Capítulo 7

Luke Hemmings, Los Angeles, 16 de Janeiro de 2019

Angeline pareceu contente com a refeição que eu havia feito. Ela ficou surpresa por ter ficado bom e me elogiou diversas vezes, dizendo que eu tinha jeito pra coisa. Isso me deixou contente, era bom ser elogiado, principalmente vindo dela.

Sentados frente a frente conseguia observar mais detalhes nela. Seu nariz era perfeito e arrebitado, e a argola em volta de uma das narinas não passava uma ar de modernidade, na verdade a deixava ainda mais doce. Seus olhos eram grandes e verdes, um olhar felino, e suas pupilas aumentavam sempre que ela olhava em meus olhos. Como se eu fosse sua presa.

O sorriso era lindo, sem sombra de dúvidas, ele dava a ela um ar ainda mais infantil. Quando ela sorria suas bochechas aumentavam e se não fosse por seu corpo eu juraria que ela tinha uns quinze anos. O cabelo loiro e levemente ondulado ajudava ela a ter essa aparência.

Ela parecia inofensiva. Queria eu que ela realmente fosse.

Conversamos sobre a banda, sobre como conheci os meninos e como é essa experiência de fama. Ela não parece ter gostado muito da falta de privacidade que isso tudo trazia.

Quando acabamos de comer colocamos todas as louças na lavadora e o resto do jantar na geladeira. Ela não levava o mínimo de jeito na cozinha, chegava a ser engraçado, mas eu não podia esperar isso dela.

- Então, o que quer fazer agora? - eu pergunto, fechando a máquina de lavar louças.

- Tá no horário do CSI! - ela exclama, repentinamente animada.

- Você gosta de CSI? - indago, por essa eu não esperava.

- Eu amo! O Nova York é perfeito.

Sorrio.

- Cara, com certeza.

Nos sentamos no sofá e ligamos a tv, colocando em sintonia com CSI. Estava bem no começo do episódio, era aquele onde o assassino matava as vítimas sufocadas no banco traseiro do táxi.

- Ei, não é ali que tem uma foto sua beijando uma garota misteriosa? - ela pergunta.

Encaro a tela vendo o detetive em frente ao Palace.

- O que?

- "Luke Hemmings e uma garota misteriosa" é o que disse o site. - ela explica.

Meu rosto queima.

- Você me pesquisou no google? - pergunto, claramente frustrado.

Ela dá um sorrisinho.

- Foi mais forte que eu.

- Ninguém vai gostar de mim se me pesquisar no google! - exclamo.

Portais de notícias podem ser bem maldosos quando querem.

- Você quer que eu goste de você? - ela rebate.

Minha garganta seca.

- An.... eu não quero que você me odeie.

Ela sorri.

- Isso seria impossível. Mesmo com sua declaração de que faz sexo com suas fãs.

Coloco minha mão na cara, isso era vergonhoso.

- Em minha defesa eu disse isso quando tinha dezoito anos.

- Não me pareceu muito maduro.

- Estava tentando atingir minha ex-namorada. - faço uma pausa. - Não deu muito certo.

- Então você é esse tipo de cara?

- O trouxa que fica triste e quer que a ex fique triste também? É com certeza eu sou esse tipo de cara.

- É menos humilhante quando choram com você, certo? - ela brinca.

Acho graça.

- Com certeza!

- Teve muitas namoradas? - Angie pergunta, se virando totalmente pra mim.

Suas pupilas haviam aumentado de novo então decido me virar pra ela também.

- Algumas. Desisti desse negócio quando me botaram chifre com o Blackbear.

Simplesmente escapa, não acho que deveria ter usado nomes. Nosso empresário vai me matar.

- Sério? - ela indaga.

- É, sério.

Ela coloca a mão na boca dando um riso de nervoso.

- Meu deus eu sinto muito.

- Acontece, mas já passou. Estou na minha fase zen.

Ela arqueia a sobrancelha.

- Que consiste em...?

- Ficar de boa, focar na música e nos fãs da banda, sem aprontar nada. - faço uma pausa. - Espero parar de encher a cara.

- Pelo que eu vi vai ser difícil pra você.

Dou risada. Ela tinha razão.

- Um pouco. Mas e você? Namorou muito?

Ela desvia o olhar e abaixa a cabeça, acho que a pergunta deixou ela tímida. Uma novidade pra mim.

- Eu sempre gostei mais da arte da conquista. Eu flertava bastante mas não ficava com muitas pessoas. - ela passa a unha em sua própria mão. - Josh foi meu único namorado.

- Você já precisou conquistar alguém? - pergunto, em uma tentativa suave de flerte. - Certeza que os garotos caíam aos seus pés.

Ela sorriu pra mim.

- Com conquistar eu quis dizer dar esperanças e depois jogar elas no lixo.

Doeu um pouco.

- Malvada. - observo.

- Eu era uma criança, não tinha como ser diferente.

Não soube o que responder mas ainda estava curioso sobre o que ela pode ter descoberto sobre mim.

- O que mais você viu no google?

- Que você faz aniversário em Julho.

Me dou conta de que não sabia quando ela fazia aniversário.

- Ei, por falar nisso, quando você faz aniversário?

- Daqui a dez dias na verdade.

- Ainda bem que perguntei isso, seria péssimo se te visse e esquecesse o parabéns.

- Eu certamente ficaria magoada.

Ela volta a atenção pra tv e eu desbloqueio meu celular, respondendo uma mensagem da minha mãe e depois indo pro Instagram. A primeira coisa que vejo é um post de Angel, uma foto publicada há alguns minutos - provavelmente quando ela me observava servir os pratos. Ela estava impecavelmente bonita, como sempre, na legenda estava escrito "saudades".

- Olha só, você postou uma foto. - comento.

- Eu tirei na última viagem em família que fizemos. Foi divertido.

Curto e abro os comentários, digitando um: "Me ensina a prender o cabelo assim."
Provavelmente meu empresário ia me matar por isso também.

Alguns segundos depois ela puxa o elástico de seu próprio cabelo, o soltando e vindo em minha direção descabelada.

- Ei, o que está fazendo? - pergunto, quando ela coloca a mão em meus cabelos.

- Prendendo o seu cabelo como o meu.

Faço careta quando ela puxa toda parte da frente de meu cabelo e o prende. Logo ela aponta a câmera do celular pra mim.

- Estou parecendo um yorkshire. - reclamo, me encarando na pequena tela. - Com certeza fica melhor em você.

- Eu não acho. - ela rebate, voltando ao seu lugar.

"Feito ;)" Ela digita em resposta ao meu comentário.


XXX


A primeira coisa que sinto é meu braço formigar, ele estava embaixo de alguma coisa que não era eu. Me remexo e abro os olhos, voltando a ficar estático no momento em que vejo Angel dormindo em cima dele. Ela ressonava levemente e sua boca estava totalmente amassada por estar em contato com meu peito. Com cuidado puxo meu braço e pego o controle que estava na mesinha ao lado do sofá. Desligo a tv.

Desbloqueio o celular e vejo que já passava da meia noite. Em algum momento do CSI tanto eu quanto ela apagamos. Largo o celular e me aconchego no sofá, puxando a coberta pra mais perto de mim. Sinto um cheiro cítrico vindo do cabelo de Angel, uma mistura de limão e laranja, era muito gostoso. Fecho meus olhos e foco em ouvi-la respirar, estava gostando de ter ela perto de mim.

- Luke... - eu ouço uma voz doce e feminina me chamar.

- An... - me remexo, abrindo meus olhos.

Olho pro meu lado mas Angel não estava mais lá. Me sento e tateio a mesa ao meu lado a procura do abajur mas antes que eu pudesse encontra-lo a luz se acende.

- Estou aqui. - Angel diz com um sorriso lindo, ela se inclinava na minha direção e estava bem perto de mim.

- Que horas são? - pergunto, coçando meus olhos.

- Quase três da manhã. Acho melhor eu ir pra casa.

Três da manhã? Eu praticamente desmaiei de sono de uma hora pra outra.

- Eu levo você. - digo, bocejando e jogando meus pés pra fora do sofá.

- Não precisa Luke, eu pego um táxi. - ela diz e faz algo parecido com um beicinho.

Seu rosto estava sonolento e os olhos levem inchados pelo tempo que ela havia passado dormindo. Ela estava fofa.

- Não vou deixar você pegar um táxi de madrugada. É perigoso.

Me ponho de pé indo em direção ao meu quarto. Ela vem atrás de mim.

- Eu sei me cuidar Luke. - ela rebate.

Abro a gaveta do meu criado-mudo e pego as chaves do carro.

- O mundo é perigoso.

Tento sair do quarto mas ela me trava na porta.

- Só deita na cama e vai dormir, eu peço um táxi e espero na portaria. - ela insiste.

- Nem pensar. Você veio comigo e vai voltar comigo.

Ela bufa, saindo da minha frente e finalmente consigo passar. Abro a porta e inclino minha cabeça, pedindo pra que ela passe.

- Teimoso. - a ouço grunhir enquanto saía de meu apartamento.

Ela ficou em silêncio total dentro do carro, o que me incomodou bastante. Várias coisas no jeito como ela me tratava me incomodava na verdade, tinha uma teoria de que talvez ela fosse bipolar, mas seria muito rude jogar essa pra cima dela.

Sinto algo repuxar meu cabelo e percebo que eu ainda estava usando meu visual yorkshire. Puxo o elástico e jogo em cima do colo de Angel, passando as mãos por meu cabelo em seguida. Era um alívio.

Após dez minutos em silêncio eu decido que o melhor a fazer agora era confronta-la. O que quer que esteja acontecendo eu não queria que acabasse mal.

- Posso te perguntar uma coisa? - eu digo e minha voz sai mais alta do que eu esperava.

- Claro. - ela sussurra.

- Você pode me achar meio idiota agora e eu posso garantir pra você que eu nunca precisei fazer essa pergunta antes mas... está flertando comigo?

Ela se vira pra mim.

- Por que você pensa isso? - rebate, algo normal em nossas conversas.

Respiro fundo.

- Por que você sempre responde minhas perguntas com outras perguntas?

- Eu devia parar?

Era como girar em círculos.

- Você fica muito na defensiva.

- É como eu jogo.

Isso me irritou.

- Então eu sou um jogo?

- Tudo é um jogo, não?

- Você não me respondeu. - elevo o tom de voz e tento me focar em não causar um acidente de trânsito. - Você flerta comigo, me dá respostas sugestivas e depois me corta como se eu tivesse imaginado tudo o que você faz. Isso não é justo.

Ela fica em silêncio por alguns segundos.

- Então por que me chamou pra jantar na sua casa?

Eu não tinha uma resposta. Naquele momento foi o que pareceu certo e inevitável de certa forma. Mas agora eu já não tinha tanta certeza.

- Agora que você perguntou eu também não sei, não faz nenhum sentido. Você não quer nada comigo, só quer um passatempo.

- É isso que você pensa? Me acha mesquinha a esse ponto? - ela pergunta.

Ah foda-se, cansei de ser legal.

- Eu acho. - afirmo.

- Você está certo mas você é um passatempo que eu adoraria levar pra minha cama.

Freio o carro bruscamente quando vejo que o sinal estava vermelho.

- Para de fazer isso! - eu exclamo.

- É a verdade.

- Está só fugindo do que eu falei pra você continuar com o que está fazendo desde o dia em que te conheci.

- Você não gosta?

- Não é justo. Não era justo com o seu namorado e ainda não é justo comigo.

O sinal abre e acelero o carro novamente.

- Eu gosto de você, Luke. Você é divertido, flerta de um jeito fofo e gosto de deixar você sem palavras. - ela faz uma pausa, me olhando como se eu fosse comida. - E você é um gato, além de sexy pra cacete.

Me arrepio quando ela diz cacete, não costumava ouvi-la dizendo palavrão de nenhum tipo. Decido ficar quieto e somente levá-la pra casa o mais rápido possível.
Talvez a melhor opção realmente fosse o táxi.

- Por que está em silêncio? - ela pergunta.

Respiro profundamente.

- Porque não tenho nada pra falar.

A ouço rir pelo nariz.

- É, eu costumo deixar você sem palavras.

- Vai se foder. - rosno.

Um alívio muito grande se apossa de mim quando vejo a casa dela.

- Wow. Rude. - ela ironiza.

A ignoro e estaciono em frente a sua casa.

- Pronto, ta em casa. - anuncio, passando a mão pelo meu cabelo.

Ela havia conseguido me tirar do sério.

- Não ganho nem um beijo de despedida? - ela pergunta, se inclinando em minha direção.

- Pode parar, por favor?

Ela me ignora, chegando casa vez mais perto. Podia sentir o cheiro de seu cabelo e de seu hidratante caro.

- Você realmente quer que eu pare? - a voz dela parecia a voz do diabo, tentando me fazer cair em tentação.

Não!

- Sim. - digo, me forçando a encarar seus olhos, queria parecer firme.

- Eu não acredito em você. - ela diz e sinto seu hálito em meu rosto.

Ela estava perto. Muito perto.

- Angel. Não quero entrar nesse jogo. - sussurro, derrotado.

Era impossível resistir a isso.

- Não quero jogar com você, Luke.

A encaro. Suas pupilas estavam enormes e eu me sentia como uma ovelha antes de ser abatida pelo lobo. Mas eu queria isso, queria desde o momento em que a vi de camisola naquela cozinha. Seus lábios se encostam nos meus e todo meu corpo se energiza, me fazendo esquecer a raiva que ela me fez sentir a alguns segundos atrás.

A sensação dentro de mim é estranha, eu me sentia tonto e perdido entre o cheiro cítrico de seus cabelos e o doce de seu perfume. Não consigo imaginar nada pra se comparar a isso e começo a imaginar que talvez eu esteja ficando louco, ou somente emocionado por isso ser uma coisa que eu queria muito.

Ela se afasta e isso me decepciona. Encaro seus olhos e ela dá um sorrisinho de canto. Droga, eu queria foder com ela aqui mesmo.

- To brincando com fogo. - me lamento, virando a cara.

- Você vai adorar se queimar. - ela rebate, abrindo a porta. - Eu te vejo logo!

A observo sair e entrar dentro de casa me deixando sozinho com seu cheiro inundando o carro e com o pau duro.

Sério, eu odeio essa garota!











Oi gente, esses capítulos foram menores pq eu planejei muita coisa pra um único dia então tentei dividir da melhor maneira possível!
Queria pedir desculpas caso na fic eu tenha falado algo que não condiz com a realidade ou personalidade dos meninos, eu não sei tudo sobre eles, somente gosto muito de todos e da banda!!
Gostaria de saber também se vocês querem um capítulo mostrando o futuro (algo parecido com o epílogo), só que na visão da Angel. Respondam nos comentários pfvr!!
E também obrigada pelo apoio, é muito importante!!

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