Capítulo 18
Luke Hemmings, Los Angeles, 19 de Fevereiro de 2019
A manhã de sábado era nublada, as nuvens se acumulavam no lado leste dando um aspecto frio. Não parecia que iria se tornar um dia chuvoso e isso me dá mais ânimo para sair de casa. Odiava como meu cabelo ficava em dias chuvosos.
A semana foi muito corrida pra mim e para os garotos. Fizemos um ensaio para a capa de uma revista adolescente, uma live e demos diversas entrevistas. Tivemos uma reunião com nosso empresário e com Jason e sua equipe, contratamos mais algumas pessoas para ajudar nos shows e compramos nossas passagens. Vamos para a Geórgia na terça-feira e ficaremos até sexta a noite, onde teremos um show aqui em Los Angeles mesmo. Eu estava empolgado por ser uma ótima oportunidade de Angeline nos ver no palco.
Não passei muito tempo com ela essa semana, na verdade só nos vimos três dias. Com a faculdade dela e todos os meus compromissos raramente tínhamos tempo livre em comum mas trocávamos algumas mensagens.
Enxáguo toda a pasta de dente da minha boca e saio do banheiro, indo em direção a cozinha. Já passava das nove e tínhamos que estar no estúdio às onze. Maquiagem e figurino levava mais tempo do que eu considerava necessário. Meu celular vibra e uma mensagem aparece.
Lola: Te fiz uma pergunta, por que não me responde?
Respiro profundamente e abro a conversa.
Luke: Vemos isso depois.
Deixo o celular de lado e coloco uma música, a melodia invade meus ouvidos não me dando tempo de pensar demais em algo que não devia. Abro a geladeira a procura de algo para comer e pego alguns ovos e salsichas, eu estava morto de fome, ontem não consegui jantar.
Coloco a manteiga para derreter na frigideira e quebro alguns ovos lá dentro, é quando a música para de tocar porque estava recebendo uma ligação. Felizmente é Angel.
— Alô?
— Oi gatinho. — sua voz soa do outro lado do telefone. Consigo imaginar sua língua entre os dentes quando ela fala isso.
— Oi gatinha. — respondo voltando pra perto da frigideira. O ovo estava estalando e espirrando manteiga pra todo lado.
— Pode falar agora?
— Claro! — desligo o fogo e gordura espirra em meu braço. — Ai!
— O que foi?
Faço careta
— Me queimei. — digo me afastando e indo pra sala. — Mas pode falar agora.
Ouço ela dar uma risada.
— Meu professor me passou um trabalho. Tenho que fazer alguns desenhos da natureza e pensei em passar o fim de semana na casa de campo do meu pai.
— E?
— Pensei que talvez você quisesse ir comigo.
Eu com certeza estava interessado nisso.
— Quando você vai?
— Daqui a pouco.
Fecho a cara. A entrevista de hoje começou a me parecer um péssimo programa.
— Hm, acho que não vai dar. Temos que gravar uma entrevista numa rádio hoje à tarde.
— Você pode ir de noite, não tem problema. Devia levar a Petunia também. Tem um lago lindo e muito espaço para ela correr, acho que vai ser bom.
Olho para minha cachorra deitada do sofá e a imagino correndo num campo florido. Ela ficaria bastante empolgada e eu conseguiria tirar lindas fotos dela.
— É eu também acho. Mas só vou se prometer para mim que não vamos comer risoto.
Angeline gargalha alto.
— Você é um idiota.
Dou risada também.
— Achei legal você ter aprendido a fazer alguma coisa que não seja um sanduiche mas você cozinhou isso a semana toda. Se eu comer risoto mais alguma vez eu vou passar mal.
Na segunda-feira ela me mandou uma foto enquanto assistia um vídeo de culinária na internet e na terça quando veio aqui em casa Angie cozinhou o tal risoto pra mim. Estava muito bom na verdade, o problema é que ela fez a mesma coisa na quarta e na quinta também. Segundo ela era preciso treinar muito para que ficasse do jeito certo.
— Falou o cara que só faz massa. — ela rebate.
Abro minha boca em um "O" mesmo sabendo que ela não pode ver.
— Eu pelo menos vario. — tento me defender.
Consigo imaginar a careta que ela está fazendo.
— O que quer comer então?
— Eu levo algumas coisas para cozinhar hoje à noite. — digo. — Deixa comigo.
— Você fala como a minha mãe. A diferença é que ela tem treze diplomas culinários.
— Está menosprezando meu talento?
— Nunca. Estou ansiosa para ver o que você vai cozinhar.
— Viu? Nem você aguenta mais o seu próprio risoto.
Ela dá risada e eu a acompanho. Me sento no sofá ao lado de Petunia.
— Eu vou aprender outros sabores ok?
— Tudo bem, se você aprender mais um prato antes de vinte anos é lucro. — ironizo.
— Você é malvado, Luke!
— Sinto muito.
A ouço respirando do outro lado do celular enquanto passo a mão na cabeça de Petunia.
— Sabe, roubei um vinho da adega da minha mãe. — Angie diz. — Parece bom.
— E depois eu sou o malvado...
— Tem vários lá, ela nem vai perceber.
— Então você quer me levar pro meio do mato e me embebedar?
Ouço sua risada.
— Essa é a ideia.
— Gostei da ideia. No meio do mato ninguém vai ouvir seus gritos.
— Pervertido.
— Você que fez esse plano mirabolante para me seduzir.
— Nós dois sabemos que eu consigo te seduzir com praticamente nada.
— Praticamente nada de roupa.
Ela dá risada pela milésima vez durante essa conversa. Com certeza estava de bom humor e isso me anima também. A noite vai ser legal.
— É, pode ser também. — ela faz uma pausa. — Acho que já vou ir, quero aproveitar a luz da manhã para as pinturas.
Ouço a porta do meu apartamento se abrir e Michael aparece. Faço um sinal para ele e aponto pro celular.
— Tudo bem.
Mike fecha a porta e vem andando em minha direção.
— Vejo você de noite. — Angeline diz.
Petunia começa a ganir incontrolavelmente enquanto pula em cima de Michael. Mike dá risada enquanto acaricia ela.
— Tchau gatinha.
— Beijo gatinho.
Desligo o celular e Michael está praticamente sentado no chão junto com minha cachorra. Parece que ela ficou feliz em vê-lo.
— Gatinha, é? Já tá assim?
Dou de ombros e volto pra trás da bancada da cozinha.
— Você é um chato. Não tinha que estar com a Crystal?
Ligo o fogo de novo e pego uma colher de pau para mexer os ovos.
— Ela está dormindo e eu não tinha nada pra fazer. — ele diz se aproximando. —Achei que seria divertido vir encher seu saco.
— E tomar café da manhã de graça.
Ele revira os olhos.
— Claro, você sabe que não sei nem fazer uma torrada.
— Com queijo ou sem? — pergunto apontando para os ovos na frigideira.
— Com. Quero bacon também.
A gente dá a mão e querem logo o braço todo.
— Então pega na geladeira e dá um jeito de fatiar. Não sou sua empregada.
Ele faz careta e vai até a geladeira.
— Você é bastante receptivo.
— Obrigado.
Entrego uma tábua de cortar para Mike e ele tira uma faca de dentro da gaveta.
— O Ash respondeu suas mensagens? — pergunta enquanto tira a embalagem do bacon.
— Ainda não. Algum sinal dele?
— Cal disse que não dormiu em casa.
— Então o encontro deve ter sido bom.
Michael começa a fatiar o bacon em pedaços tortos e disformes. Mas tudo bem, ele que iria comer mesmo.
— Não sei não. Talvez ela tenha matado ele, ela parecia fofa demais. Isso é suspeito.
— Você anda lendo muito sobre psicopatas, Mike. — falo e desligo o fogo dos ovos.
— É como um ciclo vicioso. Estou tentando não ler só sobre isso.
— Ok, então vamos acabar logo esse café. Senão vamos chegar atrasados.
Aponto para a tábua de cortar que ainda tinha poucos pedaços cortados.
— Não sabemos nem onde o Ashton está.
— Mas temos um compromisso, então anda logo e não me ataque com essa faca.
— Claro que não, gatinho. — ele ironiza e reviro os olhos.
Assim que acabamos o café da manhã eu tomo um banho rápido e visto jeans e moletom. Mudaríamos de roupa assim que chegássemos no estúdio de qualquer maneira. Mike resolve dirigir o meu carro e atrasamos um pouco para chegar.
— E ai cara! — dizemos para Cal assim que entramos no camarim do estúdio.
Ele está sentado em frente ao espelho enquanto uma mulher ajeita seu cabelo.
— Nada do Ash? — ele pergunta.
— Nadinha. — responde Mike se sentando na cadeira ao lado. — Será que bebeu demais de novo?
— Temos uma hora até ele chegar. — o lembro, me sentando também.
A gravação começaria uma da tarde mas ele precisava de tempo para se arrumar.
— Eu vou matar esse garoto irresponsável. — pragueja Calum no momento em que a porta do camarim de abre.
— Vão matar quem? — pergunta Ash vindo direto em direção a cadeira ao meu lado.
— Ah, apareceu a margarida! — digo e a mulher que segurava meu cabelo faz cara feia por eu ter virado o rosto.
Michael pigarreia e finalmente faz a pergunta que todos queríamos fazer.
— Onde você estava?
— Vocês parecem a minha mãe. — Ashton reclama.
— Anda!
— Tudo bem. Eu estava na casa da Ashley e cara... estou caidinho.
Caidinho? Sério?
— Você conhece ela só tem uma semana. — rebato.
— E daí?
— Essas coisas não acontecem rápido assim.
— Claro que acontecem. — intervém Michael. — Até parece que você nunca se apaixonou.
— Faz um tempo, não lembro mais como é isso.
Os meninos explodem em uma risada e a mulher que passava algo no rosto de Ash ri também, provavelmente do nosso escândalo. Faço careta.
— Tempo? Sério? — indaga Cal.
Mike coloca a mão no meu ombro.
— Luke você é um idiota.
— Eu?
— É, você está caidinho pela Angie mas não quer admitir. — Calum continua.
Esse assunto na frente de outras pessoas está começando a me deixar envergonhado.
— Estava até chamando ela de gatinha...
— Brincou! — exclama Ash e todos eles riem as minhas custas de novo.
— Acho que nunca pensei sobre isso na verdade. — admito.
— Isso sim me surpreende, você costuma ser tão iludido.
Reviro os olhos para Mike.
— Vai se foder...
— Qual é cara, isso não é uma coisa ruim.
— Só as vezes... — Calum completa.
— Mas e ai Ash, vão se ver de novo? — pergunto, de saco cheio por essa conversa ser sobre mim.
— Hoje à noite.
Calum coloca a mão no peito enquanto faz cara de magoado.
— E quem vai no boliche comigo?
— Chama o Luke. — sugere Ash.
Balanço a cabeça em negação.
— Não vai rolar, vou ver a Angel.
— A gatinha dele. — Mike ironiza e cai na risada junto com Ashton.
Dou o dedo do meio pra eles.
— Não é possível que todos meus amigos estão laçados.
— Você também estaria se a Nicole desse a mínima pra você. — rebato.
— Isso foi malvado, cara. — diz Ashton segurando a risada.
— Tudo bem, vou sair com o Jude.
— Somos facilmente substituíveis.
Calum abre a boca para continuar a conversa mas a fecha assim que a porta do camarim se abre. Jason Smiths, nosso produto musical e pai da garota com quem eu durmo aparece na porta.
— Bom dia, garotos! — ele diz passando a mão no bolso do terno azul marinho.
— Bom dia Jason.
— E ai!
— Você parece nervoso. — Cal observa.
Jason pigarreia e vem em nossa direção.
— Não gosto de entrevistas então espero que vocês falem bastante.
Eu e os meninos sorrimos. Falar não era um problema para nós.
— Vamos te dar cobertura. — Mike garante e faz um beleza com a mão.
A entrevista foi bem divertida.
Nossa pauta era sobre o conceito do álbum, produção das músicas, shows e o final foi direcionado a perguntas de fãs. Jason falou mais sobre alguns termos técnicos e para a felicidade dele isso foi o suficiente, complementávamos o que ele falava conforme ele havia pedido. É engraçado que um produtor grande como ele fique nervoso ao fazer entrevistas.
Ainda não tínhamos um nome em vista para o álbum mas falamos alguns que já havíamos descartado. O entrevistador estava bem preparado e parecia ser bem antenado em todo esse lance de música e produção, foi satisfatório conversar com ele.
Já a parte de pergunta dos fãs foi meio complicado, já sabíamos que seriam perguntas pessoais mas como sempre ficamos atrapalhados para nos expressar. A parte sobre o relacionamento e noivado de Michael foi tranquila, todos demos nossa opinião do modo mais descontraído possível e Mike afirmou que pretendiam se casar após nossa tour do álbum novo. A entrevista começou a desandar quando o entrevistador leu a seguinte pergunta: vocês estão apaixonados? Michael não se demorou em dizer sim mas eu e os outros garotos nos entreolhamos e ficamos em silêncio.
— Acho que tocamos num ponto sensível. — o entrevistador brinca e damos uma risada nervosa.
— Vamos para a próxima antes que eu borre as calças. — pede Cal, esbanjando bom humor.
Isso salvou a gente de mais constrangimento. Quando o vídeo fosse para a internet eu tinha certeza que seríamos marcados em várias piadas sobre esse momento.
A entrevista chega ao fim e nos posicionamos para cantar. Era aquele estilo de performance ao vivo via rádio e que o vídeo saía na internet depois. Não tem tanta graça pra mim, era muito melhor com o público cantando conosco mas não chegava a ser ruim. Tocamos Valentine, Youngblood e Lie To Me.
Era quase cinco da tarde quando deixo o estúdio e sigo pro mercado. Compro algumas coisas para cozinhar hoje a noite e me pego olhando para um pacote preservativos. Preservativos. Angeline tomava remédio certo? Eu me lembro de já ter usado proteção mas com certeza não usei todas as vezes. Me desespero e ligo pra ela no mesmo minuto. Angel atende no segundo toque.
— Já está vindo? — ela pergunta.
— Quase. Desculpa a pergunta mas você toma remédio?
— Remédio?
— É, para não engravidar. — faço uma pausa. — Anticoncepcional...
Alguns segundos se passam e ela responde.
— Não.
— Ah.
Coloco a mão na parede e me apoio para não cair. Eu não vou desmaiar, vou? Me imagino com um bebê loiro e com covinhas no colo. Por deus, eu não posso ser pai agora!
— Luke? Luke? — Angeline me chama e algo no tom de voz dela me faz pensar que ela estava me gritando tinha bastante tempo. — Eu estava brincando! Pelo amor de deus! É claro que eu tomo remédio.
Sinto o sangue voltar a circular.
— Você não devia fazer isso comigo! — a repreendo e tomo coragem para me desapoiar da parede.
Ouço sua risada do outro lado do telefone.
— Foi muito tentador. Traz chocolate pra mim?
Reviro os olhos e volto a empurrar o carrinho de compras.
— Eu levo sim. Mesmo você não merecendo.
— Até mais. — Angel diz e desliga a chamada.
Finalizo as compras e dirijo de volta pra casa para pegar algumas coisas e a Petunia. Foi uma luta pra colocar ela dentro do carro e ela latiu o caminho todo mas consegui chegar ao meu destino. A casa era bem isolada e com muitas árvores em volta, as paredes eram de madeira e a luz interior amarelada.
Assim que abro a porta do carro Petunia sai em disparada para o lado de fora. Pego as sacolas de compras e saio também, vendo Angel agachada no chão enquanto acariciava a cabeça de minha cachorra. Angeline usava um macacão de tecido fino azul marinho e um casaco de lã branco. Usava chinelos e os cabelos estavam presos em um coque.
— Oi Petunia! — ouço ela dizer ainda agachada. Petunia balançava o rabo de um lado pro outro, estava super animada. — Eu sei, eu também senti sua falta.
Pigarreio e Angeline olha pra mim.
— É só ela que ganha um oi?
Um sorriso atravessa seu rosto e ela se levanta, me dando um beijo na bochecha.
— Oi Hemmings...
— Oi pra você também.
Ela passa pela porta e vou atrás dela. A lareira estava acesa e todos os móveis da sala — incluindo as paredes — pareciam ser feitos de madeira o que me deixa intrigado sobre o fogo. Eu não queria morrer num incêndio.
— O que você trouxe para o jantar? — Angie pergunta e paro de pensar em acidentes que provavelmente não vão acontecer.
— Trouxe frango e alguns legumes. — respondo, colocando as compras em cima do balcão da cozinha. — De sobremesa mousse de chocolate.
— Gostoso. — ela diz olhando pra mim. Engulo a seco. Eu ou o mousse?
Dou de ombros e tiro os potes de Petunia de dentro de uma das sacolas.
— Você vai me ajudar. — aviso enquanto coloco água em um dos potes.
— Eu?
— É, achou mesmo que ia ficar deitada enquanto eu faço o trabalho difícil?
Coloco a ração e a água no chão e Petunia vai saltitante até eles.
— É, eu achei. — Angel admite. — Mas tudo bem, eu te ajudo.
— O que fez o dia todo? — pergunto.
— Isso. — responde fazendo careta e apontando pros quadros que estavam num canto da sala, um pouco atrás dela.
Como eu não vi isso antes?
Me aproximo e encaro as pinturas. Lagos, árvores, flores, pássaros e borboletas. Era muito bonito e muito vivo, as cores eram vibrantes. Tudo era realista, conseguia me sentir dentro do lugar.
— Uau. Eles estão muito bonitos.
— Eu não gostei muito.
Me viro pra ela indignado.
— Como não? Eu gostei de todos.
Angeline sorri e coloca o dedo na boca.
— Você faz sexo comigo então sua opinião não conta. — ela dá de ombros. — Estava sem inspiração.
— Sua inspiração chegou! — ironizo apontando pro meu próprio peito.
Sua risada enche a sala e sorrio com isso.
— Convencido. Fiz uma coisa enquanto te esperava.
Ela se vira pra mim e me estende um pedaço de papel. O papel era grosso e amarelado, nele havia um desenho meu e da Petunia, me lembro de ter postado essa foto no Instagram. Era simples e feito a lápis, a pequena assinatura de Angie estava no canto do papel. Era muito bonito e significava muito, pelo menos pra mim.
— Eu adorei! — exclamo, sem palavras para me expressar. — Nunca havia ganhado um desenho, quer dizer, só de fãs mas isso é diferente.
Meu sorriso era enorme e percebo que isso a fez sorrir também.
— Pode ficar com ele.
— Sério?
— Claro, nem foi o meu melhor. — diz ela com uma carinha convencida.
Faço careta pra ela e coloco o desenho em cima da mesa, com certeza eu o colocaria no meu quarto. Vou para trás da bancada e lavo minhas mãos enquanto ela mexe nas sacolas.
— Vejo que você veio preparado. — Angeline diz e levanta um pacote verde de preservativos.
— Fiquei preocupado... — ironizo, levantando meus ombros.
— Tão preocupado quem nem me ouviu rindo do outro lado do telefone.
Ela não estava rindo, eu teria notado não teria?
— Você não riu. — insisto.
— Eu ri muito, Luke seu surdo! Mas não precisa se preocupar eu não tenho planos de arruinar minha vida.
Não acho que uma criança entraria na categoria "coisas que arruinariam minha vida".
— Não gosta de crianças? — pergunto, tirando os legumes de dentro da sacola.
— Gosto mas não com essa idade e principalmente não com... — ela faz uma pausa e parece pensar se deve ou não terminar a frase.
— Com...?
— Você. — responde, desviando o olhar.
Isso de certo modo me magoa. Será que eu era uma pessoa tão horrível assim?
— Isso foi uma ofensa? — indago.
— Não, mas acho que se tivesse um filho não queria que fosse com alguém que é exposto como você.
Não esperava essa resposta.
— É, acho que nem eu gostaria.
Angeline me ajuda a acabar de lavar os legumes e então começamos a corta-los.
— Ouvi sua entrevista hoje. — ela diz e a faca quase corta meu dedo.
Tudo menos a entrevista!
— Ah é? — finjo naturalidade e nem me dou ao luxo de olhá-la nos olhos.
— É, foi divertida. — faz uma pausa. — Principalmente o meu pai sem saber o que falar.
— Ele foi bem.
Angel corta um pedaço de cenoura que sai voando pro outro lado do balcão. Ela devia experimentar segurar a cenoura enquanto a corta.
— Não sabia que Michael e Crystal iam se casar. Eles são tão jovens.
E desde quando idade significa alguma coisa?
— Eu não consigo imaginar eles um longe do outro e sei que não sou o único. Casar ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Estou feliz por eles.
— Eu não disse que não estava. — ela se defende e só então percebo que fui meio rude. — Você quer se casar?
— Com certeza. Só não sei se vou achar alguém para se casar comigo.
Ela dá risada e balança a cabeça em negação.
— Já discutimos casamento e bebês em menos de vinte minutos, isso está ficando estranho.
— Vamos focar na comida. — sugiro.
— E em The Fray! — ela diz indo em direção a caixa de som.
Demoramos bastante pra finalizar o jantar, assar um frango demandava tempo e preenchemos esse tempo com muitas taças de vinho, pelo menos eu preenchi. Angeline afirmou que não podia correr o risco de acordar se sentindo mal por causa do álcool, afinal ela tinha telas pra pintar e desenhos pra fazer. A cada taça ela parecia brilhar cada vez mais e podia jurar que sua risada já estava impregnada em minha mente.
Quando o jantar fica pronto eu acabo não comendo e vou direto para a sobremesa. Angeline elogiou tempero do meu frango e devorou todas as batatas que eu assei, sua boca ficou suja de óleo como uma criança estabanada que não sabe comer. Ela insistiu em colocar tudo na lavadora de louças enquanto eu escolhia um filme, fiquei chateado por termos que assistir na sala já que não tinha televisão nos quartos. Ideia da minha mãe — Angel disse.
— E então, o que vamos assistir? — ela pergunta se jogando ao meu lado.
— Não estou afim de assistir nada na verdade. — respondo, virando todo o vinho da taça na minha boca.
— Ah é? — indaga passando a língua nos lábios.
Angeline abre um sorriso e vem em minha direção. Ela sobe em cima de mim e coloca uma perna de cada lado. Minhas mãos acariciam suas coxas e sinto como ela estava quente, muito quente. Tudo em volta parecia embaçado menos ela, como um ponto de luz. Suas mãos pequenas e ágeis vão até meu cinto e o desabotoa com facilidade, colocando ele do meu lado no sofá. Ela se esfrega em mim enquanto me olhava nos olhos, não consigo falar nada nem fazer nada, estava hipnotizado e bêbado. Se esse era o plano dela, ela havia conseguido.
Senti-la em cima de mim, rebolando assim. Quente, cheirosa e extremamente irresistível. Precisava entrar dentro dela.
— Não me tortura. — eu peço.
Angel sorri e me puxa pra perto dela, pressionando seus lábios úmidos contra os meus. Sua língua tem gosto de chocolate por conta do mousse que ela havia comido, o cheiro cítrico invade meu nariz e me faz queimar de dentro pra fora de tanto desejo. Suas mãos agarram meu cabelo e me prendem no lugar, me impedindo até mesmo de respirar.
Ergo meu quadril contra o seu e ela suspira, suas mãos se afrouxam e consigo beijar seu pescoço. Sinto o gosto, o cheiro e a textura. Eu a conhecia muito bem, sabia exatamente onde toca-la.
Angeline me olha com seus olhos travessos e lábios inchados, suas íris tinham uma cor mais viva do que nunca.
— Você vai me comer, Luke. Agora!
Ela puxa minha camiseta e a joga em algum canto da sala.
— Não sei dizer não a você. — respondo, levando minha boca ao seu pescoço.
OI GENTE!! Próximo capítulo já está escrito então logo, logo ele vai sair!
O que vocês estão achando dessas mensagens >INSUPORTÁVEIS< da Charlie/Lola?
E o mais importante: estão gostando da história? Tem alguma sugestão de onde posso melhorar?
Queria me desculpar de novo por não escrever hot mas é que eu realmente não sei e nem leio muita coisa com isso kkkk não desistam de mim!
LUKE NÃO VAI SER PAI GNT É SÓ UM ASSUNTO QUE EU QUERIA QUE ACONTECESSE! Não se preocupem.
Falei pra carai ne, espero que tenham gostado do capítulo :)
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