✦CAPÍTULO 27✦
Rayssa Sidney
ASSIM QUE ENTREI avistei caça-trufas com alguns anões e faunos. Pareciam bastantes concentrados na tarefa que desempenhavam.
— Alteza! — exclamou caça-trufas alegremente ao perceber minha presença. — Que bom que está de volta.
— É bom estar de volta senhor Caça-trufas — respondi gentilmente, com um sorriso. Meu olhar passou dele para o trabalho que faziam. — O que são essas coisas?
— São flechas para a batalha, Alteza — respondeu um dos anões.
— Batalha?
— Rei Pedro e príncipe Caspian não estão muito confiantes de que os telmarinos cumprirão com sua parte do acordo — explicou caça-trufas.
Aquilo fazia sentido. Pelo tempo em que estive com eles, vi que eram bem trapaceiros.
— Querem ajuda com alguma coisa?
— Se não for incômodo, sim. — Caça-trufas pegou um dos arcos. — Vossa alteza poderia testar este arco?
Segurei o arco e o anilise por um momento. Possuía o desenho de um leão bem no centro. Peguei uma das flechas e a posicionei no arco. Mirei em um dos alvos de treinamento, escorados numa das paredes da tumba, a uns oito metros de distância.
— Acha que consegue? — perguntou temeroso.
— Moleza.
Mirei e atirei, acertando bem no meio do alvo. Para minha surpresa, todos ao redor pararam o que estavam fazendo para assistir o tiro ao alvo e bateram palmas. Sorri um pouco tímida.
— Rayssa — Lúcia me chamou. — Bella, Susana e eu vamos dar um passeio, quer ir?
Minha primeira intenção foi recusar o convite. Pensar em entrar na floresta de novo com os telmarinos por aí não me era muito agradável, mas então lembrei de um lugar onde poderíamos ir sem ter problemas.
— O que acha de um banho, Lú?
***
— Tem certeza de que é seguro irmos por aqui? — questionou Bella, após alguns segundos de caminhada pela floresta. — Eu ainda acho que era melhor termos chamado os meninos? É perigoso com o exército telmarino por perto.
— Está tudo bem. Os telmarinos estão do outro lado da floresta. E além do mais, estamos armadas, ninguém vai nos fazer mal. — Convenci a mim mesma.
— Falta muito? — Foi a vez de Lúcia perguntar.
— Quase lá.
O vento batia suavemente na pele em uma brisa refrescante. Os pássaros cantavam em uma sintonia gostosa de ouvir e as árvores pareciam mais alegres com seus galhos balançando. Apesar de estarmos em guerra, tudo parecia estar em paz.
— Como você descobriu este lugar? — Susana perguntou, interessada.
— Eu e Edmundo fomos guiados até aqui por uma rosa flutuante.
— Rosa flutuante?
— Sim, foi meio que uma ligação entre eu e ela. Não sei explicar. — Dei de ombros.
— E o que você e Edmundo faziam sozinhos na floresta? — Bella ergueu uma sobrancelha.
— Nada. — Corei. Ela não pareceu convencida. — O que? Estou falando a verdade. Estávamos passeando e vimos a rosa. Só isso.
— E não rolou nada entre vocês? — Susana parecia mais curiosa do que Bella.
— Bom...— Não completei.
— Ah não, agora tem que falar — interviu Susana.
— Não aconteceu nada.
— Como nada?
— É que...— Olhei para frente e avistei a cachoeira. — Chegamos.
Elas tiraram sua atenção de mim — o que foi um alívio — e olharam a cachoeira.
— Que lugar lindo! — Bella pôs as mãos na boca.
Olhei para a cachoeira. A água parecia estar ainda mais cristalina do que da última vez. Deixei minhas coisas embaixo de uma árvore.
Ficamos em frente a cachoeira admirando a paisagem. Uma ideia me passou pela cabeça. Andei discretamente ficando atrás de Bella e então sem que ela esperasse, a empurrei. Ela deu um grito, antes de cair na água.
Comecei a rir, junto das Pevensie. Bella colocou a cabeça para fora da água.
— Isso não vale! — reclamou jogando água em nós.
— Você tinha que ter visto a sua reação. — disse Lúcia.
Sem que eu percebesse, Susana me empurrou e também caí na água.
— Bem feito! — disse Bella rindo.
— Isso não vale!
As três riram.
— E vocês duas, não vão entrar na água? — Bella as encarou.
— Agora não. Rir de vocês é melhor — Susana respondeu.
Eu e Bella demos um olhar cúmplice. Saímos da água e corremos até elas, as jogando na água.
— Prontinho — falei, assim que as duas já estavam completamente molhadas.
Me distanciei um pouco do grupo e mergulhei. Nadei o mais fundo pude. Era um pouco escuro.
Estava prestes a voltar quando algo chamou minha atenção. Era uma mulher. Uma sereia para ser mais exata. Seus cabelos ruivos boiavam na água e sua cauda balançava conforme nadava.
Ela acenou para mim assim que me viu. Devolvi gesto. Conforme se aproximava pude ver que sua cauda era enorme e tinha três cores predominantes, azul, verde água e laranja meio avermelhado.
— Olá! — sorriu. — Me chamo Lana.
Meu colar começou a brilhar. Sem que eu esperasse, respirei debaixo da água. Tampei minha boca e prendi a minha respiração.
— Tudo bem. Você pode respirar debaixo da água. — Lana disse, me tranquilizando.
Soltei a respiração.
— Oi? — Cumprimentei meio incerta.
— É um prazer conhece-lá, Alteza.
Foquei em minha respiração, ainda não acreditando.
— Como isso é possível?
— Você é a guardiã, pode fazer o que quiser — disse a sereia. — Seu colar é muito mais poderoso do que imagina, ele pode fazer coisas que nunca imaginou. Mas tome cuidado, pois assim como ele pode fazer coisas boas, ele também pode fazer coisas ruins. Nas mãos erradas ele pode fazer um estrago.
Ouvi Bella e as outras me chamarem.
— Tome cuidado! — Lana repetiu e fui embora.
Demorei alguns segundos para assimilar o que tinha acontecido. Quando voltei à tona, voltei para a superfície.
— Aonde você estava? Estávamos preocupadas — Bella disse alterada.
— Estou bem. Eu estava apenas nadando — expliquei tentando não demostrar o meu estado de choque e de surpresa.
— Melhor voltarmos, já está tarde. — Sugeriu Susana.
Saímos da água.
— O que acham de uma corrida — sugeriu Lúcia.
Nos olhamos cúmplices. Lúcia foi a primeira a correr. Bella foi logo em seguida, eu e Susana corremos logo depois.
— Vocês não me alcançam! — gritou Susana nos ultrapassando.
— Ah é? — perguntei desafiadora. Aumentei a velocidade e alcancei Bella e Susana que estavam na frente.
Vi que já estávamos perto do acampamento. Corri o mais rápido que pude, mas Bella me superou e acabou chegando primeiro.
— Ganhei! — Ela deu um pulo e cantou vitória.
Me apoiei sobre joelhos para tomar fôlego.
— Como você consegue correr tão rápido assim? — disse Lúcia com a voz falhando.
Após recuperarmos o fôlego, voltamos para a tumba, encontrando Edmundo, Pedro e Caspian.
— Aonde estavam? — Pedro nos olhou de cima a baixo.
— Fomos tomar banho em uma cachoeira.
— Cachoeira? — Edmundo me olhou.
— Sim, e acho que vocês também deveriam tomar um banho.
— Verdade, vocês estão fedendo — provocou Lúcia.
— Não estamos não! — Os três se defenderam. Eu, Lúcia, Bella e Susana caímos na gargalhada.
—Vocês é quem decidem — disse Bella pondo fim a nossa conversa.
O que estão achando? Não esqueçam de votar e comentar. Isso me incentiva muito a continuar.
Que Deus abençoe vocês.
Até a próxima. Tchau!
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