# 𝐬𝐢𝐱
Demorou um pouquinho, mas finalmente tá aqui a atualização!
Queria deixar só um pequeno aviso aqui, as músicas da banda do Akkun são todas do Roar! Acho a vibe legal e combina com a dinâmica dos personagens, como também da fanfic. Talvez ocorra de eu também pegar de um artista/banda diferente alguma hora, mas por enquanto é fixamente essa!
Aproveitem que o capítulo tá delícia, peço desculpas antecipadamente por qualquer erro ortográfico que eu não tenha visto.
Boa leitura! ♡
CW: Consumo de bebidas alcoólicas, drogas ilícitas, conteúdo sexual.
[Nome]
Meus olhos se abrem e se encontram com o quarto banhado ao sol, me levando a perceber que as portas de vidro da sacada amadeirada estavam abertas, disponibilizando aquela luz aconchegante no domingo.
Ainda sentia braços e um busto contra meu dorso, me aconchegando na cama enquanto a respiração saía calmamente, deduzi que ainda estivesse dormindo. Não deixei de notar que ele sequer desgrudou de mim, ainda estava tão próximo e talvez continuaria assim até que um dos dois decidisse se levantar. Cocei meus olhos, bocejando pelos leves resquícios de sono ainda se fazendo presente, e pelos meus movimentos, Takashi acabou despertando e afrouxando o aperto em meu tronco.
Aproveitei para me virar e ficar de frente para ele, escondendo meu rosto em seu peitoral, acabando nem percebendo como a cara dele estava, visto que meus olhos estavam fechados novamente.
— Bom dia — sou a primeira a dizer, com a voz carregando rouquidão.
— Bom dia — responde, quase de forma desajeitada.
Parecia que ele não tinha uma noite de sono assim há dias, visto que aparentava nem querer sair da cama. Acabou gerando algumas questões em minha cabeça sobre a saúde dele, já que eu não só me lembrava que suas olheiras estavam cada vez piores, como também dos machucados que misteriosamente apareciam, vendo em minha posição.
Eu não queria pressioná-lo, mas ele não me falar nada levantava dúvidas agonizantes. Queria que ele pelo menos pudesse me tranquilizar de que ele não é o alvo de algum planejamento sangrento.
— Dormiu bem? — pergunto, ele assente em resposta.
— E você? A cama do dormitório chega a ser mais confortável que a minha? — brinca, me fazendo inclinar a cabeça para trás e encará-lo.
— Na cama do dormitório eu fico sozinha, então não.
Seus olhos estão presos nos meus, mostrando a expressão de sonolência quase o chamando para dormir novamente, mas ele lutava contra isso e se forçava a abrir os olhos novamente. Tratei de me afastar segundos depois, resultando nos seus braços desfazerem o aperto aconchegante, logo estendi minha mão para pegar minha bolsa, que por sorte estava na cama, desbloqueando a tela e vendo que não passava das dez horas. Achei mesmo que dormiria até mais tarde que isso, mas de qualquer forma é domingo, não tinha quase nada para fazer além de cumprir com o meu compromisso de aparecer no show do Akkun com a banda na Swanky Rooftop.
A Swanky Rooftop é o que eu considero uma espécie de clube. A favorita para quase todas as pessoas de minha idade, principalmente as que estudavam na UCLA, além de ser um local que nos disponibiliza as melhores bebidas e um local que poderíamos nos sentir cada vez mais à vontade para abusar do álcool, também contava com uma piscina espaçosa nos fundos.
Já foi meu lugar favorito, aos dezoito anos.
— Tenho que voltar — digo, encarando-o ao guardar o celular de volta na bolsa.
— Ah… Merda — ele resmunga, esfregando levemente o próprio rosto com as mãos — Volta pra cá, [Nome], tô morto pra caralho.
— Você não precisa me levar — libero um riso nasal.
— Eu não vou deixar você ir sozinha, eu tava brincando — responde, imediatamente olhando para mim — É domingo. Tem alguma coisa pra fazer agora?
— Não, não… É que eu imagino que você não queira alguém perambulando pela sua casa quando você pode aproveitar pra descansar.
— Eu não ligo se esse alguém é você — cerra as sobrancelhas — Cê pensa demais.
— Eu só não quero incomodar, Takashi.
— Você não me incomoda — afirma — Saberia, se fosse o caso.
Eu poderia até acreditar em suas palavras, visto que além dele me chamar pra sair, ele estava sugerindo indiretamente que eu ficasse mais um pouco. Contudo, eu também sentia que precisava me livrar dessas roupas e tomar um banho, até porque eu teria que estar no dormitório pelo menos antes das nove para ter tempo de me arrumar. Takashi disse que tentaria ir, o que me levava a pensar que ele teria alguma coisa pra fazer e eu realmente não podia ficar.
— De qualquer forma, eu preciso voltar pra tomar um banho e comer — argumento.
— Já entendi — ele libera um riso fraco.
O arroxeado começa a se espreguiçar antes de se levantar, fazendo com que Liu se agitasse quando notou, não demorando para acompanhar o dono para fora do quarto, provavelmente iria ao banheiro para escovar os dentes e lavar o rosto. Nesse meio tempo, aproveitei para calçar meus coturnos e pegar meu casaco, deixando-o pendurado em meu antebraço. Ainda aguardando Takashi, não deixei de vasculhar um pouco pelos aplicativos de meu celular, me deparando com o Direct do Instagram lotada com mensagens de alguns veteranos e calouros, parte deles fazendo parte do time de futebol. Dentre eles, Jake também estava na espera de minha resposta.
A mensagem dele foi enviada à meia-noite, bem no momento que eu dormia nos braços de outro cara.
“Hey! Você vai na
Swanky Rooftop?”
Merda!
Ele realmente iria? Não que fosse um problema que me fizesse desistir de comparecer, mas eu não tenho certeza se ele aceitaria ganhar um fora, mesmo sendo um cara que sempre me tratou bem, ainda sim nunca recebeu um não, e não podia me esquecer que, embora tínhamos um lance casual, não nos conhecíamos tão bem assim. Talvez ele teria que ter uma primeira vez.
Jake é um cara com um estereótipo extremamente padronizado. Loiro de olhos azuis, vice-capitão do time de futebol americano, sendo o alvo de várias alunas da universidade, o que também lhe dava o título de um dos rapazes cobiçados da UCLA. A lista principal sendo voltada para as lideres de torcida, ou seja, eu sou uma pessoa que ele estava de olho antes, e sempre que podia, estava vindo atrás de mim pra transar.
Eu realmente não ligava para a última parte. Jake e eu nunca demonstramos um interesse a mais do que somente sexo, e isso tudo começou no ano passado, iniciando apenas com encontros em festas e conversas naturais, até eu decidir abrir porta para ele avançar um passo mais intimo comigo. Foram experiências legais, realmente Jake sabe o que faz, mas eu preferia deixar para aproveitar com quem está de volta agora. Alguém que consegue me causar um efeito maior é melhor do que ele.
“Eu vou.
Não perco um
show do Akkun nunca.”
Ao enviar a mensagem, Takashi apareceu no quarto, avisando que já estava pronto. Eu não enrolei para me levantar do colchão e me direcionar à entrada do quarto, sabendo que ele viria logo atrás. Ele me deu um capacete antes de irmos ao elevador, chegando ao estacionamento segundos depois, e então, subimos na moto e a corrida começou até a universidade.
Durante o trajeto eu ainda pensava que teria algumas horas para ficar tranquila até o show de Akkun acontecer, e já imaginava que ele iria querer uma comemoração pelo evento incrível que daria. Não é a primeira vez que ele se apresentava em público com a banda, já conhecia bem meu melhor amigo, além disso, a banda teve planejamento de início quando ele tinha apenas dezessete, e na faculdade isso levou a levantar oportunidades de ouro. Para a sorte dele, os pais o apoiavam, mesmo que isso também pudesse trazer riscos, é o sonho dele.
Uma parte de minha mente ainda entrava em detalhes de cenas que poderiam ocorrer, enquanto a outra apenas cogitava continuar em minha cama dormindo debaixo das cobertas até dar a minha hora de ir para a aula e começar mais uma semana que consumia minha energia a cada dia.
Quando paramos em frente ao campus, desci da moto e entreguei o capacete de volta pra ele, este que levantou a viseira, deixando a jóia brilhante de sua sobrancelha aparecer, enquanto seus olhos faziam questão de colocar pressão nos meus. Eu sorri de canto para ele, que continuou com a expressão neutra, talvez pensando em dizer alguma coisa ou esperando que eu fizesse isso.
— Eu gostei muito de ontem — finalmente digo — É bom saber que ainda existem homens que sabem como agradar — brinco.
— Eu ainda pretendo fazer melhor que isso, na próxima.
— Vai ter uma próxima vez, então? — cerro levemente os olhos.
— Vai, [Nome] — afirma — Te vejo depois.
Ele não esperou que eu dissesse alguma coisa, mas pude enxergar um sorrisinho em seus lábios antes de abaixar a viseira escura mais uma vez, acelerando quando deu partida. Um frio na barriga se instalou em mim, me dando sinais de como aquilo chegou a me desestabilizar pelos próximos segundos que fiquei plantada em frente ao portão do campus, agora me pegando pensando em como seria essa “próxima vez” que ele acabou de confirmar.
Meus pés seguiram o caminho de sempre até meu dormitório, me deparando com a cena de Yuzuha dormindo com a mão esquerda sobre a barriga e o braço direito acima da cabeça, não disponibilizando a visão de sua face por se encontrar virado ao lado oposto. Já estava tão acostumada com esse quarto tendo apenas a mim ocupando-o que acabava me assustando quando a via.
Aproveitei para tomar um banho e me higienizar de maneira que fosse me deixar mais à vontade para seguir com meu dia-a-dia. Pensei que poderia me exercitar um pouco mais tarde, mas acabei me lembrando que fiz isso durante a semana para seguir com o meu papel de uma das integrantes das líderes de torcida. Embora eu não fosse a capitã e tivesse um bom físico para garantir esse título em uma das participações do meu diploma da faculdade, ainda sentia que precisava me esforçar mais ou acabaria falhando. A treinadora poderia chamar minha atenção, ou até mesmo Yuzuha, que é a capitã.
Bom… Ela nunca fez isso, mas nunca se sabe.
Quando terminei, vesti uma blusa com alça fina em tom de azul-pastel, na parte de baixo, optando por uma calça larga branca apenas para meu próprio conforto. Decidi que não faria nada até que chegasse a hora de me arrumar. Tratei de ir até a cantina para pegar alguma coisa para comer, encontrando alguns alunos pelo caminho e cumprimentando-os sem parar de caminhar. Peguei uma garrafa de água, preparando um prato com poucas quantidades de panquecas carameladas e um pouco de chantilly em cima, acompanhado de algumas amoras. Ótimo para sobreviver até o almoço em meu estômago, ao menos.
— Hey! Eu tava te procurando — uma voz familiar rebate em meus ouvidos, me fazendo levar o olhar até o tal, e então, encontrando com Jake — É incrível como você sempre tá bonita.
Eu deixei um sorriso um tanto sem graça surgir em meus lábios. Não é a primeira vez que ele me elogia, o que é óbvio, como também não é a primeira vez que o encontro suado usando apenas uma bermuda de esporte, tudo indicava que ele estava voltando de uma sessão de treinos na academia. Os músculos estavam mais definidos, o abdômen molhado de suor e deixando os gominhos exageradamente chamativos, além das pernas não se encontrarem em um estado diferente. Se eu não tivesse com Takashi na cabeça, eu com certeza estaria babando agora.
— Obrigada, Jake. Você também não tá ruim — brinco, fazendo-o rir enquanto leva as mãos aos quadris — Puxou muito peso hoje?
— Ah, tudo dentro da rotina — dá de ombros — E… Você só vai comer isso? — ele aponta para a minha bandeja.
— Bem… Sim. Na última vez que peguei mais que isso, os números mudaram — libero um riso fraco — É importante eu continuar mantendo o equilíbrio.
Jake desfez o sorriso, parecendo um pouco pensativo enquanto me encarava. Eu sabia exatamente o que ele queria me falar, mas estava óbvio que se manteria calado. Talvez estivesse com receio de opinar sobre, visto que não temos nada e também não é problema dele. Realmente prefiro que ele fique quieto se realmente estava pensando em comentar algo sobre.
Na vez que comi aqui com Chifuyu e Keisuke, na esperança de que seria apenas algumas calorias, que logo seriam queimadas, eu me arrependi de ter colocado meus pés na balança essa semana. Eu não podia exagerar.
— Te vejo por aí, Jake — imediatamente encerro o assunto, antes que ele diga alguma coisa que possa me deixar desconfortável.
— Ah, sim… A gente se vê.
Me direcionei à mesa mais próxima, deixando minha bandeja encima e abri a garrafa quando me sentei, dando três longos goles para poder dar início à minha refeição hidratada, não enrolando para começar a me alimentar de pouco em pouco com os pedaços presos no garfo, sentindo o caramelo se espalhar em minha língua e adocicar minha boca. Acabei passando minha língua por meus lábios para expulsar o excesso.
— Posso sentar com você?
Eu ergui o olhar para ver quem é, me deparando com Arya. Eu raramente a via por aqui, o que me levou a deduzir que é nova, provavelmente foi transferida e desde então começou a sair com o Mikey, já que também comecei a vê-los juntos a partir daquela noite na praia.
— Claro — sorri gentilmente, ela retribuiu quando se ajeitou no banco.
— Como você tá? O TCC tá te fazendo perder a cabeça, também? — pergunta, deixando um riso fraco escapar antes de morder um pedaço da torrada recheada.
— Ah, nem me fale — balanço a cabeça em negação — Eu passei a semana toda com a cara enterrada na tela do meu notebook, tive que apelar pra aspirina. Mas eu tô bem, sim.
— Como eu te entendo… — ela suspira — Mas isso faz parte da vida de qualquer universitário, infelizmente. Tenho certeza que você tá se saindo bem.
— Espero que você esteja certa — comprimi levemente os lábios, dando mais uma garfada em minha panqueca após — Você cursa o quê mesmo?
— Veterinária. Meu amor por animais evoluiu pra melhor.
— Isso é ótimo! Vejo você sendo uma ótima veterinária — afirmo, sorrindo largamente — Quando eu tiver um bichinho, eu com certeza vou levar ele até você quando adoecer.
— E vai ser um prazer cuidar dele com muito amor e carinho.
Nós duas rimos antes de continuar a refeição, deixando o silêncio nos fazer companhia. Embora a presença dela fosse agradável, ainda é estranho estarmos juntas tomando café da manhã, eu sei que é graças ao Mikey que ela está fazendo parte de nosso grupo, mas acabei me perguntando se ela não teve algum interesse de se unir a nós antes de se envolver com ele.
— Você e o Takashi estão juntos? — ela pergunta na lata, quase me fazendo engasgar, mas imediatamente parei de mastigar para que isso não acontecesse — Desculpa, eu não quis ser invasiva — ela se apressa a dizer, aparentemente notando minha reação.
— Não, tudo bem — balanço a cabeça em negação, pegando a garrafa e dando outro gole na água antes de respondê-la — Nunca estivemos juntos.
— Entendi — libera um riso nasal — Ele parece gostar de você.
— É, talvez… Eu não sei, na verdade — deslizo a língua em meu lábio inferior, desviando o olhar após — Eu não entendo muito o que passa na cabeça dele.
— Garotos são complicados.
— Realmente — a encaro — E você e o Mikey?
— Estamos nos conhecendo.
— Vocês são fofos juntos.
— Eu não diria isso — seu tom sai sugestivo, porém o que me faz perceber certa malícia é seu sorriso.
— Ah, não… Não quero imaginar um dos meus melhores amigos transando, por favor — ela solta uma risada com a minha resposta.
Arya e eu mudamos o assunto antes que aquilo se aprofundasse, o que sequer me fez perceber o tempo passar enquanto continuávamos a refeição. Ela conseguiu me prender tão facilmente na conversa que às vezes esquecia que estávamos na cantina da universidade, mas eu não achava isso ruim. Pelo contrário, eu pude conhecê-la melhor e entender o motivo do Sano ter seu coração rendido por ela. Arya parecia ter paixão pelo que fazia, assim como eu, que além de me dedicar a fundo no curso, também fazia meu próprio dinheiro com minhas artes, o que também servia de ótima ajuda para me manter e seguir com minhas próprias pernas.
Joguei as sobras no lixo quando terminei e deixei a bandeja no lugar, me despedindo da garota antes de voltar ao meu dormitório. A cama vazia e bagunçada de Yuzuha me levou a conclusão de que ela estava no banheiro se higienizando. Relaxei na cama e peguei meu notebook para ver se encontrava alguma coisa interessante na internet, e conforme eu rolava na página inicial da Netflix, o som da notificação do meu celular me fez parar.
Não tardei em pegar o aparelho, visualizando a mensagem de Akkun.
“Acha que eu fico
mais gostoso com
essa regata ou essa
camiseta?”
Acima da mensagem estavam duas fotos dele no espelho segurando o celular com a destra, sentado desleixadamente em sua cadeira preta com rodinhas; a primeira mostrava seu corpo com uma calça cargo militar e suspensórios nas laterais, enquanto vestia a regata preta, dando destaque às tatuagens que cobriam a pele. Já na segunda, usava uma camiseta larga da mesma cor, as mangas na altura dos cotovelos.
“A camiseta me faria
prestar atenção em
você em uma festa,
se não fôssemos
amigos.”
“Okay!”
“A regata, então.”
“Vai se foder, Akkun!”
“Eu também te amo! ♡”
Ouvi a porta do banheiro se abrir, me fazendo bloquear a tela do celular quando me deparei com a Shiba. Ela sorriu, ainda parecendo sonolenta, caminhando até sua cômoda enquanto bocejava.
— Bom dia, vadia — é a primeira coisa que ela fala, enquanto checa o celular.
— Bom dia — respondo — Que raro te ver aqui.
— Ah, pois é… — a expressão dela mostra um pouco de seriedade quando ouve o que eu disse — Uma hora ou outra eu tenho que ocupar minha cama.
— Ainda é estranho… Você sempre evita dormir aqui — tombo a cabeça para o lado — Tá tudo bem?
— Lógico que tá — ela revira os olhos, me encarando após — Eu só queria… Ficar aqui um pouco. Mas também foi surpreendente não te ver aqui.
— É, eu tava com o Takashi — respondo, simples — Mas eu não dei pra ele, antes que você pense alguma merda.
— Sei… — ela deixa um sorriso de canto surgir em seus lábios — Eu realmente fico feliz que vocês dois estejam bem.
A Shiba pareceu sincera dessa vez, mas algo em seu olhar ainda me dava receio. Não parecia que ela estava de mau humor, contudo, ela também não parecia estar em seu melhor dia. Geralmente, ela ficava mais saltitante e animada ao acordar, principalmente quando estava com Kazutora. E claro, ele acabou sendo uma possibilidade em minha cabeça.
— É… Eu também — finalmente respondo — Yuzu… Tá tudo bem mesmo?
A acastanhada demorou um pouco para me responder, aparentando procurar as palavras certas para isso. Eu não insistiria se ela não quisesse conversar, mesmo que minha preocupação aumentasse.
— Vou ficar, [Nome] — seu sorriso agora é mínimo — Mas obrigada por se preocupar. Você é uma fofa.
— Eu só quero que saiba que eu tô aqui quando precisar.
Yuzuha se aproximou de minha cama e segurou meu rosto, deixando um beijo no topo de minha cabeça. Seu sorriso ainda continuou nos lábios, fraco, mas estava ali, similarmente mostrando um pouco de cansaço em seus olhos inchados, que preferi acreditar que estavam assim por ter acabado de acordar. Eu sei que não adianta muito pensar nisso, mas eu também não podia forçá-la a falar de algo que não me diz respeito.
— Eu também, okay? Pode contar comigo sempre — afirma, se afastando seguidamente — Eu vou comer. Temos um show pra ir mais tarde e eu preciso estar saudável durante o dia pra aparecer lá e arrasar.
Uma coisa que sempre conseguia me surpreender é a mudança rápida de humor da Shiba. Não só isso, mas ela sabia disfarçar tão bem que nem mesmo parecia se abalar com alguma coisa. Sei disso porque já flagrei ela caindo em lágrimas sozinha no período que Takashi estava atrás das grades. Ela fazia questão de colocar ânimo em nossos dias mesmo com o que aconteceu, mas eu soube que ela estava se punindo quando consegui chegar a tempo para vê-la soluçando e pedindo ao universo por alguma ajuda.
Nunca comentei disso com ela. Eu não precisava lembrá-la desse sufoco.
Eu estava sozinha no quarto novamente, maratonando alguns episódios de The Witcher, vez ou outra checando o celular. Eu e Takashi trocamos poucas mensagens durante o dia e nada dele me confirmar se iria ou não, o que me levou a pensar em uma resposta negativa. Yuzuha ficou um pouco no quarto mexendo no celular, mas não durou muito tempo até ela sair mais uma vez e não voltar.
Tomei um banho antes de me vestir. A roupa escolhida foi um body preto transparente de mangas compridas que fechava bem na parte íntima com um botão, meus seios eram cobertos com um top da mesma cor. A saia ajustável com cordas nas laterais não continha um tom de cor diferente. Sempre achei que o preto combinava comigo, vendo meu armário, conseguia encontrar raras peças de outras cores. Nos pés, optei pelo meu Ankle Boot Week Shoes Nobuck de cano médio, também preto com o zíper dourado, contudo, a cor vermelha na parte interior podia ser levemente visível.
Ajeitei meu cabelo, mas o deixei solto, não demorando para cuidar da maquiagem. Base, pó e corretivo para esconder as imperfeições faciais, blush em tom rosado nas maçãs das bochechas, iluminador no canto dos olhos e no formato central do nariz, sombra amarronzada nas pálpebras e abaixo da linha d'água, delineador com o clássico formato simétrico de gatinho, não esquecendo do lápis de olho e do rímel, por fim, protetor labial.
Embora eu não fosse fã de me rebocar com maquiagem em meu rosto, em algumas ocasiões eu ainda achava que fosse válido, principalmente quando queria me sentir mais bonita. Deixei uma lâmina bucal no céu da boca, sabendo que meu hálito ficaria mais refrescante, e para prevenir acabei deixando o pacote em minha bolsa.
Só me considerei pronta depois de espirrar um pouco do perfume da Chanel nas laterais de meu pescoço e nos pulsos, sentindo o aroma de Coco Mademoiselle preencher minhas narinas.
Takuya bateu em minha porta minutos depois da minha confirmação por mensagem, ao abrir a porta eu me deparei com um loiro vestindo uma calça jeans preta, camiseta branca e por cima um casaco esverdeado. Seu cabelo estava preso em um coque desajeitado, com duas mechas soltas nas laterais.
— Você é mesmo a [Nome]? Acho que vim pro quarto de uma modelo por engano — ele brinca, me arrancando uma risada fraca antes de fechar a porta.
— Se esse é o seu jeito de falar que eu tô bonita, então obrigada.
— Bonita? [Nome], você tá gostosa pra caralho — ele ergue levemente as sobrancelhas — De verdade, não me impressiona que você tenha uma fila de caras atrás de você.
Eu sorri largamente enquanto trancava a porta, deixando as chaves junto de minhas coisas na bolsa, em seguida o encarei sem saber muito bem como reagir aos elogios exagerados. Ele poderia estar certo, bem, uma parte do que ele disse realmente não estava errado, mas eu acredito que é mais por eu ser uma estudante com uma boa reputação na UCLA, e por isso, eu acabava chamando atenção. A maioria dos caras daqui não estavam querendo uma garota para ficar ou namorar, eu diria que eles queriam um objeto sexual para se exibir aos seus amigos.
— Vamos antes que o Akkun coma nós dois vivos.
— Eu acho que isso não seria muito legal — o Yamamoto faz uma breve careta, se juntando a mim no caminho.
— Eu tenho certeza que não.
Alcançamos o elevador, não demorando até descermos à recepção do prédio, seguindo até a entrada do campus posteriormente, encontrando a Mercedes-AMG EQS 53 preta, com um brilho de doer os olhos, estacionada, a qual teve o banco do passageiro ocupado por mim, enquanto o do motorista contava com a presença de Takuya. Ele seguiu o caminho com direito a um atalho para chegarmos mais rápido, enquanto isso, entrando em um assunto aleatório durante o trajeto até chegarmos em frente ao clube. Pumped Up Kicks, Foster The People era audível com um grave estridente, visto que é possível ouvir da esquina.
Saímos do veículo quando o loiro encontrou uma vaga, seguindo rumo à entrada. Só por fora já estava consideravelmente lotado, dentro do clube eu conseguia sentir um pouco abafado pela quantidade de pessoas. Eu e o loiro tivemos nossa atenção roubada por um assobio, vendo que Draken é o responsável pelo som alto, este acenava para nós dois da mesa que estava sentado com os outros no canto. Nos apressamos para chegar até eles.
— Oi, gente — aceno com a destra, me sentando no espaço vago ao lado de Chifuyu — Vocês chegaram faz tempo?
— Não, acho que faz uns vinte minutos que a maioria tá aqui — Emma responde.
— Pelo menos não estamos atrasados — Takuya comenta, sentando-se ao lado de Takemichi.
— Eu daria tudo pra uma rodada de shot agora — Yuzuha disse, com os olhos vidrados no cardápio.
— E eu quero uma cerveja bem gelada — Draken decide.
— Acho que vou escolher um coquetel de morango com vodca — Emma começa a escolher junto aos outros — O que você acha? — ela encara o loiro ao seu lado.
— Pode pedir, eu pago — ele dá de ombros — E nem vem falar que não. Eu não vou deixar você gastar seu dinheiro com essas coisas.
— Como se eu tivesse alguma escolha, né, Draken — a mais nova revira os olhos.
— Meu amor, pode passar dez, vinte, trinta anos e eu ainda vou te bancar — ele sorri de canto — Eu sei que você é independente, mas eu quero que você gaste com o que você precisa. O resto deixa comigo, okay?
Consegui ver que Emma estava se segurando para não sorrir, mas quando seu namorado fez questão de deixar o dele aparecer, ela acabou não se contendo e deixou um selar nos lábios deste, que pareceu até se sentir vitorioso com a reação que ela teve.
— Aprende, Kazutora — Yuzuha provoca o Hanemiya, que revira os olhos e balança a cabeça em negação.
— Você é uma falsa! Toda vez que eu me ofereço pra pagar alguma coisa eu sou apedrejado — estala a língua — Só falta jogar praga em mim.
— É meu jeitinho de demonstrar gratidão — ela brinca.
— Porra… Se esse é seu jeito de agradecer, eu não quero nem saber como você demonstra amor.
— Ah, isso você já sabe — responde, sugestiva.
— Okay, chega! Chega… — Inui imediatamente interrompe, fazendo uma leve careta enquanto olha o cardápio — Acho que não vou beber nada alcoólico, por enquanto.
— Eu vou começar com dois shots — Senju disse — Preciso esquentar um pouco o meu sangue.
— Vou acompanhar o Draken na cerveja — agora Mikey escolhe.
— Vou escolher gin tônica com xarope de rosas — finalmente escolho — Vocês vão pedir o quê? — pergunto ao restante.
— Sinceramente, o mesmo que o seu. Parece interessante — Arya disse.
— Cerveja também, não quero algo tão forte agora — Takemichi.
— Jack de maçã verde é uma boa — Takuya.
— Whisky com energético — Kazutora.
— Cerveja também — Baji.
— Eu já opto por uma Askov de limão — Chifuyu.
— Esse coquetel com gin, manga, curry e páprica é uma oportunidade de começar bem — Hinata escolhe, animada.
— Misericórdia! Que câncer, amor — Takemichi repreende, fazendo uma careta — Você é estranha.
— Disse o normal — a ruiva rebate.
— Vamos pedir logo — Inui apressa.
Draken chamou um dos funcionários que continha um bloco de notas, este que não demorou para vir em nossa direção, anotando rapidamente cada um dos pedidos, e só depois de confirmar que não queríamos mais nada, ele desapareceu de nosso campo de visão. Consegui vê-lo de longe chamar pelo barman, que se inclinou para frente na intenção de escutar melhor enquanto preparava uma outra bebida, assentindo com a cabeça quando entendeu, checando o papel com os pedidos anotados, que foi colocado no balcão após.
— O seu irmão vem? — Kazutora pergunta à Shiba.
— Acho que sim — responde, sem tanto interesse — Talvez na festa, quem sabe.
Foi estranho vê-la responder assim. Achei melhor não comentar nada, visto que acabei me lembrando de como estava a cara da garota mais cedo, sendo impossível não pensar que poderia ter acontecido alguma coisa desagradável entre os irmãos. Para Yuzuha ficar chateada, ele provavelmente deixou a teimosia dele falar mais alto.
— O Akkun provavelmente vai enfiar alguma ideia sexual pra essa noite — Takuya comenta.
— É a cara dele — respondo — Isso se ele não beber demais e acabar ficando ocupado com alguém invés de sugerir alguma coisa.
— Mas a gente não pode falar que são ideias até que boas — Emma disse, sorrindo largamente — Na última vez ficamos tão bêbados que acordamos na praia.
— Que nojo, eu precisei tomar uns cinco banhos pra tirar a areia do meu cabelo — Mikey responde.
— Você tá parecendo o Keisuke se importando mais com o cabelo do que com a própria saúde mental — Arya zomba.
— Ah, começou! — Baji dispara — Você sabe como é difícil manter o cabelo bem hidratado da forma que nos agrade completamente.
— Da mesma forma que também não é fácil ter um psicológico bom hoje em dia, pelo visto — Arya continua alfinetando, parecendo se divertir com a reação do moreno.
— Não liga, amor — Chifuyu disse, liberando uma risadinha fraca — Ela só tá brincando.
— Eu realmente me ofendi, tá? — Keisuke cruza os braços, cerrando os olhos enquanto olha para a garota, que apenas soube rir em reação.
A conversa prosseguiu até nossas bebidas chegarem, as primeiras sendo as cervejas e o refrigerante de Inui, já que essas bebidas em específico não precisavam ser preparadas no bar, logo depois de alguns minutos o restante foi servido. Cada um se enterrou em sua bebida, a maioria puxando o líquido pelos canudos, eu fazia parte desse meio, conseguindo sentir o gosto do limão-siciliano com laranja cobrir um pouco do álcool, dando um sabor mais adocicado. Tinha em mente que mais um desse provavelmente faria eu me sentir alegre.
A música parou enquanto conversávamos na mesa, dando algumas risadas com certos assuntos, mas paramos para prestar atenção no palco quando foi anunciado que a banda se apresentaria em cinco minutos. Ainda era possível ouvir algumas vozes enchendo o local, mas não dando continuidade nos diversos assuntos surgidos quando vimos um Akkun com uma guitarra e mais quatro deles.
A baixista: Robin, com cabelos crespos armados e rebeldes, uma das mechas da frente tingida de um loiro queimado, pele negra, não chegando a um tom tão forte. Sua anatomia é magra, e pela altura, julgava ter 1,70 para mais.
O segundo guitarrista: Andrew, as laterais da cabeça raspadas, os fios capilares são negros e a pele bronzeada. Seu sorriso mostrava uma confiança que não deixava nem um pouco a desejar, talvez seu charme principal para conseguir ser ainda mais atraente.
O baterista: Hunter, a pele pálida como folha e os cabelos também são pretos, quase chegando ao tom azul, provavelmente por tingi-los com frequência. As tatuagens tinham um forte contraste em seus braços visíveis. A expressão neutra, não nos deixando decifrar se estava somente nervoso ou internamente animado.
Por último, o tecladista: Jason, cabelos tingidos de loiros com a raiz escura, os fios, mesmo presos em um coque alto com poucas mechas soltas pelo rosto, ainda tendo um tamanho perceptivelmente grande. Ele também tinha um tom de pele moreno, mas não chegava perto da cor de Andrew ou Robin.
Não deixei de sorrir minimamente quando vi que Akkun estava com a camiseta que escolhi para ele usar. Pude perceber que a cabeça estava recém-raspada, mas o tom avermelhado ainda é perceptível.
— Boa noite, galera! Somos Delta 14! — Akkun anuncia, fazendo a plateia demonstrar sua animação por gritos.
“Ronnette, my dear, don't ever disappear
Do what you want as long as you stay here
I need you now, I love you so much
More than you could know.”
A voz de anjo do vocalista ecoa pelo local, gerando mais vibração energética das pessoas, algumas delas se levantavam para dançar, enquanto outras apenas curtiam cantarolando junto conforme entravam na onda contagiante da letra, com uma bizarra história, mas sendo impossível não achar incrível por ser soltada pela voz do garoto. Eu batia meus dedos na mesa ao ritmo da música, puxando o restante da bebida pelo canudo, vez ou outra cantarolando junto.
“You’ll change your name or change your mind
And leave this fucked up place behind
But I’ll know, I’ll know
I'll know, I’ll know
I'll know, I’ll know
I'll know, I’ll know.”
O show deu continuidade, cada vez mais intrigante e com uma energia incrível, ficando cada vez melhor quando as outras músicas continuaram a tocar depois da primeira. Os integrantes já estavam suados, visto que todos estavam cada vez mais intensos junto do ritmo enquanto tocavam junto com o vocalista. Cheguei a gritar em torcida quando a sensação boa aumentou, me causando um calor no sangue que me dava até mesmo vontade de dançar. Incrivelmente, isso só acontecia quando Akkun tocava com a banda.
Quando a apresentação chegou ao fim, eles demoraram para aparecer novamente, talvez estavam cuidando do suor e retocando algumas coisas em seus visuais. Não duvidava que eles estavam um pouco exaustos, porém eu também sei que o cansaço sumiria na festa, já que uma bebida sempre é uma boa oportunidade para nos manter elétricos.
Akkun veio até nossa mesa apenas com Robin, ambos riam de alguma coisa que eu mal fazia ideia enquanto tinham uma cerveja em mãos para cada. Pude perceber um Takuya com os braços cruzados, mantendo seus olhos fixos na garota. Ela pareceu ter notado, tendo em vista que acenou de maneira sugestiva ao loiro, arrancando um sorriso de canto dele.
— Que show do caralho, viu! — Takemichi comenta, já um pouco bêbado por causa da quantidade aumentada de álcool depois da sua primeira bebida.
— Vocês arrasaram, sério — Emma disse.
— Valeu, gente. É muito bom ter vocês aqui — Akkun responde, sorrindo com sinceridade — Agora o resto é lá em casa. Já tá geral indo pra lá. Vamos logo.
— Como imaginamos — Takuya nos lembra, arrancando algumas risadas.
— Os seus pais não estão lá? — pergunto, me levantando com os outros.
— Meus pais estão ocupados demais em uma viagem no Caribe — Akkun responde, dando de ombros — Mas eles também não ligam se eu faço a farra lá ou não.
— Queria eu ter pais tão tranquilos como os seus, Akkun — Chifuyu disse.
Os pais do meu melhor amigo eram do tipo raro no quesito amor. Eu conseguia enxergar que Akkun é a paixão dos dois, além disso, eles não só o apoiaram quando ele decidiu seguir o caminho da música, como também se dedicaram para fazer com que esse sonho se tornasse realidade para ele. E o melhor, foram eles que me ajudaram quando precisei de um pai e uma mãe de verdade.
Pagamos a conta antes de sairmos do clube, cada um seguindo para os veículos que os trouxeram até aqui, sem cerimônias para partir até a casa do Atsushi. Foi difícil para Takuya conseguir achar uma vaga, visto que outras pessoas estavam indo para o mesmo lugar, contudo, o loiro finalmente teve sucesso. Embora fosse um pouco longe da residência de nosso amigo, é melhor do que nada.
As pessoas já entravam apressadas na mansão. Party, Chris Brown, Usher, Gucci Mane tremia nas caixas de som, esta que eu pude ter certeza que não estava ligada há tanto tempo já que estava no começo da festa, da mesma forma que as LED’s coloridas foram ligadas, provavelmente, minutos atrás.
— Vai querer beber alguma coisa? — Takuya pergunta.
— Por enquanto, não.
— Tá bem. Vou procurar um energético e já volto — avisa, eu concordo silenciosamente com a cabeça antes de seguir até o enorme sofá esbranquiçado de canto.
Minha postura relaxou quando encostei no estofado confortável, a sensação boa fez meus olhos se fecharem, com a música dando vontade de dançar aos convidados, por agora eu já não tinha mais essa necessidade. Pensei no que Takashi poderia estar fazendo agora, visto que ele não foi na Swanky Rooftop. Acredito que acabaram precisando dele no trabalho, sendo mais uma desvantagem para me manter preocupada e me afundar nas diversas questões que surgiam em minha cabeça.
— Posso te fazer companhia?
Meu olhar se encontra com o de Jake mais uma vez, este tinha uma cerveja em mãos com o seu sorriso contagiante que fazia qualquer garota se derreter. Apoiei minha cabeça em minha palma, sorrindo de canto enquanto assentia. Ele se sentou ao meu lado, dando um gole na bebida.
— Curtindo?
— Acabei de chegar — respondo — Quem sabe uma hora eu me solto.
— Eu posso te ajudar com isso — ele sorri sugestivo, levando a mão até meu joelho para iniciar um carinho.
Sua proposta, embora fosse interessante, não vem da pessoa que tenho interesse. É como se qualquer um fosse apagado de minha mente depois do retorno de Takashi. Automaticamente, nenhum outro garoto me causava algum interesse, seja ele romântico ou carnal. Queria estar aqui com ele, e infelizmente — ou felizmente — , Jake não pode se responsabilizar por esse papel.
— Não tô afim, Jake — baixo o olhar, percebendo a mão dele parar com a carícia.
— Aconteceu alguma coisa? — seu tom agora demonstrava preocupação.
Eu sorri minimamente, colocando meus olhos nele mais uma vez.
— Eu só não quero mais — suspiro — Não me leve a mal, mas… Eu não sei se quero continuar com isso, Jake.
— Como assim, [Nome]? — ele cerra as sobrancelhas.
— Eu quero parar — explico, simples — Não tenho mais interesse em manter essa amizade colorida.
O loiro pareceu um pouco surpreso. Sua expressão não demonstrava tanta satisfação com a minha resposta, e era tão impagável que parecia que eu havia dito a coisa mais absurda que qualquer um pudesse imaginar. Nunca tivemos absolutamente nada, sequer discutimos uma vez sobre ter um relacionamento, então o mínimo é que ele entenda o meu lado. Eu prefiro abrir mão disso do que do Takashi, é uma decisão fácil demais para ser sincera.
— Atrapalho?
A voz grave interrompeu o loiro, soube que ele estava prestes a falar alguma coisa, mas um certo arroxeado chegou antes que ele pudesse me responder.
Falando no Diabo.
Como sempre, ele estava insuportável de tão lindo. A camisa bege clara com botões tinha a gola dobrada igualmente às mangas, que quase passavam dos cotovelos, por baixo uma calça cargo preta, calçando um par de converse da mesma cor nos pés. O mullet levemente bagunçado, mas conseguia deixá-lo dez vezes mais atraente.
— Não — respondo.
Uma animação voltou a preencher meu peito por vê-lo em minha frente. Ele pode não ter aparecido no show, mas pelo menos veio à festa. Acredito que ele ficou sabendo sobre esse compromisso pela boca de Hakkai, visto que Akkun o convidou para ir tanto ao show quanto à festa, talvez pedindo para ele passar o recado ao Takashi.
— Ah… — Jake ergue suas sobrancelhas, finalmente parecendo compreender o motivo de minha decisão — Já entendi — libera um riso nasal, se levantando após — Toda sua, cara.
— É, eu sei — Takashi afirma.
Sua resposta fez um rubor ser criado em minhas bochechas, o que rapidamente me fez desviar o olhar, me arrepiando um pouco. Essas palavras estavam ecoando em minha cabeça repetidas vezes agora, com a voz que me acalma e me dá conforto. Sei que não estamos juntos, mas ouvi-lo falar como se tivéssemos um compromisso me desestabiliza um pouco.
O mais velho se sentou depois que Jake seguiu por outro caminho, puxando meu rosto para deixar um selar em meus lábios, não parando só no primeiro, fazendo questão de deixar mais dois, que foram retribuídos por mim.
— Achei que não viria — comento, ainda com nossos rostos próximos.
— Eu disse que tentaria. Não deu pra aparecer no show, mas consegui vir pra cá — seus olhos analisam minha roupa, descaradamente deslizando a canhota, alguns dos dedos ocupados com anéis, por minha coxa e alcançando o ajuste da saia — Você tá linda — comenta, puxando o tecido um pouco para baixo — Você não economizou mesmo na saia curta.
— E por que eu deveria? — levo meu indicador e médio até sua mão, insinuando passos por suas tatuagens — Não quer que algum cara coloque os olhos nas minhas pernas? — provoco.
— Ninguém vai olhar pra você comigo aqui — responde, sorrindo de canto.
— Acho que você tá errado — insisto — E qual seria o problema, afinal? Não estamos juntos pelo que eu me lembre.
Takashi deixa a seriedade tomar conta de seu semblante, olhando bem no fundo de meus olhos como se quisesse enxergar a minha alma. Eu continuei com um sorriso sarcástico, na intenção de saber qual seria seu próximo passo. Acabei sendo surpreendida quando fui puxada ao seu colo, dando a oportunidade dele abaixar um pouco mais minha saia para que não ficasse tão curta como antes, e então, seus braços rodearam minha cintura.
— Quer dizer que se estivéssemos juntos, você seria mais comportada? — ele entra em minha onda, me arrancando uma risadinha fraca.
— Na verdade, eu seria bem pior — eu o atiço mais.
Takashi aperta minha cintura com uma de suas mãos, quase me tirando um arfar, contudo, fui mais forte e consegui segurá-lo. O sorriso sapeca continuava em meus lábios, realmente interessada em prosseguir esse joguinho. Não é a primeira vez que o via com ciúmes, e achava até atraente quando ele demonstrava. Da mesma forma que ele também achava quando eu rebatia suas respostas.
— Não tem motivo pra se irritar, certo? — meu tom soa cada vez mais desafiador.
Levei a destra até o ajuste de minha vestimenta, erguendo-a para ficar na mesma altura que antes, todavia, ele segurou meu pulso e me impediu de continuar minha pirraça, fazendo meu sorriso se alargar com essa atitude. Tinha me esquecido como é gostoso provocá-lo assim, uma parte minha diz que ele também gosta disso.
— Eu não faria isso se fosse você — ameaça, fazendo minha pele se arrepiar, novamente.
— Ou?
— É melhor ficar esperta.
Seu sorriso surge sugestivamente, mas me impede de responder qualquer coisa quando me beija. Eu mal consegui impedi-lo, seus lábios são tão viciantes que eu só segui o ritmo do ósculo, que por agora me causavam um calor imenso. Suas mãos faziam questão de me apertar contra ele, me deixando aprofundar o beijo com as línguas fazendo o mesmo caminho de encontro.
Minhas mãos seguram seu rosto, enquanto meu tronco se pressiona contra o dele para fazê-lo se encostar mais no estofado, a cabeça dele já se encontrava inclinada para trás, deixando o beijo tomar uma continuidade mais intensa. Ambos sentíamos o calor acumulado aumentar, esquecendo por alguns minutos que estávamos em meio de uma festa. Meu lábio inferior era puxado pelos dele, seu toque parecia devorar minha pele a cada aperto, causando um aquecer prazeroso em meu interior.
Minha língua passa por seu lábio inferior de forma provocativa quando nos afastamos por alguns segundos, mas ele me impede de parar completamente para voltar a juntar nossas bocas, repousando uma das mãos em minha nuca e puxando os fios com certa força, me tirando um gemido abafado contra sua boca, o qual ele percebeu e fez questão de aumentar a pressão do desejo.
Estávamos quentes. Takashi estava faminto, e eu… Nunca estive com tanto apetite como agora.
Era possível sentir o volume crescer na calça do mais velho, sendo fácil saber que estava excitado pela peça que usava, porém ele sequer pareceu se importar se estava óbvio ou não. Ele aparentemente queria que eu sentisse. Ele queria que eu soubesse como eu o deixava, da mesma forma que eu estava louca para ele descobrir como eu me encontrava sedenta.
— Não vou me responsabilizar pelo que vem depois, se continuar — ele avisa, com os lábios ainda próximos dos meus, puxando meu inferior com os dentes.
— Tomara — rebato.
Takashi devorou meus lábios mais uma vez, me puxando para mais perto, como se já não estivéssemos colados o suficiente. Sua mão livre começa a passear por minhas coxas durante o ósculo, me tirando vários arfares com a ansiedade formigando em meu sangue.
— Aí, vocês querem que eu disponibilize um quarto pros dois?
Imediatamente demos um fim na pegação quando escutamos a voz de Akkun. Ele sorria de forma maliciosa enquanto nos encarava. Eu e Takashi ainda estávamos tão mergulhados na sensação gostosa que nem chegamos a nos afastar totalmente. Na verdade, não é como se nós ligássemos pra alguma coisa agora.
— Nós vamos fazer um… pique-esconde um pouco diferente. Vão participar? — ele pergunta, parecendo animado — Eu ainda vou explicar as regras.
Aparentemente, ele não nos deu escolha, visto que afirmou que ainda explicaria as regras, contudo, eu acho que agora seria até mesmo interessante se realmente fosse do jeito que eu estava pensando. O arroxeado agarrado a mim também pareceu interessado, mas não disse uma palavra, somente assentiu silenciosamente.
Quando nosso amigo entendeu a confirmação, se apressou para abaixar o som. Me levantei com cuidado, ajeitando minha saia da maneira que estava antes, preferindo não verificar a reação de Takashi. Akkun conseguiu chamar a atenção de todos com um assobio, agora sem a música para atrapalhar seu anúncio.
— Escutem! — ele continuou a chamar a atenção do restante — Chegou a hora da brincadeira. A regra é clara: meninas se escondem e meninos procuram! Caso alguém queira trocar de papel, fiquem à vontade. Mas, adianto, o lugar que a pessoa tiver escondida vai ser o mesmo que irão desfrutar da companhia um do outro. Não vale trocar de esconderijo se for achado. E o mais importante: com consentimento, é claro — finaliza a explicação — Alguma dúvida? — ele olha em volta, não obtendo resposta, o que indicava que todos entenderam muito bem — Ótimo! Vamos, meninas, vamos dar um tempinho de cem segundos até todas se esconderem, vão saber que estamos procurando quando a música aumentar de volume.
Eu e Takashi fixamos o olhar um no outro, aparentemente pensando a mesma coisa, mas logo a atenção foi desviada quando percebi que ainda estavam resolvendo sobre a participação. Alguns casais decidiram não entrar na brincadeira. Quando finalmente chegaram a uma conclusão, nos foi avisado para seguirmos rapidamente até algum esconderijo.
Okay, nessa mansão tem lugar de sobra, mas com a quantidade de pessoas que estavam aqui, seria provável de escolhermos o mesmo lugar acidentalmente.
Tratei de me apressar até as escadas, sentindo meu coração batendo forte no peito quando cheguei ao corredor, encontrando com algumas garotas, estas apressadas demais para prestar atenção em mim, eu aproveitei para seguir em direção a um dos quartos, fechando a porta devagar antes de decidir escolher me esconder debaixo da cama. Suspirei, sentindo meu sangue esfriar de repente.
Passado alguns segundos, ouvi a porta se abrir, me fazendo travar imediatamente. Ela não se fechou, aparentemente foi pelo desespero, mas com a quantidade de portas abertas naquele corredor poderia passar despercebido. Consegui enxergar o converse vermelho, se apressando para ir até as cortinas, os pés desapareceram, provavelmente estava sentada no apoio da janela. Eu mal sabia quem era, mas esperava agora que nenhum cara a encontrasse tão cedo, já que eu não queria presenciar uma cena de sexo ao vivo.
Mais segundos torturantes e silenciosos se passaram até a música ser aumentada novamente, indicando que os rapazes já iniciaram sua busca como um bando de lobos predadores atrás das pobres ovelhas. Tive que segurar até mesmo minha respiração quando ouvi diversos passos subindo pelos degraus da escada, contudo, não consegui ver ou ouvir alguém entrar no quarto.
Minha tranquilidade não durou muito quando ouvi pés se arrastando pelo carpete, me fazendo levar a destra até meus lábios, vendo-o parar em frente a cama, aparentemente analisando, contudo, ele seguiu por outro caminho, talvez pensando ser óbvio demais, e então, se aproximou das cortinas, a mesma na qual a garota estava escondida, não demorando para puxar o tecido com força, fazendo um grito de surpresa da garota ecoar pelo cômodo. Senti que pude respirar mais aliviada, visto que eu não fui encontrada.
— Merda, Mikey!
Imediatamente arregalei os olhos quando reconheci a voz de Arya. Mikey a encontrou, para a sorte de ambos, e talvez para o meu azar, já que eu sabia o que aconteceria pelos próximos minutos.
— Não acredito que foi tão fácil — ele disse, entre as risadas.
Analisei ele se aproximando de Arya, parecendo encaixar seu quadril em meio às pernas dela. Eu só conseguia enxergar os pés dele, o que me levava a deduzir que ela ainda estava sentada na janela.
— Anda logo, antes que eu mude de ideia — ela ameaça.
— Com prazer, amor.
Levou apenas alguns segundos até que eu escutasse sons sugestivos de arfares e beijos, não demorando até o som se transformar em zíperes se abrindo com o cinto afrouxando, e então, os gemidos começaram junto com as respirações ofegantes. Fiz uma leve careta, agora torcendo para conseguir sair dali sem ser pega, me perguntando repetidas vezes se esses dois não se importavam com a porta aberta, mas talvez eles pensassem que os outros estariam ocupados demais para prestar atenção no que faziam.
Pela forma que Arya estava gemendo, Mikey não brincava em serviço.
Tratei de me arrastar cuidadosamente para fora da cama, seguindo caminho desse jeito até conseguir me arrastar com os cotovelos pelo carpete. Não ousei nem virar meu rosto para assistir a cena pornográfica que estava acontecendo, somente continuei até conseguir sair para fora daquele cômodo, finalmente me colocando de pé no corredor e andando de fininho ao próximo quarto, em um momento desesperador abrindo a porta, contudo, outra cena desagradável acabou servindo como um tapa na minha cara.
Takuya. E Robin.
Ambos imediatamente perceberam que não estavam mais sozinhos quando a porta foi aberta por mim, assim encerrando o beijo, que aparentava estar em um excesso absurdo de desejo mútuo. O loiro estava sem camisa por cima da garota, que vestia apenas sua lingerie branca. Não tive tempo de reagir, pois Takuya rapidamente se afastou de Robin com um sorriso fraco, claramente achando graça da situação, fechando a porta novamente, bem na minha cara. Pude ouvir o trinco, indicando que não existe mais possibilidade alguma de eu entrar mais uma vez para atrapalhar os dois.
De qualquer forma, não é um problema. Sequer tive tempo de me questionar sobre os dois juntos, já que eu estava mais preocupada em achar urgentemente um outro esconderijo, e de preferência, que eu ficasse sozinha até que Takashi me encontrasse. Bom, esperava pelo menos que ele conseguisse.
Me apressei para seguir até o último quarto do corredor, finalmente entrando e fechando a porta seguidamente, agora olhando desesperadamente em volta até me deparar com um closet. Não tive tempo de pensar, entrei no calor do momento e me encolhi em um dos espaços vagos, enfim retirando meus saltos dos pés quando senti a dor se instalar nos dedos.
É, os saltos não foram a melhor opção para hoje.
Os próximos minutos não foram tão ruins, já que até então eu não fui encontrada por nenhum cara, ou quem sabe uma garota que trocou o papel. Contudo, minha respiração voltou a falhar quando ouvi a porta se abrir, seguido da luz acesa e passos lentos. Meu corpo travou no lugar, como se meu cérebro perdesse o controle de meus movimentos, me mostrando que não funcionam mais pelo momento tenso se habitando agora.
Os passos continuaram, tão lentos que dava para ouvir os pés se arrastando pelo carpete, imediatamente apertei minhas mãos em minha saia, na intenção de controlar a tremedeira que começou a surgir, e então, o momento que eu mais temia chegou. A porta foi arrastada para um dos lados e quem estava procurando entrou, parando os pés bem ao lado de meu esconderijo assim que acendeu a luz do closet.
Não é Takashi. Eu teria reconhecido a calça e os tênis se fosse.
Quando vi as pernas se preparando para agachar, me encolhi mais um pouco no lugar como se isso impedisse o indivíduo de me ver, até finalmente o rosto ser revelado. Os antebraços estavam apoiados nas próprias coxas, enquanto um sorriso sarcástico com as sobrancelhas arqueadas dominavam sua face ao me encontrar.
Hakkai.
— Te achei — ele demonstra um tom ameaçadoramente travesso, o que me faz sorrir de nervosismo.
— Você é uma assombração! Nem sabia que você tava aqui — arregalei levemente os olhos — Pra falar a verdade, eu pensei que você nem viria pra festa.
— Eu apareci com o Takashi, mas deixei ele ir com você e fui aproveitar nos fundos.
O azulado se sentou do outro lado com os pés fixos no chão, fechando a porta após, mantendo os olhos fixos em mim enquanto pegava o baseado do bolso e o colocava entre os lábios. Eu já saía do lugar, me sentando de forma mais confortável. L$D, A$AP Rocky no andar de baixo cobria o silêncio que se instalava dentro daquele espaço, junto com o som do isqueiro acendendo e do fogo queimando a ponta da seda. A fumaça se espalhou pelo ar lentamente depois do primeiro trago.
— Tava esperando o Takashi, né? — ele pergunta, sem papas na língua.
— Ele encontrou alguém?
— Não sei — dá de ombros, puxando o próximo trago — Mas e se tiver? — sua voz sai um pouco presa, visto que segurava a fumaça, mas liberou-a em seguida, fazendo sua cabeça tombar para trás e os olhos se fecharem — Isso te dá vantagem de transar com outra pessoa?
O Shiba continuava com o mesmo dom de me provocar quando o assunto é o Takashi. Me bem lembrava como ele achava divertido me irritar, mesmo que nada das coisas que dissesse fosse realmente verdade. No momento atual, tudo o que eu faria seria rir ou respondê-lo com uma pergunta de volta.
— Ele falou alguma coisa de mim quando voltou?
— Ah, sim… — assente, umedecendo os lábios — Disse que quer casar e ter quatro filhos com você.
Minha expressão relaxada foi embora em uma velocidade tão extrema quando escutei suas palavras, agora me encontrando um pouco incrédula. Contudo, qualquer sentimento perturbador foi embora e se transformou em alívio quando ele começou a rir, indicando que estava apenas tirando uma com a minha cara.
— Idiota — balanço a cabeça em negação, desviando o olhar por alguns segundos.
— Devia ter visto sua cara — arqueia uma sobrancelha, passando a língua pelo lábio inferior, não demorando para puxar a fumaça e liberá-la mais uma vez — Ele disse que queria te ver.
Eu fixei o chão, abraçando minhas próprias pernas. Não sabia exatamente o que dizer, mas sabia que a felicidade genuína com a resposta que me deu foi boa. Queria poder senti-la mais vezes, que esse sentimento fosse infinito, assim como eu e Takashi. Queria pensar que isso não acabaria e que poderíamos tomar uma decisão de vez para saber o que temos.
Porque só amizade… Realmente não é.
— A minha irmã tá bem? Disseram que ela tava aqui, mas eu não achei — ele pergunta, encostando a lateral da cabeça na porta do closet.
— Ela tava estranha de manhã… Mas me garantiu que tava bem — respondo.
O Shiba sorriu de canto, agora parecendo mais exausto, enquanto o olhar baixava. O silêncio prosseguiu nos próximos segundos, não sabia se ele queria apenas aproveitar a brisa do baseado que estava fumando ou se não queria se aprofundar no assunto.
— É, foi culpa minha — libera um riso nasal — Vou conversar com ela… Quando ela tiver mais calma.
— Espero que vocês fiquem bem.
— É claro que vamos. Não tem nada que derrube nós dois — ele afirma.
O mais velho continuou a fumar, não puxando qualquer outro assunto. Eu estava curiosa, é claro, mas eu não me intrometeria, é um assunto que claramente envolve os dois e eu não preciso ajudá-los. Acho que eu somente ajudaria ficando longe dessa história.
Hakkai pegou um ziplock da carteira, tirando um comprimido de dentro que reconheci facilmente como ecstasy, em seguida colocou na língua, sorrindo minimamente e guardando o plástico de volta. Não me senti tão confortável vendo-o fazer isso, visto que eu me lembrava que ele nunca deixava passar qualquer oportunidade de usar alguma coisa. Ele me fazia lembrar das noites em claro que eu e Takashi passamos por causa das merdas de alguns comprimidos, talvez um dos motivos pelo qual ele não me ofereceu.
Mas o que eu poderia dizer? Eu sabia que ele não pararia de exagerar só porque eu pedi.
A porta prestes a se abrir chamou nossa atenção, mas imediatamente foi fechada de volta pelo pé de Hakkai, seguido por um soco do próprio.
— Tem gente, porra! — seu tom de voz soa agressivo, gerando um silêncio.
Eu liberei um risinho fraco em reação, percebendo que ele não queria ninguém nos fazendo companhia, mesmo que apenas estivéssemos em silêncio. É como se ele pedisse para eu ficar, mas não sabia como dizer isso em voz alta. Talvez sua dificuldade de demonstrar sentimentos fosse autoexplicativo.
— É… Entendi, você é mau — provoco.
— Vai se foder — responde, parecendo se segurar para não rir.
Diferente dele, deixei minha risada sair. Nos próximos minutos continuamos ali dentro, aproveitando o silêncio até decidirmos sair de vez e seguir até as escadas, conseguindo sentir o som de Goosebumps, Travis Scott aumentar. Meus olhos alcançaram a figura de Takashi relaxado no encosto do sofá, sua cabeça estava tombada para trás com os olhos fechados, liberando a baforada de fumaça que era responsável pelo baseado que segurava entre os dedos.
Algumas pessoas que participaram da brincadeira estavam por aqui, enquanto outras não. Talvez ainda engatando na diversão.
O arroxeado repousou o olhar em mim, percebi que logo em seguida ele olhou para o Shiba, aparentemente chegando a conclusão que eu havia sido encontrada por ele. Agora, eu pensava que alguma coisa errada rondava sua cabeça. Foi divertido chegar nessa conclusão vendo como ele olhava para o melhor amigo agora. Hakkai se afastou de mim, com um sorriso de canto, enfiando as mãos nos bolsos enquanto seguia seu rumo desejado: aos fundos da mansão.
Cruzei meus braços, me aproximando devagar do garoto, que continuou sentado, analisando cada um de meus movimentos até que eu parasse em sua frente. A altura de minha saia foi observada mais uma vez, o que o fez fixar meus olhos, quase deixando minha respiração presa como um castigo. Ele puxou mais um pouco da fumaça, deixando a ponta no cinzeiro e levantando-se posteriormente.
Foi liberada em meu rosto, e assim fechei os olhos quando a ardência os dominou. Percebi seu rosto extremamente próximo do meu quando recuperei minha visão, causando um fervilhar mais intenso em meu sangue.
— Tava pensando em ir pro banheiro — comenta — E eu queria companhia.
Segurei meu sorriso, sabendo bem a que ponto ele queria realmente chegar.
— Por que, não?
O próximo capítulo promete, meus queridos.
O que acharam?
Eu ainda quis acrescentar mais coisas, mas ficaria tão grande que achei melhor deixar pro próximo, mesmo esse já estando enorme de qualquer jeito KSKSJDKSK. Achei melhor dar um gostinho de quero mais, mas não se preocupem que não vai demorar pro próximo capítulo ser atualizado, pretendo soltar essa semana ainda. Só não posso dar certeza do horário.
Tô extremamente animada com o rumo que essa fic tá tomando, espero mesmo não decepcionar vocês porque eu também tô um pouco nervosa KSKWJKEJS.
Enfim, espero que tenham gostado, novamente peço desculpas por qualquer erro ortográfico.
Até o próximo capítulo!
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