sentia raiva; desejava que fosse assim. Se mais uma de suas irmãs passasse a odiá-lo, poderia começar a duvidar de si mesmo. E ele odiava a incerteza, pois significava a falta de segurança.
Diante da porta marrom, parou. Ouvia risadas vindas do quarto, provavelmente de Jaehaerys e Jaehaera. Sentiu a ponta dos lábios curvar-se com esse pensamento.
Antes de abrir a porta, sua mão pousou sobre o curativo. Após retirar a pedra, a mãe solicitou a ajuda de um meistre. Agora, com um pano branco sobre seu olho, temia que os sobrinhos fizessem perguntas indiscretas ou até mesmo sentissem repulsa. Tentando afastar esses pensamentos, abriu a porta e deparou-se com Haelena bordando enquanto as crianças brincavam no chão. Helaena ergueu a cabeça, permitindo um pequeno sorriso triste atingir Aemond.
─── Aemond, que bom que veio. Vamos, sente-se. ─── Ela fez espaço para que ele se acomodasse ao seu lado, e ele prontamente o fez, enquanto observava seus sobrinhos, temendo pelo futuro que se desenhava para eles. Ele foi tirado desses pensamentos quando Helaena começou a falar. ─── Aegon veio aqui ontem. ─── Aemond imediatamente pensou no pior. Sabia que, embora Aegon e Helaena não nutrissem amor romântico, o caráter duvidoso de Aegon despertava receios. Antes que pudesse expressar sua preocupação, Helaena foi mais rápida. ─── Ele não fez nada, antes que você pense o pior... Na verdade, brincou com as crianças, mas chorou. Parecia tão chateado. Eu... eu nunca tinha visto Aegon daquele jeito. Na verdade, não me lembro de ter visto Aegon de jeito nenhum além de bêbado. Recordo vagamente de algumas brincadeiras que fazia e de alguns animais que me trazia, mesmo sentindo nojo. Mas depois daquela noite em Driftmark... ele nunca mais foi o mesmo. ─── As palavras de Helaena atingiram Aemond como pregos na pele. Ele sabia que tudo havia mudado naquela noite, mas não imaginava que fosse tanto.
Antes que Aemond pudesse responder às palavras de sua irmã, pôde sentir o chão tremer sob seus pés, e rugidos rasgaram os céus de Westeros. Algo estava errado, e rapidamente ele se lançou em ação.
─── Pegue as crianças e se escondam debaixo das camas. Fechem as portas e janelas. Mandarei os guardas entrarem. ─── Helaena rapidamente envolveu seus três filhos, levando-os para o abrigo debaixo das camas, cobrindo-os com uma manta para protegê-los da exposição. Ela tremia, temendo pela vida de seus filhos. Enquanto isso, Aemond correu pelo castelo em busca de explicações, encontrando sua mãe, Alicent, no caminho. Ela o puxou e apertou seus braços como se estivesse amedrontada, seus grandes olhos castanhos vermelhos e opacos.
─── É Rhaenyra, ela está chegando. ─── Alicent tremia nos braços de seu filho, enquanto ele tentava se afastar, murmurando um pequeno xingamento. Precisava chegar até Vhagar antes que Rhaenyra pousasse ou atacasse.
Aemond não encontrava Aegon em nenhum lugar, e Daeron estava em Vilavelha, trazendo aliados. Nem cogitou chamar Helaena. Suspirando com raiva, tentava correr ao máximo sobre a colina para alcançar seu dragão. Teve um vislumbre de Vhagar, com seu pescoço esticado para observar os outros dragões que chegavam. Quando Aemond se aproximou, não havia tempo para conversas. Rapidamente, começou a puxar as cordas para subir nas costas de Vhagar. Antes que tomasse impulso para alcançar, sentiu algo pontudo prestes a perfurar suas costas, seguido por uma risada. Uma maldita risada que jamais confundiria.
─── Parece que você não é tão veloz quanto imagina, garoto. ── Daemon proclamou. ── Vire-se para mim, encare-me como um homem de verdade o faria. ── Aemond girou lentamente, sem tentar desembainhar sua espada; a irmã sombria cortaria a lâmina antes mesmo de deixar a bainha. O olhar de Daemon, embora sorridente, trazia a marca do cansaço. ── Eu poderia acabar com a sua vida agora, e confesso que o desejo, mas me falta a permissão, seu maldito. Você arrancou aquele garoto da mulher que amo, e eu o amava também, mesmo que não fosse seu pai. ── A pressão da espada aumentava sobre o peito de Aemond, perfurando sua armadura. Daemon, porém, deteve-se. ── Retornemos, você tem uma dívida a pagar, garoto.
Ao alcançarem o pátio, vislumbraram Aegon cercado por guardas, enquanto Otto e Alicent eram segurados por alguns. Helaena e as crianças, apesar do cerco, permaneciam intocadas. Rhaenyra, ao lado das filhas de Daemon e Aishae, trajava roupas vermelhas com detalhes negros, ostentando a coroa de Jaeharys em sua cabeça, mãos adornadas por joias e pescoço, por colares cintilantes. Corlys e Rhaenys estavam posicionados atrás, junto aos guardas que protegiam Rhaenyra.
Ao fixar o olhar em Aemond, o ódio inundou o corpo de Rhaenyra, mas ela se esforçava para conter um ataque imediato.
─── Finalmente chegou, meu meio-irmão. Ou prefere que eu o chame de assassino de parentes? ── Ela indagou, ciente da futilidade de receber uma resposta. ── Ajoelhem todos eles. Quero todos jurando lealdade à sua nova rainha. Se não se curvarem, forcem-nos até que seus joelhos se dobrem. Quanto aos traidores, cuidaremos deles depois. ── Helaena se curvou com prontidão junto aos filhos, enquanto sua mãe e Otto eram brutalmente empurrados ao chão. Aemond também foi forçado, mas surpreendentemente, Aegon rompeu a formação de guardas, dirigindo-se à sua irmã surpreendendo a todos e se ajoelhando diante dela.
─── Eu, Aegon Targaryen, da Casa Targaryen, segundo do meu nome, juro lealdade à rainha Rhaenyra Targaryen. ── Ele se ajoelhou diante dela, erguendo a coroa do Conquistador. A cena enfureceu sua mãe e avô, mas Aegon aparentava indiferença, como se desejasse apenas pôr fim àquele cenário. ── Não estou apto a pedir misericórdia, mas imploro que poupe minha irmã Helaena e meus filhos. Se puder poupar Daeron, ficarei eternamente grato. ── Aemond tentou ignorar o nó na garganta. Não esperava que Aegon pedisse clemência por Helaena e Daeron, tampouco imaginava que seu irmão ofereceria sua própria vida a Rhaenyra.
As palavras de Aegon ecoaram nos ouvidos de Rhaenyra, arrancando dela uma risada.
─── Matar vocês? Não, eu não sou uma assassina de parentes, não como vocês. ── Embora falasse no plural, seus olhos se fixavam exclusivamente em Aemond. ── O destino de vocês será decidido na sala do conselho.
Antes que os guardas os conduzissem, o choro de Rhaena ecoou pelo pátio. Ao olharem para ela, viram a menina se aproximando de Aemond com o rosto vermelho. Antes que pudesse processar algo, recebeu um golpe, deixando-o atordoado.
─── Seu desgraçado, você o matou. ── As lágrimas escorriam pelo rosto de pele escura, enquanto os cabelos platinados esvoaçavam soltos. ── Ele era meu amigo, meu irmão, e você o tirou de mim. Espero que você morra antes mesmo que sua punição seja decidida.
Rhaena virou-se abruptamente, surpreendendo a todos. Embora esperassem tal reação de Baela, nunca imaginariam que viesse de Rhaena, conhecida por sua natureza pacífica. Sem tempo para iniciar uma discussão, ela abriu espaço para a continuação do caminho em direção à sala do conselho.
Na majestosa sala do conselho, sob o pesar dos acontecimentos recentes, Rhaenyra, com olhos carregados de dor e indignação, observava a família de Alicent ser segurada, com exceção das crianças de Helaena, que foram conduzidas aos aposentos da mãe. Alicent e Otto ostentavam feições enfurecidas, enquanto os irmãos tentavam, com discrição, ocultar suas emoções.
Ao tomar assento, Rhaenyra, com a graça de uma rainha, deu início ao julgamento.
─── Devido aos acontecimentos dos últimos dias, hoje decidiremos o destino de Alicent Hightower, seu pai Otto Hightower e seus filhos, Aegon Targaryen, Helaena Targaryen, Aemond Targaryen e Daeron Targaryen. Estão sob acusação de usurpação ao trono da herdeira legítima, ocultaram o corpo do rei durante dias, foram responsáveis pela morte de nobres que me defendiam e pelo assassinato de parentes, mais especificamente, do herdeiro de Driftmark. Vocês não terão direito a defesas. ── Rhaenyra encarou Alicent como se não reconhecesse mais a pessoa à sua frente; os olhos de Alicent estavam vermelhos, carregados de ódio. Rhaenyra sabia, ela já não era sua amiga há muito tempo. ── Para início, serão retirados todos os títulos de Alicent Hightower e Otto Hightower, assim como seus feitos. A posição de Lorde de Vilavelha será passada para outra pessoa. Otto Hightower será preso nas masmorras, enquanto Alicent Hightower será detida em seus aposentos. ── Rhaenyra suspirou, começando a ficar irritada com toda a traição que tinha sofrido. ── E acreditem, eu só não mando cortarem suas cabeças agora mesmo pelo amor que eu tinha por meu pai. Com isso, o assunto será encerrado. Agora, o julgamento de meus irmãos. ── Os guardas trouxeram os três irmãos de Rhaenyra até sua presença. Eles a encaravam como se não estivessem diante de seu próprio sangue e família.
─── Para Aegon Targaryen, também será retirado seu título de rei. Ele será mantido em seus aposentos sob vigilância, tendo permissão apenas para ver seus filhos e esposa. Para Helaena Targaryen, também será mantida em seus aposentos junto aos seus filhos Jaeharys, Jaehaera e Maelor. Terão a liberdade de passear pelos jardins, se quiserem, mas novamente, somente com companhia. Daeron Targaryen será convocado até King's Landing e será mantido aqui nas mesmas condições de sua irmã Helaena. No entanto, Aemond Targaryen, o assassino de parentes, será mantido em seus aposentos sem direito a sair, estará o dia todo sob vigilância de guardas, também perderá seu título de possível herdeiro de Vilavelha, e todas as terras a que tinha direito agora pertencem à coroa. Agradeça, menino, por eu não te mandar para a Muralha para morrer lá mesmo. ── Rhaenyra praticamente cuspiu as palavras sobre Aemond. Mas ele não gostou nem um pouco de tudo isso. Foi um acidente, ele não queria matar o maldito bastardo, e agora, mesmo depois de morto, tiraram tudo dele. Tomado pelo ego, Aemond começou a falar.
─── Isso não é justo. Eu não o matei porque eu quis. Tirar minhas terras não vai trazê-lo de volta. ── Aemond pôde ver Aegon arregalando os olhos, enquanto Helaena parecia decepcionada. Aishae parecia enfurecida com suas palavras, mas foi Rhaenyra que se levantou abruptamente, batendo suas mãos sobre a mesa.
─── Não quis? Você o matou porque é um menino mimado, Aemond, sempre pegando o que não pertence a você. E você ainda dizia que a dívida estava paga. Afinal, um olho por um dragão, e ainda sim você o matou, porque seu ego fala mais alto que sua cabeça estúpida. Então acredite, eu ainda estou sendo justa, porque eu poderia facilmente mandá-lo para a Muralha morrer congelado depois de você matar o meu filho. ── Rhaenyra praticamente esbravejava sobre ele, deixando Aemond ainda mais enfurecido, fazendo-o gritar.
─── Eu já disse que foi um acidente e não quis matar o bastar.── Antes que Aemond pudesse terminar sua fala pecaminosa, Rhaenyra cortou a sala em passos rápidos, com seus panos de vestido movendo-se em sintonia. Ela puxou a adaga da cintura do marido antes de partir para cima de Aemond, que foi empurrado enquanto a única coisa que conseguia encarar era uma lâmina apontada em direção ao seu rosto e a feição enfurecida de sua irmã. Ele segurava seus pulsos pálidos para que a lâmina não atravessasse sua feição. Ele sabia que tinha força suficiente para afastar Rhaenyra, mas ele parecia tão fora de si ao ver o ódio dela que a única coisa que fez foi segurar seus pulsos, enquanto ela fazia mais força.
─── Eu o mataria agora se pudesse, seus desgraçado. Vocês estragam tudo que tocam. Vocês e sua família enchem a boca para falar o quanto são puros e se sacrificam, mas sempre são os outros que sofrem no lugar de vocês. Vocês observam o sacrifício e a dor dos outros, e agora você mata o meu filho, e ainda sim isso é um acidente. Vocês matam a minha filha, e isso é um acidente. Vocês tiram o meu trono, e ainda sim nunca é culpa de vocês. Engraçado, não? ── Não, Aemond não conseguia ver graça nenhuma nas palavras da irmã, ainda mais com algo apontado para seu rosto pronto para matá-lo. Mas Rhaenyra não parecia ligar; ela mal ouvia as súplicas de Alicent e Aishae, para que soltasse a adaga. Quando Rhaenyra forçou mais a faca, Aemond finalmente acordou de seu transe e a empurrou, fazendo a lâmina partir a carne de seu braço direito. A sala foi tomada por um silêncio tenso, enquanto Aemond via o sangue escorrer entre seus dedos, e uma sensação de temor se apossou dele pela primeira vez.
Rhaenyra, sem mostrar remorso, apenas instruiu os guardas a levarem os prisioneiros aos seus quartos. Enquanto isso, a dor se misturava com a ira nos olhos de Aemond, e o entendimento de que aquela sala era palco de uma batalha que ultrapassava as lutas de dragões. Era uma batalha de corações corrompidos e destinos entrelaçados pela tragédia.
Nos aposentos, enquanto Alicent e Otto enfrentavam as consequências de suas traições, Aegon, Helaena e Aemond agora privados de títulos e liberdade, buscavam compreender o peso de suas escolhas. O eco dos votos de lealdade a Rhaenyra reverberava nas paredes, ecoando o fim de uma era e o início de outra.
Aemond, por sua vez, encarava seu próprio declínio. As palavras de Rhaenyra sobre suas ações ecoavam em sua mente, misturando-se ao gemido distante dos dragões nos céus. A sala do conselho se transformara em um palco de tragédia, onde as linhas entre justiça e vingança se desfaziam, e as cicatrizes deixadas no coração da casa Targaryen não podiam ser apagadas.
Ao fechar da porta, o silêncio perdurou, ecoando o peso das escolhas feitas e o destino traçado. Enquanto o mundo de Westeros observava.
001- oi gente, voltei, enfim espero que gostem dos capítulos e das tramas futuras, talvez demore um pouco para alguns acontecimentos eu pretendo focar em King's Landing e nas ações de Rhaenyra, mas inicialmente quero mostrar o desenvolvimento do Luke com a Katherine.
002- Pretendo desenvolver a personalidade do Daeron pq sim gente ele vai ser alguém importante e não vai ser esquecido.
003- Eu estou com dúvidas, mas provavelmente no próximo capítulo eu vou mostrar a interação do Jacaerys e do Cregan em Winterfell.
004- Eu pretendo mudar o banner, do Aemond e do Lucerys e encomendar um do Aemon, Aemond e Lucerys, mas acho que essa mudança só vai ocorrer quando o Aemon aparecer.
É isso, beijinhos da vic, até o próximo capítulo! ✒️🤍
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