Capítulo 17

Angeline Smiths, Los Angeles, 12 de Fevereiro de 2019

A luz do sol invadia meu quarto e iluminava meu rosto – motivo principal pelo qual havia acordado. Minhas cortinas estavam abertas dando vista ao céu completamente azul, sentia a brisa entrar e me animo automaticamente. Eu odiava o frio. Amava o sol, o céu azul, cheiro de protetor solar e me entupir de sorvete.

Me sento na cama e jogo minhas cobertas pro lado. Demoro alguns segundos para me acostumar com a luz e então pego meu celular. Me surpreendo ao ver que já era meio dia, eu não costumava dormir até tão tarde mas me pareceu aceitável visto que passei a semana me desdobrando em várias para finalizar a maquete que eu e meu grupo tínhamos que fazer. Odiava projetos de faculdade e mais ainda projetos em grupo. Foi um caos até chegarmos em um consenso.

A primeira mensagem que vejo em minha tela é de minha irmã.

Tina: Angie, segunda feira a costureira vai passar aí. Esteja em casa às 16.

Respondo com um ok e digo para ela não se preocupar. Tina ficou me lembrando disso a semana inteira, mesmo que eu me esquecesse tenho certeza que uma força gravitacional me arrastaria de volta pra casa no horário marcado. O casamento estava deixando todo mundo nessa casa uma pilha de nervos. Minha mãe inventava algo novo no cardápio a cada dia, meu pai lutava para não ficar de cara feia quando minha irmã estava por perto e parecia ser o único a ter tudo sobre controle. Já Tina estava surtando com os vestidos das madrinhas, o seu próprio e o terno de Nicholas. Parece que eles não entravam em um consenso. Eu aguentava firmemente todas as reclamações que ela fazia sobre a sogra que queria interferir no modelo que minha irmã iria usar.

— Eu sei que ela se casou já tem uns cem anos mas controlar o meu casamento é um pouco demais. — dizia Tina, tudo que eu podia fazer era rir.

Passo para a próxima mensagem.

Hemmings: Você esqueceu seus livros aqui em casa.

Angie: Mais tarde eu pego.

A verdade é que eu só dormi até o meio dia hoje porque fiquei com o Luke até de madrugada. Prometi a mim mesma que não ia dormir mais lá, afinal arrumar problemas com meus pais nessa altura do campeonato não me agradava nem um pouco. Eles não ficavam tanto em cima quando eu chegava tarde então era muito mais fácil inventar uma história qualquer. Apesar de depender deles eu também tinha direito a ter minha vida íntima e privada, eles não precisavam se meter nesses aspectos sobre mim.

Me levanto e vou direto pra janela, escancarando ela ao máximo. Estava bastante quente e isso me anima. A primeira coisa que me passa pela cabeça é ligar para Nicole, poderíamos ir à praia ver surfistas de sunga ou até mesmo ficar aqui em casa e beber água de coco na beira da piscina. Ou então eu podia ir pra casa de Luke e fazer coisas muito mais interessantes na piscina dele. O pensamento me excita por alguns segundos até que me lembro que ele e os meninos foram gravar um programa hoje, a gravação duraria de uma da tarde até as quatro. Pelo menos eu o veria de noite, os meninos estavam animados para me mostrar um bar que eles sempre iam.

Abro o Instagram vendo os stories e pelo o que Calum havia postado eles já estavam no estúdio. Luke postou uma foto com uma camisa com estampa de zebra, seu cabelo estava penteado para trás e tinha um óculos preto no topo da sua cabeça. A língua para fora em uma careta que exibia os dentes.

Amo sua língua e as coisas que ela sabe fazer. — envio na DM.

Ele não demora nem um minuto para me responder.

Angel, espero não aparecer de pau duro na televisão.

Dou uma risada e bloqueio o celular, indo pro chuveiro em seguida. Não demoro muito no banho e assim que saio coloco um biquíni vermelho e shorts jeans de cintura alta. Não tem a mínima chance de eu ficar trancada em casa com um tempo maravilhoso como esse. E então meu celular apita.

Peter: SOS! A irmã da Brenda derrubou suco de uva na nossa maquete, estragou todas as árvores que colocamos. Precisamos de ajuda pra consertar!

Fecho a cara, parece que me animei cedo demais.

Angie: Manda o endereço, em dez minutos saio de casa.

Coloco uma camiseta branca por cima do biquíni e calço chinelos, espero que isso não demore muito. Abraço meu pai e minha mãe e saio de casa, chegando na de Peter vinte minutos depois.

— E aí! — ele diz abrindo a porta e me dando espaço para que eu entre.

A casa dele conseguia ser ainda maior que a minha. Me viro para ele. Peter vestia bermuda preta, uma camiseta vermelha e chinelos. O cabelo caia nos olhos e tampava um pouco de suas sobrancelhas marcadas. Ele estava muito bonito, como sempre.

— Oi. – respondo. — Onde está a Brenda?

— Ela saiu tem dez minutos, disse que tinha que ir ver a avó em Malibu então perguntou se podíamos finalizar sozinhos. Ela já resolveu grande parte do problema, só falta encaixarmos os postes e toda a área verde do lado de fora.

Faço careta.

— A parte mais difícil.

Peter dá risada.

— Só vai ser difícil montarmos as arvores, de resto vamos ser rápidos. — ele disse. —Ela pediu para dizer a você que sente muito.

— Ah, tudo bem. Vamos fazer o que, né? — indago, arqueando as sobrancelhas.

Ele levanta os ombros e se vira, indo em direção a escada.

— Vamos subir.

Assinto e sigo atrás dele, subindo os degraus enquanto olhava abismada pro lustre acima de minha cabeça. Era gigante e bem espalhafatoso.

— Cadê os seus pais? — pergunto assim que chegamos ao topo da escada.

— Meu pai eu não tenho certeza, talvez no Japão eu sei lá... Minha mãe tá meio que... morta.

Ele abre a porta do quarto e falou tudo com tanta tranquilidade que demorei alguns segundos para processar.

— Ah meu deus, eu sinto muito! — exclamo, colocando a mão na testa. — Eu sou uma anta.

Ele gargalha o que me dá a impressão de que essa era exatamente o tipo de reação que ele queria causar em mim.

— Relaxa, tem mais de dez anos. — Peter diz e se senta em frente ao computador.

Seu quarto tinha uma cama de casal gigante, uma televisão e ao que parece dois tipos diferentes de vídeo-game. Uma das paredes era coberta por uma janela enorme e a outra por uma estante que ia do chão ao teto. Devia ter uns mil livros aqui.

— Quantos livros... — digo, passando o dedo pelos volumes. Estava tudo incrivelmente limpo.

— Gosto de ler. — ele responde, digitando alguma coisa no computador.

— Leu todos?

— A maioria deles. E você, gosta de ler?

Dou de ombros. Estava longe de ser adicta a leitura como ele.

— Não tenho o habito mas li alguns, meu favorito é Os Miseráveis.

Ele gira a cadeira.

— Sério? Puxa, é um dos meus favoritos também.

Assinto com um sorriso e ele se volta pro computador. Alguns segundos depois a impressora expele um papel e Peter o pega, se pondo de pé em seguida.

— Pronto, aqui está o projeto. A maquete e as coisas estão no jardim.

Ele abre a porta e estende o braço para que eu passe. Descemos até a sala e ele abre uma porta de vidro que vai direto para uma espécie de varanda. Tinha uma mesa grande com algumas cadeiras.

— Sua casa é enorme! — exclamo, vendo o grande jardim a nossa frente. A piscina estava bem próxima e devia ter quase o dobro de tamanho da minha.

Ele dá uma risada.

— A sua também é.

— Deseja mais alguma coisa Peter? — pergunta sua funcionária que estava parada ao lado da porta.

Ele se vira para ela com um sorriso doce.

— Não, Marie. Muito obrigado! — ele diz e ela se retira.

Me aproximo da mesa e percebo que nela tinha sanduíches, uma jarra de limonada, algumas jujubas e garrafinhas de água dentro de um balde de gelo. Tudo o que precisávamos para consertar nossa maquete também estava lá. Assim que sinto o cheiro dos sanduíches meu estômago faz barulho. Peter olha pra mim.

— Eu saí com tanta pressa que até esqueci de almoçar. — digo, colocando a mão na barriga. 

— Se quiser eu peço a Marie para servir...

— Não se preocupe — o interrompo — os sanduíches são o suficiente.

— Então vamos começar.

Pegamos todas as plantas sintética que compramos e os gravetos que usamos para fazer nossas árvores em miniatura e colocamos tudo no chão. Não queria que a cola sujasse aquela mesa. Peter serve um copo de limonada para cada um de nós e estende a folha impressa do nosso projeto ao lado da maquete. Intercalo mordidas no sanduíche com pregar as pequenas folhas sintéticas no galho.

— Sabe, nunca conversamos sobre o seu aniversário. — Peter diz depois de alguns minutos, assim que acabo de comer.

Levanto a cabeça mas ele não olhava pra mim, então volto a atenção ao que eu estava fazendo.

— Eu sinto muito por isso. Acho que exagerei na bebida.

Ele dá uma risada nasalada.

— É. Eu também. — faz uma pausa. — Você se arrependeu de...?

Peter não consegue terminar a frase.

— Não. Na verdade me arrependi de ter bebido tanto e de não ter resolvido alguns assuntos antes.

Isso era verdade. Dormir com ele não era o meu arrependimento, as coisas que eu havia feito e que levaram a isso sim.

— Aquele cara da banda? — ele indaga e levanto meu olhar até ele. — Eu vi vocês no jardim, ele parecia chateado. Não imaginei que vocês tivessem alguma coisa. Agora faz mais sentido.

— Na verdade nós só ficamos as vezes. Não é como se estivéssemos apaixonados.

—- Entendi. Fiquei preocupado se você ia achar que me aproveitei de você, por estar bêbada.

— Peter você demorou cinco minutos pra conseguir entrar dentro de mim, você com certeza estava mais bêbado que eu. — sou sincera demais e fico preocupada. Será que ele levaria isso numa boa?

— Não fui eu quem caiu da cama. — ele rebate.

Solto uma risada aliviada.

— Me desculpe por ter te mandado embora daquele jeito, foi uma tremenda falta de educação.

Ele sorrio e arqueou suas sobrancelhas marcadas, dando um sorriso. Isso dava a ele um ar muito sexy.

— Está desculpada. Foi muito melhor assim afinal encarar o seu pai não me parecia uma boa opção.

Concordo e continuamos nosso trabalho.
Peter colocou música para tocar e fomos conversando enquanto bebíamos limonada. Montar as árvores ficou mil vezes mais fácil com ele, ele era um garoto muito engraçado. Quando acabamos pregamos a grama sintética em nossa maquete e depois as árvores, flores e postes de luz. O resultado ficou ótimo, me arrisco a dizer que melhor até do que quando fizemos pela primeira vez. Mandamos uma foto nossa com a maquete para Brenda, que agradeceu a gente pelo trabalho. Enquanto juntávamos as coisas percebo que eram quase quatro da tarde, havia perdido minha chance de ir para a praia e estava suando de tanto calor.

— Você planejava ir pra algum lugar? — Peter pergunta assim que acabamos de guardar tudo.

— Eu?

— É, você está de biquíni. A não ser que saia para fazer trabalhos sempre assim.

Reviro os olhos de sua ironia.

— Na verdade eu planejava ir a praia.

Ele faz careta.

— Arruinei seu dia não foi?

— Na verdade meu dia foi ótimo. — sou sincera. — Você é uma ótima companhia.

Peter pareceu satisfeito com minha resposta.

— Se não tiver nada pra fazer agora, podíamos nadar. O sol deve se por só daqui a duas horas.

Reflito por alguns segundos. Eu havia marcado de encontrar Luke no apartamento dele as dezoito, isso me dava tempo o suficiente para nadar e passar em casa para um banho antes de encontrá-lo. Se me atrasasse muito podia até mesmo me trocar na casa dele. Fico satisfeita por ter como conciliar as duas coisas.

— Por mim tudo bem. — concordo.

Peter sobe pro seu quarto para trocar de roupa e eu me livro das minhas e pulo na piscina. A água estava morna e gostosa e a falta de muros em volta da piscina permite que o sol ainda bata nela. Boio e sinto meu humor ficar cada vez melhor por sentir os raios de sol em cima de minha pele. Só paro de boiar quando Peter pula também, fazendo uma onda de água voar na minha cara. Engasgo e ele ri.

— Idiota. — digo, lhe tampando água.

Nadamos por alguns minutos enquanto conversávamos da faculdade. Até mesmo ficamos tampando água um no outro como idiotas. Estávamos muito próximos agora e eu me sentia irrevogavelmente atraída por ele.

Peter passa a mão no cabelo jogando os fios castanhos para trás. Encaro seus olhos marcantes por alguns segundos e então percebo que olhava para sua boca. Não penso muito, somente me inclino em sua direção.

Selo nossos lábios me sentindo energizada por isso. Peter desliza a língua para dentro da minha boca em um movimento sutil. Envolvo meus braços em volta do seu pescoço e ele me puxa para mais perto, a sensação de seu corpo quente colado ao meu é ótima.

Ele me pega no colo e enlaço minhas pernas em volta dele. Sinto minhas costas contra a parede da piscina e seu membro fica duro embaixo de mim me gerando um calor repentino. Sua língua desliza no meu lábio inferior e um gemido escapa da minha boca. Céus! Desde quanto fiquei descontrolada assim?

Então ele se afasta abruptamente. Sua respiração estava ofegante e a minha também.

— Melhor irmos ver um filme. — ele diz, coçando a nuca.

— É. — concordo.

Não queria fazer uma besteira de novo.



xxx


O filme na casa de Peter acabou demorando bem mais do que eu planejava e a conversa com ele estava tão legal que nem me toquei com as horas passando. Ele era um bom amigo apesar de ser um perigo para mim com toda aquela aurea irresistível em volta dele.

Quando chego em casa está tudo vazio. Provavelmente meu pai deve ter ido acompanhar minha mãe no restaurante. Mando mensagens para eles, para Tina, Nicole e Luke. Conto a ele que atrasei por causa um acidente com meu projeto, era a verdade, apesar de ter omitido que havia passado a tarde inteira sozinha com Peter.

Tomo um banho o mais rápido possível e seco meu cabelo. Olho para o relógio e como já sabia que chegaria atrasada resolvo fazer uma maquiagem mais complexa. Passo sombra preta nos olhos e gloss na boca. Visto um vestido de cetim vermelho e uma jaqueta de couro, no meus pés botas pretas de cano curto. Meu dou por satisfeita e pego um taxi em direção ao endereço que Luke havia me mandado.

— Oi gente! — exclamo assim que os vejo sentados em uma mesa ao canto do bar.

Me sento na cadeira desocupada entre Calum e Luke e tiro minha jaqueta. O bar estava lotado e mais parecido com uma boate. Tinha até pista de dança.

— Atrasada. — diz Cal como se fosse um xingamento e eu faço língua.

— Onde está a Crystal? — pergunto me virando pra Michael.

Ele faz uma expressão exageradamente triste.

— Me abandonou... — responde, fazendo biquinho.

Um vinco surge em minha testa e me preocupo, teria sido uma boa ideia tocar nesse assunto?

— Foi ver a mãe. — explica Luke.

Dou risada, o drama fez mais sentido agora.

— Então é assim que você fica sem a Crystal?

— É, triste e bêbado.

— E sem sexo. — rebate Cal e ganha risadinhas de todos na mesa.

Mike olha feio pra ele.

— Cadê o respeito?

— Foi mal amor, não fica bravo comigo.

Eles continuam com comentários idiotas e percebo que estavam alterados demais. Apesar de todos serem bem falantes e brincalhões mesmo sóbrios, quando o álcool bate eles costumam exagerar.

— Eles já estão bêbados né? — pergunto me virando para Luke.

— Já. Viramos quatro doses de tequila antes mesmo de você chegar. — responde. Sua mão fria escorrega pra minha coxa e me causa um arrepio.

— Sempre perco a diversão. — me lamento e inclino meu rosto para ele.

— Conseguiu consertar seu projeto?

O hálito de menta misturado com álcool atinge meu rosto. Sinto vontade de beija-lo.

— Consegui. — respondo.

A imagem de Peter e eu na piscina invade minha mente. Os beijos e o calor... Mas que merda, Angeline!

— Angel! — Luke me chama.

Volto a encara-lo e só ai percebo que havia desviado os olhos.

— An? O-oi. — gaguejo, minha cabeça estava confusa e toda a falação em volta de mim não estava ajudando.

— Te fiz uma pergunta.

— Não ouvi, o que era?

Ele aponta pro garçom parado na frente da nossa mesa.

— Vai querer alguma coisa pra beber?

— Só um suco de limão. Não limão não... laranja.

O garçom assente e anota meu pedido, saindo em seguida. Luke se inclina para mim com um sorriso, seus olhos brilhavam o que significava que ele havia bebido consideravelmente. Sinto seus dedos fazendo carinho na minha coxa desnuda.

— Você parece cansada. — Luke diz.

— Me desculpe. A tarde foi meio trabalhosa.

— Se quiser podemos ir para minha casa. — ele sugere, aumentando a pressão dos dedos na minha coxa.

Olho em volta preocupada com o contato que ele estava tento comigo. Não queria ser a próxima a sair num site de fofoca como caso de Luke Hemmings.

— Na verdade não precisa. — respondo.

Ele tira a mão da minha coxa para pegar o copo de bebida em cima da mesa. Olho em volta e percebo que os garotos haviam se afastado um pouco. Calum agarrava um garota loira enquanto Mike e Ash claramente faziam piadinhas visto o modo como se contorciam de rir.

— Aquilo é normal? — pergunto apontando para eles.

Algumas pessoas passam na frente quando Luke se vira para olhar e quando saem o beijo de Cal com a loira parece ter ganhado bastante volúpia. Estavam praticamente se engolindo.

Faço careta.

— Ah meu deus, que nojo! — exclama Luke, desviando o olhar.

— Não sabia que vocês podiam sair por ai fazendo coisa do tipo.

Eles não eram famosos? Pensei que pessoas assim vivessem em rédeas curtas e tentando aprontar ao mínimo.

— Angel, você pagou para entrar? — ele pergunta.

Ergo uma sobrancelha achando a pergunta estranha.

— Não.

— Só pediram seu nome, certo?

— Certo. Mas não estou entendendo...

— É o bar de um amigo nosso e no dia de hoje ele só chamou os amigos mais íntimos para vir. É bom ir para um lugar normal e agir como pessoas normais sem se preocupar com fofocas ou fotos indesejadas. Se bem que fofocas sempre tem mas não vão ter como provar.

Fazia sentido. Inteligente da parte deles.

— Vocês são mentes criminosas. — brinco, cutucando a barriga dele.

Luke da risada.

— Experimenta viver com fotógrafos na sua cola.

— Eu passo.

Luke ergue o copo, vira o resto do líquido na boca e então se levanta.

— Vem, vamos dançar. — me chama, estendendo a mão.

— Meu suco nem chegou.

— Você bebe depois. — insiste.

Pego a mão dele e seguimos para a pequena pista de dança. Não tinha muita gente lá o que nos dava espaço para dançar sem esbarrar em ninguém. Luke começa a se mexer no ritmo da música e percebo que ele levava jeito pra coisa. Percebo também que ele estava extremamente sexy com a roupa que usava. Camisa de cetim preta, calça skinny da mesma cor e botas. A mão lotada de anéis e uma corrente grossa no pescoço.

— O que foi? — ele pergunta, chegando bem perto do meu ouvido para que eu ouça.

— Só estava pensando em como seria bom arrancar sua roupa.

Ouço sua risada gostosa em meu ouvido enquanto ele me puxa pra perto dele, me apertando contra si. Fecho meu olhos para não incomodar meus olhos com todas as luzes piscantes e me concentro na batida da música e nas mãos de Luke percorrendo meu corpo.

Ele me vira de costas e agarra minha cintura com os dois braços. Sinto seus lábios no meu pescoço e me arrepio, rebolando contra ele com mais vontade.

— Não devia me provocar assim... — o ouço dizer com a boca ainda perto do meu ouvido.

Dou um sorriso.

— Ah é? Por que?

— Posso fazer uma bobagem.

— Tipo o que?

Ele me vira— ainda me segurando pela cintura — e me olha nos olhos.

— Tipo te levar pro banheiro e te comer em uma daquelas cabines.

— Luke! — exclamo, dando risada.

— Você que perguntou... — ele diz enquanto faz um passinho engraçado.

— Não vou transar no banheiro de uma boate.

— Posso usar os dedos. — Luke sugere e eu forço uma cara feia. — Ou beber um pouco de água para afastar o álcool do meu cérebro.

— Uma boa ideia.

Dou um sorriso e me aproximo, colocando minhas mãos em seus ombros.

— Luke! — ouço um grito e um homem com barba se aproxima.

Ele vestia jaqueta de couro vermelha e tinha uma grossa corrente de ouro em seu pescoço.

— Jonas! E aí cara! — exclama Luke e o abraça. — Achei que não ia te ver hoje.

O olhar do homem vai até mim enquanto se abraçam.

— Quando soube que você e os garotos iriam vir tive que aparecer. — Jonas diz, depois que se soltam. — Quem é essa gracinha aqui?

Gracinha?

— Eu me ch...

— É a Angeline. — Luke responde me interrompendo e me puxa pela cintura pra mais perto de si. — Ela tá comigo.

Jonas assente e me olha de cima abaixo. Os dedos de Luke pressionam minha cintura com mais força. Tento olhar pra ela mas as luzes do bar me impedem.

— Tudo bem, só não poste nenhuma foto aqui. — Jonas diz olhando para mim. — Você claramente ainda não tem vinte e um e eu não estou afim de problemas.

— Claro. — responde Luke enquanto eu assinto.

— Vou ver como estão os meninos. Você viu para onde foram?

— Acho que foram para perto do palco com duas garrafas de vodka nas mãos.

Jonas solta uma risada.

— Vocês não mudam mesmo! Foi bom te ver Luke.

— Bom ver você também.

Eles trocam um aperto de mão e Jonas segue em direção ao palco.

— Você nem me deixou falar. — reclamo.

— Ele é meu amigo e eu gosto dele mas não posso negar que ele tem um problema quanto as mulheres com quem saímos.

— Um problema? — indago.

— É. Ele quer todas para ele. — responde dando um sorrisinho.

Uma gargalhada escapa de minha garganta.

— Você é um idiota.

Ele dá de ombros.

— Vem, vamos sentar.

Luke me puxa de volta para nossa mesa e nos acomodamos nas cadeiras mais próximas a parede.

— E o meu suco nada! — reclamo.

Luke faz careta pra mim.

— Vou lá ver o que aconteceu.

Ele dá de ombros e some atrás de uma pilastra. Apoio meu cotovelo na mesa e o celular de Luke se acende, várias mensagens começam a chegar.

Lola: É, eu sei que temos que resolver as coisas mas não é tão fácil assim.
Lola: Você não coopera comigo, Luke, não entendo você.
Lola: Melhor conversarmos quando você voltar pra casa e beber um pouco de água.
Lola: Acredito que vamos conseguir consertar tudo como você tanto quer.

A tela do celular se apaga mas mesmo assim continuo a encarando. A sensação de culpa dentro de mim se esvai mas a vontade de vomitar se intensifica. Minha mão treme e me ponho de pé, correndo em direção ao banheiro. Abro uma das cabines e me inclino sobre o vaso cuspindo toda uma bile branca, por não haver nada em meu estômago.

Dou descarga e limpo minha boca.
Isso foi estranho. Assim que saio do banheiro esbarro em Calum.

— Você está bem? Vi você correndo pro banheiro.

— Estou sim, Cal. — respondo. — Só acho que devia comer alguma coisa.

— Vamos pedir batata-frita. — ele diz e passa o braço por meus ombros.

Quando volto a mesa Luke está digitando algo em seu celular. Sua expressão era neutra. Me sento ao seu lado lutando contra uma vontade dentro de mim que me dizia para inclinar a cabeça e espiar o que ele estava digitando. Que sensação mais estranha. Ele percebe minha presença e empurra o copo de suco de laranja na minha direção, voltando a digitar em seguida.

— Pronto, pedi as batatas. — diz Cal, parando em frente nossa mesa.

— Mas eu queria pizza! — reclama Mike, que estava com a cabeça deitada na mesa.

— Não tem pizza aqui cabeção, estamos num bar.

— Alguém devia inventar um bar que serve pizza. Seria mágico!

Dou risada.

— É, seria sim!

Beberico meu copo e percebo que estávamos todos aqui, menos Ashton.

— Ei, cade o Ash?

Os olhos de Calum se acendem.

— O porra Mike! Eu coloquei ele do seu lado! — ele grita.

— Eu não vi ele sair. Quero minha namorada de volta.

— Ela volta daqui a três dias cara! Relaxa.

Me viro pra Luke.

— Viu ele Luke?

— Oi? — ele pergunta sem levantar a cabeça.

— O Ash. — repito e ele finalmente levanta o olhar. — Viu para onde ele foi?

— Não. — sussurra e volta a digitar.

Reprimo a vontade de arrancar o celular da mão dele e tampar pro outro lado do salão.

— Vem Angie, você é a única sóbria o suficiente para me ajudar a achar ele. — Cal diz, estendendo a mão pra mim.

— Não devíamos esperar? — pergunto me pondo de pé.

— Na última vez que esperamos encontramos ele seminu em cima do palco.

— E não vamos esquecer da vez que ele quase virou pai. — acrescenta Mike.

Acho graça.

— Esse dia foi tenso!

— Tudo bem, vamos. — concordo e sigo atrás de Cal.

Ele aponta pra uma direção e diz pra eu ir para a contrária. Empurro algumas pessoas para passar entre eles e encontro Ashton encostado em uma parede. Ele balançava a cabeça animadamente no ritmo da música e bebia — direto do gargalo — uma garrafa de vodka. Me aproximo e ele olha pra mim.

— Chama a polícia porque essa morena acabou de roubar o meu coração. — Ash diz dando um sorriso de lado.

Dou risada.

— Eu sou loira, Ash. Acho que bebeu demais...

Ele pisca os olhos diversas vezes e parece finalmente me reconhecer.

— Angie? Meu deus eu não percebi que era você.

— Eu notei.

— Não vai contar pro Luke né?

Reviro os olhos, desde quando Luke Hemmings era meu pai?

— Relaxa Ashton. — dou de ombros e aceno para Calum. — Aqui ó, achei ele.

Cal se aproxima de nós.

— Ê idiota. Toda vez você mete uma dessas.

— Ficar bêbado é ótimo meu chapa. — Ashton responde.

— Tudo bem, agora vamos comer. — digo.

Eu estava morta de fome.
Demoramos bastante para ir embora visto que nossa comida atrasou. Quando saímos de lá Ashton já estava até conseguindo se equilibrar, o que foi uma vitória. Todos entramos no carro de Luke visto que ele era o único que trouxe o carro.

— Espera, espera! — grita Ashton fazendo Luke freiar o carro abruptamente.

— Que foi, porra? — ele grita, assustado com o grito de Ash.

Coloco minha mão na têmpora esquerda, saindo do meu estado de quase sono. Essa gritaria no carro fechado ardia meus ouvidos.

— É ela, é ela! — Ashton grita novamente apontando para trás de nós.

Abro o vidro e inclino a cabeça para fora tentando ver de quem eles falavam. Uma garota ruiva estava parada no ponto de táxi, os cabelos cacheados e rebeldes voavam por causa do vento. Ela vestia um sobretudo preto e meias da mesma cor.

— Meu deus! É ela mesmo! — exclama Calum com a voz alta.

— Ela quem meu deus?! — pergunta Luke voando pra cima de mim para tentar espiar pela janela.

— Red desert. — diz Ashton e automaticamente Mike abre a porta de trás, saindo pra rua.

Ashton vai atrás dele e Luke e Calum fazem o mesmo enquanto tento raciocinar o que eles estavam fazendo. O carro estava ligado no meio da rua, eles estavam malucos?
Suspiro e saio do carro também, sentindo o ar frio bater em meu rosto.

— Olha só quem me encontrou. — a garota diz dando um sorriso que exibiu suas covinhas.

Seu rosto era bem redondo e coberto de sardas — mesmo com ela usando maquiagem —, ela também tinha um pequeno espaço entre os dentes da frente. Apesar disso ainda parecia mais velha que eu.

— Você me deu um fora e me deixou obcecado. — Ashton diz, retribuindo com um sorriso charmoso.

— É, ele só falava de você. — concordou Michael. — Garota ruiva isso, garota ruiva aquilo.

— E reclamou que não sabia seu nome então não tinha como te achar no Instagram! — completa Calum.

Ashton bate a mão na testa e se encolhe de vergonha. Tanto eu quanto a garota soltamos uma risada.

— É Ashley. — ela diz.

— Eu sou o Ashton.

— Ashley e Ashton! Só pode ser o destino! — diz Cal dando uma piscadinha em direção a ruiva.

— E por sinal somos Calum, Luke e eu sou o Michael. — sacudo a mão tentando fazer com que ele se lembre de mim. — Ah e aquela é a Angeline, ela e o Luke tão de trê-le-le.

Ashley sorri para mim e volta a encarar os garotos.

— Na verdade já conheço vocês, adoro suas músicas.

Os meninos ficam radiantes com a declaração dela.

— Viu Angeline, ela conhece nossas músicas. — provoca Calum e me dá a língua.

Reviro os olhos lhe mostrando o dedo do meio. Aqueles meninos falavam tudo o que dava na telha quando bebiam, era impressionante.

— Mas e aí, vai dar uma chance pro nosso amigo ou vai ser outro fora? — Luke pergunta e dou um tapa no ombro dele. — Aí.

— Você está sendo indiscreto. Olha a cara do Ash... — digo, apontando pra ele.

Mike dá um passo pro lado com a boca próxima ao meu ouvido.

— Na verdade, você também não está sendo muito discreta.

— Nenhum de vocês estão sendo discretos na verdade! — exclama Ashton. — Por que não vão dar uma volta?

— Ótima ideia. — concordo, puxando os outros três para longe dali. Calum se afasta com um braço preso a mim e o outro apontado para trás dando tchauzinho.

Me encosto no carro de Luke e fico ouvindo os comentários bobos dos meninos sobre a situação. Depois do que parece ser uns quinze minutos Ashton volta para perto de nós.

— E aí? — Cal pergunta.

— Consegui o número dela! — responde com um sorriso. — Ela faz história na UCLA e só me deu um fora porque eu estava muito bêbado. Ainda tenho chances.

Cal coça a nuca.

— Parece que só eu vou morrer sozinho.

— Cala a boca, você tem a Nicole. — rebate Mike.

— Ela não dá a mínima pra mim. Nem quis vir hoje.

A expressão na cara do Calum parecia triste. Faço uma anotação mental de conversar com Nicole sobre isso.

— Será que podemos ir para casa? Estou com frio.

Todos concordam e voltamos para dentro do carro. Primeiro passamos no apartamento de Michael mas tivemos problemas para convencer ele a ficar lá então desistimos e levamos os três para a casa de Ash e Calum. Seria melhor mesmo que Mike tivesse companhia. Assim que estacionamos os meninos pulam pra fora.

— Vai dormir em casa? — Luke me pergunta visto que eu me mantive dentro do carro.

— Na verdade estava pensando em dormir com você, se não for incomodar.

Sua expressão fica animada e isso me deixa feliz.

— Ah, é claro que não.

Ele pisa no acelerador e o carro volta a se movimentar.

— Falei que ia dormir na minha irmã então está tudo tranquilo.

— Isso é bom, gosto de... — Luke se interrompe.

— De...?

— Dormir com você. — admite, olhando pela janela.

— É, eu também gosto. — digo visto que ele parecia ter ficado envergonhado. — Você tem um cheiro bom.

Ele se vira pra mim com um sorriso.

— Eu tenho um cheiro?

— É. Cheiro de roupa limpa. É gostoso.

Luke dá risada.

— E você tem cheiro de limão e laranja, misturado com sorvete.

— Você tem um bom olfato. Me sinto lisonjeada por ter cheiro de comida.

— Faz sentido, não faz? — indaga, a maldade na voz.

Dou um tapa em seu ombro.

— Você é muito pervertido.

— Não consigo resistir.

Sinto sua mão gelada em minha coxa e meus hormônios começam a se agitar.

— Nem eu. Espero chegar na sua casa logo.



ESSE CAPÍTULO TÁ ENORME MEU DEUS!! Espero que isso justifique meu atraso.... kkkkkkk

Daqui uns dois/três episódios um acontecimento muito importante vai acontecer...

Ah, estou pulando alguns dias na narrativa mas vocês não precisam se ligar nisso, ok? Vou sempre deixar bem claro quando um longo período de tempo tiver passado.

Espero que tenham gostado :)

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