Capítulo 1

Luke Hemmings, Los Angeles, 10 de Janeiro de 2019

O sol entrava forte pela janela da nossa nova casa, os raios atravessavam a sala a iluminando por completo. Não esperava um tempo assim nessa época do ano. Estico minha pernas no sofá enquanto via Calum e Ashton em uma discussão fervorosa olhando o Instagram de uma garota.

- Ela tem cara de assassina! - decreta Ashton, usando o indicador pra apontar pra tela do celular.

- Foda-se, eu deixaria ela me matar! - solta Calum fazendo Michael e Crystal, que estavam cozinhando, soltarem uma risada.

- Me deixa ver. - eu peço e eles me entregam o telefone.

Uma garota loira com olhos escuros e com uma pose provocante. A cara dela realmente parecia a de um serial killer, o que a deixava estranhamente sexy.

- Ela é uma gata! Mas não podemos negar a cara de assassina. - eu digo e Cal faz careta enquanto puxa seu celular de minha mão.

Ashton estava caindo na risada.

- Não sei como você sobreviveu à aquela noite. - ele diz, cruzando os braços.

- Pelo menos não era você quem estava ouvindo. - grita Crystal.

Calum abre a boca em um círculo e coloca a mão no peito como se estivesse ofendido.

- Você faz coisa muito pior com essa loira ai. - ele rebate apontando pra Michael.

Foi a vez da Crystal de se fingir de ofendida. Michael, Ashton e eu nos olhávamos claramente dizendo "meu deus o que fizemos pra merecer isso?".

Calum resolveu que era hora de superar o "término" dele quando tivemos nosso último show, um pouco antes do nosso período de férias. Então a gente foi pra um bar e ele arrumou a assassina em série. Foi um dia divertido, já as férias nem tanto.

Ficamos cerca de trinta dias em Sydney e não foi muito entusiasmante. Ficar em casa com certeza foi bom, mas rever alguns pessoas não caiu bem nem ao Ashton e nem a mim. O Ash se lamentou as férias inteiras e eu adquiri um estranho costume de ir a bares sozinho.

Minha ex namorada jogou um monte de coisa na minha cara que me deixou pensando o tipo de pessoa que eu sou. A resposta é: eu não sei. Mulheres, fama, dinheiro. Esse tipo de coisa pode cegar uma pessoa mas eu realmente acreditava que não havia me cegado. Acho que talvez não consiga passar essa mesma imagem pros outros.

Pelo menos esses questionamentos podem ficar pra depois. Demos um tempo nos shows e nos mudamos aqui pra Los Angeles, vamos conhecer nosso novo produtor hoje a noite, começar a produzir um álbum novo e planejamos lançá-lo no prazo de um ano. Calum já se empolgou e escreveu algumas músicas.

Já eu não escrevia há um bom tempo por sinal.

Resolvemos mudar nosso produtor porque queríamos algo novo, tão novo que nos mudamos de casa também. Experiências novas, cidade nova. Jason Smiths era com certeza um dos maiores e mais criativos no ramo, então esperamos muito desse contrato.

- Ei, vocês sabiam que o Jason Smiths tem duas filhas? - Michael anuncia se sentando no banco da cozinha.

Os olhos de Ashton e Calum quase saltam da cara.

- Eu vi aqui que ela vai se casar. - completa Crystal, fazendo os dois se aquietarem. - Pelo menos uma delas.

- Como elas chamam? - pergunta Ash.

- Clementine e Angeline. - responde Michael fazendo uma careta.

Dou risada.

- Elas devem ter oitenta anos. - eu ironizo.

- Talvez elas dêem um caldo. - sugere Ash e não conseguimos evitar em rir.

- Nem todos nós somos como você Ash, a gente prefere pessoas com idade mais próxima a nossa.

- Ah, vão se ferrar! - ele reclama tampando a almofada em Mike.

Passamos o resto do dia aproveitando alguns momentos sem fazer nada visto que nossa mordomia estava prestes a acabar. E quando a noite caiu fomos até a casa de Jason Smiths, nos atrasamos tanto que não conseguimos nem comer antes de sair e olha que a casa dele era apenas à alguns metros da nossa.

- Ah, que bom que vocês chegaram! - exclama Jason assim que abre a porta.

Todos nós o cumprimentamos.

- É uma casa grande. - diz Cal que parecia impressionado.

Grande era pouco, era enorme pra caralho!

- A música está no lugar que eu vivo então é preciso espaço. - Jason diz com um sorriso orgulhoso.

Tudo que eu sabia sobre ele é que ele conquistou todo o dinheiro e prêmios por mérito próprio e que produzia as músicas na própria casa dele com sua própria equipe. Então não seria nada ruim pra nós ter o trabalho bem ao lado de casa.

- Vamos trabalhar muito pra que esse novo álbum seja o máximo! - ele diz. - Querem conhecer a casa?

- Claro! - responde Michael e todos abrem um sorriso animado.

- An, sem querer ser chato nem nada mas posso assaltar a sua cozinha? - eu pergunto. Minha barriga estava doendo de fome.

Os meninos me encaram feio enquanto o senhor Smiths parecia surpreso com minha pergunta.

- É só seguir esse corredor e virar a esquerda. - ele diz apontando com o dedo. - Tem biscoitos no armário.

- Obrigado! Eu to morrendo de fome! - admito e praticamente corro em direção a cozinha.

A cozinha era enorme, maior do que a minha casa em Sydney mas nem a observei muito, somente fui em direção ao armário e peguei um pacote de batatas chips.

- Ei! - eu ouço chamarem. - Quem é você?

Me viro e encaro a garota a minha frente. Ela usava uma camisola de seda cinza, chinelos cor de rosa e tinha seu cabelo loiro e ondulado caído nos ombros. Sorrio mas ela não muda sua expressão, somente inclina o rosto me deixando ver uma pequena argola em seu nariz. Dou um passo a frente e largo o pacote de batatas em cima da bancada, estendendo minha mão pra ela em seguida.

- Eu sou o Luke. - eu digo e ela pega minha mão, me cumprimentando.

A luz reflete em seus olhos e o verde em suas íris brilha de um jeito bonito.

- Eu sei quem você é. - ela diz me fazendo arquear a sobrancelha.

- Então por que perguntou? - pergunto com um sorriso vendo que ela havia ficado sem graça.

- Porque não dá pra reconhecer alguém de costas. - ela se defende cruzando os braços e então sorri convencida.

Porra, ela era realmente muito linda.

- E você é?

- Angeline. - ela responde e faz uma pausa. - Mas todo mundo me chama de Angie.

- Angeline. - eu repito. Então essa era a filha do Smiths... Com certeza ela não tinha oitenta anos.

Ela revira os olhos e passa por mim, indo até a fruteira e pegando uma maçã. A sigo com o olhar, ela era realmente muito interessante. Espero que ela não seja a noiva.

- E cadê o resto da banda Luke Hemmings? - ela pergunta, me olhando de um jeito que me fez duvidar se ela estava flertando comigo ou não.

- Provavelmente em algum lugar da casa com o seu pai. Eu escapei, tava faminto.

- Eu notei, você comeu minhas batatinhas. - Angeline aponta pro saco de chips na bancada.

- Desculpe, vou trazer mais pra você. - eu digo sorrindo.

Ela faz careta.

- Eu passo, estou precisando emagrecer. - ela diz e em seguida morde sua maçã.

Acho graça.

- Você não precisa disso.

- Você não sabe nada sobre o que eu preciso, Luke. - ela rebate com um tom áspero de ironia.

Isso que dá falar demais, podia ter ficado sem essa.

- Tentei fazer um elogio. - me defendo.

- É, tanto faz. Vou pro quarto. - ela diz e não consigo não perceber sua voz sedosa e calma. Como se ela não demostrasse emoções.

- Te vejo depois? - pergunto assim que ela chega na porta, dando o meu melhor sorriso.

Ela dá uma risadinha.

- Talvez.

A observo me dar as costas e sair pela porta. Porra, ela não me deu moral nenhuma. Que merda! Será que eu tinha perdido o jeito com esse negócio de flertar?

De qualquer maneira é melhor eu me preparar porque se eu não conseguir o Ash vai. Ele era o cara nesse aspecto.

Terminamos nosso "tour" pela casa do Smiths e cheguei à conclusão de que seria ótimo trabalhar perto de casa e ainda por cima correndo o risco de ver aquela gata todos os dias. Não tinha como isso ficar ruim.

Nos despedimos e ficamos feliz ao ver como Jason também parecia animado em trabalhar com a gente. Estávamos dando nossos primeiros passos em direção a nossa casa quando ouço novamente aquela voz.

- Então aqui está os 5 Seconds Of Summer. - Angeline diz.

Ela estava em uma enorme sacada, olhando pra nós com um sorriso irônico.

- E você é? - Ashton pergunta já abrindo um sorriso. Esse animal não perdia tempo mesmo.

- Angie. - ela responde. - Espero que o Luke tenha dividido as batatinhas que ele roubou com vocês.

Sinto o olhar dos garotos sobre mim e tenho certeza que seria muito questionado sobre isso quando chegasse em casa.

- Ele é meio egoísta. - brinca Cal e eu bato meu cotovelo em sua costela.

- Ai! - ele reclama.

Ela ainda nos observava com um olhar divertido. Esses idiotas só me faziam passar vergonha.

- Não esperava ter ver de novo tão cedo. O seu "talvez" me saiu bem mais como um "nunca mais na minha vida".

- Sabe Luke, o meu talvez significa quando eu estiver com vontade.

Os meninos tentam disfarçar mas não conseguem e começam a rir. Olho pra ela que parecia estar se divertindo com isso. Ela manda um beijinho pra mim e entra.

- Vocês são uns idiotas! - eu reclamo passando por eles.

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