Capítulo 15

Angeline Smiths, Los Angeles, 2 de Fevereiro de 2019

Era fácil Angeline você só tinha que pegar as chaves do carro, dirigir a casa de Luke e pedir desculpas. Implorar se fosse preciso. Caso ele dissesse não, você daria meia volta e voltaria pra casa. Seguindo sua vida como sempre fez.

Já faziam mais de vinte e quatro horas que eu tentava me convencer disso mas não estava dando muito certo.

Se ele nunca mais quisesse me ver eu ficaria tremendamente magoada e me sentir assim me irritava. Após a conversa com minha irmã na segunda-feira eu coloquei na minha cabeça que não iria falar com ele, afinal eu não devia explicações. Mas tudo mudou quando acordei na terça vendo uma nova publicação em seu Instagram, ele estava no sol e seu cabelo loiro brilhava como um anjo, como o retrato que pintei dele. Curti e tirei a curtida pelo menos umas cinquenta vezes até bloquear o celular.

Passei o dia todo com a chave do carro na mão, ameaçando fugir de uma das minhas aulas a qualquer momento e ir parar na casa de Luke. Mas eu não sabia se ele estaria em casa. Isso conseguiu me prender dentro da classe.

Não falei com Peter, na verdade, me mantive isolada de todos os meus colegas de sala durante o dia todo. Nem mesmo com Nicole eu havia falado desde a festa, mesmo ela me mandando mensagens. Eu não queria ver ninguém com esse humor horrível que eu estava, não gostava de descontar meus problemas nos outros e quando eu não estava bem isso sempre acontecia. Aconteceu bastante com Josh.

Voltei pra casa dividida entre o sentimento de querer muito que o Luke estivesse lá e de não querer. No final ele já havia ido embora e eu passei a noite de terça vendo Sweeney Todd: o Barbeiro da Rua Fleet. Ocupou minha cabeça por um tempo.

E hoje, na quarta, matei meu último horário e dirigi em círculos pelo quarteirão em que Luke morava. O ponteiro se aproximava cada vez mais das seis e eu não havia tomado coragem para falar com ele.

Depois do almoço o dia ganhou um tom escuro e chuvoso, o que me pegou desprevenida visto que vestia apenas um vestido de alcinhas. A chuva escorria pelas janelas de meu carro que agora estava em ponto morto num lugar onde nem ao menos eu sabia se podia estacionar.

Tudo bem, Angeline. É agora ou nunca. Digo a mim mesma, ligando o carro e me preparando para ir em direção ao prédio de Luke. Eu chegaria lá em no máximo cinco minutos.
Implore pelo perdão dele - uma parte de mim dizia, mas a outra insistia para que eu agisse como sempre agi.

— Fale a verdade, como você se sente. — repito diversas vezes enquanto tamborilava meus dedos no volante esperando a fila de carros na minha frente se mover.

Então avisto o prédio.

— Por favor, por favor que eu não chore igual uma criancinha. — sussurro, avançando para mais perto.

É quando vejo o carro de Luke sair da garagem, virando para o mesmo lado em que meu carro estava apontado. Acelero, indo atrás dele. Eu não vim até aqui para voltar pra casa ou me matar de ansiedade esperando. Se eu esperasse mais um pouco eu com certeza desistiria, minha força de vontade era bem duvidosa.

O carro de Luke avançou uns cinco minutos para frente. Já estava praticamente de noite e a chuva havia triplicado de volume quando ele parou no estacionamento de uma Farmácia. Fiquei aliviada por ele não estar indo ver alguém nem nada do tipo. Estaciono também e me pergunto se ele havia percebido que eu estava o seguindo.

Se não percebeu vai perceber agora.

A porta do motorista se abre e Luke sai, com o capuz na cabeça. Ele bate a porta rapidamente, seguindo para a entrada da loja praticamente correndo. Ok, eu teria que fazer isso agora. Saio do carro sentindo a chuva gelada ensopar meu cabelo e corro atrás dele.

— Luke! — eu grito, minhas botas não me deixavam correr mais rápido.

Me arrependo de ter gritado assim que ele vira pra trás e me lança um olhar com tanto desprezo que quase me petrificou. Ele dá meia volta de novo e volta a correr. Ignoro qualquer medo de cair e acelero o máximo que consigo, finalmente me enfiando na sua frente.

Pov's Luke

A puxo pelos ombros, empurrando ela para debaixo da lona que cobria a frente da farmácia. Eu estava com raiva e extremamente incomodado, quer dizer que agora ela me seguia por ai?

A encaro, esperando alguma coisa mas ela não falou, o que era um milagre. Seus olhos não pareciam selvagens como sempre, estavam caídos em uma expressão que chegava a ser meiga... era uma expressão de vergonha. Ela passa a mão no rosto, tirando o excesso de água e formando uma mancha de rímel preta em sua bochecha. Seu cabelo estava ensopado e caía grudando em seu rosto, Angeline não vestia um casaco ou coisa do tipo, ela alisa a saia do vestido de bolinhas e dá um passo a frente.

— Luke, eu...

— Não me venha com explicações idiotas. — eu a interrompo, minha voz saindo mais ríspida do que eu esperava.

— Eu só...

— Agora vai ficar me seguindo por aí? — indago. — Não sei nem por que estou parado aqui, não quero ouvir uma palavra que saia da sua boca. Eu achei que já tínhamos resolvido o que quer que seja, então não sei o que pensa que vai conseguir vindo falar comigo.

Esperava que talvez ela se aproximasse, com suas mãos ágeis prontas pra me amansar. Com seu olhar intimidador, a língua entre os lábios de uma maneira sexy e os cabelos jogados pro lado exibindo seu pescoço. Mas ela não faz. Inacreditavelmente ela abaixa a cabeça, coçando o dedo indicador de uma das mãos como se estivesse nervosa.

Claro que ela estava fingindo, ela não estava nervosa, estava?

— Eu só queria dizer desculpas. — ela sussurra, ainda sem olhar pra mim.

Um bolo atinge minha garganta e sinto o sentimento de culpa por alguns segundos. Mas o afasto, eu não havia feito nada. O vento bate e a chuva se intensifica. Sinto frio visto que meu moletom estava ensopado.

— É só isso? — pergunto, mantendo meu tom de voz.

— Não faça isso. — ela diz, levantando a cabeça e me olhando nos olhos.

Só quando encarei seu rosto percebi que ela tinha se aproximado um pouco.

— Isso o quê?

— Ser distante e frio. — ela explica. — Você não é assim.

— Você não sabe como eu sou, Angeline. — seu nome sai com mais indiferença do que eu planejava.

Ela desvia o olhar por meio segundo antes de voltar a me encarar.

— Eu sei muito bem como você é, Luke.

Bufo. Isso não nos levaria a lugar nenhum.

— Acho que deveria ir. — digo, dando de ombros e tirando a parte da frente do meu cabelo do rosto.

Ela suspira.

— Me desculpa, Luke. — Angeline repete. — Eu sinto muito, sinto de verdade. Eu não devia ter brincado com você, foi errado. — me viro, encarando seu rosto. — É só um hábito de criança mas eu quero mudar isso, quero tentar. Não quero mais jogar com você, eu prometo que não farei mais isso. Quero ficar com você.

Seus olhos brilhavam se um jeito exagerado, como se ela estivesse emocionada. Uma lágrima brota no canto do olho esquerdo e ela a desfaz com a mão.

— Você está chorando? — eu indago, quase com um sussurro.

Tinha certeza que meus olhos estavam arregalados agora. Eu não achei que ela fosse capaz de chorar.

— Me desculpa. — ela continua, ignorando minha pergunta. — Eu não quero ser aquela pessoa que você descreveu no meu aniversário.

— Eu não confio em você. — rebato, me encolhendo novamente com o vento. Ela se encolhe também.

— Eu sei. Mas eu quero que me dê uma chance de mostrar que você pode sim confiar em mim.

Suspiro. Isso não me parecia uma boa ideia.
Tenho idade o suficiente pra perceber quando uma coisa que pode acabar comigo se aproxima. Ela era essa coisa. E estava ali, pronta pra me envolver e depois... me destruir.

— Isso não vai dar certo, Angel. Você sabe que não...

— Na verdade eu não sei. Mas já você parece ter certeza. — ela frisa a palavra "você", usando um tom de voz magoado.

— Não quero me magoar de novo. Quando se tem um relacionamento é isso que acontece. — digo. — Você já me deixou muito puto. Mas se eu der espaço isso vai se tornar pior.

— Eu não sou um monstro, Luke! Não sou uma garota que fica por ai pensando em como acabar com o coração dos outros.

— Bom, é exatamente isso que você parece pra mim.

Ela suspira.

— Olha, eu queria terminar com o Josh havia muito tempo, mas eu ia ficar com ele por mais alguns meses. Eu amava a companhia dele e sentia tanto medo de ficar sozinha. Mas ai você apareceu na minha cozinha comendo meu pacote de batatas e eu não consegui ignorar a vontade que eu sentia de estar perto de você. Não foi legal ter flertado com você quando eu ainda tinha namorado, mas não me arrependo disso. Eu estava e ainda estou com medo de me deixar envolver com alguém depois de um relacionamento tão longo, mas não quero ficar longe de você. E eu estou pronta pra arcar com as consequências dessa minha decisão.

— Isso é bastante coisa. — digo, ainda digerindo tudo que ela havia falado. — Isso foi uma declaração?

Ela sorri.

— Não é pra ficar se achando!

— Vai parar de vez com essa coisa de seduzir os outros e beijar meus colegas de banda? — indago, meu humor havia melhorado magicamente.

Ela dá um sorriso sapeca.

— Só quero seduzir e beijar você, bobinho.

Eu não acreditava cem por cento nisso.

— E tem mais alguma coisa que você queira me falar?

Ela desvia os olhos e mantém sua boca aberta por alguns segundos, querendo falar algo que claramente não saia.

— Transei com o Peter, da minha turma da faculdade. — ela admite.

Meu bom humor vai embora.

— Era de se esperar. — sussurro, tirando o capuz encharcado da minha cabeça.

— Como assim era de se esperar?

— Você não ia aceitar nunca a sensação de sair por baixo.

— Isso não tem nada a ver! — ela rebate, um tom mais alto que o que ela usava.

— Então não fez isso porque eu falei aquelas coisas pra você? — pergunto.

Ela fica em silêncio.

— Viu.

— O que você falou foi horrível. — ela diz.

Eu concordava com ela. Não foi justo ter falado tudo aquilo mas no momento eu só pensei em magoá-la. Fiz de propósito para deixa-la mal e isso não foi legal.

— É, eu sei. E eu sinto muito.

Ela cruza os braços e não me encara. Ali, totalmente ensopada e com um vestido de bolinhas no meio da chuva, ela parecia inofensiva. Eu não queria ser fraco e ceder à suas palavras, mas me parecia inevitável. Provavelmente eu me arrependeria dessa decisão.

Dou dois passos em sua direção ficando à apenas um braço de distância. Hesito assim que a vejo levantar os olhos pra mim, não era o olhar que eu esperava, era um olhar doce. Droga, eu tinha que ser mais firme.

— Eu não mordo. — ela diz, percebendo que eu havia parado no meio de uma ação.

Angeline não dá um sorriso sapeca, um olhar insinuante. Nada. Apenas funga.

— Ambos sabemos que isso não é verdade.

Ela dá uma gargalhada. Baixa e curta mas foi o suficiente para me fazer mudar de ideia.

E então eu a abraço. Apoiando meu queixo no topo de sua cabeça e inspirando todo o doce aroma cítrico que exalava de seus cabelos, mesmo molhados. Ela passa os braços em volta da minha cintura e posiciona seu ouvido na altura do meu coração. Não me lembro de alguma vez tê-la abraçado, um abraço de verdade. Era bom.

Por alguns segundos eu não senti mais frio.

— Posso me acostumar com isso. — a ouço dizer, a voz abafada por conta do contato com meu peito.

Dou um passo pra trás.

— Não queremos que isso aconteça... — ironizo.

Ela sorri, mostrando os dentes e as covinhas como uma criança pequena. Ela realmente parecia um anjo.

— E o que você veio fazer numa farmácia à essa hora? — ela pergunta.

— Dor de cabeça. — é tudo o que eu digo. — Mas e você? Está me seguindo?

Ela dá uma risadinha e se abraça novamente quando a chuva começa a cair em vertical.

— O plano era ir no seu apartamento, mas quando eu cheguei você estava saindo. Tive que improvisar.

— O plano era me seduzir e me levar pra cama? — ironizo.

Ela revira os olhos.

— Isso eu ainda posso fazer.

Arqueio minhas sobrancelhas enquanto ela me lança um olhar malicioso. Ali estava ela, o diabo em pessoa. Late night devil. E então lembro da música.

Faço careta. Ela não ia gostar nem um pouco disso.

— O que foi? — ela pergunta, seus olhos verdes faiscando.

— Nada. — respondo. — Vou pegar o remédio e depois...

— Depois...?

— Quer ir pra minha casa?

Ela sorri.

— Claro.

— E o seu pai? — pergunto.

Ela revira os olhos e me olha de cima abaixo.

— Eu não estou preocupada com ele no momento. — Angel responde, arqueando as sobrancelhas.

Suspiro.

— Tudo bem. Quer alguma coisa?

— Não.

— Não demoro. — digo, empurrando a porta.

Após sairmos da farmácia seguimos para meu apartamento, cada um em seu carro. Isso me deu tempo pra pensar no que eu estava fazendo.

Ponto um: eu não conseguia resistir a ela. Me sentia inegavelmente atraído e por mais que ela fizesse coisas que me chateassem isso não anulava a vontade que eu tinha de estar com ela. Eu gostava dela, essa era verdade. E isso me irritava completamente, afinal, eu a conhecia tinha pouco tempo.

Ponto dois: apesar de ter tido relacionamentos que me deixaram mal, ela não parecia com nenhuma de minhas ex namoradas. Era uma coisa boa, as chances de não terminar mal se tornavam maiores. Mas ao mesmo tempo isso não era o suficiente para me libertar dessa amarra que me prendia ao passado, o medo de amar alguém de novo ainda me consumia.

Quando estaciono na garagem do meu prédio ainda não tinha nenhuma resposta. O máximo que eu sabia é que eu iria me arriscar a ver onde isso iria dar, qualquer sinal de fiasco nessa relação eu pegaria meu paraquedas e pularia fora. Não estava afim de uma queda livre em direção ao fundo do poço.

— Posso tomar um banho? — Angeline pergunta, assim que entramos em meu apartamento.

— É... an, claro!

Ela dá meia volta, olhando pra mim.

— A não ser que queira tomar um banho comigo...

Não respondo nada, em choque demais com seu convite. Ela dá uma gargalhada.

— Sua cara foi ótima. — ela diz. — Vou atrás da blusa do Zepplin.

E então segue em direção ao meu quarto.

Arranco meu moletom ensopado e meus sapatos, deixando tudo na lavanderia. Tiro a camisa que estava vestindo, ficando somente com minha calça de moletom, e a uso para secar um pouco do meu cabelo. Ouço a porta do banheiro se abrir e se fechar e depois o barulho do chuveiro.

Abro a cartela de comprimidos, tomando dois deles. Aumento a temperatura do aquecedor e sigo em direção a geladeira, completamente faminto e em busca de inspiração do que comer. Acho queijo, molho à bolonhesa e bacon na geladeira, então decido fazer uma lasanha. Monto ela em uma travessa e então coloco no forno, no exato momento em que Angeline aparece com o cabelo enrolado na toalha e vestindo somente minha camiseta.

— O que você tá aprontando aí? — ela pergunta, com as bochechas vermelhas por conta do calor do chuveiro e os olhos brilhando de curiosidade.

— Lasanha. A moda Luke. — brinco, jogando as embalagens no lixo.

Ela dá uma risadinha mas quando saio detrás do balcão o sorriso some e ela me seca de cima abaixo.

— É, gosto bastante da moda Luke. — ela diz, arqueando as sobrancelhas.

Sorrio de canto de boca. Por deus, que isso chegasse aonde eu queria chegar!

— Você devia tomar um banho. — Angeline continua, dando de ombros e indo em direção ao sofá. — Se continuar assim, vai ficar gripado.

Eu não podia me dar ao luxo de ficar gripado.

— Tudo bem, vou pro banho. Mas quando sair preciso te contar uma coisa.

Ela se senta, me encarando com um olhar urgente.

— Ah meu deus, o que foi agora?

— Não é nada demais. Juro. — nada demais no meu ponto de vista. — Já volto.

Dou meia volta e entro no banheiro, tentando tomar um banho rápido o suficiente para que ela não surtasse no sofá ou minha lasanha ficasse carbonizada. Angeline não saberia o que fazer caso sentisse cheiro de queimado. Talvez ela entrasse aqui... quase fico tentado a fazer hora de propósito.

Visto uma camiseta cinza e uma calça de moletom preta, também decido enrolar meu cabelo na toalha como Angeline havia feito. Não queria me molhar todo de novo.

Quando chego na cozinha a mesa já estava arrumada e Angel estava encostada no balcão, mexendo no celular. Seu cabelo não estava mais enrolado na toalha e agora grudava em seu rosto por conta da umidade. Ela olha pra mim e larga o celular, dando um assovio.

— Que gracinha. — ela brinca, apontando pra toalha em minha cabeça.

Reviro os olhos e passo por ela, vendo minha lasanha no forno. Ainda precisaria de mais alguns minutos para ficar pronta.

— Tudo bem, vamos pra sala. Melhor fazermos isso sentados. — digo, puxando ela pela mão.

— Corre o risco de eu ter um ataque cardíaco? — ela ironiza, vindo atrás de mim.

— Não sei, mas vai demorar um pouco até você ler tudo.

— Ler? — ela indaga, o rosto numa expressão curiosa.

— Uma música... — explico, procurando a letra em meu celular.

— Música...?

Reviro os olhos.

— Virou meu eco agora? — rebato, entregando o celular em sua mão.

Ela dá uma risadinha.

Teeth. Nome interessante para uma música.

Não respondo, somente encaro seu rosto em busca de uma expressão. E então ela decide ler em voz alta.

— Alguns dias você é a única coisa que eu conheço — ela começa. — A única coisa queimando quando as noites esfriam.

"Não consigo desviar o olhar, não consigo desviar o olhar
Te imploro para ficar, te imploro para ficar
As vezes você é uma estranha na minha cama
Não sei se você me ama ou me quer morto"

Ela ergue as sobrancelhas.

"Me afasta e me afasta
E então me implora pra ficar, me implora pra ficar
Me liga de manhã para se desculpar
Toda pequena mentira me faz ter borboletas
Algo no jeito em que você está olhando em meus olhos
Não sei se vou conseguir sair dessa vivo
Joga tão sujo mas seu amor é tão doce
Fala tão bonito mas seu coração tem dentes
Late night devil — ela frisa. — coloque suas mãos em mim e nunca, nunca, nunca me deixe ir."

A encaro esperando alguma reação mas ela continuava encarando a tela do celular, provavelmente lendo o resto da letra sem ditar em voz alta. Tiro a toalha da cabeça, tentando parecer menos ridículo nesse momento.

— Bom, não é uma música de amor. — ela diz, me entregando o celular.

Não conseguia identificar o que ela estava sentindo em seu tom de voz ou em sua expressão.

— E aí?

— Isso me faz parecer uma pessoa ruim.

Suspiro.

— É uma pena que ache isso porque gravamos ela. — admito.

Ela respira profundamente.

— Pelo menos eu tenho uma música. Apesar de ela se chamar Teeth e não Love Of My Life, ou coisa do tipo... não deixa de ser uma música né.

— Então não está brava?

— É isso que eu sou não é? O diabo da madrugada que entra na sua casa para te fazer pecar? — ela indaga.

Arqueio as sobrancelhas.

— Mais ou menos isso. — ironizo. — Eu escrevi depois do seu aniversário, ok? Eu estava com raiva e saiu isso.

Sua expressão fica mais compreensiva.

— Depois eu quero ouvir. — ela pede.

— Vou dar um jeito nisso. — prometo.

Ela força um sorriso mas sei que havia ficado incomodada no modo como a retratei na música.

— Me desculpe. Não quis retratar você como alguém horrível... é só o modo como eu me sentia. — me explico, não suportando a ideia de magoá-la com algo assim.

Ela sorri, um sorriso mais natural dessa vez.

— Pelo menos você olha pra mim e vê sua esposa, já é algo positivo. — ela brinca, me cutucando.

Dou risada.

— Ah vai se ferrar!

Comemos enquanto ela fazia milhares de perguntas hilárias sobre a produção de músicas. Ela estava preocupada que alguém fosse saber que a garota retratada na música era ela, garanti que somente os meninos poderiam pensar algo assim e talvez Nicole e Crystal. Tirando isso, não teria muito com o que se preocupar.

— E se você destruísse a letra e a gravação? — ela pergunta.

— Os meninos ficariam chateados. Eles gostaram na música...

— Que mal gosto. — ela retruca, fazendo beicinho.

Depois de colocarmos as louças na lavadora e escovarmos os dentes — ela usando o dedo de escova. Nos deitamos na cama do meu quarto enquanto ela colocava a Era do Gelo 3.

— O Big Bang é muito mais legal. — rebato.

— Luke, esse tem dinossauros cara! Di-nos-sau-ros.

— Mas no Big Bang tem a vovó do Sid. Isso barra qualquer dinossauro.

Ela abre a boca mas provavelmente não tinha argumentos pra mim.

— Tudo bem, depois a gente vê o Big Bang.

Dou um sorrisinho triunfante enquanto ela dava play no filme e engatinha pela cama em minha direção. Angeline coloca sua cabeça em meu peito, me fazendo passar o braço por seus ombros. Seu cabelo não tinha o cheiro cítrico de sempre e sim o do meu xampu mas sua pele ainda tinha o mesmo aroma.

Ela estava inquieta. Balançando o pé e se mexendo a todo momento. Estranho sua atitude.

Sua mão repousa em minha barriga e ela olha pra mim, os olhos brilhando com uma malícia suave. Angel se aproxima, selando seus lábios nos meus suavemente. Ela tinha um gosto bom. A puxo pra mais perto e ela acaba em cima de mim.

— Não quero ver filme mais... — ela sussurra, sua voz arrastada e sexy.

Não que o filme estivesse rodando a tempo o suficiente para que pudéssemos assistir.

Sua mão escorrega por debaixo da minha blusa, os dedos frios passando por meu abdômen. Fico duro no mesmo segundo.

— Esse filme não é tão bom quando o outro mesmo. — digo, avançando em sua boca novamente.

Seus lábios estavam desesperados por contato, mas não mais do que os meus. Deslizo minha língua para dentro de sua boca aprofundando o beijo ao máximo, sinto que podia engoli-la e era o que eu queria fazer. Nenhum contato que eu fizesse com ela seria o suficiente, eu sempre iria querer mais.

Ela envolve suas mãos em meus cabelos enquanto tiro as minhas de sua cintura e tento me livrar de minha camiseta. Angel, ainda em cima de mim, coloca suas pernas uma de cada lada, facilitando para que eu me sente e me ajudando a tirar minha camiseta. Ela se esfrega em mim, soltando um suspiro.

Afundo meu rosto em seu pescoço enquanto a segurava firme pela bunda. Distribuo alguns beijos e passo a língua, é quando ela solta um gemido abafado, com suas mãos ainda envolta de meus cabelos. É o som do paraíso.

— Gostoso. — ela sussurra, voltando a encaixar sua boca na minha.

Puxo a barra de sua camiseta me livrando do tecido cinza. Ela estava sem sutiã, claro, o que me deixa extasiado por alguns segundos enquanto a admirava. Não consigo evitar sorrir de entusiasmo. Avanço pra cima dela, minha boca indo direto em seu pescoço e o sugando levemente. Ela se inclina pra trás, se apoiando em seus braços. Saio debaixo dela e fico por cima.

Desço minha língua pela parte descoberta de seus seios, sua barriga, até que chego na barra de sua calcinha. Angeline arfa, colocando a mão em meus cabelos.

— Por favor, Luke. — ela sussurra. — Eu não aguento mais.

Nesse momento eu faria tudo o que ela pedisse.





IÓNIÓNIÓNIÓN (era pra ser o barulho de um caminhão de bombeiros)
Se acertaram gente :')
Admito que esse é um dos meus capítulos favoritos, só perde pro do Luke bêbado...
Agora só nos resta rezar pra essa paz durar né?
O que vocês acham que vem a seguir???

Quem leu até aqui, vota no capítulo por favor, só pra eu diferenciar quem tá lendo de quem só tá olhando....

Espero que tenham gostado :)

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