✦CAPÍTULO 28✦
Bella Sidney
MEUS OLHOS NÃO PREGARAM a noite toda. E se algo der errado? E se Pedro perder e for morto? E se todos nós morrermos aqui? A preocupação era tão presente que quase podia tocá-la.
Mesmo depois de tantos anos em batalhas, lutas ou guerras, eu sentia um friozinho na barriga atormentador, afinal de contas era uma guerra e as guerras raramente acabavam bem.
— Bella, você está bem? — A voz de minha irmã me tirou da profunda caixa de pensamentos.
Apenas suspirei. Não adiantava fingir um sorriso.
— Não consigo parar de pensar na possibilidade de algo dar errado.
Principalmente da possibilidade de Pedro morrer.
Rayssa segurou minhas mãos.
— Por que está tão temerosa? Perdeu a fé? — Ela me olhou nos olhos.
— Claro que não! — respondi quase indignada. — É que... Estou com medo.
— Sei que é difícil ficar calma nessas horas, mas precisamos confiar em Deus.
— Eu confio.
— Então por que está com medo?
— São coisas totalmente diferentes, Rayssa. Estamos tratando de uma possibilidade real com alguém que amamos. — Uma lágrima escorreu dos meus olhos. — Como não ficar com medo?
— Ei, já esqueceu de todas as vitórias que Deus nos deu? Lembra do povo de Israel? Eles confiaram em Deus e Ele deu a vitória. Com a gente não é diferente. Somos o seu povo. Vamos confiar, que o mais Ele fará.
Encarei minha irmã caçula, vendo o quanto ela havia crescido e como estava madura. Sua coragem era impressionante e senti orgulho de quem estava se tornando.
— Tá bem. — Balancei a cabeça e respirei fundo.
Rayssa me abraçou.
Depois disso, limpei as lágrimas, me recompondo. Pedro precisava que eu fosse forte.
Nos dirigimos até onde Pedro estava com Edmundo. Ao me ver, Pedro veio me abraçar e apertei meus braços em volta de seu pescoço.
— Você está bem? — Ele perguntou, afastando um pouco para me encarar.
Apenas balancei a cabeça dizendo que sim e dei um sorriso.
— Você está linda com essa roupa — elogiou, com olhos apaixonados. Revirei os olhos e dei um sorriso envergonhado.
— Obrigada.
Pedro me beijou. Sua mão em minha nuca e outra em minha cintura foi uma das posições mais ternas e confortáveis que tivemos. Aprofundei um pouco o beijo, esquecendo por um momento que havia mais gente nos observando. Aquele poderia ser nosso último beijo.
Quando nos afastamos, encostei minha testa na dele.
— Com licença, Majestade — disse Trumplink se aproximando. — Já está tudo pronto.
Pedro me encarou de forma apaixonada, antes de se voltar para o anão.
— Vamos.
Pegou seu escudo, enquanto Edmundo segurava sua espada.
Ficamos um do lado do outro e saímos da tumba. Todos os narnianos davam gritos animadores, o que me fez sorrir. Eles confiavam em nós, e por isso que não iríamos desapontá-los. Fomos até o local onde seria o duelo.
Miraz, juntamente com alguns homens já estavam ali. Notei que seu exército também gritava um pouco mais afastado de nós.
Assim que adentramos o local, Pedro foi até Edmundo e puxou sua espada da bainha. Isso fez os gritos narnianos aumentarem.
— O Senhor esteja com você — declarei sobre meu namorado.
Ele apenas balançou a cabeça em agradecimento e entrou no pátio.
Miraz, também já pronto, se aproximou. Eles trocaram algumas palavras que não conseguimos escutar. Por fim, Pedro fechou seu capacete e o duelo começou.
— Quem arrumou os arqueiros lá em cima? — perguntou Rayssa, se referindo aos arqueiros em cima da tumba.
— Foi eu, por quê? — Franzi a testa.
— Você os coordenou e nem me chamou? Que falta de consideração — disse, fazendo drama. Demorei alguns segundos para entender porque ela estava reclamando daquilo em um momento tão tenso como aquele, mas logo entendi o que estava fazendo.
— Me desculpe, senhora capitã. Na próxima eu te chamo — respondi, entrando na brincadeira.
Rimos.
Rayssa olhou para Pedro e depois para mim.
— Ele vai ficar bem.
Dei um sorriso de lado.
— Obrigada.
— Vou ver como estão os arqueiros — avisou e correu em direção à tumba.
Voltei a prestar atenção no duelo. Pedro e Miraz cruzavam suas espadas, cada um tentando desviar do golpe um do outro. Percebi que Caspian não estava por perto.
— Cadê o Caspian? — perguntei para meu cunhado que olhou ao redor.
— Eu não sei.
Estranhei o fato de ele não estar presente durante o duelo.
Miraz deu um soco no rosto de Pedro, fazendo seu capacete cair no chão. Pedro ficou fora de si por um momento, mas logo voltou aos sentidos e fez um corte na perna de Miraz. Um Ai escapou da minha boca sem que eu percebesse.
Pedro caiu no chão. Miraz pisou em seu escudo o que fez com ele gritasse de dor. Meu coração se quebrou e me senti tentada a entrar em meio a luta. Pedro deu alguns golpes e conseguiu se levantar.
Vi Caspian e Susana entrando no acampamento em cima de um cavalo.
Que estranho.
— Vossa Majestade precisa de um descanso? — escutei Miraz perguntar.
— Cinco minutos — respondeu Pedro.
— Três — exigiu Miraz.
Os dois saíram do meio do pátio.
— Cadê a Lúcia? — perguntou Pedro, preocupado.
— Ela passou, com uma ajudinha. — Susana respondeu, se referindo a Caspian.
— Obrigado — agradeceu.
— Você estava ocupado — disse Caspian.
— Fiquem de guarda, por precaução. — Pedro pediu. — Não estou seguro que os telmarinos vão cumprir com a palavra — e olhou para frente.
— Rayssa já está lá em cima. Vou ficar aqui mais um tempo — avisei, Susana que concordou.
— Desculpa — ela pediu abraçando Pedro, que gemeu um pouco de dor.
— Sorriam — disse Edmundo, fingindo um sorriso.
Olhei para trás e vi os narnianos tensos. Pedro ergueu sua espada e sorriu, assim como todos nós. Os narnianos se animaram e voltaram a dar gritos.
Susana correu para a tumba.
— Sente-se. — pedi. Pedro obedeceu.
Caspian tirou seu escudo fazendo-o gritar.
— Torceu — falei baixinho.
Caspian se aproximou de mim.
— Acha que temos chance? — perguntou.
Pedro gritou quando Edmundo puxou o seu braço, distorcendo-o.
— Posso dizer que estão empatados.
Olhamos para frente. Edmundo estendeu o capacete para Pedro, já em pé. Ele negou. Os dois reis entraram novamente no pátio.
O duelo recomeçou.
CONTINUA...
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Fiquem na paz. Tchau!
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