Angeline

Angeline Smiths, Los Angeles, 4 de Janeiro de 2020

O som das risadas a minha volta era contagiante, barulhento de certo modo, mas me trazia uma sensação de alegria que invadia meu peito e me fazia sorrir. Era bom estar no meio de pessoas, me distraía de certa forma, mesmo eu estando sentada sozinha em minha pequena mesa. O sol já havia se posto e eu estava sentada em um pequeno bar, no píer, de frente pro mar. O vento era brutal e queimava o meu nariz, mas apesar disso eu não me sentia incomodada, muito pelo contrário, me sentia extremamente confortável. Eu gostava da brisa violenta que vinha do mar em dias frios.

Meu celular treme e vejo uma notificação de Josh, era uma mensagem.

joshua: onde você tá? sua irmã tá te procurando!
joshua: só se cuida e para de ignorar ela! amo você!

angie: eu já vou pra casa
angie: também amo você!

Coloco meu celular na bolsa.
O garçom deixa um copo em cima da minha mesa, levando o que eu já havia bebido pra longe. Era vodka. Pura. As pedras de gele flutuavam, batendo nas laterais do copo gerando um tilintar baixo enquanto eu o manuseava. Dou um gole, encarando a TV. Estava na MTV e passava um vídeo clipe de uma artista que eu não conhecia, não estava muito alto mas estava alto o suficiente para que eu ouvisse. Observo as cores do clipe, sem me ligar a música. E então vejo um rosto conhecido.

- Oi, nós somos os 5 Seconds of Summer. – eles dizem em uníssono.

O ar some de meus pulmões e tenho a leve impressão de estar sufocando. Pego o copo de vodka e o viro, resultando em uma tosse engasgada. As pessoas em volta de mim me olham por alguns segundos, mas depois voltam a atenção a conversa delas. Era sexta-feira, a última coisa que eles se interessariam era em uma garota engasgada. Quando volto a atenção a TV eles haviam sumido e uma melodia conhecida enchia meus ouvidos.

- Angel with the gun in your hand, pointing in my direction, giving me affection... – a voz dele soa e me desespero.

Abro minha carteira, deixando uma nota em cima da mesa e praticamente saio correndo de lá.

Me sentia tonta mas não sabia se era por causa da bebida ou por ter ouvido aquela música. Sempre acontecia uma vez ou outra, principalmente por meu pai ser o produtor deles, mas eu havia me tornado boa em evitar isso. A diferença é que agora fazia muito tempo, e a cada segundo que passava a minha força de vontade diminuía. Era extremamente exaustivo ser a ex de Luke Hemmings.

Luke Hemmings. O motivo das minhas maiores felicidades e ao mesmo tempo maiores tristezas.

Me doía pensar nele, em seu cabelo loiro e sua voz quente e melódica que enchia meus ouvidos. Me lembrar de tudo todos os dias era horrível, a decepção que ele me fez sentir... Eu achei que acabaria comigo mas na verdade me fez ver que eu não devia ficar com ele, o mundo dele era demais pra mim. Me botava pra baixo, me fazia triste. Eu não queria esse peso por toda minha vida.

No começo foi insuportável. Os portais de notícias anunciaram nossa separação e então tudo ficou pior. Me mandavam notícias sobre Luke a todo momento, ele com outras garotas, flertando no twitter, em festas com os amigos. Cobravam um posicionamento de mim, mas como eu devia me posicionar vendo a pessoa que mais amei em minha vida seguindo em frente como se eu não fosse nada?

Todos os dias sendo marcadas em fotos, tweets, matérias... sobre tudo que envolvia ele, sendo que ele não era mais parte da minha vida. Foi quando me cansei e desativei tudo.

Algumas revistas adolescentes entraram em contato comigo, me convidando pra uma entrevista e até mesmo pra ser a capa. Recusei todas educadamente, já sabendo onde isso iria dar. Não queria falar sobre Luke, não queria ser conhecida por ser a ex-namorada dele e muito menos me aproveitar da sua fama. Eu nunca quis isso, nunca quis ser reconhecida e ter multidões em volta de mim.

Eu queria ser feliz sendo apenas eu.
Eu queria me ver longe dessa energia negativa que me cerca.
Eu definitivamente devia ter pensado melhor antes de beijá-lo naquele carro.

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