Capítulo 16

Luke Hemmings, Los Angeles, 03 de Fevereiro de 2019

Como uma onda de realidade a noite de ontem me atinge. Angeline, em toda sua áurea angelical e ao mesmo tempo infernal. Seus lábios quentes em contato com minha pele, seu cheiro, seus olhos me encarando de baixo pra cima. O jeito como ela se mexia, o modo como gemia meu nome. Alto, o suficiente para os vizinhos ouvirem. Suas mãos macias passando por cada parte do meu corpo.

Puta. Que. Pariu.

— Até que enfim acordou! Estava cansada de ouvir seu telefone tocar... — ouço ela dizer e corro os olhos pelo quarto a vendo parada do lado da janela, completamente nua.

— Ei, alguém pode te ver pela janela sabia? — eu digo, olhando para seu corpo.

Ela sorri e puxa as cortinas.

— Ok, só você pode ver. Entendi.

— Não devia estar na faculdade? — pergunto, me sentando com cuidado para não ficar nu como ela.

Eu não gostava de sair por ai pelado.

— É. — ela responde se jogando de bruços na cama, a bunda apontada pro teto. — Eu sempre tenho que estar lá. É um saco.

Dou risada e então meu telefone começa a tocar. Angeline geme de frustração e se debate, fazendo careta. Minha risada fica mais forte.

— Por favor, atende isso! — ela praticamente implora, se colocando de pé novamente. — Vou pro banho.

— Alô. — digo, colocando o celular na orelha enquanto observava Angel dar as costas indo em direção ao banheiro.

— E aí cara? Tudo beleza? — Mike diz, a voz meio arrastada. Provavelmente acordou tem pouco tempo.

— Tudo ótimo. E com você?

Talvez eu tenha me saído um pouco empolgado demais.

— Ah meu deus, o que aconteceu? — ele com certeza estava fazendo careta. — Até ontem seu humor estava péssimo.

Dou uma risada nasalada.

— Você é fofoqueiro como uma mulherzinha. — critico, me levantando da cama

— Anda logo Lucas! Me conta tu-do! — ele brinca, falando "tudo" com uma voz afeminada.

Eles iam saber de qualquer maneira então...

— Me acertei com a Angeline, tá bom pra você?

Ele faz um som de satisfação.

— Ainda bem! Não aguentava mais essa sua cara feia.

Faço careta mesmo sabendo que ele não poderia ver. Me encaro no espelho e percebo que tinha que fazer a barba.

— E você ligou pra quê? — pergunto, passando a mão por meu rosto.

— Luke! — Angeline grita, a voz abafada pela porta fechada do banheiro.

— Só pra avisar que vamos ensaiar pro show de semana que vem hoje à noite. — Michael responde. — As dezenove!

— Tudo bem. — concordo.

— Luke! — ela grita de novo.

Mike ri pelo telefone.

— Acho que você tem que ir...

— É. — concordo.

Eu com certeza queria muito ir lá.

— Juízo mocinho. — ele pede.

— Eu tenho bastante. — respondo e desligo o celular.

Pego uma toalha e enrolo minha cintura, seguindo pro banheiro em seguida. Coloco meu rosto pra dentro pela fresta da porta.

— O que foi? — pergunto.

Ela abre o box, exibindo todo seu corpo nu e seu cabelo ensaboado. Engulo a seco.

— Eu acho que preciso da sua ajuda para lavar meu cabelo. Minhas mãos não chegam até aqui em cima. — ela pede fazendo beicinho.

— Estranho... elas ficaram bastante pra cima ontem à noite. — rebato, passando pela porta.

— As coisas ficaram mais interessantes depois que você finalmente descobriu minha posição sexual favorita. — Angie diz, abrindo espaço para que eu entre no box.

Me desenrolo da toalha e a penduro no suporte na parede.

— Pena que não dá pra fazer no chuveiro. — digo, passando por ela e me enfiando embaixo d'água.

— É, uma pena. — ela diz e inclino minhas mãos em sua direção para finalmente toca-la.

Assim que saímos do banho nos enrolamos nas toalhas e começamos a nos arrumar em frente ao espelho. Fazia muito tempo desde a última vez que fiz algo assim. Tomar banho junto e depois escovar os dentes era íntimo demais, isso me preocupava. Apesar de ser extremamente confortável estar aqui com ela.

O telefone de Angeline toca enquanto ela está tentando desfazer um nó do cabelo. Me surpreendo quando ela atende a ligação e coloca a chamada no viva voz.

— Oi Nicole, cinquenta chamadas perdidas? Sério? — Angeline indaga, colocando o celular na mesa e voltando a pentear os cabelos.

— Por que não me atendeu? — a voz de Nicole soa pelo celular.

Dou um sorrisinho e coloco pasta na escova de dentes.

— Estou com o Luke. — Angel explica.

— Eu sei, o que tem a ver?

— Faço coisas mais interessantes com o Luke do que ficar no celular.

Engasgo com a pasta de dente e vejo Angeline sorrir de um jeito sapeca, sem nem olhar pra mim. Um gemido de repulsa escapa do celular.

— Eca! Tudo bem mas se seu pai ligar ele vai achar que você estava na casa do Josh, ok?

Faço careta mas disfarço com a escova em minha boca.

— Na casa do Josh? — ela indaga, um tom desanimado na voz.

Angel larga a escova de cabelo na pia e se inclina, me olhando nos olhos.

— Eu disse pra minha mãe que eu e você iríamos dormir lá, como fazíamos antigamente.

A expressão dela não estava das melhores.

— Por que disse isso?

— Bom, ontem eu estava esperando você sair de aula pra te encurralar e perguntar como você estava. Mas ai você saiu voada. Pensei que fosse pra casa então fui atrás de você só que você ficou tipo, uns quarenta minutos parada perto do apartamento do Luke. — os olhos de Angeline se arregalam e eu dou um sorrisinho convencido. Ela coloca a mão na bochecha como se estivesse envergonhada. — Se eu falasse que você ia dormir aqui seu pai ligaria pra minha mãe e você ficaria encrencada de novo. Então dormi fora de casa. Você me deve uma.

Enxáguo minha boca.

— Fora de casa quer dizer com o Calum?

Nicole ri do outro lado do telefone.

— Ele sabe usar os quadris.

Eu e Angeline fazemos careta ao mesmo tempo.

— Credo Nicole! Me poupe dos detalhes da sua vida íntima! — Angel exclama.

Seco minha boca na toalha.

— Eu aposto que o Luke também sabe usar os quadris...

Me viro pra Angeline que me encarava com um sorrisinho malicioso. Sorrio de volta quando ela morde seu lábio inferior.

— É, muito bem por sinal. — ela concorda e desvia os olhos, voltando a pentear o cabelo.

— Então, se seu pai ligar...

— É pra dizer que dormi no Josh, entendi. — mas ela não parecia satisfeita com isso. — Meus pais vão soltar fogos de artifício.

Nicole ri novamente e eu faço careta. Novamente.

— Te vejo mais tarde ok! Beijos.

— Beijo Ni, obrigada!

— O que seria de você sem mim?

Angeline dá uma risada antes de finalizar a chamada.

— Então você estava com Josh ontem a noite? — brinco enquanto ela colocava pasta de dente em seu dedo.

Ela sorri pra mim, enfiando o dedo na boca.

— É o que parece.

— Por isso não atendeu minhas ligações... — continuo, escovando meus cabelos molhados para trás.

— Minha boca estava cheia, não tinha como falar. — ela diz normalmente m.

A encaro com a boca escancarada de uma maneira exagerada.

— Sua safada.

Ela se finge de ofendida.

— Eu? Você que chegou no chuveiro com sua mão cheia de dedos.

— Você me encurralou! — rebato, apontando meu indicador em sua direção. — Você é um monstrinho, Angeline.

Ela sorri.

Angeline e eu nos vestimos. Na verdade, só ela realmente se vestiu. Eu coloquei uma calça de moletom e só, não iria sair do apartamento por agora. Fico esparramado no sofá olhando as redes sociais e respondendo algumas mensagens.

Largo meu celular quando ela entra na cozinha com os cabelos loiros molhados e bagunçados, seu vestido abarrotado por conta da chuva de ontem.

— Não vai ficar resfriada por usar um vestido molhado depois do banho quente? — pergunto, me pondo de pé.

Ela arrasta a cadeira e se senta na mesa da cozinha.

— Ele já secou, eu coloquei na secadora.

— Você colocou um vestido sujo na secadora?

Ela dá uma risadinha.

— É chuva, Luke. Não é o fim do mundo.

Faço careta pra ela.

— Vou fazer ovos mexidos, talvez umas torradas. — anuncio, abrindo a geladeira. — Quer?

Angeline balança a cabeça em negação, seus cabelos molhados indo pra frente dos ombros.

— Vou ficar com o iogurte.

Assinto, ligando o fogão e colocando uma frigideira lá. Hoje não tínhamos que ir ao estúdio, o dia foi tirado para que focássemos no ensaio de hoje a noite. Talvez conseguisse passar um tempo com Angel antes de encontrar os meninos.

— Sua aula é que horas? — pergunto.

Ela levanta o olhar pra mim, largando o celular.

— As dez.

— Vá pra aula de táxi. — peço, quebrando três ovos na frigideira.

Ela ergue as sobrancelhas.

— Por que?

Pego a colher de pau e começo a mexer os ovos.

— Vou te buscar. Te levar pra conhecer alguém especial.

Um pequeno vinco surge na testa de Angeline.

— Alguém especial? — o vinco fica maior. — Sua mãe está na cidade ou algo do tipo?

— Deixa de ser curiosa.

— Eu vou tentar. — ela diz e então me fita, com a maior cara de pau do mundo e sem nem tentar disfarçar. — Sabe, você fica sexy cozinhando...

Uma risada escapa da minha garganta. Ela era inacreditável!

— Você não para nunca? — indago.

— Não. — Angel responde, apoiando os cotovelos na mesa e se inclinando pra frente, exibindo seu sorriso e suas covinhas. — Mas já que estou incomodando vou continuar.

Dou a língua.

Angeline Smiths

Quando chego em casa minha mãe me recebe perguntando como estavam Josh e sua família. Respondo na maneira mais genérica possível enquanto ela praticamente saltava de alegria em volta de mim, numa clara empolgação por eu estar "me reaproximando dele". Ela certamente ficaria decepcionada ao saber que não era bem do Josh que eu queria estar próxima.

O tempo ainda estava nublado e chovia fraco do lado de fora. Coloco roupas mais quentes. Blusa de gola alta preta, jeans escuros, nike vermelho e meu moletom da UCLA da mesma cor. Quando desço novamente para a sala percebo que não havia visto papai.

— Ele está no estúdio do centro. Parece que houve um problema com a mixagem de uma música daquela cantora do cabelo curto.

Assinto mesmo não fazendo a mínima ideia de quem era a tal cantora.

Resolvo pegar um táxi na rua mesmo, não queria que minha mãe me perguntasse o por que de não usar o carro. Quando ela notasse que saí sem ele eu já estaria longe e essa conversa ficaria pra depois.

As horas pareciam se arrastar e consegui falar com Peter dessa vez. Ele parecia agir como se nada tivesse acontecido e fiquei agradecida por isso apesar de os olhares dele serem um tanto sugestivos. Meu professor passou um projeto e eu teria que criar uma maquete de uma casa, isso seria difícil. Meus colegas de classe discutiram por uma hora com o professor em busca de dicas de onde encontrar os melhores materiais com os melhores preços. Anotei tudo, nunca tinha feito nada do tipo então precisaria de toda a ajuda possível.

As dezoito todas as aulas já haviam terminado e eu finalmente estava livre. Uma garoa fina caía então coloquei meu capuz enquanto andava pelo estacionamento a procura do carro de Luke. O encontro sem dificuldade e abro a porta.

— Meu deus! – exclamo, olhando para Luke. – Não acredito!

Ele arregala os olhos, me olhando com curiosidade.

— O que?

— É o Luke Hemmings! O Luke Hemmings de verdade!

Seu rosto ganha uma feição aliviada. Entro no carro e bato a porta.

— Você me assustou. – ele diz, pisando no acelerador e saindo da vaga.

— E então, para onde vamos?

— Minha casa.

— E a pessoa especial?

Ele repuxa o canto direito da boca.

— Não é bem uma pessoa...

Não é uma pessoa? Mais essa agora! Cruzo os braços e franzo as sobrancelhas, a tensão crescendo dentro de mim.

— Relaxa Angel, não é nada demais.

Resolvo confiar na palavra de Luke e foi com certeza uma escolha sábia. Pois assim que chegamos no apartamento dele eu percebo que não havia ninguém nos esperando.

— Petunia! – Luke exclama e solta um assovio.

A cachorra desce as escadas que davam pra cobertura com rapidez e voa na direção de Luke. Ela percebe minha presença alguns segundos depois e então pula nas minhas pernas. O rabinho balançava freneticamente e a língua estava pra fora da boca. Petunia estava feliz e eu aliviada por ela ser o tal "alguém especial".

— Ela é tão linda! – digo, passando a mão no topo da cabeça dela.

Luke se agacha ao meu lado e imediatamente a cachorra se joga no chão, exibindo sua barriga. Ele faz carinho e olha para ela com muita afeição, os olhos brilhavam.

— Ela estava com um amigo meu até eu ajeitar tudo aqui. Fui pega-la hoje, estava com muitas saudades. Não é Petunia? — ele disse a última parte com voz de bebê, foi fofo.

— Eu devia ter um gato. – penso em voz alta.

Luke vira a cabeça em minha direção.

— Por que não tem?

— Minha mãe tem alergia a pelos. Foi triste crescer sem animais de estimação.

— Felizmente não aconteceu comigo... — ele diz se gabando e se põe de pé.

Petunia se deita no lugar onde ela estava.

— Então o que vamos fazer? Sexo?

Luke solta uma gargalhada e me olha de cima abaixo.

— Não seria uma má ideia mas temos que estar na casa do Michael daqui trinta minutos.

— Por que?

— Vamos ensaiar algumas músicas pro nosso show do fim de semana. Não se preocupe, mais cantamos músicas aleatórias do que ensaiamos.

Faço careta.

— Vocês fofocam igual velhinhas.

Ele sorri, dando de ombros.

— É, eu concordo. Vou pegar minha guitarra e já vamos.

Ele aparece em poucos minutos com a maleta da guitarra na mão e então descemos em direção a garagem. Me sentia tensa, preocupada com o que os amigos de Luke podiam pensar de mim. A preocupação não passou durante todo o caminho até lá e respondi de maneira mais genérica tudo o que Luke falou comigo durante o percurso. Estava ansiosa, com vontade de vomitar.

Ele estaciona na enorme garagem e coloca a mão na maçaneta para abrir a porta. Seguro seu braço, sentindo minha barriga gelar, precisava que ele me tirasse uma dúvida.

— Será que os meninos não me odeiam? — pergunto, me virando pra ele.

Os olhos de Luke sobem até os meus numa expressão de confusão.

— De onde tirou isso?

Suspiro, desviando o olhar. Ele aguarda minha resposta me encarando pacientemente mas eu havia desistido de falar.

— Angeline, me responde. Não vamos começar com isso de novo.

Cruzo meus braços me sentindo acuada. Eu teria que falar de qualquer maneira.

— Depois daquela historia com o Ash... — faço uma pausa. — Eu achei que odiariam. Quer dizer, você me odiou.

Ele dá uma risada pelo nariz.

— Eu nunca te odiaria, Angeline. Não acho que conseguiria sentir algo assim por você.

Levanto meu olhar pra ele, um sorriso se projetando no lado esquerdo da minha boca. Luke sorri também e tira os óculos de sol da cabeça, colocando no porta luvas.

— Isso é bom, pessoas o suficiente já me odeiam.

— Como quem?

— Josh, quando descobrir que superei nosso fim de relacionamento na sua cama. — respondo, isso realmente me preocupava.

Luke suspira.

— Eu não o conheço mas pelo que vi e pelo que você me falou acho que ele não faria isso.

Josh é a pessoa mais doce e compreensiva do mundo mas não acho que ele levaria tão na boa o fato de eu nem ao menos ter esperado um pouco antes de abrir minhas pernas pra outra pessoa. Eu era sempre destrutiva para alguém.

— Eu magoo todo mundo não é?

— Por que acha isso?

— Por toda minha vida eu sempre estive tentando ser perfeita. Minha irmã sempre foi o exemplo sabe, acho que por ser mais velha. Meus pais sempre acharam que ela fosse capaz de tudo, que ela sabia tudo. Eu sempre fui a que tinha que ser guiada, ensinada, a que tinham que ficar de olho. Agora eu olho pra ela e a invejo. Tina viveu do jeito que queria, ela se divertiu, fugiu de casa duas vezes, fumou maconha e bateu o carro. Mas sempre teve notas excelentes e passou na faculdade com a média B+. Ela pôde errar milhares de vezes, meus pais não a julgavam tanto. Mas eu sempre fui super-protegida, eu tinha que ser perfeita em tudo. Ser responsável, obediente. Eu minto muito bem, fiz varias coisas que eles nem sonham. Mas queria ter a liberdade de Tina, a liberdade de errar e não se tornar uma decepção imediatamente. Eu tentei tanto ser o que queriam que eu fosse que magoei muitas pessoas, magoei por que não estava satisfeita mas me contentei com o que eu tinha. Não consegui agradar todo mundo e muito menos a mim.

Luke me encara e eu desvio o olhar. Acho que havia exagerado e falado demais. Provavelmente ele não era a pessoa certa para ouvir isso tudo mas eu precisava falar, pelo menos ele não faria chacota de mim. Eu acho.

— Devia falar com seus pais.

Fora de cogitação.

— Eu tenho tudo graças a eles Luke, eu os amo mais que tudo. Não sei se é uma boa ideia tocar nesse assunto. — respondo, escorregando no banco como se tentasse me esconder.

— Eles te amam também Angeline, eles vão te entender.

— Não sei não.

Luke balança a cabeça de um lado pro outro como se censurasse minha teimosia.

— E você devia deixar as pessoas verem quem você realmente é.

Fácil pra ele falar.

— Nem eu sei quem eu realmente sou.

Ele dá uma risada.

— Eu tenho alguns palpites, vou falar quando o momento for oportuno.

— Luke! — exclamo. Não acredito que ele iria me deixar curiosa.

— Devia pensar em si quando for fazer algo. — ele começa, ignorando o que havia falado antes. — Faça por você, não pelas outras pessoas. A única pessoa no mundo a qual você tem que agradar é você mesma.

Já que ele diz...

— Ok, vamos fumar maconha!

Luke gargalha, olhando pra mim como se eu fosse um mágico do circo.

— Não agora, Angel.

Bufo enquanto ele sai do carro. Tiro o cinto e abro minha porta, indo pra fora também.

— Você é tão chato. — digo, olhando feio pra ele do outro lado do carro.

Luke e eu fechamos nossa porta e ele trava o carro, vindo em minha direção.

— E você é tão sentimental! — rebate.

Faço careta.

— Ninguém nunca me disse isso. — falo, enquanto andávamos lado a lado rumo ao elevador.

— Talvez não te conheçam direito.

Olho pra ele.

— E você conhece?

Luke olha pra mim com um sorriso no canto da boca.

—  Tô começando.

— Obrigada, Luke. — digo e por impulso o abraço de lado.

— Ao seu dispor. Sempre.

Subimos todos os andares até a cobertura e finalmente chegamos no apartamento de Michael. Era bem maior que o do Luke e cheio de móveis de madeira. As paredes tinham cores diferentes e vários acessórios da casa eram coloridos. Tudo era bem amplo e iluminado, os lustres eram modernos e combinavam com o estilo dos dois. Acredito ser uma casa que já veio assim, não imagino os dois fazendo todo esse trabalho na decoração no pouco tempo que tiveram.

— A destruidora de lares chegou! — exclama Michael antes de vir me abraçar.

— Não seja um idiota. — Luke rebate dando um tapa na cabeça do amigo.

— Ai! — ele reclama me soltando.

Luke passa por mim e Michael e abre a porta de vidro que ficava na sala, saindo pro lado de fora.

— Ele está muito esquentadinho hoje. — Mike diz me lançando um olhar desconfiado.

Ergo minhas mãos em rendição.

— Não tenho nada a ver com isso.

Ele gargalha e passa seu braço em volta do meu ombro me guiando pro lado de fora.

A área externa não era muito grande. Tinha uma piscina redonda com tamanho suficiente para caber umas dez pessoas, um bando de cadeiras e espreguiçadeiras, uma churrasqueira e mais ao lado um bando de plantas. O que realmente impressionava era a pequena estufa a esquerda, ela não tinha plantas mas sim um bando de instrumentos. Todos estavam lá.

Assim que entro sinto o ambiente mais quente e vejo um sofá, uma mesa e alguns bancos em frente a pequena estrutura que no momento estava com um bateria e alguns microfones em cima. A iluminação era laranja e agradável. Era reconfortante estar lá dentro. Paro atrás de Luke enquanto Mike vai em direção a um copo com uma bebida vermelha.

— Olha só quem está aqui... — diz Calum encarando a mim e a Luke com um sorrisinho malicioso no canto da boca.

Dou a língua. Crystal ignora o comentário do amigo e se aproxima pra me abraçar.

— Angeline! — ela exclama, me envolvendo com os braços. — É bom te ver.

Sorrio, feliz por eles não me odiarem depois da confusão de dias atrás. Eu me certificaria de nunca mais ser um problema na vida de nenhum deles.

— Quem é essa? — ironiza Ashton indo para trás de sua bateria. — Nunca vi essa garota na vida....

Os meninos dão uma risadinha enquanto Luke faz careta.

— Ha-ha-ha! Muito engraçado! — ele diz seguindo os garotos em direção ao pequeno palanque.

Me sento no sofá de frente pra eles e desbloqueio o celular, correndo os olhos pelas notificações. Aviso minha mãe que estava com Nicole e a minha irmã que assim que pudesse daria notícias sobre mim e Luke.

E então Nicole se joga ao meu lado, um presente do destino para que eu me sinta menos culpada por mentir tanto pros meus pais.

— O que você tá fazendo aqui? — indago enquanto ela jogava seus cabelos cacheados pro lado.

— Calum me chamou. — ela responde. — Sua noite com o Luke deve ter sido boa...

O tom malicioso em sua voz era forte. Dou risada.

— É, foi sim.

— E vocês estão juntos?

— Juntos? — repito, tentando assimilar o que acabara de ouvir.

— Tipo, ficando um com o outro sabe. Como um casal.

Ergo as sobrancelhas. Eu não tinha resposta pra isso.

— Eu não sei. Não conversamos sobre exclusividade. Só prometi que não vou mais agir como uma vadia vingativa pra magoar ele. Não acho que somos um casal.

Nicole dá um sorrisinho.

— Mas você gosta dele?

— Eu gosto mas não estou apaixonada. Tem que estar apaixonada pra ficar com alguém sério, certo?

— Eu acho que sim. - ela responde, assentindo.

— Então vou ver até onde isso vai dar. Só espero que não seja em problemas. — respondo dando um suspiro. — E você e o Calum?

Ela praticamente pula do sofá quando se vira pra mim.

— Ah menina, ele praticamente me obrigou a vir aqui.

Até parece que alguém obriga a Nicole a fazer algo que ela não quer.

— Hm, sei...

— Quer dizer, poucas pessoas devem ter vindo na casa de um integrante de uma banda famosa e muito menos ido pra cama com outro então aproveitei minha oportunidade. Mas somos só amigos, mesmo com o sexo e tudo mais. Prometi a mim mesma que não vou mais me deixar seduzir por aquela carinha fofa e aquelas mãos habilidosas.

Ela morde os lábios e encara Calum que ria com os meninos. Nicole provavelmente estava se lembrando de alguma coisa.

— Você parece estar pegando fogo agora mesmo... — observo, cruzando minhas pernas.

Ela olha pra mim, recobrando a consciência.

— É difícil, ele é tão sexy! Tipo, a personificação de tudo que eu mais acho sexy! É injusto!

Dou risada.

— Nicole, você é uma figura.

— Vou tentar seguir o plano de ser apenas amiga dele, não estou afim de me apaixonar.

— Talvez eu devesse seguir você. — sugiro.

— E beijar qualquer um assim como eu? Angeline, isso não combina com você.

— Eu nunca nem tentei.

Ela faz cara de brava.

— E nem vai, alguém precisa ser a responsável em nossa amizade e com certeza não sou eu.

— Tudo bem. — concordo, com uma risada.

— O pior é que ele me trata super bem e parece super afim de mim. Ele fez carinho no meu cabelo ontem a noite, foi tão fofo. Eu sei que ele é um galinha e tudo mais por que quando ele estava no banho o celular acendeu e tinha umas vinte notificações de um bando de garota por ai. Mas realmente acredito que eu seja prioridade entre elas. Talvez eu seja ingênua e esteja caindo na lábia dele...

— Nic, você devia respirar um pouco antes de falar. — a interrompo, eu precisava de tempo para assimilar as coisas.

Ele respira profundamente.

— Me desculpa.

Antes que ela pudesse voltar a falar Crystal surge com alguns copos de bebida vermelha.

— Trouxe uns drinks, vamos precisar de álcool para aguenta-los. — ela diz, se sentando ao lado de Nicole.

— Pensei que eles fossem bons. — rebate Nicole e damos risada.

— Ah, eles são. Mas chega uma hora que ouvir a mesma música diversas vezes é cansativo...

— Então lá vamos nós! — exclama Nicole levantando os copos. — Tim-tim!






Oi galera!!
Demorei pra caramba eu sei... me empolguei bastante na leitura de um livro e fiquei 24horas com ele na mão então não consegui escrever.
Nesse tempo eu criei um Twitter também @hemmoskr, me sigam lá que vou seguir vocês ok!

Quem vocês acham que vão se acertar mais rápido? Angie e Luke ou Nicole e Calum?

Me ajudem a criar nomes de shipp aaaaa
Lukeline? Angeluke? Nicolum? Cacole?
EU SOU PÉSSIMA NISSO SCR

Espero que tenham gostado <3

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