✦CAPÍTULO 20✦
Rayssa Sidney
CAMINHAMOS ATÉ chegarmos a um penhasco.
— Viu só, com o tempo a água erode a terra, escavando cada vez mais... — começou Susana, mas foi interrompida por Pedro.
— Ah, para de falar.
— Tem como descer? — perguntou Edmundo ao anão Trumpink.
— Tem, caindo.
Excelente ideia.
— Não estávamos perdidos — interveio Pedro, não entendendo como havíamos parado em um caminho sem saída.
— Tem um vau perto de Beru. O que acham de nadar? — sugeriu Trumpink.
— Eu prefiro nadar em vez de andar — comentou Susana, começando a andar.
Fiquei olhando mais um tempo para o outro lado do penhasco, como se algo me chamasse por dentro.
— Aslam? — dissemos eu, Lúcia e Bella.
— É o Aslam! Ele está bem... ali — disse Lúcia chamando a atenção dos outros, mas Aslam sumiu. "Como?", pensei.
— Está vendo agora? — perguntou o anão com ironia.
— Eu não sou louca — respondeu Lúcia. — Ele estava ali, queria que o seguíssemos.
Todos ficaram olhando, desconfiados.
— Eu sei que existem vários leões nesse bosque, como aquele urso — começou Pedro, tentando tirar a ideia da cabeça da Lúcia.
— Eu reconheço o Aslam quando vejo ele — retrucou a Pevensie caçula.
— Ela tem razão, eu e Rayssa também o vimos — afirmou Bella, dando um passo à frente.
— Olha, não estou afim de pular de um penhasco, atrás de alguém que não existe — disse o anão.
— Na última vez que não acreditei na Lúcia, acabei fazendo muita burrice depois. — Lembrou-se Edmundo.
Pedro ficou pensativo, olhando o outro lado da floresta e depois olhando para nós.
— Por que não vi o Aslam?
— Talvez não estivesse olhando — supôs Lúcia.
— Desculpa Lu. — Foi a última coisa que Pedro falou antes de voltar a caminhar.
Dei mais uma olhada onde vi Aslam. Aonde está você?, era uma pergunta que eu não teria a resposta tão cedo.
Me virei e vi Edmundo me esperando. Ele fez um sinal com a cabeça para que seguíssemos os outros, e assim o fiz. Passei por Edmundo, sem ao menos olhá-lo na cara. Estava decepcionada com todos.
Continuamos a caminhada em silêncio até chegarmos no rio. Várias árvores estavam no chão. Ficamos atrás de alguns troncos para observar sem que nos percebessem. Havia dezenas de homens trabalhando ali e estavam construindo uma ponte sobre o rio.
— Talvez não tenha sido o melhor caminho a seguir — ouvi Susana dizendo à Pedro.
Eles me encararam e dei um sorrisinho de vitória. Nunca duvidem do meu Jesus, pensei.
Voltamos ao penhasco.
— Então, onde acham ter visto Aslam? — indagou Pedro a mim, Bella e Lúcia.
— Queria que parassem de tentar parecer adultos — falou Lúcia, perdendo a paciência.
— Eu sou adulto — comentou Trumpink, baixinho.
— Você é uma exceção — falei. Ele apenas me olhou.
— Estava bem a... — começou Lúcia, mas o chão onde pisava desabou, a levando junto.
— Lúcia! — exclamamos, correndo até onde Lúcia tinha caído.
— Aqui! — terminou ela, sentada no barranco que revelava uma trilha pela montanha.
Descemos o penhasco. Não demorou para os indícios da noite aparecerem.
Acendemos uma fogueira em um lugar aberto na floresta.
— O que faremos quando encontrarmos Caspian? — perguntei para ninguém em especial.
— Teremos que encontrar um esconderijo, juntar armas e montar um exército — respondeu Pedro, sentado ao lado de Bella.
— Você fala como se fosse fácil — falou Trumpink, com uma cara rabugenta.
— Não é impossível — retrucou Pedro.
— Acreditam mesmo que pode voltar a ter paz de verdade?
— Sempre há esperança, mesmo que tudo pareça perdido — disse Bella, olhando para o chão e sorrindo.
Ficamos em silêncio.
Rayssa
Não é tarde para se sonhar, o céu ainda é azul, há esperança. É só olhar no olhar de uma criança, no sorriso de uma mãe que deu à luz.
Bella
Não é tarde para se sonhar, o céu ainda é azul, há esperança. É só olhar no olhar de uma criança, no sorriso de uma mãe que deu à luz.
Rayssa
Ouvirei os testemunhos de bravos homens que venceram.
Bella
Ouvirei dos cegos que ainda esperam a visão.
Rayssa
Ouvirei canções que marcam toda uma geração.
Rayssa e Bella
Não é tarde pra sonhar.
Minha força vem de um Deus que faz milagres.
Minha fé está além do impossível. Minha esperança está viva, meu coração não quer parar, pois nunca é tarde, não é tarde para se sonhar.
— Que linda essa música — disse Lúcia, com lágrimas nos olhos.
— Aprendemos essa música quando nosso pai foi para guerra — contou minha irmã. — Temos esperança de que ele volte.
Ficamos mais uma vez em silêncio.
— Eu vou dormir — disse Trumpink, se deitando.
— Eu também vou — falei e me deitei em um lugar mais aconchegante.
Depois que todos se deitaram, senti minha garganta queimar e lágrimas começaram a brotar dos meus olhos.
— Rayssa — ouvi Ed me chamar. Me virei para ficar de frente para ele. — Tudo bem?
— Tudo — falei secando as lágrimas.
— Por que está chorando?
— Sempre fico assim, quando falo do meu pai. Sinto falta dele — fiz uma pausa para respirar.
— Eu te entendo. Também sinto falta do meu — ele disse, dando um sorriso triste.
— Eu tinha oito anos quando ele foi intimado para a guerra. Foi muito difícil o dia em que ele partiu — senti as lágrimas virem mais fortes. — Desde aquele dia, não consigo falar muito sobre ele sem chorar — desabei por completo.
Edmundo se deitou do meu lado e me abraçou.
— Estarei aqui sempre que precisar — disse Edmundo, perto do meu ouvido.
— Obrigada — agradeci em um sussurro. Me deitei em seu peito.
Meus olhos começaram a pesar e tudo ficou escuro.
Acordei com Pedro nos chamando.
— Acordem! A Lúcia sumiu.
— Ai meu Deus! — exclamou Bella, se levantando. Pedro pegou suas coisas e começou a procurar Lúcia.
Me levantei, seguida por Edmundo. Pegamos nossas coisas e começamos a procurá-lá. Ouvi sons de espadas se chocando.
— Por aqui — falei, seguindo o som.
CONTINUA...
Hellow pessoas, está mais um capítulo para vocês.
Comentem e votem pra me ajudar. Até a próxima. Tchau!
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