Luke Hemmings, Los Angeles, 16 de Janeiro de 2019

Ando em passos lentos em direção a casa ainda refletindo sobre todas as informações que eu havia recebido. Fala sério! Eu estava muito confuso.

- Até que enfim! - exclama Ash assim que eu entro pela porta.

Todos se aproximam, prontos pra sair, mas eu passo por eles e me sento no sofá.

- Anda Luke. - diz Michael, ele parecia estar irritado.

- Não vamos almoçar. - eu digo.

- Que?

- Quer dizer, nós vamos. - me corrijo. - Na casa da Angel.

- Angel? - indaga Cal.

- Angie. Eu errei.

Todos eles me encaram com uma cara de dúvida.

- Que cara é essa? - Crystal pergunta.

- E por que a gente vai comer lá? - Ash completa.

- A mãe dela voltou de viagem e vai fazer um almoço.

- Ah mas isso eu não perco por nada. - diz Crystal empolgada. - Os restaurantes dessa mulher são incríveis.

- Ela tem restaurantes? - pergunta Mike.

- Ela é chef de cozinha gente. Uma chef muito boa, vocês são muito desinformados.

- Mas isso não explica a cara do Luke. - rebate Calum.

- Ela terminou. Com o Josh.

Todos ficam em silêncio até que Ashton dá pulinhos e explode em um grito.

- Ê papai, você tá destruidor mesmo. - ele diz se jogando em cima de mim.

Dou risada e o empurro pro lado.

- Não acho que foi por minha causa mas isso é empolgante de certa forma. - admito.

- Acalma o seu amigão ai debaixo e pensa. Ela ainda tem cara de que vai arruinar a sua vida. - Michael diz.

- Eu deixaria ela arruinar a minha vida. - rebate Ash. - Ela vem te dando mole tem um tempo, vai ver ela ficou afim de você.

- Sem contar que ontem mesmo ela te levou pro seu apartamento bêbado. Vai ver o cara não gostou. - completa Calum.

- Eu não quero inimizades.

- Devia ter pensado nisso antes de querer comer a namorada dele. - Mike diz e Crystal dá um tapa em seu ombro.

Ele tinha razão.

- É, eu devia. - concordo.

- Mas e aí? Vamos ou não? - pergunta Mike. - To morto de fome!

- Vamos.

Seguimos em direção a casa de Angie enquanto os meninos faziam piadinhas sobre mim a todo momento. Eles estavam empolgados com a possibilidade do meu flerte dar certo e isso me fazia lembrar de quando éramos todos apenas adolescentes.

- Oi gente! - Angel diz com um sorriso assim que abre a porta.

- E ai, Angie? - cumprimenta Ashton enquanto entrávamos na casa.

- Esses daqui são a Tina, que vocês já devem ter visto, e o Nicholas, noivo dela. - ela aponta pra sua irmã e o cara ao lado dela. - Esses são Michael, Ashton, Calum, Crystal e Luke.

- Gostei do visual de vocês. - o tal Nicholas fala.

Eu não podia dizer o mesmo dele. Não que ele fosse mal vestido, só era extremamente comum.

- E eu gosto das músicas, elas são incríveis. - completa Tina com um sorriso.

O sorriso dela era quase tão bonito quanto o da Angie. Quase.

- Obrigado! - nós agradecemos.

Vemos o senhor Smiths saindo da porta da cozinha.

- Oi rapazes, tudo bem? - ele nos cumprimenta. - Crystal!

- E ai, senhor Smiths? Tudo em cima? - Calum pergunta.

- Aqui tá tudo ótimo. - ele diz com um sorriso. - Estou feliz em recebê-los, podem ficar a vontade.

Foi exatamente o que fizemos. Em poucos segundos estávamos todos esparramados no sofá da sala tentando jogar videogame. Era meio difícil visto que o jogo era desconhecido e nenhum de nós sabia direito como fazer isso.

Calum estava claramente dando em cima da amiga de Angie, Nicole. Ela parecia estar gostando mas não necessariamente flertando de volta, o que me incomodava de certo modo. Se eu fosse uma garota eu iria querer um cara com o Cal, ele se tornava um bobo alegre quando estava afim de alguém. Chegava a ser engraçado.

Quando deu a hora do almoço eu me ofereci pra ajudar com a mesa e a senhora Smiths pareceu satisfeita. Ela era bastante jovem e muito bonita, tinha um ar muito classudo nela que eu não sabia descrever.
Blake pareceu gostar de mim, mesmo tendo me chamado de Jake algumas vezes.

Eu e os meninos ajudamos a levar a louça pra cozinha assim que o almoço acabou e depois todos nós subimos para o quarto de Angel, após Tina insistir muito em que deveríamos ver os desenhos de sua irmã. Eu estava curioso pra isso.

O quarto dela era em um tom laranja bem claro, quase bege. Os móveis eram todos brancos e tinha uma parede repleta de desenhos colados e pinturas. Haviam animais de todo tipo, plantas, anjos, elfos e planetas. Tudo combinava de um jeito único.

- Wow! - eu digo. - Isso é... muito bonito.

- Obrigada! - ela responde sorrindo.

- Você fez tudo? - Cal pergunta.

- Sim.

- E pintou isso também? - Mike aponta pros quadros.

Ela dá uma risadinha, achando graça do nosso choque.

- É, eu pintei.

- Isso é... - Ashton começa mas não termina a frase.

- Magico. - eu completo. - Você é muito talentosa.

- Você vai ter que pintar um pra gente! - pede Calum batendo palmas de empolgação.

- Vão me pagar? - Angel pergunta, arqueando a sobrancelha.

- Claro! - ele responde.

- Então eu faço.

- Quando você começou?

- Ela faz isso desde que tinha uns 12 anos, eu nunca entendi a facilidade. - Tina diz, respondendo a pergunta por sua irmã. - Eu só sei fazer bonequinhos de palito.

- Eu acho que eu compreendo as formas melhor. - Angie sugere. - Não sei.

- Eu sempre tirava notas altas nos trabalhos de descrever as espécies, botava ela pra desenhar tudo. - continua Tina.

- Então já descobrimos quem era a pau mandado. - Mike ironiza e nós damos risada

- É, era eu. - ela admite. - Mas eu gostava de desenhar o que ela me pedia, alguns ficaram realmente bons.

- Alguns? - Nicole indaga, ainda sentada na cama. - Garota, todos ficavam bons.

- É realmente impressionante.

- Vocês tão me deixando sem graça.... não é nada demais. - Angie exclama e podia ver suas bochechas ficando cada vez mais rosadas. - Quer dizer, olha pra vocês, vocês tem fãs gritando os seus nomes. Isso sim é incrível!

- É, é mesmo! - concorda Ash e nós rimos novamente.

- Gente, o dia de hoje foi ótimo mas eu e o Nick ainda temos que passar na casa da avó dele então já vamos indo. - diz Tina.

- Vamos aproveitar a deixa e ir com vocês. - completa Cal. - To precisando de um banho e um videogame.

- E eu preciso ir ao mercado, minha cozinha tá vazia. - lembro.

- Posso ir com você? - Angel se oferece me olhando com seus olhos gigantes.

- An, claro. Seria ótimo.

Os meninos dão um sorrisinho pra mim. Onde eu estava me metendo?

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Após deixarmos Nicole em casa, eu e Angie fomos direto ao mercado. Ela parecia inquieta durante todo o trajeto, olhando sempre pela janela e mexendo nas pontas do cabelo.
Ela não havia falado muito.

Quando entramos no mercado ela pega um carrinho e sai saltitante, como se estivesse animada. Fico aliviado quando ela volta a falar, sugerindo varias coisas que eu precisaria e lotando o meu carrinho. Me aproximo do congelador e penso em qual peixe levar, opto pelo salmão.

- Você sabe cozinhar isso? - Angel pergunta, com um olhar divertido.

- Claro que eu sei. - dou um sorriso convencido e coloco a peça no carrinho.

- Parece complexo. Eu já vi minha mãe fazer e não achei muito fácil.

- Eu posso fazer hoje, pra você... - faço uma pausa, ataquei cedo demais? - Quer dizer... se você quiser ficar para o jantar.

Ela abre um sorrisinho de lado, quase como uma provocação. Minhas mãos ficam suadas na hora.

- Eu adoraria! - ela responde.

Fico mais aliviado.

- Ótimo!

Ela sai andando na minha frente e para perto das geladeiras.

- Isso pede refrigerante. - ela diz tirando uma garrafa de Sprite.

Refrigerante? Sério?

- Eu preferia um vinho, mas já que insiste. - sou sincero.

Ela me ignora e bota a garrafa dentro do carrinho.

- Você quer me levar pro álcool Luke? - ela pergunta.

Seria interessante vê-la bêbada, dizem que bêbados são sinceros.

- Talvez.

- Talvez um dia eu abra um exceção. - ela faz uma pausa. - Por você.

Encaro seus olhos verdes que pareciam estar querendo me cortar. Minha garganta seca.

- Não hoje? - indago.

- Não hoje. Você já teve uma ressaca ontem, acho que é o suficiente.

Ela se afasta e sai andando na minha frente novamente.

- Já tinha até me esquecido.

Quando chegamos em meu apartamento a primeira coisa que faço é temperar o salmão e colocá-lo no forno. Angel me observou com atenção e fez algumas piadas com o meu jeito de fazer as coisas. Ela me intimidava de um modo estranho o que me causou alguns erros de preparo e um corte pequeno no dedo. Era impossível se concentrar com ela me encarando daquele jeito.

- E como é na Australia? - ela me pergunta, assim que sentamos no sofá.

- Ah, não é muito frio. Mas também não é quente como aqui. - faço uma pausa. - E é bem bonito também, eu sinto falta. As pessoas lá são mais educadas.

Ela dá risada, arqueando as sobrancelhas.

- Aqui é todo mundo um saco. - ela concorda.

- Você sempre morou aqui?

- Não. - ela responde. - Não faça piadas mas... nasci em Malibu.

- Loira, rica e nasceu em Malibu? Você é a Barbie? - ignoro completamente o pedido dela de não fazer piadas.

Ela ri.

- Esse segredo eu não conto pra ninguém. - ela diz colocando o indicador em frente a boca. -
- Quando eu tinha quatro anos a gente se mudou pra Itália, por causa do emprego do meu pai.

- Eu adoro a Itália! - exclamo.

- Eu também! A gente morava em Roma e foi a melhor experiência da minha vida. Fiquei muito triste em ter que voltar pra Califórnia.

- Não gosta daqui?

- Eu gosto na verdade. Tem pessoas que trabalham tanto, um movimento muito contínuo, tantas oportunidades. Aqui é mágico de certa forma.

- Quando voltou pra cá?

- Eu tinha catorze.

- Uau! Dez anos! - me surpreendo.

- Sim. Eu sinto muita falta de lá. Pretendo fazer uma visita ainda esse ano, ver meus amigos e os cachorros deles. - ela brinca.

- Sabia que eu tenho um cachorro?

- Sério?

- Sério! Meu amigo vai trazer ela pra mim ainda essa semana.

- Então é uma garota. - ela faz uma pausa. - E como ela chama?

- Petúnia.

Angie sorri.

- É um nome fofo.

- Ela é tudo menos fofa! - digo. - Ela é gigante!

- Me deixa ver.

Desbloqueio meu celular a abro em uma foto de Petúnia na galeria. Entrego meu celular em sua mão.

- Awn, ela é uma fofura Luke. - ela diz com um sorriso. - Ela é muito bonita.

- Apesar de babar em tudo e todos. - observo.

Ela me passa o celular de volta.

- Ninguém é perfeito.

Ela desbloqueia o próprio celular e olha por alguns segundos.

- Olha só, um tal de Luke Hemmings começou a me seguir. - ela faz uma pausa. - "Oi eu sou o Luke e eu gosto de festas."

Eu segui ela quando estava na casa dela. Não resisti.

- Ele parece ser um idiota. - eu brinco.

- É, com certeza. Faz meu estilo.

Minha garganta seca e a encaro sem saber o que falar. Ela somente sorria do mesmo jeito de sempre.

- Eu vou ver o salmão.

- Tudo bem.

Tento acalmar meu amigo lá debaixo e me convencer de que não tinha a possibilidade de algo acontecer hoje. Não deu muito certo.