✦CAPÍTULO 22✦

Bella Sidney

ENTRAMOS NA TUMBA.

Avistei Pedro ainda na sala de pedra, conversando com príncipe Caspian e os outros Pevensie.

— Pedro! — chamei, atraindo a atenção de todos. — Avistamos um soldado telmarino na floresta.

Todos os presentes pareceram ficar tensos e surpresos com a notícia. Um soldado inimigo tão perto não era um bom sinal quando se tratava de uma guerra.

Pedro ficou calado e olhou para Caspian ao seu lado, depois olhou para os outros.

— Reúnam todos — mandou.

Edmundo, Susana e Lúcia assentiram e saíram da sala.

— O que vai fazer? — perguntou Rayssa.

— Temos que ter um plano. — respondeu.

Permaneci em silêncio. Não conseguia dizer nada. Pedro viu minha preocupação e suspirou.

— Vai ficar tudo bem.

Aos poucos os narnianos foram chegando. Me sentei ao lado de Edmundo nos degraus da mesa onde Aslam havia sido sacrificado. Está ali tão perto me trazia muitas lembranças de nossa primeira vinda à Nárnia.

— É questão de tempo. Os homens e as armas de Miraz estão a caminho — começou Pedro. — Ou seja, esses mesmos homens não protegem o castelo.

— O que sugere que façamos, Majestade? — perguntou o ratinho Reepicheep.

— Atacar o castelo — respondeu Pedro.

— Começar a planejar — disse Caspian ao mesmo tempo.

Pedro lançou um olhar sério ao príncipe que se calou, deixando Pedro prosseguir.

— A única esperança é atacá-los antes que eles nos ataquem — concluiu Pedro.

— É loucura, ninguém jamais tomou o castelo — interveio Caspian.

— Sempre tem uma primeira vez! — Deu de ombros.

— Teremos um elemento surpresa — concordou Trumplink.

— Mas temos a vantagem aqui! — Caspian insistiu.

— Se nos preparamos, podemos contê-los pra sempre — disse Susana, apoiando Caspian e recebendo um olhar desaprovador de Pedro.

— Eu me sinto bem melhor aqui embaixo — disse caça-trufas.

— Olha, eu agradeço o que fizeram aqui, mas isso não é uma fortaleza, é uma tumba. — Os lembrou Pedro.

— É, e se os telmarinos forem inteligentes só vão esperar a gente morrer de fome — falou Edmundo.

— Nós podemos colher nozes — sugeriu um esquilo, com inocência.

— É, e jogar nos telmarinos! — Reepicheep fingiu concordância. — Cala a boca! Conhece a minha opinião senhor.

— O que vocês acham? — Edmundo perguntou para nós, guardiãs.

Todos os olhares se dirigiram a nós.

— Creio que se ficarmos aqui, talvez percamos a chance de surpreendê-los. A melhor opção é atacar o castelo. Imaginem quantas coisas Miraz pode fazer antes de vir atrás de nós. — Opinei.

— Mas atacar não garante a vitória — interveio Rayssa. — Podemos fortalecer a tumba e criar estratégias. Temos uma floresta inteira a nosso favor.

— Miraz é um homem mau e pode prejudicar a Nárnia muito mais do que já prejudicou. Precisamos para-lo, rápido — respondi, com firmeza.

Minha irmã levantou.

— Não adianta colocarmos a carroça na frente dos burros, atacar agora pode nos levar a um massacre.

— E não atacar pode massacrar toda Nárnia. — Me aproximei. Seus olhos estavam amedrontados.

— Não está pensando com clareza. — Suas palavras fizeram meus músculos tensionarem.

Se virou para Pedro.

— Já dei minha opinião. — E voltou a sentar, me deixando perplexa em meus próprios pensamentos.

Pedro olhou para o capitão das tropas, um centauro de mais ou menos dois metros e meio.

— Se eu entrar com suas tropas, pode lutar com os guardas?

— Vou morrer tentando, Soberano — respondeu, curvando a cabeça.

— É isso que me preocupa. — A voz de Lúcia inundou a sala. — Estão agindo como se só houvesse duas opções: morrer aqui ou morrer lá.

— Acho que não ouviu direito — disse seu irmão mais velho.

— Não, é você que não ouve ou já esqueceu quem derrotou a feiticeira?

— Acho que já esperamos tempo demais por Aslam. — Pedro saiu da sala.

Suspirei.

— Espera, qual é o plano? — perguntou um anão.

Antes que eu pudesse responder, Pedro voltou para sala.

— Aqui está — disse segurando um rolo de papel.

O Grande Rei abriu o rolo em cima da mesa com o plano traçado e começou a explicar.

Rayssa Sidney

COLOQUEI MINHA roupa de batalha, composta de uma saia azul até o chão com a armadura marrom. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo. Mexi os ombros tentando tranquilizá-los da tensão.

Peguei meu arco, minha aljava com flechas e minha espada. Ao me virar encontrei Bella me encarando.

— Mamãe ficaria orgulhosa se te visse agora. — Abriu um pequeno sorriso.

Suas roupas eram semelhantes às minhas, diferenciando apenas a cor verde. Pensei em algo para falar, porém não soube o que.

— Me desculpa por mais cedo — pediu se aproximando.

— Você apenas estava dando a sua opinião, era seu direito.

— Não, eu estava tentando agradar o Pedro, mas tive que lembrar que nosso relacionamento não é tão importante quanto as vidas do nosso povo.

— Estou orgulhosa de você — coloquei uma mão em seu ombro, antes de abraçá-la.

— Estão prontas? Ops, desculpa atrapalhar — pediu Edmundo ao nos ver.

— Esse seu namorado é muito grudento — sussurrou Bella em meu ouvido e lhe dei um beliscão.

Edmundo não era meu namorado, mas Bella parecia se divertir ao afirmar que sim.

— Já estamos de saída — respondi, virando para ele que ao me ver me analisou de cima para baixo, me deixando corada.

— Vamos?

Saímos da tumba. Havia várias Phoenix do lado de fora da tumba.

— Rayssa. — Avistei Pedro vindo em minha direção. — Mudança de plano. Você ficará junto com Edmundo.

— Mas eu não ia abrir o portão juntos com vocês?

— Achei que seria melhor Edmundo ter companhia e uma ajudinha caso precise — explicou.

Olhei para Edmundo parado ao meu lado.

— Está bem! — Cedi.

Fui até minha Phoenix e montei nela. Vi que os outros também montaram em suas Phoenix.

— Qual o seu nome?

— Shade, Alteza! — respondeu.

— Prazer Shade, sou Rayssa. Está pronto?

— Sim, Alteza!

Shade bateu suas asas, e voamos pelo ar. Era uma sensação única. Se não estivéssemos indo em direção a uma batalha, poderia considerar um passeio noturno maravilhoso.

Ao longe pude ver o castelo.

Assim que chegamos vi Edmundo tomando o seu posto na torre. Shade me fez pousar em segurança e foi se esconder. Edmundo deu o sinal para as tropas se aproximarem do Castelo.

Me sentei no chão, exausta.

— Você está bem? — Edmundo andou até mim.

— Sim, apenas cansada. Não tive tempo de descansar. — Sorri e ele devolveu o sorriso.

Edmundo se sentou ao meu lado e aproveitei para deitar minha cabeça em seu ombro. Suspirei. Era tão difícil ter que enfrentar uma guerra. Ver pessoas morrendo.

Deus, nos ajude e nos proteja.

Levantei para ver como estavam as coisas.

— Parece que tudo está conforme o plano. — Analisei o castelo. Mal sabiam que estávamos invadindo.

Edmundo se levantou e pegou sua lanterna. Em uma brincadeira de girar entre os dedos, acabou deixando o objeto cair no andar de baixo da torre.

— Parabéns! — Falei com sarcasmo.

— Fique aqui! — disse indo atrás da lanterna.

Bufei.

Vi um guarda de vigia. Ele pegou a lanterna e ficou ligando e desligando-a. Sem muitas escolhas, Edmundo pulou em cima do guarda, porém o soldado conseguiu se erguer e desembainhou sua espada, iniciando uma luta com Edmundo.

— Edmundo chame as tropas! — gritou Pedro do pátio do castelo.

— Estou ocupado Pedro — Edmundo gritou de volta.

Percebendo que Edmundo não iria dar conta, peguei meu arco e mirei, acertando nas costas do inimigo.

— Edmundo, dê o sinal! — Mandei.

Ao se ver livre, o Pevensie mais novo pegou sua lanterna e deu o sinal

Desci as escadas da torre, parando ao lado de Edmundo. No pátio estavam Pedro, Bella, Susana, e Caspian abrindo o portão. Dezenas de guardas começaram a correr, todos armados, aparecendo de todos os lados.

Logo, nossas tropas entraram no castelo.

— Por Nárnia! — gritou Pedro, erguendo sua espada.

— Vamos — disse Edmundo, me puxando pela mão.

Subimos o telhado.Vários arqueiros se posicionaram.

— Escolham os alvos! — Um deles gritou.

De repente um brilho esbranquiçado emanou do pingente em meu colar. Olhei para o pátio e avistei outro emanando o mesmo brilho. Era o de Bella. Foi então que percebi um dos arqueiros mirando sua balestra em direção a minha irmã. E ao seu lado, outro mirava em Pedro.

Edmundo e eu sentamos em cima do telhado e escorregamos, caindo em cima dos guardas. Ao perceber que algo estava errado, o arqueiro do lado percebeu nossa presença. Corremos para a porta à nossa frente.

Os guardas começaram a atirar e uma das flechas acertou a minha perna e outra passou de raspão por minha bochecha. Eu e Edmundo nos jogamos no chão e Ed fechou a porta com o pé.

— Você está bem? — Edmundo me olhou preocupado.

— Minha perna. — Me contorci de dor.

Segurei o cabo da flecha presa em minha carne e a puxei. Gritei com a dor.

— Vem, eu te ajudo — disse, me ajudando a levantar.

Me apoiei em seu ombro e juntos fomos para outra torre. Edmundo me colocou no chão e foi até a porta, trancando-a.

Não demorou para que os soldados começassem a empurrar a porta.

— Não vai aguentar por muito tempo. — Observei a porta quase sendo derrubada.

— Vem! — Edmundo colocou meu braço por cima do seu ombro.

— O que vai fazer? — perguntei, sem entender.

— Confia em mim — disse, me ajudando a ficar em pé. Senti ardência na parte ferida, que fez dar outro grito.

Edmundo me pegou no colo. Assim que os guardas derrubaram a porta, ele começou a andar para trás.

— O que está fazendo? — O olhei assustada.

— Confia em mim — pediu outra vez, olhando dentro dos meus olhos e me senti tranquila.

Edmundo se jogou da torre, comigo no colo. Fechei os olhos e comecei a gritar. De repente, senti que não estávamos mais caindo e sim flutuando.

— Tudo bem, pode abrir os olhos. — Edmundo disse perto do meu ouvido, me fazendo ficar arrepiada.

Tomei coragem e abri os olhos. Estávamos voando em cima de uma Phoenix. Suspirei, aliviada.

— Obrigada meu Deus! — Agradeci.

— Eu disse que podia confiar em mim — sorriu.

Olhei para baixo e vi muitos narnianos no chão. Mortos! Senti uma enorme vontade de chorar. Olhei para Edmundo e vi que estava tão abalado quanto eu. Seus braços me rodearam e...

CONTINUA...

Não esqueçam da estrelinha e de comentar o que estão achando.

Muito obrigada por lerem.

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