06.


CAPÍTULO SEIS:
A tempestade nas nossas cabeças

Os peitos dessas pessoas estão vazios. A verdadeira escuridão está dentro de cada uma delas.























Há muitas luas atrás haviam rumores sobre um suposto dragão. Mas não os que estamos acostumados a ler nos diversos livros ou aqueles que sobrevoam as terras de Westeros. Um dragão diferente, chamas azuis, escamas da mesma cor das águas da baía e asas enormes. — Apesar de não ter registros, pelo menos não o suficiente para nos aventurarmos na magnitude da sua história, restam os boatos.

E sem boatos não há o que chamamos de "achares."

Um dragão de gelo.

Chegava a ser eufemismo citar algo desse fetio quando os senhores de dragões são completos pelo fogo, ao que dizem.

Mas Valiria sempre foi e sempre será um mistério. Podemos imaginar o que quisermos, até mesmo um dragão expelindo chamas tão frias quanto o inverno. — Pode ser impossível, mas não é interessante imaginar que gelo e fogo podem caminhar juntos algum dia?

Os dedinhos curiosos fechavam o livro de espessura grosseira, acariciando levemente o enfeite metalizado se sentindo tão perdido na própria imaginação.

— Você não acha, vovô? – Joffrey olhou para o Serpente Marinha com um brilho nos seus olhos satisfeitos. — Não seria magnífico se algum dia pudéssemos ver um dragão de gelo? Isso é incrível!

Corlys riu baixinho pela imaginação fértil do neto, afagou seus fios e o mais jovem sorriu.

— São boatos infundados. Há apenas um registro sobre o suposto dragão, creio que seja difícil que realmente algum exista ou já existiu.

Joffrey franziu o cenho, deixou o livro de lado um pouco decepcionado.

— Mas vô, o senhor acha que... se existisse, algum Targaryen poderia domar um dragão de gelo?

Corlys ponderou por um instante.

— Gelo e Fogo não andam nas mesmas entrelinhas, meu neto. Se diferem e não tem bom resultado juntos. Lembre-se, já que você também é um Targaryen, há fogo correndo por suas veias.

O menor piscou devagar.

— E um pouco de água salgada também.

Eles riram cúmplices, os olhos castanhos do príncipe caíram na porta da grande biblioteca real. Um sorriso cobriu seus lábios, pediu licença desajeitadamente para o avô e correu para os braços da mãe, que não tardou em abraçá-lo.

— Novamente lendo sobre aquele dragão, Joffrey?

O Velaryon baixou a cabeça enquanto brincava com seus dedos.

— Então ele faz com frequência? – Recolheu os livros espalhados, deixando-os no lugar mais uma vez. — Há quanto tempo?

— Joffrey se encantou por essa criatura depois de começar a ler os livros que Leanor deixou guardado exclusivamente para ele. – Suspirou colocando o filho no chão. — Mas eu já o disse para não quebrar cabeça, dragões de gelo foram extintos a séculos. Se é que já existiram.

Joffrey escutou calado mas sem perder as esperanças. Estufou o peito decidindo se aventurar pelo castelo e encontrar mais livros para ler e por fim, achar qualquer coisa que pudesse comprovar a existência de criaturas de gelo.

Seu extinto aventureiro gritou mais alto, e quando a princesa menos percebeu, o filho mais jovem havia sumido de sua visão. Sua e de Corlys.

— Para onde ele foi? – Olhou ao redor do cômodo. — Estava bem aqui...

O mais velho iria responder se não fosse pela terceira pessoa aparecendo no grande salão.

Lucerys estava ali.

Seu neto estava ali.

O coração se aqueceu profundamente. – Corlys já estava ciente do que havia acontecido com o garoto, mas as coisas estavam tão corridas que não teve tempo o suficiente para o ver. Para tirar suas próprias conclusões e se conformar que seu neto estava vivo.

— Luke. – Sua voz carregava tanto apreço e carinho, o citado não precisou falar muito porque quando viu, estava indo até seu avô em passos precisos e meio atrapalhados igual quando era criança. O abraçou com força e sentiu os olhos pesarem quando apoiou a cabeça no peito do Serpente Marinha. — Pelos deuses, você está bem... sim, você está bem. Você está vivo.

Suas palavras saíam de forma carinhosa, Lucerys confirmou lentamente com a cabeça.

— Sim, avô. Vivo.

Se afastaram minimamente, Corlys segurou seu rosto entre as duas mãos e apertou o nariz pequeno, recebendo um sorriso tímido do mais jovem.

— Não sabe o quanto fiquei angustiado, Lucerys. Seu avô está muito velho para sustos como esses.

O príncipe apenas deu uma risada baixa, Rhaenyra sorria vendo a interação dos dois. Logo, uma quarta presença se encostou na porta um pouco receosa do que fazer.

Era a princesa Rhaenys.

— Eu gostaria de conversar com meu neto.

Olhou para a princesa que confirmou minimamente, essa que chamou Corlys com um aceno de cabeça e ele pareceu entender. Bagunçou levemente os fios ondulados do mais novo e por fim, se retirou com a Targaryen.

Rhaenys se aproximou devagar, Lucerys a olhou sentindo o peito latejar. Mesmo que ele tentasse, as lembranças nunca iriam embora de sua cabeça.

— Lucerys... – Iniciou com a voz suave. — Eu... eu ao menos sei por onde começar.

— Não. – Respondeu brevemente também com o tom suave. — Não precisa.

O Velaryon suspirou.

— Eu entendo todas as suas atitudes. Eu sei os motivos pela qual nunca foi tão próxima de mim e dos meus irmãos. – Pausou por um instante antes de continuar, seu olhar alternando entre a mais velha e a imensa janela que mostrava a visão ampla de Porto Real. — Mas eu não irei mais negligenciar meus sentimentos. Por muitos anos eu baixei a minha cabeça por rumores inoportunos dos meus direitos de nascença, a realidade é que eles nunca irão acabar. Mesmo se a corte querer cortar suas línguas ou cabeças, eles irão permanecer até o dia de minha morte, e me custa apenas conviver com isso. Eu, Jace e Joffrey.

Rhaenys escutava atentamente, seu interior se revirando de desconforto por saber que estava inclusa no ciclo de pessoas que tanto destrataram seus netos.

— Mas... no fim de tudo, somos apenas crianças. Crianças que são constantemente colocadas em uma prisão de rumores. – Riu sem humor. — Eu a admiro, Princesa Rhaenys. Eu tenho certeza que teria sido uma ótima rainha e é inegável que é uma boa avó para Baela e Rhaena.

Crispou os lábios levemente se sentindo instável por um instante, suspirou quebrado mas nunca se permitindo chorar. Não agora.

— Aos meus sete anos, eu me perguntava... se eu e Jace também éramos seus netos, por que não podemos ter o mesmo tratamento da sua parte igual Baela e Rhaena tinham? Eu me sentia tão confuso. Mas não acho que isso importa mais. Eu não quero que a senhora se sinta na necessidade de me pedir perdão por todos esses anos distante de nós só porque eu estava a um sopro da morte, eu gostaria que fosse sincero... e não por pena.

A Rainha que nunca foi, respirou fundo e deu um passo adiante. Os dedos gentilmente passaram pelos ombros tensos do príncipe, buscando as melhores palavras no momento.

— Eu peço desculpas por vir de cara limpa desse jeito, Lucerys. Eu sei que negligenciei você e seus irmãos por anos, eu realmente sinto muito por isso. Pode demorar o tempo que for preciso, mas sempre estarei esperando por você e esperando o momento certo em que iremos abrir nossos corações mutuamente um para o outro. Eu sou uma tola por ter fechado meus olhos para os filhos do meu filho, do meu Laenor. A última coisa que ele me deixou.

Ambos se entreolharam, o silêncio reinou pelo cômodo, mas não era desconfortável ou insuportável, era calmo e compreensível.

— Eu aceito um abraço por enquanto.

Sorriu de ladino e a mulher fez o mesmo. Naquela manhã entristecida pelo enterro das duas perdas, uma reconciliação se formava entre avó e neto. Uma futura relação genuína e sem ressentimentos se iniciava, Lucerys, no momento em que os braços carinhos da Princesa o envolveram num aperto suave e cheio de emoções, teve a total consciência e sentimento no peito de que um bom passo já havia dado no jogo.

Muitas possibilidades ainda eram desconhecidas, mas ele não iria deixar nada passar despercebido.

Ele podia não ter um dragão, não mais, mas não vai precisar de um para derrubar todos os inimigos ao seu redor.


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Pernas curtas corriam pelos corredores largos da Fortaleza Vermelha, os guardas que estavam em cada quina das grandes esferas de pedra seguiam com os olhos o príncipe menor, que tinha um olhar determinado. Joffrey sorrateiramente desapareceu do seus campos de visão se esgueirando por uma das passagens secretas, ele podia não ter o mapa de Maegor, mas apenas com a visão que teve do papel antigo quando estava no colo de Daemon, lembrava de alguns lugares específicos.

Os olhos curiosos passeavam pelas grandes paredes de pedregulhos cinzas, apenas poucas tochas acesas que iluminavam o caminho. Encontrou uma porta mais a frente, abriu devagar enfiando apenas sua cabeça pela aresta.

A visão ampla de um quarto com adornos de tons verdes e dourados, estrelas de sete pontas e pinturas antigas de crenças que ele não sabia distinguir quais eram. Cuidadosamente entrou e devagar, caminhou ao redor.

O cômodo tinha um odor esquisito, ele entortou o nariz um pouco incomodado.

— Credo... cheiro de suor.

Resmungou baixinho consigo mesmo, foi quando encontrou um emaranhado de lençóis brancos se movendo freneticamente na cama espaçosa. Deu um grito alto e sem escrúpulos, tampou os olhinhos com as duas mãos e a movimentação da cama parou freneticamente. O grito do mais jovem foi seguido por mais duas figuras que rapidamente se afastaram, Aegon sentou ao lado de uma jovem que se cobriu mediante ao passo que viu a criança estagnada no meio do quarto.

— SETE INFERNOS. – O platinado gritou em meio a resmungos. — Garoto como você chegou até aqui?

Perguntou sem obter respostas porque Joffrey, mentalmente, o amaldiçoava na cabeça.

Deuses, por que me deram um tio tão dissimulado? Que maldição! Eu sou muito jovem para ver um circo de horrores desse!

— E-eu estou indo, Vossa Majestade. – A prostituta se reverenciou e muito envergonhada, fez o mesmo para Joffrey. — Meu príncipe.

Rapidamente, se desfez do cômodo com suas vestes bagunçadas, cabelos desgrenhados e o rosto vermelho. Aegon suspirou com raiva, levantou rapidamente segurando o garoto pelos braços de forma agressiva.

— Sua praga! Tem noção do que fez?

— Nunca mais vou esquecer isso... – Murmurou choroso ainda com as mãos nos olhos. — Tenho que arrancar meus olhos!

O Targaryen revirou os olhos sem paciência.

— Eu poderia acabar com você agora mesmo bastardo.

Joffrey retirou seus dedos dos olhos e em um movimento ágil, chutou uma das canelas do tio, – esse que gemeu surpreso e com uma dor indescritível subindo por seu corpo. O príncipe menor balançou a cabeça em negação.

— Você é um bêbado, tio Aegon. E eu sou treinado pelo meu padrasto Daemon. Acho que não vamos querer saber quem acabaria com quem...

O platinado gemeu mais uma vez, não saberia distinguir se estava sem força por causa da bebida afetando suas veias cerebrais ou se era pela dor infernal na canela. Lentamente se esgueirou pela quina da cama, se cobrindo com um dos lençóis macios. Joffrey empinou o nariz e procurou por livros pelo quarto imenso, fracassando na busca já que ele tinha certeza que Aegon não era do fetio inteligente.

— Que inútil... – Disse baixinho. — Você tem a bunda muito branca, Tio.

O citado entortou os olhos para o garoto, Joffrey não pareceu dar muita importância porque continuou explorando o cômodo com muitas decorações esverdeadas.

Parecia que estava em um campo com grama fresca.

Que sem graça. Pensou.

— E você é uma praga, seu bastardo. Eu ainda vou fazer picadinho de você.

O Velaryon riu, divertido.

— Que tal... o senhor me ajudar a encontrar alguns livros?

— Invade meus aposentos, me insulta e machuca minha pele. – O platinado pareceu pensar. — E tem a cara de pau de me pedir para ajudá-lo? Daemon pode não ser seu pai de sangue, mas acho que em outra vida você era filho dele.

— Eu levei isso mais como um elogio do que como um insulto.

Aegon viu o garoto subir sem problemas até seu armário para poder chegar em uma pequena estante de madeira com pouquíssimos livros, não pareciam ser do interesse da criança já que Joffrey via suas capas e em seguida, uma careta se formava por suas feições.

— Eu não vou ajudar você.

Ele ficou calado por um instante, o Velaryon se virou e com um sorriso sapeca, olhou para o tio. Aegon ergueu uma das sobrancelhas sentindo que o sobrinho iria aprontar.

— Se me ajudar... eu posso tentar roubar um pouquinho da melhor cidra do meu padrasto.

O Targaryen se surpreendeu levemente.

— Está tão desesperado assim?

— Eu sou uma criança curiosa! Eu preciso saber dos mistérios do mundo que me acerca. – Disse em um tom destemido. — Se não me ajudar, não faz diferença, só quero a sua altura! Eu tenho a inteligência por nós mesmo.

— Me chamou de burro?

— Chamei.

O mais velho, sem mais paciência para continuar com as provocações do sobrinho, levantou derrotado.

— Eu aceito. – Colocou o dedo no queixo. — Mas só por que eu espero que Daemon descubra que roubou a cidra dele e acabe com você.

Joffrey confirmou animado, ele sabia que aquilo não iria acontecer, mas por que não deixar o tio esperançoso da sua possível desgraça? Riu consigo mesmo enquanto descia do objeto de madeira espessa.

— Vai tomar um banho, seu porco. Eu não posso andar ao lado de alguém que fede desse jeito. – Ergueu a postura e saiu na frente. — Se me deixar esperando, eu conto para a Rainha Alicent que havia uma mulher nos seus aposentos!

— Sua-

Não terminou os insultos já que o garoto bateu a porta na sua cara. Mentalmente, Aegon jogava pragas no terceiro filho de Rhaenyra.


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— Maldição!

O príncipe desonesto caminhava de um lado para o outro no antigo quarto de seu irmão, Rhaenyra estava mais distante, sentada na cama do falecido pai enquanto acariciava o tecido rico em detalhes da cama real. Uma lágrima solitária desceu por sua bochecha, seus pensamentos batucando na cabeça e o coração com um ódio inoportuno subindo. Os nervos a flor da pele mas a princesa nunca deixando de acariciar a barriga pequena por cima do vestido preto, a capa havia sido deixada de lado no momento em que entrou no cômodo.

— Malditos, malditos! Eu irei queimá-los vivos!

Sem forças para rebater o marido, ela apenas negava com a cabeça para si mesma, sentindo a mesma aflição que Daemon sentia. Os guardas escutavam os gritos odiosos do príncipe se entreolhando de vez em quando.

Passos graciosos e precisos foram escutados, Erryk rapidamente se pôs à frente.

— Meu príncipe.

— Sor Erryk. – Em respeito, Lucerys acenou. — O que está acontecendo?

— A princesa pediu para não ser incomodada, vossa graça.

— Por favor, diga que quero participar e se possível, ajudar. Preciso saber.

O de fios dourados, um pouco receoso mas não ousou negligenciar o pedido do príncipe, quando iria abria a grande porta, a imagem da Targaryen foi apresentada para Lucerys. Seu peito se encheu de preocupação ao ver a mãe tão abatida, se aproximou rapidamente envolvendo o rosto da mais velha com suas mãos macias.

— O que houve?

— Querido... – Sua voz suave soou por seus ouvidos. — Há coisas acontecendo por nossas costas, não sei se consigo suportar toda essa arrogância. – Respirou fundo. — Daemon irá contá-lo, sua mãe precisa ver Aegon e Viserys.

Um último beijo foi deixado em sua testa, a de fios brancos acariciou seus braços e se desvencilhou do toque. Erryk acompanhou a princesa, se certificando de que a mulher esteja segura.

O mais jovem suspirou já sentindo a cabeça latejar, adentrou o quarto que um dia já fora do seu avô. Daemon estava olhando para a paisagem do lado de fora do quarto real, ele sutilmente moveu a cabeça para vê-lo. Apertava o punho com fúria em seu olhar.

— O que aconteceu?

— O que não aconteceu. – Corrigiu. — O grande conselho decidiu, aparentemente, que a sucessão de sua mãe deve prosseguir apenas após o parto de nosso filho.

O Velaryon arregalou os olhos.

— Seriam seis meses!

— Exato. – Massageou as têmporas nervosos. — Seis meses. E sem contar que querem que ela esteja cem porcento saudável do pós parto.

O mais novo tentou buscar uma paz que não existia consigo mesmo.

— O que? Eles estão tentando a sorte para ver se minha mãe morre no parto?

Perguntou para si mesmo com frieza nas palavras, Daemon se aproximou de si e agarrou seus ombros.

— Não fale isso nem brincando!

— Você acha que eu brinco com isso, Daemon? – Exclamou frustrado. — Isso é ridículo. Merda, merda! Que inferno!

Lucerys pensava que as coisas poderiam melhor após sua chegada, mas havia esquecido o quão difícil tudo era. Mas precisariam de muito mais se quisessem o abalar.

— De qualquer maneira, eu vou conversar com sua mãe. Não podemos baixar a guarda por nenhum instante e eu sinto que ela está se deixando levar por eles.

— Não! Deixe-a. – Falou firme, mesmo que receoso por levantar a voz para o padrasto. — Não a estresse, Daemon.

— Ela será a Rainha! Precisa estar a par das coisas que acontecem de forma minuciosa!

— Mas não esqueça que ela está grávida! De um filho seu! – Elevou a voz mais uma vez. — Nenhum de nós gostaria de passar por mais uma perda, não é? Deixe de ser orgulhoso por pelo menos um momento na sua vida.

— Você não sabe o que fala, garoto.

Iria deixar a sala se não fosse pela voz quebrada de Lucerys.

— Sim, eu sei. Eu sei! Eu sei o que eu vi! Eu sei o que eu senti. Eu não vou suportar ver mais mortes, não vou suportar ver tudo acontecendo mais uma vez por cima dos meus olhos e não fazer nada diante disso. Ela é a minha mãe antes de ser sua mulher. Posso não ter o histórico de batalhas no mesmo nível que o seu, posso não ser o melhor guerreiro do mundo, mas sei o que devo fazer. Eu não sou mais um garoto, Daemon.

Respirou fundo ao ver o Targaryen vacilar seu olhar.

— Minha família... é a coisa mais importante da minha vida. Eu vi... vi parte da minha família ser destroçada por baixo do meu nariz. Eu não vou suportar ver minha mãe passando por um parto sofrido e desgracento. Você não deveria querer ver sua mulher sofrendo sem poder fazer nada para ajudar.

Temeroso, Daemon se aproximou de Lucerys. O olhar sombrio mas que não abalou o Velaryon. Ele sabia que não deveria ter levantado sua voz para o padrasto. Estava preparando para algum sermão forte e agressivo, mas o que recebeu foi um leve afago nos seus fios.

O platinado suspirou reprimindo o sorriso de lado.

— Você é um homem, afinal. – Lucerys correspondeu o sorriso escondido. — O que sugere?

— Minha mãe é a futura rainha, eu sei. Sei perfeitamente. Mas... não vamos estressá-la com assuntos na prática, vamos deixá-la resolver na teoria. Você gosta de matar inimigos, faça isso como sua força então.

— Agora estamos falando a mesma língua.

— Seis meses... seis meses com o grande conselho administrando o reino vai ser uma tarefa imunda e insuportável, mas que façamos isso ser nossa maior vantagem. Meus avós devem treinar minha mãe com estratégias políticas e governamentais para um reinado glorioso. Sem jogos, sem obstáculos... assim, quando passarem esses malditos meses, minha mãe será a melhor Rainha que esse reino já viu. – Virou o olhar para a vista da janela. — Me corrigindo. Ela será A Rainha. Talvez possa não ser a melhor, talvez não seja a mais amada. Mas ela será a nossa Rainha.

Daemon o olhou com desafio.

— Eles querem que o conselho cuide relativamente de boa parte do reino? Então assim será, mas conosco em suas sombras.

— Seremos seus maiores pesadelos, então.

— Essa é a proposta.

Ambos sorriram um para o outro, cúmplices em seus próprios planos.

Iriam continuar com seus próximos passos nessa guerra sangrenta que estava por vir, mas foram atrapalhados pelo guarda real com um pergaminho em mãos.

— Príncipes. – O de vestimentas metalizadas reverenciou-se em respeito. — Trago uma mensagem.

Os citados se entreolharam.

— Remetente?

— Lorde Jason Lannister.

Um arrepio esquisito passou pelo corpo do Velaryon, não era um mau presságio... era mais como uma ansiedade repentina. Ele sentia que algo aconteceria em breve, apenas não sabia o quê.

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