09.
CAPÍTULO NOVE:
O Dragão de Gelo
❝Os teus olhos são frios como espadas, e claros como os trágicos punhais; têm brilhos cortantes de metais e fulgores de lâminas geladas.❞
Lucerys sentia como se seu coração fosse pular do peito, – era uma queimação sem limites, que se alastrava por suas entranhas como um aviso. Ele não sabia distinguir o que ao certo seria, isso o intrigava. Mas o que mais perfurava sua cabeça, era o conteúdo do pergaminho escrito por Jason Lannister. As perguntas sobre como conseguiram encontrar um dragão, e principalmente, domá-lo ou prendê-lo. Talvez se fosse um dragão menor, seria compreensível.
Mas o Velaryon não acreditava que aqueles arrogantes de cabelos claros iriam chamar a corte para contemplar algo tão simplório. Desmanchou o apoio que dava o queixo com os dedos, juntando as mãos e suspirando em seguida. Haviam se desfeito das carruagens que levavam-os, embarcando dois navios com o emblema Targaryen imposto com suas bandeiras pretas, – as águas estavam calmas, mas ao mesmo tempo se quebravam entre si com força e brutalidade. Mais especificamente, foi uma noite desconfortável para todos.
Sua mãe reclamava de dores pelo quadril, alegando que o bebê chutava muito.
Ele até conseguia rir daquilo, mesmo que a risada saísse com um apelo triste no peito. Sentiu a mão dela acariciar seu ombro levemente tentando passar conforto, que por sinal conseguiu.
— O que lhe aflige, querido?
— Nada que precise se preocupar.
A resposta não pareceu a convencer já que a mulher crispou os lábios, os dedos passearam por mechas castanhas que caiam por seu rosto sem o desconfortar.
— Eu temo que algo possa acontecer. – Ela disse como um súplico. — E pode parecer imbecil estarmos indo para uma possível armadilha bem estruturada por leões.
— Um dragão não prepara a cama de um leão. – Disse com a voz grave. — Não é imbecilidade ou burrice, é estratégia. Os Lannister são algo, realmente. Mas não irão fazer nada contra nós, se quisessem, eu duvido que iriam iniciar dessa forma.
— Deveríamos esperar qualquer coisa de nossos inimigos.
— Daemon nunca deixaria nós irmos direto à morte. Se fosse apenas ele, talvez. Ele é meio imprevisível. – A mulher sorriu genuinamente. — Eu tenho certeza que ele sabe o que faz.
— Você cresceu. – Suspirou com melancolia estampada no seu tom de voz. — Meu garoto...
— Eu tive.
Eles se olharam antes da porta se abrir, mostrando a imagem de um dos guardas logo após posto ao lado da pequena cabine.
— Chegamos.
O mais jovem assentiu levemente, ofereceu seu antebraço para a progenitora sair, o que foi aceitado prontamente pela mesma. O dia havia amanhecido pouco nublado, mas com aparência de que as nuvens acinzentadas sumiriam conforme o tempo passado. Lucerys olhou ao redor tendo a imagem de Lannisporto passeando por suas orbes, tentou se sentir melhor, mas a ansiedade parecia consumi-lo mais que o necessário. Daemon se pôs ao lado da esposa, a dando apoio.
Um mal estar invadiu seu estômago quando o capitão do navio informou a chegada da família real, um pouco distante, no outro estava a Rainha Viúva, a antiga mão do falecido Rei Viserys, Otto Hightower e os dois filhos de Alicent. Na plataforma de madeira à frente, Jason Lannister se encontrava juntamente a sua esposa e seus sete filhos.
— Por acaso ele pensa em repopularizar a casa Lannister?
Daemon se perguntou recebendo uma risada baixa de Rhaenyra.
— Temos quase a mesma quantidade de filhos, Daemon.
— Eu sei, mas julgar os outros fazendo isso é mais estimulante, minha esposa.
Ambos sorriram um para o outro, juntando seus narizes em um gesto carinhoso enquanto ele acariciava a protuberância pequena da mulher. O Targaryen decidiu descer primeiro para poder ajudá-la a fazer o mesmo, Lucerys foi logo atrás sendo seguido por alguns guardas. Todos se mantinham indo a caminho do encontro do senhor de Rochedo Casterly.
— Altezas. – O homem de fios claros fez uma reverência juntamente aos membros da sua família. — A presença de todos é uma honra para nós.
O de fios castanhos quis revirar os olhos, mas não o fez. Jason Lannister fez um pequeno gesto com as mãos, convidando-os a seguir a frente sendo seguidos pela patrulha da cidade e seus filhos.
— Suponho que o trajeto tenha sido cansativo, certo? Vamos nos juntar em minha mesa e comer de meus melhores alimentos!
— Ah, sim. Quando o senhor for uma mulher grávida em cima de um navio saberá o que significa o conceito de desconfortável e cansaço.
A Targaryen se apoiava no braço de Daemon passando na frente do Lannister com os guardas reais em sua disposição. Lucerys mais uma vez se reprimiu de rir com a expressão desgostosa presente na face alheia, a viúva rapidamente foi ao encontrar do homem ao lado de seu pai.
— Perdoe-a, meu Lorde, a princesa Rhaenyra está cada vez mais estressada diante os primeiros estágios de sua sexta gravidez.
— Eu entendo. – Estalou a língua no céu da boca. — A princesa saberá respeitar-me ao meu agrado quando deslumbrarem a imensa criatura que será deposta em meu campo.
Otto e Jason trocaram um olhar cúmplice por um instante, – Larys Strong, ao lado do Hightower, se contemplava com suas próprias ambições corroendo seus pensamentos. Algumas luas atrás, eles haviam conversado sobre o conhecimento do dragão de gelo, estava escondido hibernando em um dos lagos frios de Winterfell, apenas os três homens sabiam daquilo. Obviamente, Otto Hightower foi rápido em oferecer ao Lorde de Rochedo mais um laço entre suas casas com o intuito de terem mais uma arma contra os Targaryens.
Aquela união silenciosa e traiçoeira, agindo por trás da corte até mesmo quando Rei Viserys estava vivo. Eles tinham mais um dragão, um dragão que nem mesmo aqueles de cabelos brancos sabiam da existência.
Com a ajuda de uma curandeira, o que eles mais julgaram ser uma feiticeira encontrada aos arredores, forjou um veneno minucioso que derrubava os mais fortes cavalos e mais valentes leões, eles só precisavam ter certeza de que colocaria aquele dragão para dormir igualmente. Foi concluído, dando-os chance de acorrentar o dragão de escamas azuis e pretas com gigantes correntes de ferro, tão grossas e precisas. O Lannister tinha certeza de que iria segurá-lo, isso até o dragão se soltar bruscamente ao mesmo tempo em que se acordou do sono profundo, porém, o Lorde não desistiu e permaneceu a tentar trancafiar a criatura em uma das cavernas escondidas de Lannisporto.
Os guardas, temendo por suas vidas, jogaram mais correntes ao redor do dragão adulto. Prendendo suas patas e asas, deixando o corpo imóvel e apenas a cabeça como apreciação. O imenso dragão rosnava com a pouca força que restava depois de ter mais veneno injetado em por suas entranhas. Jason Lannister, um tempo depois, avisou o senhor mão da conclusão perfeita de sua tarefa, – enviou seu mais confiável mensageiro, este na qual encontrou Otto Hightower em uma pequena acapela escondida no centro de Porto Real.
Aegon tinha em uma das mãos um recipiente de alumínio, dentro havia o seu delicioso vinho, esse na qual não largava por nada. O mais velho reclamava do calor, mas sem deixar de passear o olhar pelas mulheres que encontrava no caminho. Muitas delas sorrindo maliciosamente para o príncipe e outras retribuindo o olhar com certo nojo.
Aemond, sempre com sua postura imbatível e cheia de arrogância, repudiava as atitudes do irmão.
Quer dizer, não apenas ele.
𓂃 ﹙ 𖥔 ﹚ 𓂃
As formalidades dos Lannisters era algo realmente invejável, eles não poupavam aos membros da família real a melhor degustação de bebidas e comida, sem contar os poucos espetáculos por bobos da corte. Sentado ao lado da progenitora, Lucerys não conseguiu engolir nem uma gota do vinho adocicado que tinha em sua taça de ouro, apenas pensando no quão exibidos eles eram, ao mesmo tempo que fazia questão de demonstrar seu mais doce sorriso aos filhos do Senhor de Rochedo Casterly e sua mulher.
A mesa era imposta em um alto e grande palanque, dando vista ampla a arena onde ocasionalmente ocorriam os torneios. Como os homens conseguiam se desgustar de seus alimentos enquanto viam pobres almas acorrentadas ao seu destino assombroso lutando entre si, derramando seu sangue sujo para o entretenimento de nobres? Era uma constante dúvida na cabeça do príncipe ao ver a carnificina que ocorria no meio do amplo ambiente. Enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede são tantas vezes gestos mais que naturais para eles, naturais, tão naturais que os deixam com mais fome por mais.
Jason Lannister se pôs de pé, os olhares se voltaram ao Lorde, os gritos de euforia dos nobres convidados e plebeus se cessou como um sopro. Caminhou até o suporte de segurança do palanque, fazendo um mínimo gesto para seus guardas pessoais, – esses na qual prontamente afirmaram com a cabeça e um deles anunciou uma ordem.
— TRAGAM O DRAGÃO!
Jason se aproximou da mesa mais uma vez, os filhos correram animados para onde o pai estava minutos atrás.
— Então a história do dragão era mesmo verdade?! O pai trouxe para nós! – A garotinha de fios dourados exclamou animada, seu nome era Cerelle. — Será que poderemos montá-lo?
Daemon Targaryen quis rir por um instante.
— Leões não são paréis para um dragão, querida. – A princesa Rhaenyra interviu se aproximando com curiosidade. — Não viva na ilusão de seus pais por muito tempo, isso pode matá-la.
— Tudo isso é medo da possibilidade de existirem outros montadores de dragão além dos Targaryens, princesa? – Johanna se pos ao lado da mulher de fios acizentados. — Homens cheios de bravura matam dragões.
— Homens bravos montam dragões.
Rhaenyra esqueceu por um instante que, até mesmo as mulheres, podem falar asneiras. Seus devaneios foram interrompidos quando vieram as batidas de tambor, mais rápidas do que antes, repentinamente irritadas e impacientes. Um palanquim de madeira imenso com rodas robustas de pedra aparecia no vasto campo, em cima, todos do recinto contemplaram uma grande criatura adormecida, suas escamas eram pretas detalhadas em um azul forte ao mesmo tempo que remetia ao azul celeste. Olhares esplêndidos e surpresos viam a fera ser carregada mais a frente, Alicent – que não estava sentindo um pressentimento tão bom perante aquilo, se aproximou devagar ao lado do seu guarda juramentado, os olhos esmeraldas refletiam a imagem do povo eufórico, Aemond e Aegon pareceram se interessar ao mesmo tempo, se entreolharam como uma cumplicidade, e o interior do caolho se perguntando como aquilo era possível.
Daemon apertou os braços ao redor da esposa, temendo o que tudo aquilo daria e tentando não se alarmar ao ponto de Caraxes sentir e intervir voando rapidamente até aquele meio caótico.
— Não acho que isso acabará bem.
Lucerys murmurou mesmo sabendo que não seria escutado, seu peito batia fortemente como um pulsar desesperador. Levou a mão até ele e apertou o punho rente o tecido da roupa afim de descontar sua ansiedade e aquela emoção desconcertante. O Lannister gritou com suas forças para os súditos e membros da alta piramide.
— Contemplem, meus senhores! O primeiro dragão de gelo visto em séculos!
Gritos, gritos e mais gritos ressoaram pela multidão. Otto Hightower sorria pequeno ao lado dos netos, uma excitação correndo por suas veias infestadas de ambição.
— Pela minha surpresa, nunca deixa de estar um passo a frente, não? – Aegon perguntou como um segredo, o avo manteu seu olhar afrente. — Sempre culminando com os outros e os rodeando como presas.
— Estou fazendo o necessário para prevalecermos. Para nossa linhagem continuar até o fim, Aegon. Meu sangue ficará no trono custe o que custar. É uma maravilha termos vantagem caso a guerra vá ser necessária, Lucerys não tem mais um dragão, nós estamos barganhando um nesse momento.
— Mesmo que ele tente reinvindicar um, será uma tarefa complicada.
— Sua sorte é de ter um ovo desde o berço, o bastardo nunca domaria um novo dragão, muito menos um adulto.
Aemond foi o último a falar, mesmo que as palavras saíssem como um gosto amargo na língua. Otto sorriu em concordância com o neto mais jovem.
— Algo está errado... – Rhaenyra disse em um tom que apenas Daemon escutasse. — Ele está se mexendo!
Alertou ao Lannister, o que não pareceu preocupá-lo. Ele tinha certeza que as correntes iriam segurar o dragão com agilidade, a força do aço parecia ser forte para o Lorde, ele se barganhava com a euforia das pessoas, sorrindo de orelha a orelha, os filhos ansiosos para poderem ver a besta mais de perto. O homem de vestes cinzentas observava a fera desacordada com fincar, rodeou-o com a lança afiada cada vez mais curioso. Os olhos caídos do dragão abriram com rapidez, o guarda se assustou e temeu por sua vida por um instante, o alívio percorreu por seu peito quando percebeu a imobilidade da fera. Mas, de repente um rugido alto escapou pela boca dele, em frações de segundos se desfez das correntes da parte de cima de seu corpo escamoso.
— O que está acontecendo? – Perguntou ao guarda abaixo, uma pouca preocupação se formando. — Contenham meu dragão, agora!
Um estrondo das correntes se quebrando para todos os lados assustou os demais, as patas permaneciam presas, o que deixava a besta com mais fúria esvaindo-se de suas narinas. Daemon gritou aos guardas para retirarem todos dali, principalmente a princesa e o príncipe, Jason Lannister se exaltou, colocando os filhos para trás, ele gritou:
— O QUE ESTÃO FAZENDO PARADOS, SEUS INÚTEIS? PRENDAM-NO!
O mesmo homem que rodeava o dragão, foi rapidamente jogado por trás, as pessoas começavam a correr deliberadamente, estava um caos. O guerreiro, em impulso subiu em cima do palanque e jogou seu corpo em cima do animal de escamas pretas. Inclinou-se sobre a lança, usando seu peso para enterrar a ponta mais profundamente na pele escura. Andrômeda arqueou-se para cima, com um silvo de dor. Sua cauda ia de um lado para o outro. Lucerys viu as asas negras se abrirem. O homem se desequilibrou e caiu na areia. Estava tentando se levantar quando os dentes do dragão se fecharam com força aoredor de seu antebraço. Andrômeda arrancou o braço do ombro e o atirou de lado como um cão arrancaria um rato de sua toca.
— MATEM-NO. – Jason Lannister gritou para os outros lanceiros. — MATEM A BESTA!
Sor Criston Cole puxou os príncipes pelo braço, logo depois a Rainha Viúva, descendo com eles pelas escadas, protegeu-os quando um pedaço afiado e longo de madeira fora nas suas direções, ocasionando um filete de sangue caindo do seu rosto. Aemond praquejou por não estar com Vhagar e Aegon sentia a cabeça doer, pensando que deveria ter ficado em Porto Real e não ter vindo para aquele circo de horrores e matança de dragão.
— Altezas, precisamos sair! O dragão irá destruir Lannisporto.
— Céus, que desastre! Isso porquê falam que os Lannisters possuem inteligência, isso foi uma tremenda burrice! O que estavam pensando em acorrentar um dragão adulto selvagem?
— Se eu morrer nessas terras eu juro que os amaldiçoarei em meu leito de morte.
Daemon disse antes de sair empurrando qualquer pessoa que visse na frente. Lucerys sentia a cabeça latejar terrivelmente, eles correram mais rápido. Os lanceiros estavam correndo ao mesmo tempo. Alguns tentavam avançar em direção ao dragão, com suas lanças em mãos. Outros fugiam, jogando suas armas enquanto escapavam. O homem com roupas de ferro estava tendo espasmos na areia, o sangue reluzente se derramando do pedaço arrancado em seu ombro, caindo diretamente no chão quente. Sua lança continuava nas costas de Andrômeda, balançando quando o dragão batia as asas. Fumaça erguia-se da ferida. Quando as outras lanças se aproximaram, o dragão cuspiu uma chama tão azul que o Velaryon bateu os cílios, aquela chama azul banhou dois homens em feitos gelados, transformando-os em esculturas gélidas e mortas como um cadáver. Sua cauda chicoteava de lado, e pegou o mestre da arena que se arrastava atrás dele, quebrando o homem em dois. Outro atacante tentava apunhalar seus olhos, até que o dragão o pegou entre suas mandíbulas e arrancou sua barriga.
Todos estavam assustados, os plebeus sendo pisoteados pelos guardas da nobreza e os convidados já haviam fugido para o lugar mais seguro que podiam encontrar ainda escutando o rugir do grande dragão preto com escamas azuis, ele não estava nada contente após quebrar suas correntes. Rosnava tão alto que até mesmo os com sangue de dragão tremeram em seus lugares.
Mas o príncipe Lucerys percebeu que seu maior incômodo era a flecha na sua asa esquerda, olhando com pesar, ele sentiu a adrenalina passar pelas veias. O príncipe desfez do caminho dos dois Targaryens, Daemon gritou seu nome o chamando, Rhaenyra arregalou os olhos enquanto tremia em seu lugar apertando os braços do marido, quase como um apelo silencioso para ele a soltar e deixá-la ir pegar seu garoto.
Que ela quase acreditou estar indo para o caminho da morte.
— LUCERYS, NÃO!
Quando menos esperavam, o Velaryon havia corrido até a arena, por trás ele parou instantaneamente, quase caindo com a batida da asa forte do dragão. Ele era enorme, não tão grande como Vhagar, mas imenso como Meleys, arriscava dizer... um pouco maior. Lucerys não saberia retirar explicações ou motivos nas quais o levaram ir até o dragão ferido, mas seu peito latejou ao ver a criatura gritando de forma sôfrega. Se aproximou o mais rápido que podia, Andrômeda havia parado por um instante, o que deu brecha para o garoto retirar a flecha com precisão e rapidez para não afetar o dragão de gelo, ele virou a cabeça. Fumaça fria saía por entre seus dentes. Onde pingava no chão, seu sangue soltava fumaça também. Bateu as asas novamente, levantando uma asfixiante tempestade de areia carmesim. Lucerys tropeçou na quente nuvem vermelha, tossindo. Ele avançou. Os dentes negros se fecharam a centímetros do rosto dele. Os olhos de Lucerys estavam cheios de areia. Se desequilibrou sobre o cadáver do mestre da arena e caiu de costas.
Andrômeda rugiu. O som encheu a arena. Um vento gelado o engoliu. O longo pescoço escamado do dragão se esticou na direção dele. Quando sua boca se abriu, ele pôde ver pedaços de ossos quebrados e carne entre seus dentes. Os olhos dele pareciam ferver, – o que era irônico. Lucerys teve uma pouca lembrança se esvaindo por sua cabeça, Daenerys, em nenhum momento se afastou, porque ela sabia que se o fizesse, seria esmagada e completamente destruída por seu dragão. Ele não desviaria seu olhar, nem mesmo se sua mãe o implorasse para fugir.
Se morresse aqui, então que fizesse jus ao seu sobrenome e o sangue que corria por suas entranhas.
Nos vossos azúis fumegantes olhos de Andromeda, Lucerys viu seu próprio reflexo. Como ele parecia pequeno, fraco, frágil e assustado. Assim como naquela tempestade, quando ele foi engolido pela imensidão da baía dos naufrágios. Não posso deixá-lo ver meu medo. Pensou tal qual como Daenerys Targaryen pensaria.
Manteve-se olhando no dragão chamando Andrômeda, seus olhos azuis olhavam para o Velaryon em desafio, Lucerys engoliu a seco e esperava o pior, mas não esperava que ele se abaixasse virando um pouco e oferecendo ao príncipe para ele subir. Atormentado pelo ato repentino, o Velaryon caminhou devagar – pensando que sim, aquele era um convite. Sua consciência o alertando; vá até ele! Ele o chama, voe! Voe! Mas então, seu corpo foi ao chão mais uma vez, um dos guardas haviam empurrado-o com força e brutalidade.
Não pareceu agradar o dragão.
E não o fez, pois Lucerys viu o homem ser transformado em mais uma escultura gelada no meio da arena na frente de seus olhos. Levantou-se tratando de não se preocupar, o corpo dolorido mas mesmo assim correu até o dragão de escamas explendidas, agarrou-as e colocou o restante de força que existia nos braços para subir nele. A inseguraça de estar em um dragão sem sela o assustava, abraçou as costas do animado de gelo como se ele fosse o bem mais precioso da sua existência.
Estar em um dragão pela primeira vez sem sela apropriadamente presa, acendia um fogo, uma chama adormecida no peito do garoto, ele se sentia livre, sentia que podia compartilhar sua alma com aquela imensa besta que momentos atrás queria o transformar em mais uma carcaça de restos corpais. Rhaenyra e Daemon tinham os olhos arregalados, não parecendo acreditar no que viam.
Não que eles pensassem que o mais jovem não fosse capaz de domar outro dragão, e sim porque... Lucerys não disse as palavras de comando. Ele ao menos abriu sua boca para desferí-las ao domá-lo.
Andrômeda torceu-se embaixo dele, os músculos ondulando conforme reunia forças. O ar estava cheio de areia. Lucerys não podia ver, não podia respirar, não podia pensar. As asas negras detalhadas em um azul esvoaçante estalaram como um trovão e, repentinamente, as areias banhadas no sangue estavam caindo sob ele. Tonto, Lucerys fechou os olhos. Quando os abriu novamente, vislumbrou os Lannisters e os Targaryens lá embaixo, através de uma névoa de lágrimas e poeira, espalhando-se pelos degraus e para fora, nas ruas. Suas mãos agarravam as escamas do animal, seus dedos lutando para se manterem presos. As largas asas de Andrômeda batiam no ar. Lucerys podia sentir o calor dele entre suas coxas. Seu coração parecia estar prestes a explodir.
Não foi Lucerys Velaryon que reinvindicou Andrômeda como seu.
Foi o dragão de gelo que havia reivindicado Lucerys Velaryon como seu montador.
✶ 𝐀𝐍𝐄𝐗𝐎S 𝐈𝐌𝐏𝐎𝐑𝐓𝐀𝐍𝐓𝐄S ✶
↳ ⸻ PS; para referência de capítulo, foram retiradas cenas de As Crônicas de Gelo e Fogo - Vol 5, esperam que tenham percebido os detalhes. 😋
〘 01 〙 — Creio que algumas coisas tenham ficado confusas para vocês em relação à linha temporária desde os primeiros capítulos, se não ficou, vou explicar melhor abaixo.
〘 02 〙 — Primeiramente, quando Vizcarys disse para o Luke lá no começo, como ele voltou e o caminho do destino foi mudado, logo NÃO houve a usurpação! Ela iria ocorrer, MAS Lucerys voltou antes que se realizasse. O ocorrido em Ponta Tempestade aconteceu! Mas a usurpação não tinha sido realizada ainda, nessa linha temporária seria após a volta de Lucerys, Aemond tinha ido buscar aliados que ficassem ao lado dos verdes QUANDO Aegon fosse coroado. Ou seja, nessa linha, ele estava apenas preparando o terreno juntamente ao Otto e o conselho verde. Logo, apenas O LUKE sabe que ocorreria a usurpação. Pelos presságios que ele viu do futuro e o que ele já tinha passado.
〘 03 〙 — A Nyra aparecer em Porto Real antes, também foi uma mudança temporal do destino, ela NÃO sabia da usurpação, ela apenas foi deixar um aviso para os verdes que eles pagariam pela possível morte do Lucerys. Ela também NÃO sabia que o pai tinha morrido até aquele momento, por isso ela cogitou voltar para Pedra do Dragão quando Luke apareceu.
〘 04 〙 — É apenas isso! Decidi explicar um pouco para que vocês não ficassem confusos skkskdkd quando se muda algo que já era destinado a acontecer, toda uma linha temporal nova é moldada, seja o passado como o futuro. ☝🏻
〘 05 〙 — Sobre o ato II, é bom que vocês fiquem cientes que apenas alguns meses vão se passar, se eu colocasse um pulo temporal imenso, iria ficar sem sentido 🤸 portanto, não estranhem a mudança do Lucerys, eu levei em conta eu mesma e as pessoas na minha volta pra fazer isso KKKK – eu particularmente acho que uma pessoa muda MUITO em poucos meses ☝🏻 avisando desde já porque o ato II se aproxima. 🤭 (E eu também levei em conta sobre; como ele está envolvido com magia desde o que aconteceu, isso mude parte do físico dele já que como foi dito, ele viu MUITA coisa ao redor dos anos quando morto)
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top