Capítulo 19
Angeline Smiths, Los Angeles, 20 de Fevereiro de 2019
A brisa entrava pela janela e balançava as cortinas do quarto. Acordei arrepiada e com frio mesmo vendo o sol, devia levantar e fechar a janela ou desenroscar a coberta das pernas de Luke e me cobrir mas não faço nenhum dos dois. Eu só vestia uma camiseta que ele trouxe, nada mais.
Luke estava com o rosto amassado em contato com o travesseiro, ressonava parecendo muito tranquilo. Sua barba começava a crescer de novo e seu cabelo estava espalhado em todas as direções, um único cacho caindo na testa. Inclino minha mão e o coloco atrás da orelha dele. Ele era tão bonito.
Meu dedo indicador desce por sua testa e então por seu nariz, analisando a curva perfeita que ele fazia. Quando chego aos seus lábios ele se remexe e um vinco aparece em sua testa.
— Angeline. — ele pragueja.
Fico imóvel e constrangida por ele ter me pegado o acariciando enquanto dormia. Espero alguns segundos mas ele não volta a falar, o vinco na testa dele desaparece aos poucos e seu corpo fica relaxado. Ainda estava dormindo.
Meus dedos formigam para acariciar seu cabelo mas me detenho e me ponho de pé.
Quando chego na sala Petunia levanta seu rosto do sofá e olha pra mim, o rabo começando a balançar automaticamente.
— Oi lindinha. — a cumprimento e passo a mão no topo da sua cabeça.
Coloco ração e água pra ela e começo a recolher as roupas que eu e Luke havíamos deixado pela sala. Em algum momento de ontem derrubamos a taça de vinho e ela manchou o tapete da minha mãe. Um vinco aparece na minha testa quando penso nela me chamando de estabanada.
Pego uma tigela de mousse de chocolate e levo pra varanda do lado de fora. Os passarinhos estavam cantando e fico feliz por hoje não estar nublado como ontem. Pego uma tela em branco e começo a pintar. Foco em uma árvore grande com as folhas cor de rosa, ela era uma árvore de inverno e era muito bonita.
Petunia corria na grama atrás de uma borboleta azul e de imediato incluo ela na minha pintura. Os raios de sol passando entre a copa das árvores rosas e atingindo o rosto dela como um holofote. Ouço passos atrás de mim e Luke aparece com uma toalha enrolada no quadril, seu cabelo estava bagunçado e o rosto amassado.
— Oi. — ele diz e ergue a mão em um aceno sem jeito.
Sorrio pra ele enquanto ele coça os olhos.
— Você dormiu bastante.
— Estava cansado.
Luke se aproxima de mim e abraça de lado, dando um beijo em minha testa. Sorrio com o gesto enquanto ele observava minha pintura pela metade.
— Está ficando bom.
— A modelo ajuda. — digo apontando para Petunia que ainda estava intrigada com a borboleta.
— Nem ao menos percebeu que eu estou aqui. — lamenta Luke.
Ele se afasta de mim e se senta no sofá a minha frente. Seus olhos vão direto pro céu e continuo minha pintura até que ele faz um barulho estranho.
— Você está sem calcinha. — ele diz em um tom de voz confuso enquanto apontava pro meio das minhas pernas.
Dou risada.
— Tenho certeza que você está sem cueca também, fui eu que tirei ela.
Luke ergue as sobrancelhas e se levanta.
— Vou fazer algo pra gente comer, não tenho força de vontade pra ficar... —ele faz uma pausa enquanto procurava as palavras — Vendo isso.
— Vamos pro campo de margaridas mais tarde! — grito enquanto ele entrava na casa.
Termino o esboço do meu quadro praticamente no momento em que Luke serve o café. Comi algumas torradas e bebi um pouco de leite já ele devorou quatro ovos sozinho. Depois do banho me vesti com um vestido vermelho, Luke colocou uma jardineira jeans e óculos de sol. Ele também prendeu os cabelos o que o deixou extremamente sexy, tudo deixava ele sexy na verdade.
Quando chegamos no campo as margaridas cobriam ele, a grama chegava a um pouco acima dos tornozelos. Escolho a melhor posição para o meu cavalete e começo primeiro com desenhos enquanto Luke corria com Petunia para todos os lados, ele parecia uma criança. Ele tirou diversas fotos dela e de mim enquanto tentava me concentrar no que estava fazendo, com ele isso não dava muito certo.
Demorei bastante para fazer algo que me agradasse um pouco, nada agradou cem por cento, Luke estava cantarolando baixinho enquanto acariciava Petunia e mexia no celular. Já havia passado da hora do almoço e eu estava com fome mas me deito ao seu lado, encarando o céu lotado de nuvens brancas. Ele passa o braço por meus ombros e aponta o celular pra nós, tirando algumas fotos nossa e depois só minha. Esse gesto amaciou meu ego.
Quando voltamos pra casa coloquei comida para Petunia e depois fui ajudar Luke a fazer algo pra comer. Ele me ensinou a fazer um sabor diferente de risoto e ficou muito gostoso, ele cozinhava muito bem. Depois que comemos nos estiramos na grama do lado de fora no intuito de pegar um pouco de sol. Ele tirou a camiseta e deixou a parte de cima da jardineira caída em suas pernas.
Encaro suas costas estiradas no chão enquanto ele cantarolava a música que havia colocado pra tocar.
— Você é bem pálido, daria pra pintar um quadro nas suas costas. — digo e então ele se vira pra mim.
— Isso tudo porque eu não tomo sol?
— Não toma sol? Pra mim parece que você nunca viu o sol na vida!
Luke dá uma risada.
— Tudo bem, pode fazer.
— O quê?
— Pintar minhas costas.
— Sério? — indago. Não tinha muita certeza se conseguiria fazer isso.
— Claro, assim você para de falar da minha palidez. — diz enquanto se senta. — Estou me sentindo o Edward Cullen.
Me ponho de pé em um salto e bato palminhas de empolgação.
— Deita no sofá. — peço enquanto vou até minha bolsa.
— Vai tirar sua roupa também?
— Sossega Hemmings. — rebato.
Posiciono tudo num banco perto do sofá e Luke se deita de costas, a cabeça virada para o jardim. Subo em cima dele e me sento em seu bumbum. Ele fica em silêncio enquanto começo a passar a tinta e se arrepia por ela estar gelada, consigo perceber pois os pêlos do seu braço se levantam. Com a outra mão passo meu indicador pelas pintas em suas costas, Luke fecha os olhos parecendo satisfeito com meu pequeno gesto de carinho, carícias estavam se tornando normais para nós agora.
Após passar tinta preta em suas costas tentando ao máximo deixar em um formato retangular abro o celular e pego uma imagem que havia fotografado pra usar de base pra pintura. Não ia ficar bom como em uma tela pois a textura da pele era diferente, não absorvia a tinta, mas estava confiante que ficaria bonito. A imagem era de Los Angeles à noite, prédios imensos e um outdoor vermelho e brilhante. A lua estava cheia na foto e os postes lançavam feixes de luz na avenida. Era uma foto bonita.
Pego a tinta branca e começo pelo céu. Luke parecia relaxado, prestes a dormir a qualquer minuto. O canto dos pássaros envolvia nossos ouvidos enquanto Petunia dormia no tapete da varanda. O que mais me chateava é que teria que ir embora hoje à noite e voltar a minha rotina amanhã de manhã. É frustrante ainda estar na faculdade, aquele lugar sugava minhas energias.
Troco o pincel por um com tinta amarela e começo com os feixes de luz. Luke abre os olhos ao sentir a tinha fresca em sua pele.
— Você não tem nenhuma tatuagem. — falo enquanto espalho a tinta em suas costas.
— E?
— Bom, todos os garotos tem e você não. Queria saber o motivo.
— Você também não tem nenhuma. — ele rebate.
Reviro os olhos.
— Tenho medo de agulhas.
Ele dá risada o que me faz tremer em cima dele, quase borro a pintura.
— Você tem piercings, não tem medo de agulha.
— Que eu posso tirar quando quiser. Tatuagem é para sempre.
Luke fica em silêncio por alguns segundos e pego o pincel com tinta azul escura para fazer a sombra dos prédios.
— Eu não tenho nenhuma porque quero fazer algo que signifique alguma coisa. — ele começa. — Não só um desenho bonito, entende?
— E você tem alguma ideia? — pergunto.
— Nenhuma.
— Eu costumo pensar em um pássaro.
— Por que?
— Ele voa. Tem liberdade. Pode ser quem quiser, ir pra onde quiser e amar quem quiser. Tem algo melhor que isso?
— Acho que não. As vezes me sinto meio preso com esse negócio de fama. Como se fosse um animal num zoológico.
— Você sente falta? — pergunto. — De quando não era famoso?
Luke fecha os olhos.
— As vezes sim. As coisas costumavam ser mais simples antes e agora é tudo muito intenso. É bastante cobrança mas não me arrependo de nada, talvez de não ter terminado a escola mas estou vivendo o meu sonho. Não me lembro de um dia na minha vida onde eu não quisesse isso, faria tudo de novo.
Suspiro. Eu não entendia nada sobre isso, nunca quis alguma coisa tanto assim. Meus sonhos não eram ambiciosos e não me obrigavam a abrir mão de algumas coisas.
— É o que você sempre quis então vale a pena. — digo.
— Eu pensei que ia me mandar voltar para a escola.
— Por que?
Luke abre os olhos.
— Você me parece ter uma aversão a fama. — explica e franze o nariz.
Faço careta, não queria ter causado essa impressão.
— Ah, eu acho meio invasivo mas nunca tive contato direto com isso então não sei se posso compreender direito.
— Você disse que nunca teria um filho com alguém famoso. — ele me lembra.
— Eu não disse que nunca só disse que não seria ideal. As pessoas são maldosas e cruéis, machucam as outras.
Luke fecha os olhos de novo e solta um suspiro pesado.
— Eu entendo você.
— E eu não tenho um problema com você ser famoso. Se eu tivesse não estaria sentada em cima de você nesse momento.
Ele dá risada e novamente me faz tremer.
— Você me convenceu.
Ele volta a ficar em silêncio e me concentro na pintura. Não fico em silêncio por muito tempo, talvez vinte minutos, queria ouvir ele falar.
— Posso te contar um segredo? — pergunto.
— Qual?
— Sabe aquele dia que levei você pra ver o apartamento?
— Sim.
Lembrando desse dia agora sinto como se fosse há muito tempo atrás. Há anos.
— Eu menti pra você quando disse que só conhecia She Looks So Perfect. Naquela noite que você apareceu na minha cozinha eu ouvi praticamente todas as músicas de vocês.
Meu rosto fica vermelho ao admitir isso. Eu já tinha ouvido falar da banda deles antes de conhecê-los e inclusive me lembro de ter uma amiga apaixonada pelo Michael quando estávamos no ensino médio. Quando vi Luke Hemmings comendo minhas batatinhas eu me senti estranhamente atraída e tive que ouvir os álbuns. Ouvi todos e fiquei acordada até de madrugada como uma adolescente idiota.
— Sério? — ele indaga com um sorriso.
— É, fiquei intrigada com vocês. Achei que valesse a pena.
— E valeu?
— Vocês são incríveis e sua voz é perfeita. Eu adorei as músicas.
O sorriso no rosto dele aumenta.
— Se você não tivesse pintando minhas costas eu beijaria você agora.
Dou risada.
— Me desculpe por mentir, não queria que você achasse que eu era uma fã histérica.
— Eu gosto de fãs histéricas.
— É? — pergunto com um sorriso.
— Sim, não é só em frente aos palcos que elas gritam.
O meu sorriso desaparece. Vou começar a fazer piada sobre sexo com outras pessoas pra ele ver como é divertido.
— Se quiser me levar em mais ensaios eu ficarei feliz. — mudo de assunto.
— Achei que tivesse achado chato.
— Você acha coisas demais Luke, não é mais facil me perguntar?
— Não gosto de ser intrometido, diferente de certas pessoas... — ele rebate.
Dou um tapinha na cabeça dele que começa a rir.
— Tudo bem, não tá mais aqui quem falou.
Finalizo a pintura e me dou por satisfeita com o resultado. É totalmente diferente de pintar em uma tela e acho que o Luke teria que lavar isso logo, não quero que ele tenha uma reação alérgica.
— Vamos fazer um show na sexta a noite aqui em LA, vou conseguir um ingresso pra você. — Luke diz.
— Sério?
— Claro, vai ser bom ter você lá.
— Vou estar incrivelmente bonita. — falo, passando a língua nos lábios.
Um vestido bem bonito para que ele consiga me ver mesmo do palco e morra de vontade de sair de lá e vir arrancar minha roupa.
— Você já está mesmo que eu não consiga ver.
Dou um sorriso.
— Parece que alguém acordou extremamente gentil.
— Estou de bom humor depois da noite passada. — sinto a malícia em sua voz.
— Eu sei usar a língua.
Ele dá risada.
— E essa pintura? Não acaba nunca?
Saio de cima dele.
— Já está pronta só continuei aqui porque estava confortável.
Ele se levanta e arqueia uma sobrancelha em minha direção.
— Me deixa ver. — diz e dá de ombros indo pra perto da porta da varanda, ela tinha o vidro espelhado e serviu muito bem pra Luke ver a pintura.
A primeira reação dele é sorrir.
— Eu adorei! — exclama se virando pra mim. — Você pode bater uma foto?
— Tudo bem, deita no sofá.
Luke me entrega o celular dele e se joga no sofá, meu coração para por um segundo achando que ele iria borrar tudo que eu havia pintado.
— Viro a cabeça pra qual lado? — pergunto.
— Esquerda.
Subo em cima dele novamente e bato algumas fotos. Ficaram boas mas faltava alguma coisa. Solto o cabelo dele e arrumo de um jeito que não tampe a pintura, ele coloca os braços embaixo da cabeça e inclina o rosto pra cima. Bato algumas fotos nesse momento.
— Ficaram ótimas, vou postar uma. — anuncia ele quando vê as imagens.
Sorrio.
— Digamos que não foi só você que ficou inspirado após a noite de ontem.
Luke revira os olhos e pega a ponta do meu cabelo.
— Acho que vou arrumar um ingresso para a Nicole também, então convença ela a ir.
— Não vou precisar convencer. Ela só está se fazendo de difícil pro Cal porque não quer se apaixonar.
— É, ele está na mesma. — concorda dando risada.
— Eles só não chegam num consenso porque são muito parecidos.
— A primeira vez que vi ela achei que ela fosse uma nerd até subir a manga da blusa e eu ver todas aquelas tatuagens. — Luke diz com o olhar distante como se estivesse se lembrando do exato momento em que aconteceu.
— A Nicole é muito inteligente e muito na defensiva. Não se abre muito fácil.
— E o Cal é um galinha! — exclama e eu dou risada. — Juro que não sei como ele foi se ligar tanto nela, eu fiquei surpreso.
— Deve ter adorado o desafio.
Luke revira os olhos.
— Faz sentido.
Ele dá de ombros e se senta na grama novamente, começando a cantarolar a música que tocava. Me sento ao lado dele e desbloqueio o celular pra ver algumas notificações e então me dou conta de que estou dormindo com um cantor e nunca fiz ele cantar pra mim.
— Sabe, você nunca cantou pra mim. — digo como quem não quer nada.
Luke sobe o olhar pra mim com um sorriso de lado.
— Eu não tenho um violão.
— Isso não é problema. — digo e me ponho de pé, correndo em direção a um dos quartos da casa.
— Por deus! Tem alguma coisa que não tenha nessa casa? — Luke indaga assim que vou pro lado de fora com o antigo violão do meu pai.
— TV a cabo. — respondo.
Ele pega o violão da minha mão e toca alguns acordes, provavelmente pra ver se estava afinado.
— Tudo bem, o que quer que eu cante?
— Qualquer coisa?
Ele faz careta.
— Contanto que eu conheça.
— Uma música sua que você goste da letra.
Luke pensa por alguns segundos e começa a tocar.
— Essa é um pouco antiga.
— Sou toda ouvidos.
"Hoje à noite estamos desaparecendo rapidamente
Eu só quero fazer isso durar
Se eu pudesse dizer as coisas que queria dizer
Eu encontraria uma maneira de fazer você ficar
E nunca deixaria você ir
Te pegar em todos os jogos que já jogamos
Então vá em frente, rasgue meu coração
Me mostre sobre o que é o amor
Vá em frente rasgue meu coração
O amor é sobre isso
Eu quero que você me queira dessa forma
E eu preciso que você precise que eu fique
Se você disser que não sente nada
Se você não sabe
Me deixe ir"
A voz dele é extremamente reconfortante pra mim, me deu uma sensação gostosa no peito. Senti vontade de abraça-lo mas não o fiz, o sorriso gigante que se formou no meu rosto já foi mais difícil de esconder...
— Eu já ouvi essa. Fica mais bonita ao vivo.
Ele sorri e coloca o violão de lado.
— É uma das minhas favoritas.
— Acho que agora é uma das minhas também.
Luke me encara de um jeito diferente, seus olhos azuis brilham e sua boca exibia um sorriso contagiante. Ele parece querer falar alguma coisa mas se detém e então pigarreia.
Só então percebo que estava sorrindo também.
— Hm, vou tomar um banho. Assim a gente pode assistir um filme sem manchar o sofá.
Ele se põe de pé.
— Tudo bem. — concordo e ele dá de ombros entrando na casa.
Pego todas as coisas que estavam do lado de fora e coloco pra dentro, inclusive Petunia. Estava no final da tarde e nuvens cinzas se acumulavam ao norte, talvez chovesse de noite.
Quando passo pelo corredor em direção ao quarto consigo ouvir o barulho do chuveiro vindo do banheiro. Coloco o celular que Luke havia deixado lá fora em cima da cômoda e começo a arrumar a cama, é nesse momento em que o celular recebe uma chamada.
Não quero ser bisbilhoteira então não vejo quem está ligando, somente continuo arrumando o quarto e dobrando as roupas que estavam esparramadas pela cama. Quando termino tudo e vou pra cozinha ouço o celular tocar de novo, dessa vez longe demais para me irritar.
Abro a lavadora de louças e coloco tudo o que havíamos sujado lá dentro, não era muita coisa. Quando volto pro quarto o celular volta a tocar. Pode ser a mãe dele, talvez algo sério tenha acontecido... Minhas teorias se dissolvem quando vejo o nome Lola aceso na tela.
Faço careta e me jogo na cama com meu celular em mãos para responder algumas mensagens de meus amigos. O maldito celular volta a tocar, o que de tão importante ela tinha pra falar com o Luke ao ponto de ligar tanto assim?
Ignoro o barulho chato.
A primeira coisa que vejo quando abro o Instagram é a foto que Luke havia postado. Usou um efeito que valorizou as cores e estava mais lindo do que eu podia admitir. A legenda era "Literalmente branco como um papel", curto a foto e me controlo para não comentar nada. Não queria insinuar coisas para fãs adolescentes.
O telefone de Luke volta a tocar pela quinta vez desde que ele entrou no banho. Isso já estava me dando nos nervos, espero que ele me perdoe mas já perdi minha paciência.
— Alô? — falo, minha voz saindo mais rude do que deveria.
— Quem é você?
O papai noel!
— Quer deixar recado?
— Eu liguei pro Luke, não pra você. — ela rebate.
Eu juro que vou tampar essa merda na parede.
— Ele está no banho. — assim que digo isso a porta se abre e Luke aparece de tolha. — Ah, acabou de sair.
Dou dois passos na direção dele e estendo o telefone.
— Quem é?
— Lola. — respondo.
A expressão dele fica estranha e ele pega o celular dá minha mão, dando meia volta em seguida e indo pra fora de casa. Cerca de um minuto depois ele volta, sua cara ainda não estava boa.
— Tudo bem?
— Tudo sim.
— Você parece estranho. — insisto. Eu estava curiosa.
— Não é nada mas tenho que ir pra casa. Amanhã acordo cedo, temos que resolver algumas coisas da viagem.
Luke pega uma camiseta vermelha e a veste.
— Vão pra onde?
— Temos alguns compromissos no Texas, talvez Georgia semana que vem mas não decidimos ainda. — disse enquanto revirava a mochila.
Ele tira uma calça preta de dentro dela e uma cueca da mesma cor.
— Acho que não vamos nos ver muito então.
— Vamos ter bastante tempo pra ficar juntos depois disso. — ele veste a cueca e depois a calça, indo em direção ao espelho sem seguida.
— Vou aproveitar a semana que você vai passar longe para decorar as músicas pro show. — digo tentando suavizar minha expressão estranha.
— Só não cante muito alto, você não vai querer estourar os tímpanos de quem está perto. — ironiza.
— Me desculpa por não ter uma voz bonita como a sua.
— Eu perdoo você.
Luke puxa a mochila que havia trago e começa a colocar as roupas lá dentro, nem mesmo as dobrou.
— Quando disse ir pra casa falou agora?
— É. — confirma sem nem olhar pra mim.
Não consigo disfarçar minha cara de decepção quando ele diz isso. Íamos assistir filmes e então ela liga e ele sai correndo de volta pra casa?
— Tudo bem. É que meus quadros ainda não estão secos.
Luke fecha a mochila e olha pra mim, o olhar parecia preocupado.
— Viemos em carros separados então vou agora com a Petunia e te vejo amanhã, pode ser?
Respiro profundamente antes de responder.
— Claro.
Ele sorri sem mostrar os dentes e beija o topo da minha cabeça, fico em pé fitando suas costas até ele desaparecer pela esquina do corredor.
Alguns minutos depois ouço seu carro arrancar e o barulho do motor se afastar.
Após algum tempo deitada na cama começo a me senti enjoada, como se meu estômago estivesse digerindo meus outros órgãos. Me sento e encaro a parede enquanto respirava profundamente, minha mão estava tremendo agora. Isso não costuma acontecer... Minha garganta se fecha e começo a lutar contra o bolo que se formava nela, meus olhos se encheram de lágrimas no mesmo momento.
E então elas escorrem.
Limpo todas elas antes que meu rosto fique vermelho. Que choro mais sem sentido, de onde veio essa tristeza?
E então percebo.
Pego meu celular e ligo para Tina. Uma vez, duas vezes, três vezes. Ela não me atendia! Seja lá o que estava fazendo num fim de tarde com o Nicholas não me importava, eu quase nunca ligo e agora precisava falar. Precisava muito. Ligo pela quarta vez, quinta vez. Eu juro que se ela não atender vou pegar meu carro e ir pra casa dela agora.
Quando ligo pela sexta vez ela finalmente atende.
— Angeline? Você está bem?
— Não. — respondo e sai mais como um lamurio.
— O que foi? Me deixou preocupada.
Ela não era a única que estava preocupada.
— Estou com medo.
— Medo de quê? — pergunta, sua voz se alarmando mais e mais a cada sílaba. — O que aconteceu, Angie?
— Tina...
— Agora, diz agora!
— Senti falta dele quando ele estava longe. E fiquei irada quando uma garota ligou pra ele hoje, foi estranho. E quando ele me beija eu sinto... eu só sinto vontade de estar com ele...
— O que está querendo dizer?
— Acho que estou apaixonada.
KKKKKKKKKKKKK SÉRIO Q CE TA APAIXONADA AMG NEM PERCEBI
O que será que fez o Luke sair correndo de lá daquele jeito hein
Charlie/Lola você é boazinha ou uma cobra?
Angeline você vai contar pro Luke que tá caidinha por ele?
Muitas perguntas e só eu sei a resposta muahahah
Surtei hoje como podem ver. Queria agradecer todo mundo que sempre comenta e me dá apoio, vocês me deixam MT feliz! Recebi vários votos muito rápido no último capítulo, achei tudo!
Espero que estejam gostando :)
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